domingo, 5 de junho de 2005

Entrevista perdida

O Contra-Informação bem podia chamar-lhe Maria João Acidez! De facto, a recente entrevista feita por Maria João Avilez (MJA) na SIC Notícias a Carmona Rodrigues constituiu um péssimo desempenho profissional e um mau serviço aos lisboetas.

Confesso que vejo as entrevistas da sobredita senhora, mas tal deve-se ao deserto de discussão de ideias ou pontos de vistas neste nosso quintal ibérico, porque as entrevistas da mesma raramente não me provocam arrepios. A jornalista/comentadora transparece a sua amizade, ou não, pelos entrevistados na postura, no modo e no conteúdo da feitura das perguntas e prejudica, muitas vezes, a conversa na óptica do interesse do telespectador. Mas pior: essa parcialidade, ou imparcialidade, em nada contribui para que a "conversa" seja escorreita, estimulante e enriquecedora. A senhora não deixa falar, interrompe constantemente, é capaz de mudar de opinião, e a questão, ao sabor da reacção ou afirmação do interlocutor e muitas vezes o 'diálogo' mais parece uma troca de galhardetes!

Há pouco, com o actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa e candidato à mesma nas eleições, previsivelmente, em Outubro, a MJA demonstrou a sua parcialidade. Ou então, o que duvido, não estava à vontade com Carmona Rodrigues, o que me parece estranho pois aquele homem põe à vontade qualquer pessoa, seja qual for a sua condição, tal é a sua simpatia e simplicidade.

Na verdade, para além do habitual corte das respostas e acenos de cabeça constantes - como que dizendo sim, senhora, assim vais bem - a "jornalista" (não sei se tem carteira profissional e se é esse o seu papel naquele programa) mais parecia uma questora, ou uma queixosa ou mesmo uma credora de Carmona Rodrigues (CR) tamanhas foram as queixas, as birras e as caretas de frete que efectuou. E, algumas vezes, zangada! Muitas foram as perguntas declinadas com (pré)juízos de valor ou de conceito. Em 45 minutos de programa, 25 serviram para falar sobre Santana Lopes e o Túnel do Marquês! Mais, 5 para perguntar a CR como é que era possível não haver espaço para a colecção de Joe Berardo (!) - como se fosse uma questão fulcral de uma candidatura -, atirando-se a ele como gato a bofe?! Por acaso esta senhora sabe o quanto a colecção custou à edilidade e o esforço que se realizou e mereceu? Será que ela não sabe que uma colecção destas necessita de um espaço amplo, digno, acessível e permanente? E muitas mais barbaridades foram apostas nas perguntas que fez, parecendo querer resolver, «num clique de dedos», o trânsito, a segurança e o ambiente em Lisboa, como se fossem problemas que pudessem ser resolvidos unicamente por Carmona Rodrigues, ou somente pelo Governo, ou, porque não, por uma varinha mágica!

Refira-se, por último, que digo isto com a máxima imparcialidade, até porque ainda não sei em quem vou votar. O voto autárquico, a seguir ao presidencial, é o voto mais imediato, decisivo e consequente que qualquer eleitor alcança, por isso deve-se primeiro saber quais as propostas dos candidatos. Para quem não é militante partidário, o voto autárquico não deve ser um voto em partidos. E os portugueses sabem disto, pois basta comparar os votos dos partidos nas eleições autárquicas, no mesmo município ou freguesia, com os das eleições legislativas. Voltando à entrevista, confesso que fiquei quase na mesma. Grosso modo, o homem só falou 10 minutos dos seus projectos e da sua futura postura como presidente da câmara caso seja eleito, e mesmo assim sempre condicionado às danças de cabeça, às vénias de queixume e às interrupções lapalissianas da entrevistadora. Portanto, uma entrevista que só valeu este post, ou seja, tempo perdido.

NCR

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