quinta-feira, 2 de junho de 2005
ESPUMAS VIII
«Tanta areia, branca, branca, branca. E não há mais nada?! Só grãos e uma cor? E eu, onde estou?! Falo e não me ouço? Mexo-me e não vejo? Onde estão os meus braços? E o meu nariz?! Será que só me vêem os olhos? Se tenho visão devo ter olhos?! Era engraçado agora alguém aparecer e ver-me apenas os olhos!
- Nuno! Nuno!
- Sim, quem fala?!
- Estás bem? Caíste da prancha e estavas com a cabeça enfiada na areia!
- Ãh?... Bolas… e eu a pensar que estava num lugar real!
Afinal estava na praia e não me lembro de ter caído. Deve ter sido do êxtase da onda, ou melhor, da onda surfada. Que viagem! Foi de um sonho para o outro. Bom, vamos cair outra vez. A realidade, afinal, não é assim tão má. Estas quedas fazem-me gostar das manhãs úteis. Aquela em que o som amigo do acordar cresce em nós, como se caíssemos num trampolim, e obriga-nos a levantar para um dia preso de rotinas e de formas de estar. Dias sofredores, de superfície. Nada de mais para quem sabe nadar.»
NCR
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