segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Actos sem dever

Todos os anos envio mais de uma mão cheia de cartas a autoridades e personalidade que podem influenciar a decisão ou a comutação de uma pena de morte. Porquê? Porque pertenço à Rede Contra a Pena de Morte (RCPM), da Amnistia Internacional, que me dá o direito de receber todas as semanas as chamadas ‘acções urgentes’ (a comunicação de situações que requerem o envio de cartas (pré-formatadas) para as pessoas/entidades de direito), onde se conta a história judicial do condenado e, consequentemente, me responsabiliza de enviar essas missivas, normalmente com o objectivo de comutar a pena, reivindicar maior justiça no processo criminal, denunciar situações ou actos de violação dos direitos humanos, para além da força que, nestes casos de protesto e de luta pelos direitos do Homem, advém sobretudo da quantidade dos indignados.

Ainda hoje recebi a confirmação da comutação da pena de morte de Tenzin Deleg Rinpoche para a prisão perpétua, não obstante a Amnistia Internacional estar com dúvidas sobre a veracidade da comutação, visto que desconfia que Rinpoche já tenha sido executado.

O caso de Rinpoche é um caso horripilante que é vitimamente protagonizado por este conhecido líder tibetano budista que há anos que sofre as maiores torturas e actos desumanos nas mãos das autoridades chinesas de Sichuan, sem direito a um advogado e sem ter a possibilidade de ver a família ou amigos! Rinpoche foi acusado de ter sido o autor de uma explosão através de um ataque bombista! Uma autêntica ‘loucura chinesa’ para quem conhece a história deste homem pacífico que toda a sua vida foi feita para ser monge e para praticar e partilhar os ensinamentos do budismo que, como se sabe – e ao contrário da religião católica, por exemplo – nunca defendeu ou apoiou a violência, mesmo sobre aqueles que não acreditam na religião.

Conta-se, no âmbito do processo criminal de Rinpoche, que depois de vários meses a ser torturado pelas autoridades de Sichuan, com marteladas na cabeça e queimaduras em sítios pouco recomendados, entre outros tratamentos dantescos oferecidos por este regime comunista, foi coagido a escrever e a assinar uma confissão do alegado crime – julgo que várias vezes – para servir de «prova» em tribunal. Mas no dia 2 de Dezembro de 2002, no dia da audiência onde ia prestar as suas declarações gritou bem alto que era inocente. Um acto de grande coragem que, provavelmente, lhe pode ter custado a vida, se as desconfianças da Amnistia não forem contraditadas pela realidade.

Se pretendem ajudar, escrevam para:

Governor of the Sichuan Provincial People’s Government
ZHANG Zhongwei Shengzhang
Sichuansheng Renmin Zhengfu
Duyuanjie, Chengdushi
Sichuansheng
People’s Republic of China
Salutation: Dear Governor

Director of the Sichuan Provincial Department of Justice
ZENG Xianzhang Tingzhang
Sifating
24 Shangxianglu
Chengdushi 610015, Sichuansheng
People’s Republic of China
E-mail: adslscsf@mail.sc.cinifo.net
Salutation: Dear Director

E, se quiserem, podem mencionar estes tópicos, conforme consta do comunicado da RCPM:

«Many thanks to all who sent appeals on behalf of Tenzin Deleg Rinpoche. Amnesty International will continue to monitor his case and use longer-term campaigning methods on his behalf. If possible, please send a final round of appeals, in English or your own language:
- welcoming the news that Tenzin Deleg Rinpoche has not been executed;
- pointing out there are still serious concerns that Tenzin Deleg Rinpoche’s detention, trial and sentencing are possibly serious miscarriages of justice;
- urging the Chinese authorities to conduct a full and open review of the evidence and legal procedures used to convict and sentence Tenzin Deleg Rinpoche, and Lobsang Dhondup;
- based on the outcome of that review, urge the Chinese authorities to either retry Tenzin Deleg Rinpoche in full accordance with international fair trial standards, or release him immediately and unconditionally


Não se pense que a pena de morte é um problema dos «outros». Qualquer cidadão português que vá à China, Filipinas, E.U.A., Iémen, etc... arrisca-se a ir parar ao corredor da morte. Se não acreditam, cliquem nestes três casos recentes de três cidadãos de nacionalidade espanhola: Pablo, Nabil e Francisco.

Ajudar, neste caso, não significa que a nossa acção tenha um resultado previsível. Ajudar, neste caso, é acreditar que todas as acções são poucas para se produzir o resultado, inesperado, que pretendemos.

Podem inscrever-se aqui, para começar.

NCR

A ler com caracter de urgência

A Nadah adiada ou como ou como certas coisas não se fazem num dia de eleições, num post brilhantemente lúcido de Filipe Nunes Vicente no Mar Salgado (link)

PSL


Esse Schroeder tambem é candidato à AR?

"Debate entre Schroeder e Sócrates vai ser dominado por questões europeias".

PSL

Amar a liberdade

Contra tudo e todos os iraquianos deram uma lição ao mundo, rompendo com todas as expectativas, exercendo o seu direito de voto livre.
Por todo o mundo somos inundados de imagens e relatos de um dia que ficará para a historia como o dia 1 de uma democracia na Babilónia.
Como será sair de casa com o medo das balas e das bombas para exercer um direito que aos nosso olhos é tão básico que nos damos ao luxo de desperdiçar?
Todos aqueles que se preparam para no próximo dia 20 ficar em casa amuados com o regime, e chateados porque não tem um candidato à sua imagem, deviam parar para pensar um minuto que seja. Colocar os olhos nos milhares que arriscaram a sua vida para exercer o seu direito.



Nós por cá, gordos e anafados democratas, temos muito aprender.
Desde logo com aqueles que com o medo nos olhos, foram depositar a sua esperança numa mesa de voto.
Amemos também nós a liberdade.

PSL

Três anos e meio depois...

...a duvida permanece.
O que terá atacado o Pentágono naquela manhã de Setembro?
Uma excelente composição de imagens, palavras e sons para ver aqui (link).

PSL

domingo, 30 de janeiro de 2005

Há (poucos) dias assim



Hoje foi o melhor dia de bodyboard que tive este ano. Vento off shore, maré baixa a subir, mar ordenado, com tantas ondas que me dava ao luxo de 'perder' ondas quase perfeitas, tanta era a quantidade. Muitas foram aquelas que foram surfadas desde o o seu nascimento, no beach break, até à sua morte, ou seja, foram várias as vezes onde o prazer era tanto que acabava a surfá-las quase já na areia. Ondas completas, portanto. Foi um dia que não me vou esquecer tão depressa, pois é daqueles dias em que se sente a Evolução: o up grade no nível de manobras na onda.
No mar, e sem estarmos nas ondas, haverá melhor sorriso do que aquele que se faz quando nos damos ao luxo de deixar passar ondas porque há tantas por onde escolher? Talvez só um: aquele que fazemos depois de obter tanto prazer na onda. Hoje dei por mim a sorrir assim, por estas causas. Há muito que não sorria assim dentro do mar... Valeu a mão de horas que dormi!
Espero que o vosso dia tenha sido assim também.

NCR

sábado, 29 de janeiro de 2005

Personalização da discussão...

Um dos maiores erros do entendimento humano actual, na senda do empirismo de Locke que relevou a análise e a observação na formação do conhecimento, é cada vez mais discutirmos os conceitos e as ideias pela bitola da personalização. Ou seja, é crescente a incapacidade de se discutir e analisar os problemas que afectam a sociedade política ou as questões às quais se deve dar resposta com o necessário divisor comum que é a abstracção. Consequentemente, a atracção pela imediática e excessível tarefa de sacralização da personalização é notória. Vai para 9 anos que dou aulas numa universidade e há 9 anos que comprovo esta bola de neve da 'concretitude personalizada'. Sempre que ponho os alunos a discutir um problema, é raro partirem da teorização para o caso concreto, e ainda mais raro é sairem dos 'casos reais' e pragmáticos que «a experiência de vida» ensina [quando não mesmo descamba para os 'ataques' pessoais do(s) interlocutor(es)]. E quanto mais velhos são os alunos, maior a dificuldade de abstracção. Tão certo quanto, da Terra, vermos sempre o mesmo lado da Lua.
O problema agudiza-se quando se trata de discutir 'Política'. Confunde-se Política com politiquice ou políticos, democracia com partidos políticos, poder com autoridade. Admito que seja eu que esteja errado ou que o problema esteja mal colocado. Mas vou esforçando-me, com alegre e cumprida tolerância tentada, em desensinar o ensinado pelo mundo que os rodeia. É difícil desaprender, por isso a abstracção é tão importante e necessária. Um tema a desenvolver em posteriores posts...

NCR

BE - Bloqueio de Esquerda

Para os bloquistas, o comunismo/trotskismo é a etapa suprema da democracia, o fim derradeiro e esperançado da universalização da justiça social e da igualdade material, únicas e exclusivas 'utopias reais' da humanidade.

O Bloco, que tem na sua génese partidos e movimentos políticos defensores do estatismo colectivista e combatentes dos dogmas socialistas do politicamente correcto, é hoje, e sempre assim foi, um grupo político deveras defensor do conservadorismo político e social da extrema-esquerda.

Um dos maiores traumas originários do Bloco é a sua concepção de Política como um exercício de distribuição de produtos com o controlo (quase) total dos produtores. Pensam a Política sobretudo como um instrumento de embandeirar ideias em preterição dos resultados e dos actos a médio e longo prazo. A salvaguarda dos estatutos sociais, a defesa desenfreada dos direitos adquiridos a todo o custo, a protecção desmedida dos 'operários' em vez dos operadores, a maniqueísta visão de que quem não está com o Estado está contra ele, confundindo Estado com Administração.

Muitos autores (liberais é certo, refira-se), como Locke, Tocqueville, Constant, Olivier, Von Mises, entre outros, há muito escreveram que o maior perigo para a liberdade é o igualitarismo que, no campo das ideias, traduz-se numa profunda intolerância para o pluralismo político e social (se têm dúvidas, leiam o "1984" de Orwell).

Das utopias da "República", de Platão, e da "Utopia, de Morus, às distopias modernas de "O Leviatã", de Thomas Hobbes, "As viagens de Gulliver", de Swift, "A máquina do Tempo", de Wells, "Nós", de Ievguêni Zamiátin, "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, "O Zero e o Infinito", de Arthur Koestler, entre outros o mundo mudou. Mudou e comprovou-se que a fantasia de outrora pode bem ser a realidade da futura aurora.

Friederich Nietzsche, na sua obra "Para além do Bem e do Mal" escreveu «A loucura é um fenómeno raro em indivíduos – em grupos, partidos, povos e eras, é a regra.». A propósito, o mundo do BE é um mundo onde os recursos disponíveis pelo Estado são (quase) ilimitados, sobretudo porque sempre se pode ir buscar mais aos mais ricos, como se neste mundo fosse impossível, ou mesmo improvável, a um pobre coitado a simples operação de deslocar o seu dinheiro de um banco para outro, ou de uma aplicação financeira para outra, ou mesmo de um país para outro.

A lógica do BE é a lógica do "Eles comem tudo", "O centro não existe", da "Revolução", do assumir-se "Contra o sistema"... Para o BE o centro político é a luta social, o campo de batalha, o lugar por excelência da guerra contra "os patrões" e o diabólico insuperado "capitalismo".

No dia 24 de Julho de 2004, perguntava aqui «Porque é que há pessoas do centro-direita e do centro-esquerda a votar no Bloco de Esquerda (BE)?» E respondi (ou tentei responder) assim:

«A minha tese, salvo seja, é a seguinte: as pessoas que se situam no «centrão» e votam no BE fazem-no porque querem que o BE seja oposição (ou seja, que nunca ganhe as eleições).
Bem sei que à primeira vista pode ser contraditória, todavia, como diria Hegel, as palavras são enganadoras. Na verdade, estes votantes do BE não defendem as ideias do BE, muitos até são declaradamente contra, outros, as desconhecem quase no seu todo, contudo, vêem no BE, nomeadamente em Francisco Louçã, um partido opositor, combativo, coerente, sério, competente. Podemos dizer que o BE tem pouca concorrência no mercado da oposição política e parlamentar, Ferro e Carvalhas não têm o carisma e o intervencionismo políticos necessários para fazer frente a Louça e, entre outras razões, o BE cresceu em eleitores. Conjugando a oportunidade e a veemência do BE com a ausência de afirmação de liderança política e comunicacional no resto da esquerda, Francisco Louçã e o BE conseguem fazer uma oposição incisiva, sábia e eficaz ao governo da coligação. Assim, o voto «centrista» no BE é um voto de delegação de poderes de controlo e fiscalização do governo, não é um voto na ideologia ou ideias bloconianas. É, no fundo, um voto passivo e de conforto. Os eleitores do «centrão» votam no BE para não terem que intervir politicamente e para que este continue a fazer aquilo que melhor sabe.

Naturalmente que outras razões podem aventar-se, eu também tenho outras embora ache que são menores ou secundárias, no entanto, acho que esta é a que responde melhor à pergunta que fiz. E note-se que não quero dizer que este tipo de eleitores são a maioria do eleitorado do BE, isso daria azo a outra pergunta e a outras respostas...
»

A pergunta mantém-se...assim como aquilo de que é feito o BE. A sobranceria moral e, despudoramente, humana bloquista (porque não dizê-lo: conservadora!) teve o seu auge na 'condenação' de Louçã a Paulo Portas no debate da SIC-Notícias, subtraindo a este direitos por 'negligência de concepção paterna'.

Em nome do contraditório livre, e para um bloqueio de ideias, ler o respectivo Programa.

NCR

Sábado à sexta

Por vários motivos, muitos.
Mas três que me arrepiaram.
1, 2, 3.
Miguel Esteves Cardoso, volta a escrever…., na sábado. E logo com entrevistas e comentários aos lideres políticos do momento. Melhor noticia?
Duas paginas a diante, num editorial, aquilo que ando à anos a dizer do Bloco. Querem o fim da sociedade em que vivemos, acreditamos e por que lutamos. Melhor prosa?
Mais duas paginas, e um "frog" de colete salva vidas (?) dropa uma montanha (magica) de agua ali ao pé de Cascais. Uma foto de Ricardo Bravo, o mesmo "Mago" que tem ilustrado de "ondas " este blog. Melhor foto?
Existem sextas que parecem sábados…, e a sábado está cada vez mais "in". Há muito que não vibrava tanto com uma revista…

PSL

Town-in Cascais, a lenda ganha forma.






Mais em www.Beachcam.pt

PSL

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

N CONFISSÕES I

O que me apetecia fazer hoje à tarde... Até dispensava, se pudesse, a manobra!



Era bom que o mundo de vez em quando pudesse ser visto de baixo para cima...



...na esperança que a improbabilidade se tornasse probabilidade, que o trabalho se curvasse perante o lúdico...

Provavelmente, tudo é possível!

NCR

De Old Trafford ao Palácio dos Condes de Redondo

Quis o destino que vários factos se cruzassem hoje, todos sensivelmente, à mesma hora.
Há cerca de três anos estive na fria e húmida, velha Manchester. Foram dois dias cinzentos. Era Agosto e durante essas horas choveu mais do que em Lisboa nos últimos três meses. Para quem viajava de mota foi um pequeno suplicio. O tempo lá passou entre pint´s, amigos e uma visita ao “Teatro dos Sonhos”.
Hoje, Mourinho, entrará nesse mítico Old Trafford para disputar muito mais do que um jogo de futebol.
Os red´s precisam de uma vitoria para vingar a arrogante derrota do ano passado, infligida por Mourinho e seus boys de azul e branco vestidos. Os “jovens turcos” do Chelsea desejam vencer para provar que são os melhores, limando a arrogância “british” de Sir Ferguson. Que jogo, que jogo de futebol...



Um pouco mais a Sul o clássico dos clássicos Lusos. Nada melhor do que um Benfica-Sporting. Na Luz ou se ganha ou se ganha. Humildade, querer, vontade, profissionalismo, vá lá..., um pouco de amor à camisola. A um SLB duplamente ferido só uma coisa resta: Vitoria. Se a “lagartada” não sair vencida, lagrimas e desespero invadiram as hostes Benfiquistas, e a porta pequena abre-se para a “velha raposa” Italiana.



Quis o destino que o meu jogo fosse outro, que nesta noite o meu teatro dos sonhos fosse bem diferente. Não posso ir à luz, nem a Old Trafford. Não posso gritar BENFICA, nem torcer pelos rapazes do bairro “chic” Londrino.
Resta me passar a noite no antigo Palácio dos Condes de Redondo, mas também não tenho tarefa fácil.
Pelo menos eu já ganhei. Juntamente com o Bravo, o trabalho está feito e perdoe-me a tirada à Mourinho, muito bem feito.
Do trabalho de Chelsea e Benfica não conheço, mas tal como eles resta me “entrar em campo” de cabeça fria, e pensar que a vitoria é feita disso mesmo: trabalho.

PSL

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

É pró Avô e pró Bebé

Originalmente era a canção do Pudim Boca-Doce. Depois passou a ser o lema de Portas quanto ao orçamento deste ano, aprovado pelo governo que está de saída e que será executado pelo governo que há de ser eleito.
Agora bem pode servir de lema de campanha ao nossos políticos. A Blogosfera é boa é, para o avó e para o bebé.
De facto, a bologsfera tem sido invadida por blogs de campanha. Sarmento, Portas, Socrates. Mas o melhor é o Santana (link). Esclarecedor!

Quer me parecer que este rapaz aqui de baixo é que entende da coisa...



PSL

A ler com caracter de urgência

Democracia e Estado de Direito no Incursões

PSL

Assim passou um ano



Foto desviada do blog Janela Para o Rio

PSL

Muitos e bons blogs...

...têm surgido um pouco por todo o espaço blogosferico, com destaque para os blogs de conteúdo jurídico.

Novos links para Pula Pula Pulga, Random Precision, Blog do DIP, Verbo Juridico Blog e Ordem no Tribunal.

Uma palavra especial para os autores do neófito Atuleirus: Um abraço e votos de felicidades.

PSL

Martin Scorcese já ganhou...

...pelo menos em nomeações (link).
Estarei enganado, ou o aviador é a “borracheira” do ano?

PSL

Comentários

Diversas pessoas já se queixaram da incapacidade de postura de comentários neste blog, sobre o facto temos a dizer que somos totalmente alheios. Os comentários a este blog não estão restritos a ninguém, dado que está secleccionada a opção "Anyone" para a faculdade de porem posts no Arcadia. Parece-me também que os 'bloguistas' se queixam do sistema de comentários da Blogger (a plataforma que é responsável), daí que a responsabilidade nos seja totalmente alheia.
Todavia, e para que a impossibilidade não se deva aos próprios comentadores, não se esqueçam de clicar em "Post a Comment", depois de clicarem em comentários no fundo do post que desejam comentar. de seguida, se não estiverem registados no Blogger, cliquem por baixo de Sign In em "Post Anonymously".
Apesar de tudo, as nossas desculpas pelo facto.

Arcadia

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

No pais dos Papas

Quando vos disserem que Pedro Hispano foi o único Papa Português, estão claramente a mentir.
Para alem daquele temos o JNPC das Antas, o papa açorda no Bairro Alto e agora o Rui Tavares do barnabé (link).

Que São Bordalo nos acuda e nos proteja!

PSL

A ler...

Por varias ordens de razão urge ler a entrevista da Prof. Anabela Rodrigues, ao publico de domingo passado (link).
Se é certo que ficam alguns lugares comuns, também ficam algumas mensagens de esperança, como a importância de uma formação verdadeiramente interdisciplinar para o futuro Magistrado, bem como o anuncio do fim do idiota tempo de espera de dois anos que não serve minimamente qualquer interesse digno de nota, a não ser que se deseje que os candidatos à entrada no CEJ esqueçam o (pouco) que aprenderam durante a sua licenciatura em direito.

PSL

Até parece mentira

Insanidades... (link) por Francisco Teixeira da Mota.

PSL

Eles é que sabem como é!

O Jorge não me conhece mas eu já vou conhecendo o Jorge.
E agora que sei que tem um blog (link), ainda mais atento às suas andanças vou ficar.
A historia conta-se de uma penada.

Se virem este post (link), vão ver um jovem acompanhado de duas moçoilas....
Ora uma delas é a Joana que é prima do Jorge que é amiga da Andreia que é...
A Joana junta o seu dinheirinho, e quando pode, pega na sua mochila e arranca por ai fora, para ir ter com o primo.
Depois arranja maneira de combinar umas jantaradas onde nos enche de “invejinha” com os seus relatos das sete partidas do Mundo

O Jorge, esse, é muito mais audaz. Vem a Portugal de vez em quando para ver a família e ganhar uns trocos que lhe permitam viver a vida em condições.
Para o Jorge viver em condições é viver com meia dúzia de euros por dia, a conhecer terras, gentes e lugares bem longe de sua casa.
Este verão amealhou uns trocos e partiu para a Índia já faz alguns meses.
Adapta-se, faz amigos e amigas, sente, cheira, come, bebe, diverte-se vive como os locais.
Na mítica Bombaim faz de um apartamento que divide com “estrelas de Boollywood” o seu acampamento base.
O Jorge é que sabe como se vive a vida...e ainda por cima faz uns relatos giros e descomplexados das suas viagens.


PSL

domingo, 23 de janeiro de 2005

N PERGUNTAS I

A pergunta que se segue suscita alguma reflexão contemporânea. Já a partilhei com os meus alunos e as respostas foram 'animadoras':

Como é possível ao Estado de direito democrático perseguir a Justiça e o Bem Comum, e promover na comunidade política a qualidade de vida e o bem-estar desejado dos seus cidadãos, por via de uma sociedade de mercado e global baseada numa economia do conhecimento?

NCR

sábado, 22 de janeiro de 2005

Entrevista ao Primeiro-Ministro!

Uma entrevista que serviu para quê ou a quem? Para analisar as políticas do Governo? Não. Para identificar os maiores problemas do país, e dos portugueses, e respectivas soluções governativas? Não. Para reflectir sobre o futuro de Portugal? Não.

Uma 'entrevista' ao primeiro-ministro de Portugal (conforme foi anunciado e tratado o Dr. Pedro Santana Lopes) e o que se discute? A oratória do governante, a sua 'má-vontade' com os media, a obsessão com a opinião pública, as demissões do Governo, as 'perseguições' a comentadores políticos, a composição fracturante no PSD (!), a razão das divisões no PSD (!), as conversas privadas com o primeiro-ministro anterior, a preparação do actual (ainda) primeiro-ministro para o cargo,...

Depois de ver toda esta cavaqueira no "Expresso da Meia-Noite" (Sic Notícias) dá vontade de preocupadamente perguntar: será que a entrevista foi mesmo no Palácio de S. Bento?! Será que não era o presidente do PSD que ali estava a ser entrevistado?! Será que foi mesmo real e verdade que se esquecessem de 'debater' Portugal? Será que este cantinho ibérico à beira-mar desgovernado e infortunado não consegue programar e cumprir desígnios nacionais de sorte alguma?

Será que Portugal tem o povo que merece?

NCR

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Falem agora que eles não ouvem...

(...)A greve às horas extraordinárias vai ter repercussões directas em centenas de investigações em curso, sendo de prever que os sectores mais afectados sejam os que se reportam aos crimes relacionados com corrupção e tráfico de droga. Estas investigações fazem-se, na maior parte dos casos, com recurso a escutas telefónicas e vigilâncias, as quais se processam por períodos de 24 horas sem interrupção.(...)

PSL

Blogs & Links

São muitas e variadas as novidades na blogosfera.
Começemos pelas boas: "Das ciências criminais ao Direito Penal", é como se anuncia o novo blog de José Manuel Barreiros denominado Patologia Social [link ao
lado direito].
Neste blog (link) encontro uma boa noticia: "Novidade editorial:Spam e Mail-Bomb - Subsídios para uma perspectiva criminal. Este livro aborda de forma sistematizada o problema da correspondência electrónica não solicitada. Os autores apresentam opiniões considerados subsídios para uma perspectiva criminal (em cerca de 40 páginas) e reproduzem legislação sobre SPAM e Mail Bomb.
Autores: F. Bruto da Costa e Rogério Bravo.
Páginas: 160. Editora: Quid Juris." Parabens Bravo.

Para terminar, aqui (link) a nodoa. Private: David, diz a esse gajo para ter juizo.

Ah, do ad libitum migrou tambem a lista de links que
entretanto foi revista e aumentada...

PSL

TOW-IN Cascais


Foto:Gonçalo Guarita /Payaw a tirar um colega de uma situação em apuros.



Foto: Gonçalo Guarita / surfista: "Franciu" a surfar um dos "monstros" que quebrarm hoje m Cascais / A onda foi surfada desde o Farol de Santa Marta terminando próximo da Marina de Cascais.

Não se passou em Jaws, na ilha havaiana de Maui, a terra por excelência do Tow-in. Também parecia, pelas notícias que li e vi, um campeonato de Tow-in: estava lá uma mota de água, um barco, big wave riders e uma equipa de emergência médica em terra. A mais, ou talvez não, estava a polícia marítima. A menos, talvez os helicópteros, normalmente presentes nas ondas de um Tow-In e o mínimo de altura das ondas pontualmente válidas num campeonato Tow-in: 25 pés, ou seja, aproximadamente 8 metros!
Bom, mas não se tratou de um campeonato e muito menos era no estrangeiro, antes ocorreu em Cascais, em ondas de 3 a 6 metros formadas a algumas centenas de milhas a Noroeste da Costa Oeste portuguesa, o que, per si, constitui um acontecimento raro e extraordinário.
Só faltaram lá os bodyboarders, mas esses não se deixam ganhar pelos surfistas de prancha na Praia do Norte da Nazaré, onde é raro ver pranchas de surf em ondas do mesmo tamanho!
Todavia, parabéns aos audazes, pois cumpriu-se a locução imitada do hemistíquio de Virgílio, e a sorte, ou talvez não, protegeu-os!

NCR

P.S. - Fotos e legendas retiradas da Surftotal.

As minhas Rubricas

No Ad Libitum, para além dos posts titulados avulsamente, possuía 12 rubricas, a saber:

- PALETA DE PALAVRAS, as palavras que fazem reflectir.
- DIA-MENTOS, os momentos de um dia através de uma imagem complementada, ou não, com poucas palavras.
- N DIAGONAIS, o mundano e as curiosidades de interesse lúdico.
- N CONFISSÕES, interioridades exteriozáveis.
- ESPUMAS, tentativas de exercícios literários providas de sentidos, por vezes sem senso.
- N PERGUNTAS, questões que fazem pensar e procurar algumas respostas.
- «PASSARAM AINDA ALÉM DA TAPROBANA», nomeação de actos e acontecimentos que se tornam feitos e dignos de menção.
- MICRO-CONTOS, palavras para quê?!
- MU-MENTO, a música ouvida do momento.
- N MENSAGENS, palavras dirigidas a alguém, não transportadas por Hermes!
- CRÓNICAS, historietas do dia-a-dia sobre tudo e sobre nada.
- ACTUALIZAÇÃO DA CDTECA e DVDTECA, informação dos últimos CD e DVD adquiridos.

Salvo decisão futura em contrário, continuarei com elas, apenas será diferente a sua numeração, pois começarei a partir do número um.

NCR

quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

Bush tem amigos Marcianos?

“"Um apelo vindo de além das estrelas pede-nos que continuemos a lutar pela liberdade", afirmou ontem Bush durante um concerto frente à Casa Branca, com o qual deu o pontapé de partida para três dias de cerimónias em honra da sua investidura
Só visto!

PSL

Obrigado...

À Sofia do Uns e Outros (link) que foi a primeira a nos descobrir, tendo deixado um comentário num post de teste entretanto apagado.
Aos blogs Do Portugal Profundo (link), Incursões (link) e Carvalhadas... (link) por terem sido os primeiros a linkarnos.

PSL

Fénix

Se é certo que o Mundo é composto de mudança, não o será menos, como ensinou Lavoisier, que na natureza "nada se perde tudo se transforma".

Das cinzas do blog ad libitum -maxime no que à blogosfera diz respeito - nada morreu…, tudo se transformou.
Se fácil é destruir, construir não o será. Mas, construir, dá muito mais prazer do que destruir.

Por outro lado, como costumo dizer, a blogosfera é algo que sempre quis que existisse, sem saber como poderia existir. Um sonho; objecto sem forma. Uma aparente contradição nos termos mas que facilmente se compreende, em especial para quem nela viaja e abraça o seu espirito.
É um prazer ter um blog. Para imaginar, escrever, comunicar, interagir, opinar.

O Porquê de ARCADIA, já o Nuno explicou.
Resta me sublinhar que quem já nos conhecia do ad libitum, poderá no ARCADIA encontrar mais do mesmo. Liberdade de pensar, escrever, desabafar, criticar. Liberdade de ter prazer.

Quem só agora nos conhece, seja bem-vindo a esta casa que também é sua. Sirva-se como melhor desejar, a caixinha dos comentários vem já a seguir para dizer o que lhe vai na alma.

PSL

«ANDRÉ PEDROSO, "HEROI" POR UM DIA

André Pedroso foi ontem para muitos o "heroi" ao entrar pela Boca do Inferno para enfrentar as grandes vagas que quebravam na baía...


Foto:Gonçalo Guarita - André Pedroso a "escrever" historia na Baía de Cascais

O surfista local da Praia Grande, André Pedroso quando chegou a Cascais, ontem dia 19 de janeiro pelas 15:00 horas, e viu o mar quebrar com aquele tamanho e os seus colegas de tow-in a mandarem-se, fez-se à água entrando a remar na boca do inferno, (zona da Guia). Qual o espanto dos diversos espectadores no local ao verificarem que André se ia fazer ao mar naquele local de forte rebentação. Alguns julgaram que era “suicídio” e outros chamaram inclusive o 112.

Foto:Gonçalo Guarita / Tiago"Saca" Pires dropa a maior do dia na Baía de Cascais

Pedroso remou até à Guia e fez-se às ondas, acabando por partir o shop. Nessa altura as pessoas que o tinham visto entrar e o julgaram em apuros, chamaram a policia marítima.. Entretanto o barco que estava a dar apoio ao praticantes de tow-in e onde se encontravam, Zé Seabra e Miguel Fortes, foi ao encontro de Pedroso, tendo este entrado no barco. A lancha da policia marítima que já tinha sido chamada ao local abordou o barco e “deteve” André Pedroso levando-o para a capitania. Após uma breve conversa que só “Deus sabe”, o surfista da Praia Grande conseguiu sair e ainda teve forças para ir ter com os seus colegas de mar e com a boa vontade dos “Frogs” apanhou três ondas com uma prancha emprestada de tow-in.Este dia marcou já, sem qualquer dúvida, a temporada de 2005 e promete dar ainda muito que falar...
»

Notícia da SurfTotal, vale mesmo a pena copiar!

NCR

quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

Como a democracia pode pôr em risco a liberdade dos cidadãos?

Antes de tudo, e como a pergunta pressupõe, democracia não significa liberdade e liberdade não significa democracia, como há algum tempo explicou Norberto Bobbio, sobretudo na sua obra «Liberalismo e Democracia».

Nesse sentido, o regime democrático tem algumas formas de colidir com a liberdade dos cidadãos, nomeadamente através do poder e da influência políticas, com incidência nas pessoas, nos processos e nas regras do jogo político. Ou seja, o risco que a liberdade dos cidadãos corre é inversamente proporcional à hegemonia abusadora da maioria, da diminuição de poder de veto das minorias, da crescente ausência de mecanismos efectivos de controlo da constitucionalidade ou da legalidade, na prossecução obsessiva da justiça e da segurança na sociedade e na crença de que esta é o fundamento da existência de direitos fundamentais.

Assim, o regime democrático pode pôr em risco a liberdade dos cidadãos de diversos modos, mormente sempre que absolutiza algum princípio ou direito ou valor, com excepção, na minha opinião, do valor da dignidade da pessoa humana, entendido no seu alcance mínimo.

A liberdade dos cidadãos é, portanto, um valor principal, fundamental e prioritário, pois sem ele não se pode gozar de outros direitos que lhe estão associados: a liberdade de expressão, do pensamento, da criação intelectual ou literária, de ensinar, de aprender, entre outros. Todavia, a Era que enfrentamos, ou melhor, num futuro próximo verdadeiramente temos que enfrentar, é a da responsabilidade. A Era de direitos, que norteou toda a construção democrática do século XX, cada vez mais não pode ser sustentada sem o cumprimento dos deveres cívicos e políticos. Porque em rigor, e se formos sérios, verificamos que é na Política onde há menos corrupção, é a Política a área humana que é mais escrutinada pelos cidadãos, é a Política que reflecte a ambição e o talento do seu povo. Não olhem para o lado, como já referi em posts anteriores no Ad libitum, só podemos caminhar pelos nossos próprios pés. O resto é leveza, não é liberdade.

Invocando a raiz liberal do conceito, a liberdade dos cidadãos tem uma vocação de limitação do poder político (que se fez, historicamente –desde sobretudo 1787, data da sua primeira consagração constitucional – por duas garantias: a separação de poderes e a garantia de direitos e liberdades fundamentais ao cidadão). De alguma forma, contrapõe-se a quem exerce o poder político, pois uma das vicissitudes da acção e decisão políticas é a constante tensão entre o exercício do poder e a garantia da liberdade e direitos. Uma confluência tão fatal, como decisiva na ordenação social, como bem descreveu Dworkin.

Portanto, a tomada de medidas políticas restritivas para a defesa da liberdade, a segurança das pessoas, a prevenção de ataques externos, a salvaguarda das instituições nacionais, entre outros exemplos, são argumentos que a opinião pública mundial já ouviu falar mas nem todos ainda com eles se defrontou, com excepção dos americanos, espanhóis e ingleses (restringido o âmbito aos estados ocidentais).

Por outro lado, o problema de as minorias conseguirem raramente mudar opções maioritárias, o modo de contagem dessa majoração, a falta de proporcionalidade nos sistemas electivos e de participação institucional prejudica a legitimidade dos processos e a distribuição de poder.

Na verdade, a democracia lida precisamente com esse problema, o problema da distribuição de poder, ao contrário do liberalismo que preocupa-se em limitar, apenas, o poder.

É por isso que, como defende Fareed Zakaria (“O Futuro da Liberdade - A Democracia Iliberal”), mais democracia não significa (mais) liberdade; é por isso também que o regime democrático pode pôr em risco a liberdade dos cidadãos. Quem julga que para voltarmos a situações autoritárias do passado, é necessário viver numa não-democracia aconselho à reflexão dessa pré-compreensão. Os mecanismos cerceadores da liberdade são outros, são novos e, muitas vezes, imperceptíveis. Cerceiam o nosso conhecimento e poder (v. g. a escolha de livros nas montras das grandes superfícies, os resultados das buscas nos sistemas de busca como o google, a opção dos programas e respectivos convidados no debate sobre determinada matéria), as nossas opções de bens ou serviços (desde o vestuário ou manipulação da exposição de produtos alimentares às exigências de aquisição de determinado produto ou frequentar certo ‘ambiente’ para usufruto do serviço) e a própria restrição à ascensão político-partidária por cidadãos independentes e à tendência para a entropia no reconhecimento das boas ideias e boas acções, por parte de cidadãos e políticos, no sistema democrático, entre outros (inúmeros) factores.

No dia 20 de Fevereiro vamos ter a liberdade de votar, mas esse acto também configura uma exigência da democracia. O acto de não votar porque não concorda com nenhum programa político-partidário ou simpatiza com algum candidato é um acto de cobardia política. Os votos válidos (conceito enganador, porque respeita à postura no quadrado branco e não à validade do acto de votar) não são os únicos votos expressos. Votar é ser livre. Pode parecer pouco, mas experimentem pensar num regime sem voto. Será que Bobbio estava enganado?

NCR

terça-feira, 18 de janeiro de 2005

Tudo o que arde...



O Luís (uma jovem promessa da fotografia) chamou-lhe "Fire", e é mesmo como Portugal politicamente está... Parece-me que a curto-prazo «The fire still burns», tal como Russ Ballard nos idos anos 80 escreveu e cantou...



NCR

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

Caminhando...



Que fazer para sair desta crise em Portugal?
É humano ter sonhos e ilusões. É humano e saudável. E é severamente deste planeta termos as nossas frustrações e desilusões. Actualmente Portugal passa por uma publicitada crise, deveras praguejada por uns e abençoada para outros.
Uma crise que atravessa vários patamares da estrutura humana, social e institucional da sociedade política pode constituir uma oportunidade de mudança.
Por outro lado, as crises são as causas do futuro que se quer cada vez melhor e podem contribuir para a posição correcta de arranque para as vitórias que se desejam nesta época de ‘velocidade furiosa’, qual um atleta dos 100m sem a qual nunca vencerá qualquer corrida. Neste sentido, a identificação das causas é importante para começar.
Sabemos, contudo, que o mais difícil em Portugal não é começar, se começar significa encontrar os especialistas na matéria, criar-se uma comissão e fazer-se o diagnóstico e um programa de soluções ou um plano de acção. Como normalmente isto encontra-se já feito, há a tendência portuguesa ou para se repetirem os estudos ou para se ficar pelos estudos, pelo que qualquer das vias é infrutífera, inconsequente, frustrante e, ainda por cima, gasta recursos escassos do Estado.
Quando se pergunta qual a solução para a crise ou, que é a mesma coisa, como saímos dela, lembro-me muitas vezes da frase do poeta espanhol Antonio Machado «el camino se hace al andar». Esta frase simples tem mais palavras do que aquelas que lemos, pois fala de individualidade (somos nós que temos que o caminhar), responsabilidade (pelo caminho que decidimos tomar) e ter um objectivo (caminhar). Daí que pense, em conjunção com o que disse sobre as crises, que estas resolvem-se por forças endógenas (nós próprios, através da reflexão e das nossas acções) e exógenas (os amigos, a família, o Estado, os media, os colegas de trabalho, e todos os ‘outros’). A crise é o momento em que o todo se analisa como um todo e a parte não pode ser composta do todo. Daí que o princípio da solução para qualquer crise, na minha opinião, seja cada um de nós caminhar nesse sentido. Agora, cada um que ler esta palavra «caminhar», cada qual retirará, espero, o melhor sentido. Conversar, escrever, pensar sobre como sair da crise julgo que faz parte dessa actividade peripatética, e que tal como os peripatéticos (nome dado aos alunos e seguidores do filósofo grego Aristóteles, porque o ensino nas suas aulas era feito através de longos passeios nos jardins do Liceu, em Atenas) possamos aprender um mundo melhor...

NCR

sábado, 15 de janeiro de 2005

Do Ad Libitum para o Arcádia

‘Oficialmente’, este é o primeiro verdadeiro post do Arcádia. É a segunda vez que abro as hostilidades de um blog na blogosfera, e faço-o com a mesma determinação e o mesmo prazer. Determinação na vontade de comunicar e prazer na paixão que é para mim simplesmente escrever.
Depois da intensa e frutífera experiência no Ad Libitum, onde durante um ano escrevi aproximadamente 300 posts (coisa que, com toda a sinceridade, nunca pensei fazer) comprovei sobretudo duas coisas: a paixão de escrever e a vontade de comunicar, independentemente do valor dos seus conteúdos, variável que tem tanto de abstracta como de subjectiva, como toda a obra humana.
Julgo que foi o Pacheco Pereira que disse que um ano na blogosfera é uma eternidade. Se assim for, mesmo com hiperbolismos à parte, penso que sei o que ele queria dizer com esta frase. Um ano na blogosfera não significa nem qualidade, nem veracidade no que se escreve, simplesmente o tempo em que a liberdade de escrita se realiza e a criação humana se consagra. A maravilha dos weblogs talvez esteja nisto mesmo: na transmissão de um conteúdo que se comunica e, por vezes, dialoga com um interlocutor tão real, quanto virtual. Tal como o espaço de galáxias que nos rodeia, a descoberta de nós próprios torna-se uma realidade quando a vislumbramos.
Invoco aqui o que disse no meu primeiro post no Ad Libitum, pois não perdeu sentido para mim:

«Um weblog é sobretudo um (novo) meio de instrumento de comunicação, no âmbito de um grande outro instrumento de comunicação que é a internet. Por isso, «blogar» é essencialmente comunicar. Comunicar pela via electrónica, num mundo digital, onde se encontram novos públicos (utilizadores/bloggers), uma nova linguagem (multimedia), uma nova gramática (hipertexto) e uma concepção moderna de relacionamento com a 'máquina' e o 'ser humano' (interactividade). Algumas destas ideias podem encontrar no artigo de José Luís Orihuela: Blogging and the eCommunication Paradigms: 10 principles of the new media scenario. Um artigo que considero fundamental para a compreensão deste fenómeno que já tem território nomeado: a blogosfera.
Este blog pretende, acima de tudo, comunicar. Por isso, cada post é como um fim em si mesmo: mais importante que saber se se alguém nos lê, é simplesmente escrever; mais importante do que ser criticado por aquilo que escrevemos, é expressarmo-nos no nosso 'post'. Importante, assim, é escrever aquilo que se vive, para aprendermos e conhecermos melhor a nossa vivência...
Já Wittgenstein dizia que «quando não se tem nada para dizer deve-se ficar calado»!
Para o mal ou para o bem, pensamos que temos algo a dizer sim: precisamente a nossa vivência, o nosso gosto, a nossa opinião...numa palavra, a nossa convivência. Com os outros e com nós próprios...Sobretudo, com nós próprios!
Aqui todos os temas serão permitidos, pois cada blogger do Ad Libitum, como todo e qualquer blogger, é o mais recente warrior poet da actual Idade histórica


Porquê Arcádia?
Se atendermos aos dicionários, dizem-nos que Arcádia vem do grego Arkadia, uma região montanhosa do Peloponeso (Grécia), considerada verdadeiro paraíso para aqueles que se dedicavam à escrita e a outros prazeres como a discussão e a argumentação de temáticas diversas, quer clássicas, quer modernas. O nome Arcádia também está ligado a palavras como Academia, Fórum ou Tertúlia, nomes que encaixam também no espírito deste blog, cujos autores se conheceram numa universidade, mais tarde formaram uma tertúlia e fazem dos seus encontros, sempre que possível, tempos de fórum e de partilha de ideias e de opiniões.
Como em tudo, os nomes valem o que valem. Todavia, espero que Arcádia para vós seja um espaço de prazer, de grande interesse e onde dá gosto participar. A natureza do blog é temática, mas será dada proeminência aos temas da Actualidade, Política, Cultura, Arte e...como não podia deixar de ser. o Mar, de preferência os desportos-rei ligados a ele: os desportos surfistas.

NCR