sábado, 31 de março de 2007
Já há uns dias que ando para escrever um post sobre…(VI)
…tantas outras coisas. Mas parece que é desta que o ócio tem mais de dois minutos. Podendo assim ir para uma sala escura cheia de cadeiras vazias. Uffff…
Já há uns dias que ando para escrever um post sobre…(V)
…- e por falar em Público. Que boa que é esta colecção dos 50 anos de musica portuguesa. Uns discos são melhores, outros nem tanto. Mas todos - sem excepção - são uma amostra franca do que foi, é e será a musica portuguesa. Serviço (do) público.
sexta-feira, 30 de março de 2007
Já há uns dias que ando para escrever um post sobre…(IV)
…a nova alma do nacionalismo em Portugal. A propósito do episódio do cartaz do PNR em Lisboa o director do Público diz hoje aquilo que eu gostaria de saber ter dito. Se não leram, leia. Ainda vão muito a tempo. Também eu faço minhas estas palavras:
«O medo do outro existe. O racismo também. O ódio ao imigrante faz parte da nossa realidade. Nenhum destes problemas se resolve proibindo, bem pelo contrário: resolve-se mostrando que a nossa visão de Portugal e do mundo, mais integradora e aberta, é moralmente superior. O PNR não deve ser proibido, o seu cartaz não deve ser removido (tal como não deve ser transformado num ícone): os que defendem outros valores é que têm de perceber que é no debate de ideias, e não num Parlamento ou num tribunal, que se enfrenta quem desafia a democracia liberal.»
«O medo do outro existe. O racismo também. O ódio ao imigrante faz parte da nossa realidade. Nenhum destes problemas se resolve proibindo, bem pelo contrário: resolve-se mostrando que a nossa visão de Portugal e do mundo, mais integradora e aberta, é moralmente superior. O PNR não deve ser proibido, o seu cartaz não deve ser removido (tal como não deve ser transformado num ícone): os que defendem outros valores é que têm de perceber que é no debate de ideias, e não num Parlamento ou num tribunal, que se enfrenta quem desafia a democracia liberal.»
Já há uns dias que ando para escrever um post …(III)
…para vos dizer como é fascinante parar para pensar em coisas que nunca pensámos e analisar coisas que nunca imaginámos. E no fim (que é apenas um novo inicio) ficar como o doce sabor da esperança de ter tempo, vida e saúde para continuar o infindável processo do conhecimento.
Já há uns dias que ando para escrever um post sobre…(II)
…isto de ter um blogue e não ter tempo para nele escrever. Uma estranha sensação de ausência. Que falta qualquer coisa! Por muito que se leia, por muito que se escreva nada se compara a acompanhar o pulsar dos tempos ao vivo e a cores via blogosfera.
Como diz Thomas Friedman no seu excelente O Mundo é Plano - saiu recentemente uma edição actualizada e ampliada rigorosamente (como diz o outro…) a não perder - citando Glenn Reynolds, "os blogues deram às pessoas a possibilidade de deixarem de gritar para os seus televisores". E para os seus jornais e revistas. E para os seus comentadores de referência…
Como diz Thomas Friedman no seu excelente O Mundo é Plano - saiu recentemente uma edição actualizada e ampliada rigorosamente (como diz o outro…) a não perder - citando Glenn Reynolds, "os blogues deram às pessoas a possibilidade de deixarem de gritar para os seus televisores". E para os seus jornais e revistas. E para os seus comentadores de referência…
Já há uns dias que ando para escrever um post sobre... (I)
…não escrever um post há uma serie de dias.
CRONOS XI
"En Algun Lugar" (1987) - Duncan Dhu
P.S. - A Tu Lado continua a ser a minha preferida dos Duncan Dhu, por razões substancialmente pessoais; mas esta canção é de 1994.
P.S. - A Tu Lado continua a ser a minha preferida dos Duncan Dhu, por razões substancialmente pessoais; mas esta canção é de 1994.
N DIAGONAIS VIII
Os sítios na Internte dos centros e fundações culturais são quase sempre de uma criatividade digna de visão e de sensação. Quem aprecia artes plásticas e criatividade digital, e com tempo e vontade, pode descobrir o desporto cuja actividade sensorial é muito mais que digital: navegar por sítios da Net dedicados às artes plásticas e arte digital. Se experimentarem, com certeza que não deixa de ser uma experiência enriquecedora. Coisas dos tempos modernos...
Sugiro a visualização deste sítio e aproveitem para ver algumas fantásticas obras de arte, na Ellipse Foundation.
(se entrarem várias vezes no site, verão que a matéria-prima utilizada pelo vosso rato é variável)
[Adenda: a ver, nem que seja num coffe-break, a exibição europeia a propósito dos 50 anos do Tratado de Roma, aqui.]
Sugiro a visualização deste sítio e aproveitem para ver algumas fantásticas obras de arte, na Ellipse Foundation.
(se entrarem várias vezes no site, verão que a matéria-prima utilizada pelo vosso rato é variável)
[Adenda: a ver, nem que seja num coffe-break, a exibição europeia a propósito dos 50 anos do Tratado de Roma, aqui.]
quinta-feira, 29 de março de 2007
Ainda os grandes portugueses
Se Cunhal tivesse vencido o "Grandes Portugueses", o programa seria à mesma "um concurso" e tratar-se-ia de uma escolha "sem rigor científico" representando um "voto de protesto" contra a política actual?
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cunhal,
salazar,
santa comba dão é nossa
300 vs 100 000
Pelos trailers já vistos, parece-me uma mistura de O Senhor dos Anéis, Gladiador e Matrix (filmes maiores, aliás, da História do cinema, sobretudo na perspectiva da realização), mas são sobretudo três as razões que me levam a querer ver o filme: a primeira, é a linha épica ou epopeica do argumento histórico do filme; a segunda, a estética da coreografia das batalhas. Há algo naqueles filmes recentes que não se vê nos expoentes dos antigos como Ben-Hur (1959), Quo Vadis (1951), Spartacus (1960) ou Seven Samurai (1956), essencialmente devido à diferente contextualização do conceito de guerra e às limitações técnicas da altura. Por último, os diálogos. Tal como Salvatore recortou os beijos censurados da sua infância (Cinema Paraíso), também os diálogos de batalhas mereciam, um dia, ser destacados. Os diálogos são muitas vezes previsíveis, ou ingénuos, ou simplistas, mas normalmente há sempre uma deixa, uma cena, um diálogo que supera a trivialidade. Apesar de não me dedicar à memorização de 'falas' ou de cenas argumentativas, retenho, como julgo acontecer com quase toda a gente, frases ou diálogos que, por curiosidade, para mim são mais fortes quando retiradas dos seus ambientes bélicos. Recordo agora o diálogo tão simples, quanto inesquecível, entre o Comissar Danilov (Joseph Fiennes) e Vassili Zaitsev (Jude Law) em "Inimigo Às Portas" (2001) - um finísimo filme de guerra também ele. Escrevo apenas uma deixa desse curto diálogo, um dos melhores momentos cinematográficos em termos de argumentação e com certeza a melhor 'fala' de todo o cinema que já vi (como hoje é perigoso dizer isto). A prova encontra-se na sua beleza, e dimensão, e no arrepiante estado de Rodin em que me faz cair, sempre que a releio ou me lembro dela:
«Danilov: I've been such a fool, Vassili. Man will always be a man. There is no new man. We tried so hard to create a society that was equal, where there'd be nothing to envy your neighbour. But there is always something to envy. A smile, a friendship, something you don't have and want to appropriate. In this world, even a Soviet one, there will always be rich and poor people. Rich in gifts, poor in gifts. Rich in love, poor in love.»
A guerra, commumente personificando o Mal, tem a perversa beleza de ser susceptível de admiração pela coragem e honra que exige aos humanos. E por ser, na realidade que os cerca, tão visivelmente rara pelos cinéfilos e demais espectadores, a sua grandeza é normalmente retratada pelo lado sobrehumano, ou seja, pelos heróis. Coisa que, aqui e acolá, quase todos se esforçam ser por um dia, ou todos os dias. Hoje, os actos heróicos são outros, logo, os heróis sofreram um up grade. Morrer pela Pátria, por exemplo, já não é condição única para se ser herói. Herói hoje é saber manter-se vivo e livre, e possuir uma causa, para além de si próprio, até ao final da sua vida.
Spartan King Leonidas: This is where we fight! This is where they die!
Captain: On these shields, boys!
[Spartans cheer]
Spartan King Leonidas: Remember this day, men, for it will be yours for all time.
Persian Officer: SPARTANS! Lay down your weapons!
Spartan King Leonidas: Persians...COME AND GET THEM!
Qual é a tua causa?
«Danilov: I've been such a fool, Vassili. Man will always be a man. There is no new man. We tried so hard to create a society that was equal, where there'd be nothing to envy your neighbour. But there is always something to envy. A smile, a friendship, something you don't have and want to appropriate. In this world, even a Soviet one, there will always be rich and poor people. Rich in gifts, poor in gifts. Rich in love, poor in love.»
A guerra, commumente personificando o Mal, tem a perversa beleza de ser susceptível de admiração pela coragem e honra que exige aos humanos. E por ser, na realidade que os cerca, tão visivelmente rara pelos cinéfilos e demais espectadores, a sua grandeza é normalmente retratada pelo lado sobrehumano, ou seja, pelos heróis. Coisa que, aqui e acolá, quase todos se esforçam ser por um dia, ou todos os dias. Hoje, os actos heróicos são outros, logo, os heróis sofreram um up grade. Morrer pela Pátria, por exemplo, já não é condição única para se ser herói. Herói hoje é saber manter-se vivo e livre, e possuir uma causa, para além de si próprio, até ao final da sua vida.
Spartan King Leonidas: This is where we fight! This is where they die!
Captain: On these shields, boys!
[Spartans cheer]
Spartan King Leonidas: Remember this day, men, for it will be yours for all time.
Persian Officer: SPARTANS! Lay down your weapons!
Spartan King Leonidas: Persians...COME AND GET THEM!
Qual é a tua causa?
quarta-feira, 28 de março de 2007
AGENDA CULTURAL
Mestrado em “Novas Fronteiras do Direito”
SEMINÁRIO TEMÁTICO 2007 - PROGRAMA
17 de Abril
“Informal Institutional Change in the European Union”.
Por Catherine Moury, PhD in European and comparative politics,
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE)
24 de Abril
“O Direito Internacional em Transição”
Por Paula Escarameia, Professora do ISCSP/UTL, Membro da Comissão de Direito Internacional da ONU
8 de Maio
“Economia do Judiciário”
Por Nuno Garoupa, Professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
15 de Maio
“Família e Sociedade: Tensões do Tempo Presente”
Por Anália Torres, Professora do ISCTE
22 de Maio
"A Administração da Justiça em Transformação: Os Sintomas da Crise e as Estratégias de Reforma"
Por Conceição Gomes, Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra
18 de Junho
“Bodies of Science, Bodies of Law: the Legal Regulation of Biological Materials”
Por Mariachiara Tallachini, Professora da Universidade de Milão, Itália
19 de Junho
“Xenotransplantation between Science and the Law”
Por Mariachiara Tallachini, Professora da Universidade de Milão, Itália
AUDITÓRIO AFONSO DE BARROS - 18 horas
SEMINÁRIO TEMÁTICO 2007 - PROGRAMA
17 de Abril
“Informal Institutional Change in the European Union”.
Por Catherine Moury, PhD in European and comparative politics,
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE)
24 de Abril
“O Direito Internacional em Transição”
Por Paula Escarameia, Professora do ISCSP/UTL, Membro da Comissão de Direito Internacional da ONU
8 de Maio
“Economia do Judiciário”
Por Nuno Garoupa, Professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
15 de Maio
“Família e Sociedade: Tensões do Tempo Presente”
Por Anália Torres, Professora do ISCTE
22 de Maio
"A Administração da Justiça em Transformação: Os Sintomas da Crise e as Estratégias de Reforma"
Por Conceição Gomes, Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra
18 de Junho
“Bodies of Science, Bodies of Law: the Legal Regulation of Biological Materials”
Por Mariachiara Tallachini, Professora da Universidade de Milão, Itália
19 de Junho
“Xenotransplantation between Science and the Law”
Por Mariachiara Tallachini, Professora da Universidade de Milão, Itália
AUDITÓRIO AFONSO DE BARROS - 18 horas
segunda-feira, 26 de março de 2007
Parabéns Papá
Foi preciso uma aula de inglês para saber quem ganhou a série televisiva "Grandes Portugueses". E quando me disseram que tinha sido Salazar o vencedor e Cunhal o segundo mais votado confesso que ri. E quando me disseram que a votação do primeiro foi pouco mais do dobro da do segundo, simplesmente sorri. E quando logo a seguir Zoe (the teacher) perguntou como nos sentíamos face a estes resultados posso dizer que a minha feição ficou seríssima, no sentido de, jocandi causa, "apetecer chorar". Isto soa a esquizofrénico, mas confesso que só me apercebi da dimensão desta cena já na hora da sesta, coisa que Salazar se dava ao luxo de não dispensar.
A eleição de ontem (sim foi uma eleição), suscita-me sobretudo 3 comentários:
1) A honestidade [mesquinha e comiseradora] (Salazar, Cunhal, Afonso Henriques, A. Sousa Mendes) e a paternalidade (Salazar, Cunhal, Afonso Henriques, Marquês de Pombal) são as características mais importantes de uma grande personagem público- política;
2) O radicalismo político (os dois mais votados) é um factor despiciendo na apreciação da grandiosidade ou carácter das personagens históricas;
3) A debilidade portuguesa em participar seja no que for é nacionalmente congénita.
Quanto ao mais, refira-se que esta eleição nacional tem os defeitos e as virtudes de todas as consultas populares (sobretudo no que respeita a séries ou concursos de TV como a presente, tipo Big Brother, como já o NSS invocou). E tem, também, as surpresas naturais e típicas dos processos electivos. A título de exemplo (e referindo-me ao concurso ab initio), como é que é possível qualquer português democrático preferir Salazar ou Cunhal a Mário Soares?!* Tenho uma razão para isto, mas não sei se é por crença ou, antes, por convicção: assim como Afonso Henriques ou Camões ou Pessoa eram odiados e desprezados pelos seus pares contemporâneos, não será também a nossa geração a dar valor aos pais da nossa cidadania em liberdade. Na verdade, gostava de estar cá daqui a cem anos para saber de que português se falaria na História portuguesa da democracia e da liberdade em em 868 anos de História (o início de Portugal, para mim, está na batalha de Ourique e não no Tratado de Zamora, em 1143).
Goethe dizia que ser adulto é ter perdoado os seus pais. Se os portugueses ainda são dependentes, nas suas diversas dimensões, não admira este resultado de 60% em dois grandes extremistas e, deveras, papás. Salazar disse-o: "Vós pensais nos vossos filhos, eu penso nos filhos de todos vós".
Resta-me, assim, dar os parabéns aos radicais, pois não quero parecer um português irresponsável, e agradecer especialmente ao Grande Papá.
*(declaração de desinteresse: eu votei nas últimas eleições presidenciais e não foi em Soares).
A eleição de ontem (sim foi uma eleição), suscita-me sobretudo 3 comentários:
1) A honestidade [mesquinha e comiseradora] (Salazar, Cunhal, Afonso Henriques, A. Sousa Mendes) e a paternalidade (Salazar, Cunhal, Afonso Henriques, Marquês de Pombal) são as características mais importantes de uma grande personagem público- política;
2) O radicalismo político (os dois mais votados) é um factor despiciendo na apreciação da grandiosidade ou carácter das personagens históricas;
3) A debilidade portuguesa em participar seja no que for é nacionalmente congénita.
Quanto ao mais, refira-se que esta eleição nacional tem os defeitos e as virtudes de todas as consultas populares (sobretudo no que respeita a séries ou concursos de TV como a presente, tipo Big Brother, como já o NSS invocou). E tem, também, as surpresas naturais e típicas dos processos electivos. A título de exemplo (e referindo-me ao concurso ab initio), como é que é possível qualquer português democrático preferir Salazar ou Cunhal a Mário Soares?!* Tenho uma razão para isto, mas não sei se é por crença ou, antes, por convicção: assim como Afonso Henriques ou Camões ou Pessoa eram odiados e desprezados pelos seus pares contemporâneos, não será também a nossa geração a dar valor aos pais da nossa cidadania em liberdade. Na verdade, gostava de estar cá daqui a cem anos para saber de que português se falaria na História portuguesa da democracia e da liberdade em em 868 anos de História (o início de Portugal, para mim, está na batalha de Ourique e não no Tratado de Zamora, em 1143).
Goethe dizia que ser adulto é ter perdoado os seus pais. Se os portugueses ainda são dependentes, nas suas diversas dimensões, não admira este resultado de 60% em dois grandes extremistas e, deveras, papás. Salazar disse-o: "Vós pensais nos vossos filhos, eu penso nos filhos de todos vós".
Resta-me, assim, dar os parabéns aos radicais, pois não quero parecer um português irresponsável, e agradecer especialmente ao Grande Papá.
*(declaração de desinteresse: eu votei nas últimas eleições presidenciais e não foi em Soares).
Grandes Portugueses
"Grandes Portugueses" foi um concurso do tipo "big-brother" (com "expulsões" e tudo), em que - desde o início - se percebeu que ganharia uma de três personagens históricas:
D. Afonso Henriques, António Salazar ou Álvaro Cunhal.
D. Afonso Henriques era uma escolha óbvia, por se tratar do fundador da nacionalidade, e uma das personagens históricas mais familiares para a população portuguesa.
António Salazar não deixava de ser uma possibilidade forte, uma vez que a difícil situação económica que se atravessa, juntamente com o desconhecimento da História recente e a aura de honestidade que o rodeia (por contraposição aos Pina Mouras da actualidade), são elementos que o favorecem.
Álvaro Cunhal também seria um forte candidato, uma vez que a máquina comunista funciona de forma inelutável, e não perderia esta oportunidade para incensar o seu guru.
Dito isto (e assumindo a surpresa de ver Aristides Sousa Mendes à frente de D. Afonso Henriques), sinto-me triste por Salazar ter ganho o concurso, mas alegre por Cunhal não o ter ganho.
É que, se Salazar foi um ditador, Cunhal quis ser um ditador!
D. Afonso Henriques, António Salazar ou Álvaro Cunhal.
D. Afonso Henriques era uma escolha óbvia, por se tratar do fundador da nacionalidade, e uma das personagens históricas mais familiares para a população portuguesa.
António Salazar não deixava de ser uma possibilidade forte, uma vez que a difícil situação económica que se atravessa, juntamente com o desconhecimento da História recente e a aura de honestidade que o rodeia (por contraposição aos Pina Mouras da actualidade), são elementos que o favorecem.
Álvaro Cunhal também seria um forte candidato, uma vez que a máquina comunista funciona de forma inelutável, e não perderia esta oportunidade para incensar o seu guru.
Dito isto (e assumindo a surpresa de ver Aristides Sousa Mendes à frente de D. Afonso Henriques), sinto-me triste por Salazar ter ganho o concurso, mas alegre por Cunhal não o ter ganho.
É que, se Salazar foi um ditador, Cunhal quis ser um ditador!
E se o Salazar do colaboracionismo com Hitler era anti-democrata, o Cunhal seguidor de Estaline também era um anti-democrata!
Por outro lado, senti uma imensa repulsa pelo discurso histérico e fanático de Odete Santos, que não perdeu qualquer oportunidade de canonizar Álvaro Cunhal (como por exemplo, quando Maria Elisa lhe perguntou qual o maior defeito de Cunhal, cuja resposta foi "a sua imensa modéstia"), e que assim que foi anunciado o vencedor, desatou a gritar "a defesa da ideologia fascista é crime". De facto (e de direito) a apologia do fascismo é crime, mas chegou a hora de nos questionarmos, por que razão não há-de o comunismo ser também declarado proscrito da convivência democrática? Ou alguém duvida que, se tivesse tido sucesso, Álvaro Cunhal não teria sido um ditador comunista?
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Duas leituras obrigatórias
O ideal de Justiça e Liberdade de expressão por Pedro Arroja.
Ela está em toda a parte
A ler “Sócrates abre Angola às exportações”? por Paulo Gorjão.
A insultuosa e demagógica campanha “pelos feitos” deste governo entranha-se como os tentáculos de um polvo cheio gosma por toda a parte.
Ainda existirá liberdade de impressa em Portugal?
A insultuosa e demagógica campanha “pelos feitos” deste governo entranha-se como os tentáculos de um polvo cheio gosma por toda a parte.
Ainda existirá liberdade de impressa em Portugal?
sexta-feira, 23 de março de 2007
Um pais ou uma paroquia?
A ler: teorias da conspiração: A SONAE e o governo por Paulo Gorjão.
Espero que permaneça portuguesa...
A vitória de Michelle Brito ecoou por todo o mundo do ténis. A tenista de 14 anos é a mais jovem a vencer um encontro no quadro principal de um torneio do WTA Tour desde 1995, quando foi implementada a Age Eligibility Rule - regra que limita o número de torneios às jogadoras com menos de 18 anos. Mas também o facto de ser uma aposta de Nick Bollettieri, reputado treinador que lançou campeões como Andre Agassi, Monica Seles ou Maria Sharapova, amplificou a proeza de Michelle.
Vendam a base do Montijo ao BES...
... pode ser que assim que lhes compense não fazer o aeroporto na Ota e dar cabo da TAP e do Turismo em Lisboa...
Administração Pública
Bastante pertinente este alerta de Vital Moreira:
Parece que... o Governo resolveu recuar na sua intenção de equiparar os funcionários públicos aos trabalhadores da Administração Pública em regime de contrato de trabalho quanto ao tempo de trabalho e à duração das férias. É uma má decisão. Primeiro, porque não se entende que no mesmo serviço pessoas com a mesma função tenham menos tempo de trabalho (35 horas contra 40 horas) e gozem de mais férias (25 contra 22 dias) do que outras; segundo, porque isso significa manter a ideia de regalias especiais dos funcionários em relação aos demais trabalhadores.Se o Governo julga, dessa maneira, esvaziar a contestação dos funcionários, deve desenganar-se. A contestação existirá na mesma, perdendo-se uma excelente oportunidade para uma reforma a sério do regime de emprego da Administração Pública.
Deixem engenhar o Zé!
Sublinhando o que já disse sobre o assunto, não quero porém deixar de dizer que, se fosse com Santana, esta história era uma festa...
Apologia de Sócrates
A confusão toda que se está a gerar à volta da licenciatura de José Sócrates em Engenharia, poderá ter uma consequência positiva. É que temos de reflectir sobre o que é verdadeiramente importante: o reconhecimento por uma Ordem que abarca profissionais que vão desde a química e electrotecnia à construção civil e meio ambiente, ou o reconhecimento de uma qualificação académica. Isso implica que uma licenciatura em Engenharia num país estrangeiro, numa área científica não abarcada pela Ordem, não permite o uso do título de "engenheiro".
(Não se trata de uma questão espúria: contraponha-se a Ordem dos Advogados (sendo que "advogado" é uma profissão da área jurídica) a uma hipotética Ordem das profissões jurídicas... É que um licenciado em Direito é um Jurista. Mas se quiser enveredar por uma profissão específica (advogado, juiz, notário...) deverá obter formação profissional também específica.)
(Não se trata de uma questão espúria: contraponha-se a Ordem dos Advogados (sendo que "advogado" é uma profissão da área jurídica) a uma hipotética Ordem das profissões jurídicas... É que um licenciado em Direito é um Jurista. Mas se quiser enveredar por uma profissão específica (advogado, juiz, notário...) deverá obter formação profissional também específica.)
Já um licenciado em Engenharia não é um Engenheiro, porque o Estado retirou da Universidade a capacidade de dizer : "-este sujeito é um engenheiro", e transferiu-a para uma corporação. E as corporações tendem a proteger os seus membros de qualquer tipo de inovação externa, de qualquer tipo de concorrência.
Enfim, pode ser que isto seja o "caso Mantorras" da Engenharia...
Por outro lado, quanto às irregularidades formais no processo de licenciatura do Primeiro Ministro, não percebo por que é que se quer imputá-las ao aluno, quando as mesmas são da responsabilidade da Universidade.
quinta-feira, 22 de março de 2007
Portugal tem o primeiro-ministro que merece ter
Como o Público sublinha (e bem) em nota editorial, toda esta historia da putativa licenciatura do primeiro ministro é relevante “(...)não para saber se merece ou não o título com que se apresenta, mas para verificar se agiu sempre de forma limpa, leal e legal.(…)”.
E Sócrates não agiu sempre de forma limpa, leal e legal. Mas sim suja, desleal e ilegal.
A partir de hoje - e apesar da tentativa de vitimização nas paginas do mesmo jornal - torna-se claro e inequívoco que Sócrates é um vigaro; um tuga igual a tanto outros tugas que não se coíbe de viver e crescer alimentando-se de expedientes.
Portugal tem um primeiro-ministro à sua imagem. Portugal tem o primeiro-ministro que merece ter.
E Sócrates não agiu sempre de forma limpa, leal e legal. Mas sim suja, desleal e ilegal.
A partir de hoje - e apesar da tentativa de vitimização nas paginas do mesmo jornal - torna-se claro e inequívoco que Sócrates é um vigaro; um tuga igual a tanto outros tugas que não se coíbe de viver e crescer alimentando-se de expedientes.
Portugal tem um primeiro-ministro à sua imagem. Portugal tem o primeiro-ministro que merece ter.
Para olhar…
…e ver. Muitos momentos casuais como este. Mas fotografados com perspicácia e muita ironia. No Berra-boi.
Para dirigentes desportivos, árbitros, autarcas e demais meliantes
Só custa seis mil e quinhentos reais e dizem do lado de lá do Atlântico que não falha.
quarta-feira, 21 de março de 2007
N MÚSICAS IX
Peter Von Poehl. Como foi possível ter-me escapado este nome (que desconhecia de todo), e o seu álbum de 2006?
Não preciso de pôr ponto de exclamação, a razão é simples: em mais de metade do meu tempo, trabalho por obrigação, logo, a dedicação à música é puramente incidental, diariamente incidental, em rigor.
A canção "the story of the impossible" é aboslutamente fantástica. Ouve-se, ouve-se, ouve-se até à exaustão, que não o é verdadeiramente, pois no dia a seguir quer-se ouvi-la outra vez. Se pudesse alterar a minha lista das dez mais de 2006, com certeza estaria esta história do impossível. Outra canção seria sacrificada, mas tal empreitada já não a farei, chegam-me as histórias reais do meu dia-a-dia.
Que melhor música poderia colocar no Arcádia neste Dia Mundial da Poesia?!
Não preciso de pôr ponto de exclamação, a razão é simples: em mais de metade do meu tempo, trabalho por obrigação, logo, a dedicação à música é puramente incidental, diariamente incidental, em rigor.
A canção "the story of the impossible" é aboslutamente fantástica. Ouve-se, ouve-se, ouve-se até à exaustão, que não o é verdadeiramente, pois no dia a seguir quer-se ouvi-la outra vez. Se pudesse alterar a minha lista das dez mais de 2006, com certeza estaria esta história do impossível. Outra canção seria sacrificada, mas tal empreitada já não a farei, chegam-me as histórias reais do meu dia-a-dia.
Que melhor música poderia colocar no Arcádia neste Dia Mundial da Poesia?!
Dia Mundial da Poesia
«Adorava escrever como um escritor
e fazer da escrita o meu amor,
Mas não tenho o dom de ser como as palavras,
Nem sou filho da letra mãe.
Suporto implorando o favor que jazem em mim,
Carrego o fardo de acordar com elas, sem ombros,
E tento abraçá-las nos papéis mortos
Onde despejo o suor digno dos meus sonhos.
Adorava ser adorado pelos versos,
E como desejava ser namorado da escrita!
E amigo do escrever bem…
Como um escritor!
Mas o infortúnio é o ocaso iluminado da alma
Que abriga os cálices proibidos a qualquer mortal.
Resta-me discursar bafos e desabafos,
Sem verborreia despachante,
Nem todas as letras servem para sopa, ou sopinhas.
De pós e areias se faz a poesia,
De nadas e nudez se completam os poetas.»
© Miguel Pessoa Campomaior, in "Poesias Urbanas"
e fazer da escrita o meu amor,
Mas não tenho o dom de ser como as palavras,
Nem sou filho da letra mãe.
Suporto implorando o favor que jazem em mim,
Carrego o fardo de acordar com elas, sem ombros,
E tento abraçá-las nos papéis mortos
Onde despejo o suor digno dos meus sonhos.
Adorava ser adorado pelos versos,
E como desejava ser namorado da escrita!
E amigo do escrever bem…
Como um escritor!
Mas o infortúnio é o ocaso iluminado da alma
Que abriga os cálices proibidos a qualquer mortal.
Resta-me discursar bafos e desabafos,
Sem verborreia despachante,
Nem todas as letras servem para sopa, ou sopinhas.
De pós e areias se faz a poesia,
De nadas e nudez se completam os poetas.»
© Miguel Pessoa Campomaior, in "Poesias Urbanas"
terça-feira, 20 de março de 2007
CRONOS X
"Russians" (1985) - Sting
Parece não haver liberdade (II)
Mas há, Nuno. Mais tarde ou mais cedo adeus Costa da Caparica!
Quem frequenta amiúde aquelas praias (todas elas, a norte e a sul da vila) facilmente se apercebe da inevitabilidade que é o avanço do mar. Nada, rigorosamente nada, há a fazer. A não ser abandonar as terras que o mar agora reclama.
E coragem? E coragem político-administrativa para correr com gente, prédios, barracas, hotéis, e tudo o demais que se interpõem entre o mar e a terra?
Por agora o pior já passou até porque o mar intimidou-se com a visita de Marques Mendes ao local. Provavelmente nos meses mais próximos, este tipo de poderosas ondulações não beijaram a costa portuguesa. Conhecendo o pais como conhecemos sabemos que nada será feito durante a primavera e verão. É como a época de fogos, mas ao contrário. A época de fogos, essa coisa fascinante que só de ter nome já arrepia.
O espectáculo degradante voltará lá mais para Setembro. Como escreve Pedro Adão e Silva de trincheira em trincheira até à derrota final.
Quem frequenta amiúde aquelas praias (todas elas, a norte e a sul da vila) facilmente se apercebe da inevitabilidade que é o avanço do mar. Nada, rigorosamente nada, há a fazer. A não ser abandonar as terras que o mar agora reclama.
E coragem? E coragem político-administrativa para correr com gente, prédios, barracas, hotéis, e tudo o demais que se interpõem entre o mar e a terra?
Por agora o pior já passou até porque o mar intimidou-se com a visita de Marques Mendes ao local. Provavelmente nos meses mais próximos, este tipo de poderosas ondulações não beijaram a costa portuguesa. Conhecendo o pais como conhecemos sabemos que nada será feito durante a primavera e verão. É como a época de fogos, mas ao contrário. A época de fogos, essa coisa fascinante que só de ter nome já arrepia.
O espectáculo degradante voltará lá mais para Setembro. Como escreve Pedro Adão e Silva de trincheira em trincheira até à derrota final.
Esta é a música que "eu" quero ouvir lá para Maio
A pedido do NSS, e de toda a nação benfiquista arcadiana.
Parece não haver liberdade (I)
As barracas por trás da escavadora não são de nenhum campo de refugiados no Líbano. São de um parque de campismo na Costa de Caparica construído ao lado do que restava de uma duna, abaixo do nível do mar. Não acreditam? Ao fundo e à esquerda vê-se a serra de Sintra. Se continuarem a não acreditar vão ver a fonte: Portugal Diário
Há Liberdade (LX)
(foto dos trabalhos de reparação do dique que protege o mar dos campistas da Caparica)
Cada um tem o que merece
Se eu fosse um dos incríveis directores de um qualquer diário desportivo português estaria agora a escrever, com um enorme mau gosto e em letras garrafais, na capa do meu jornal: À BOMBA: OS ESPANHOIS TEM A ETA, O BENFICA TEM PETIT!!!
Cada um tem o que merece. E chegados à fase decisiva da época desportiva o Benfica merece, inquestionavelmente, ser dono do seu destino. E é tão bom sermos senhores (livres e independentes) do nosso futuro. Ter a possibilidade de lutar pela vitoria. Puder provar que somos melhores. Mas liberdade também é responsabilidade. E tantas vezes pesa esta nas costas como chumbo.
Estará o Benfica e a sua equipa técnica à altura dos desafios propostos?
Estará o Benfica e a sua equipa técnica à altura dos anseios dos adeptos?
Estes merecem tudo, pois são incansáveis no apoio aos seus. Hoje pagaram entre 15 e 25 euros para estarem ao frio, sentados em cadeiras que nem numa lixeira teriam lugar a olharem para um palco mal iluminado, envolvidos por um ambiente geral decrépito.
E dos que merecem tudo, uns merecem um pouco mais que os outros. Estes são os rapazes sem nome; homens e mulheres com gargantas inesgotáveis de fervor encarnado. Uma vez mais demonstraram porque são considerados na actualidade como o melhor grupo de apoio nacional. Pelo menos no que à prestação vocal diz respeito. Os No Name merecem o respeito de todos. A começar pelos demais sócios, adeptos e simpatizantes benfiquistas.
Foi gira a viagem a África…
PSL
Cada um tem o que merece. E chegados à fase decisiva da época desportiva o Benfica merece, inquestionavelmente, ser dono do seu destino. E é tão bom sermos senhores (livres e independentes) do nosso futuro. Ter a possibilidade de lutar pela vitoria. Puder provar que somos melhores. Mas liberdade também é responsabilidade. E tantas vezes pesa esta nas costas como chumbo.
Estará o Benfica e a sua equipa técnica à altura dos desafios propostos?
Estará o Benfica e a sua equipa técnica à altura dos anseios dos adeptos?
Estes merecem tudo, pois são incansáveis no apoio aos seus. Hoje pagaram entre 15 e 25 euros para estarem ao frio, sentados em cadeiras que nem numa lixeira teriam lugar a olharem para um palco mal iluminado, envolvidos por um ambiente geral decrépito.
E dos que merecem tudo, uns merecem um pouco mais que os outros. Estes são os rapazes sem nome; homens e mulheres com gargantas inesgotáveis de fervor encarnado. Uma vez mais demonstraram porque são considerados na actualidade como o melhor grupo de apoio nacional. Pelo menos no que à prestação vocal diz respeito. Os No Name merecem o respeito de todos. A começar pelos demais sócios, adeptos e simpatizantes benfiquistas.
Foi gira a viagem a África…
PSL
segunda-feira, 19 de março de 2007
Pai e filho...diálogo
Father: For you will still be here tomorrow, but your dreams may not.
Son: Now there's a way and I know that I have to go away.
Sabia o leitor que já é possível ir a Africa de comboio
As coisas que um homem faz para ver o Benfica jogar fora!
Em dia de curta viagem é bom recordar o passado recente - link - (via encarnado e branco). Nem que seja para avivar a memoria e travar a euforia.
Em dia de curta viagem é bom recordar o passado recente - link - (via encarnado e branco). Nem que seja para avivar a memoria e travar a euforia.
Quem pode o mais pode o menos. E quem não pode?
Culminando uma semana em que tanto se falou (ver por exemplo aqui) da concentração de informação e poder em domínios sensíveis, uma notícia do JN de ontem (citada pelo Vexata Quaestio) dava conta do desejo do SIS de efectuar escutas telefónicas para poder seguir suspeitos.
Lendo a noticia ficamos com a ideia de que o SIS não deseja efectuar tais escutas para poder tomar conhecimento da palavra falada (ou escrita) pelos suspeitos mas sim para poder fazer aquilo que na gíria se denomina de “seguimento”.
É uma notícia curiosa que merece cuidada reflexão.
Legalmente o SIS não pode fazer escutas pois não tem competência no domínio do processo crime. Significa tal que o SIS não faz escutas?
Tomando como verdade que o SIS não faz escutas e se apenas quer seguir electronicamente suspeitos então porque é que quer fazer escutas e não apenas seguimentos electrónicos?
Tentando trocar por miúdos: quem defende aquela posição é Jorge Silva Carvalho, chefe de Gabinete do secretário-geral dos Serviços de Informações da República Portuguesa (SIRP), o organismo que coordena o SIS (Serviço de Informações e Segurança) e o SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa). Não terá conhecimento a Excelência da possibilidade tecnológica de fazer seguimentos electrónicos monitorizando fluxos informacionais e comunicacionais digitais sem interceptar a palavra (falada e escrita), não afectando assim (ou pelo menos restringindo muito a sua violação) bens jurídicos fundamentais como a intimidade e vida privada?
A seguir com atenção...
PSL
Lendo a noticia ficamos com a ideia de que o SIS não deseja efectuar tais escutas para poder tomar conhecimento da palavra falada (ou escrita) pelos suspeitos mas sim para poder fazer aquilo que na gíria se denomina de “seguimento”.
É uma notícia curiosa que merece cuidada reflexão.
Legalmente o SIS não pode fazer escutas pois não tem competência no domínio do processo crime. Significa tal que o SIS não faz escutas?
Tomando como verdade que o SIS não faz escutas e se apenas quer seguir electronicamente suspeitos então porque é que quer fazer escutas e não apenas seguimentos electrónicos?
Tentando trocar por miúdos: quem defende aquela posição é Jorge Silva Carvalho, chefe de Gabinete do secretário-geral dos Serviços de Informações da República Portuguesa (SIRP), o organismo que coordena o SIS (Serviço de Informações e Segurança) e o SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa). Não terá conhecimento a Excelência da possibilidade tecnológica de fazer seguimentos electrónicos monitorizando fluxos informacionais e comunicacionais digitais sem interceptar a palavra (falada e escrita), não afectando assim (ou pelo menos restringindo muito a sua violação) bens jurídicos fundamentais como a intimidade e vida privada?
A seguir com atenção...
PSL
Estupidez. Ou o elogio da ignorância
Não! Peço desculpa; embora o título o possa indiciar este não é um comentário ao Conselho Nacional do CDS/PP. Podia ser. Podia. Mas não é.
A exibição pública da estupidez humana, ignorância, boçalidade e demais resultados da preguiça (que não do ócio) sempre tiveram lugar de algum destaque nas diferentes sociedades. Alias, até a deficiência física e mental foi em tempos motivo de espectáculo (medíocre, é certo). E não apenas nas aldeias perdidas numa longínqua inacessível serrania. Alias, foi na cidade (burgo) que este tipo de demonstrações se tornou popular.
Não espanta por isso que a sociedade em rede (pós-moderna, global ou o palavrão que lhe quiserem esfregar) também faça da ignorância e estupidez humana espectáculo digestivo no grande circo da contemporaneidade: a televisão.
Curiosidade despertada pelo artigo semanal de Eduardo Cintra Torres e confirmada por um zapping que me enviou directamente para umas pernas fabulosas que ocupavam metade do ecrã lá perdi algum do meu tempo a ver a novidade.
E devo dizer que achei alguns episódios do espectáculo burlesco vagamente divertidos. Porque também eu faço parte das massas. Porque qualquer coisa serve de alternativa aos comentários psudo-cientifoco-cirurgicos ao estado da nação “futeboleira” do Rui “o Zorro afinal usava Gel” Santos na SIC noticias. E sobretudo, digamos, vá lá, há ali mulheres que enfim.
PSL
A exibição pública da estupidez humana, ignorância, boçalidade e demais resultados da preguiça (que não do ócio) sempre tiveram lugar de algum destaque nas diferentes sociedades. Alias, até a deficiência física e mental foi em tempos motivo de espectáculo (medíocre, é certo). E não apenas nas aldeias perdidas numa longínqua inacessível serrania. Alias, foi na cidade (burgo) que este tipo de demonstrações se tornou popular.
Não espanta por isso que a sociedade em rede (pós-moderna, global ou o palavrão que lhe quiserem esfregar) também faça da ignorância e estupidez humana espectáculo digestivo no grande circo da contemporaneidade: a televisão.
Curiosidade despertada pelo artigo semanal de Eduardo Cintra Torres e confirmada por um zapping que me enviou directamente para umas pernas fabulosas que ocupavam metade do ecrã lá perdi algum do meu tempo a ver a novidade.
E devo dizer que achei alguns episódios do espectáculo burlesco vagamente divertidos. Porque também eu faço parte das massas. Porque qualquer coisa serve de alternativa aos comentários psudo-cientifoco-cirurgicos ao estado da nação “futeboleira” do Rui “o Zorro afinal usava Gel” Santos na SIC noticias. E sobretudo, digamos, vá lá, há ali mulheres que enfim.
PSL
sexta-feira, 16 de março de 2007
ESPUMAS XXXV
Uma das felicidades que me suscita a audição de canções é a sensação de evolução qualitativa e distintiva musical dos nossos gostos (para melhor ou pior, todos os caminhos são legítimos). É mais do que um prazer ouvir certas músicas e apontar outras tantas como pontos temporais fundamentais para o nosso crescimento musical, para a nossa capacidade crítica de distanciamento necessária para melhor compreender toda a cronologia do nosso juízo melómano. Um dia escreverei as músicas da minha vida, é um projecto meramente pessoal, mas reconheço que é importante para apurarmos o gosto e o sentido da música que se ouve e faz e lembrar-nos a humildade que não podemos perder. Digo-o para a música, como também pode ser dito para os nossos filmes, livros, autores, frases, amigos e desconhecidos, erros, decisões, paixões, desamores, ou seja, todas as nossas ondas da vida, sim, as melhores e as piores ondas da nossa vida. O melhor indicador da importância deste ‘inventário’ crítico é a surpresa de sensações quando revisitamos estes inúmeros lugares da nossa acesa caminhada. Como se o conhecimento de si mesmo dependesse da avaliação do produto da união do ser com o saber. Nem mais, nem menos volume. Apenas o nosso.
N LEITURAS VI
"Left and right defined the 20th century. What's next?", Tema prinicpal da Prospect de Março, a não perder.
quinta-feira, 15 de março de 2007
A paixão
Infantilmente, hoje sinto a adrenalina dos grandes momentos. Um nervoso miudinho que se tem instalado nos ossos no espírito e na alma. Uma onda de calor que aumenta à medida que o sol baixa no horizonte. Recordo outras grandes noites europeias. Quando era miúdo e a esta hora já estava sentado na rampa 1; matando o tempo com patetices, esperando que as portas abrissem. Naquele tempo eram cento e vinte mil. Todos partilhando da mesma paixão.
Sonho também. Sonho que ganhamos. Sonho que continuamos a ganhar. Sonho com a viagem a Glasgow. Sonho…
Sonho ainda que hoje a energia do apoio que emanará das bancadas será tanta, que o estádio vai tremer assim…
Sonho também. Sonho que ganhamos. Sonho que continuamos a ganhar. Sonho com a viagem a Glasgow. Sonho…
Sonho ainda que hoje a energia do apoio que emanará das bancadas será tanta, que o estádio vai tremer assim…
N MÚSICAS VIII
"Words You Used To Say" - Dean & Britta (Ex-Luna)
A liberdade
Um excelente post de um blogue a acompanhar:
"A humanidade ganha mais tolerando que cada um viva conforme o que lhe parece bom, do que compelindo cada um a viver conforme pareça bom ao restante." (John Stuart Mill)
Um lado menos conhecido do poeta Fernando Pessoa é seu legado sobre economia e política, que Gustavo Franco ajudou a resgatar no livro A Economia em Pessoa, que organizou. O livro conta com artigos da época em que Pessoa escrevia para a Revista de Comércio e Contabilidade. Durante a leitura, fica claro que o poeta não era um leigo no assunto, e seus argumentos permanecem atuais e importantes para a defesa de coisas como a globalização, a privatização e o livre comércio. Em um dos artigos, intitulado As Algemas, Pessoa condena vários tipos de legislação restritiva, incluindo o tipo que pretende beneficiar o consumidor individual, proibindo a venda de determinados artigos – desde a cocaína às bebidas alcoólicas – por o seu uso ou abuso serem nocivos ao indivíduo. Fernando Pessoa era totalmente contra isso, e usa a Lei Seca como estudo de casos.
Em primeiro lugar, o poeta considera deprimente e ignóbil a circunstância de se "prescrever a um adulto, a um homem, o que há de beber e o que não há de beber". Compara tal atitude com a de colocar um colete-de-força num cão. Alerta que, indo por esse caminho, "não há lugar certo onde logicamente se deva parar", já que "se o Estado nos indica o que havemos de beber, por que não decretar o que havemos de comer, de vestir, de fazer"? Vai mais além, questionando por que o Estado não haveria de prescrever onde devemos morar ou com quem devemos dar-nos. Afinal, "todas essas coisas têm importância para a nossa saúde física e moral; e se o Estado se dispõe a ser médico, tutor e ama para uma delas, por que razão se não disporá a sê-lo para todas"? Ele lembra ainda que o Estado não é uma entidade abstrata, mas "se manifesta através de ministros, burocratas e fiscais – homens, ao que parece, e nossos semelhantes, e incompetentes portanto, do ponto de vista moral, senão de todos os pontos de vista, para exercer sobre nós qualquer vigilância ou tutela em que sintamos uma autoridade plausível". Como John Stuart Mill defendeu em A Liberdade, "o indivíduo não presta conta de suas ações perante a sociedade, na medida em que estas dizem respeito unicamente a ele, e a ninguém mais".
Passando ao exemplo empírico, Pessoa demonstra o completo fracasso da Lei Seca americana. De cara, temos a conseqüência do acréscimo da corrupção dos funcionários do Estado, além dos privilégios dos ricos sobre os pobres, já que estes não podem pagar os subornos que aqueles podem. Como outra conseqüência, estabeleceu-se dentro do Estado um segundo Estado, de contrabandistas, uma organização coordenada e disciplinada, destinada à técnica variada da violação da lei. "Ficou definitivamente criado e organizado o comércio ilegal de bebidas alcoólicas", ele afirma. Logo, tem-se a substituição do comércio honesto e normal por um desonesto e anormal, com o agravante deste se tornar um segundo Estado anti-social, dentro do próprio Estado. Por fim, Pessoa lembra que quem tem dinheiro continua a beber o que quiser, enquanto que quem tem pouco dinheiro mas é alcoólico, bebe da mesma maneira mas gasta mais, saindo prejudicado financeiramente. E há ainda os casos "tragicamente numerosos, dos alcoólicos que, não podendo por qualquer razão obter bebidas alcoólicas normais, passaram a ingerir espantosos sucedâneos – loções de cabelo, por exemplo – com resultados pouco moralizadores para a própria saúde". Surgiram ainda várias drogas não-alcoólicas, só que mais prejudiciais que o álcool, que sendo livremente vendidas, arruinam a saúde, mas dentro da lei.
A conclusão de Fernando Pessoa sobre o assunto geral das restrições ao comércio e em particular sobre o paternalismo estatal contra as drogas é que "a legislação restritiva, em todos os seus ramos, resulta, portanto, inútil e nociva".
Em primeiro lugar, o poeta considera deprimente e ignóbil a circunstância de se "prescrever a um adulto, a um homem, o que há de beber e o que não há de beber". Compara tal atitude com a de colocar um colete-de-força num cão. Alerta que, indo por esse caminho, "não há lugar certo onde logicamente se deva parar", já que "se o Estado nos indica o que havemos de beber, por que não decretar o que havemos de comer, de vestir, de fazer"? Vai mais além, questionando por que o Estado não haveria de prescrever onde devemos morar ou com quem devemos dar-nos. Afinal, "todas essas coisas têm importância para a nossa saúde física e moral; e se o Estado se dispõe a ser médico, tutor e ama para uma delas, por que razão se não disporá a sê-lo para todas"? Ele lembra ainda que o Estado não é uma entidade abstrata, mas "se manifesta através de ministros, burocratas e fiscais – homens, ao que parece, e nossos semelhantes, e incompetentes portanto, do ponto de vista moral, senão de todos os pontos de vista, para exercer sobre nós qualquer vigilância ou tutela em que sintamos uma autoridade plausível". Como John Stuart Mill defendeu em A Liberdade, "o indivíduo não presta conta de suas ações perante a sociedade, na medida em que estas dizem respeito unicamente a ele, e a ninguém mais".
Passando ao exemplo empírico, Pessoa demonstra o completo fracasso da Lei Seca americana. De cara, temos a conseqüência do acréscimo da corrupção dos funcionários do Estado, além dos privilégios dos ricos sobre os pobres, já que estes não podem pagar os subornos que aqueles podem. Como outra conseqüência, estabeleceu-se dentro do Estado um segundo Estado, de contrabandistas, uma organização coordenada e disciplinada, destinada à técnica variada da violação da lei. "Ficou definitivamente criado e organizado o comércio ilegal de bebidas alcoólicas", ele afirma. Logo, tem-se a substituição do comércio honesto e normal por um desonesto e anormal, com o agravante deste se tornar um segundo Estado anti-social, dentro do próprio Estado. Por fim, Pessoa lembra que quem tem dinheiro continua a beber o que quiser, enquanto que quem tem pouco dinheiro mas é alcoólico, bebe da mesma maneira mas gasta mais, saindo prejudicado financeiramente. E há ainda os casos "tragicamente numerosos, dos alcoólicos que, não podendo por qualquer razão obter bebidas alcoólicas normais, passaram a ingerir espantosos sucedâneos – loções de cabelo, por exemplo – com resultados pouco moralizadores para a própria saúde". Surgiram ainda várias drogas não-alcoólicas, só que mais prejudiciais que o álcool, que sendo livremente vendidas, arruinam a saúde, mas dentro da lei.
A conclusão de Fernando Pessoa sobre o assunto geral das restrições ao comércio e em particular sobre o paternalismo estatal contra as drogas é que "a legislação restritiva, em todos os seus ramos, resulta, portanto, inútil e nociva".
(substitui a foto no post original por esta, que apanha Pessoa em "flagrante delitro")
É como queijo numa ratoeira
Quantas centenas (milhares?) de funcionários públicos usam o seu período de trabalho para passearem na blogosfera e alimentarem os seus blogues?
A recente entrada de António Costa e José Magalhães (quanto a este, sublinhe-se não é novidade, uma vez que em tempos teve o seu blogue no moribundo sistema de blogues da Assembleia da República) na blogosfera, com o neófito blogue do MAI (link), deve ser analisada de diversos quadrantes. Como tal a análise do facto não se esgota nesta pequena nota.
O que à primeira vista podia ser registado como algo de positivo, ver o Governo aceitar a inevitabilidade da sociedade em rede e assumir o objectivo de nela participar, rapidamente se esfuma à primeira leitura.
O que é isto que José Magalhães escreve?
Com um secretário-geral do SISI diligente, informado, que todos os dias use os seus poderes para conjugar esforços entre entidades nacionais e internacionais, diminui-se esse risco de, um dia, ter de pedir ao PM que faça de Super-Homem e salve o País de algum horror iminente.
Parece do domínio do surreal, do fantástico ou do metafísico. Mas é de certeza demagogia feita à maneira.
Por agora e quanto ao resto, é recorrente ler e escutar que o problema de Portugal (também é) um problema de elites. Diz-se que recai sobre elas dar o exemplo, servir de farol, marcar o caminho, apontar o rumo. Como tal, funcionários públicos de todo o país: Blogai. Blogai com fartura. A menos que o governo venha defender que na função de governante, para alem de governar, cabe igualmente a tarefa de comentar e rebater os argumentos deixados pelos comentadores na comunicação social e restantes espaços comunicacionais; tarefa naturalmente vedada aos demais servidores públicos.
PSL
A recente entrada de António Costa e José Magalhães (quanto a este, sublinhe-se não é novidade, uma vez que em tempos teve o seu blogue no moribundo sistema de blogues da Assembleia da República) na blogosfera, com o neófito blogue do MAI (link), deve ser analisada de diversos quadrantes. Como tal a análise do facto não se esgota nesta pequena nota.
O que à primeira vista podia ser registado como algo de positivo, ver o Governo aceitar a inevitabilidade da sociedade em rede e assumir o objectivo de nela participar, rapidamente se esfuma à primeira leitura.
O que é isto que José Magalhães escreve?
Com um secretário-geral do SISI diligente, informado, que todos os dias use os seus poderes para conjugar esforços entre entidades nacionais e internacionais, diminui-se esse risco de, um dia, ter de pedir ao PM que faça de Super-Homem e salve o País de algum horror iminente.
Parece do domínio do surreal, do fantástico ou do metafísico. Mas é de certeza demagogia feita à maneira.
Por agora e quanto ao resto, é recorrente ler e escutar que o problema de Portugal (também é) um problema de elites. Diz-se que recai sobre elas dar o exemplo, servir de farol, marcar o caminho, apontar o rumo. Como tal, funcionários públicos de todo o país: Blogai. Blogai com fartura. A menos que o governo venha defender que na função de governante, para alem de governar, cabe igualmente a tarefa de comentar e rebater os argumentos deixados pelos comentadores na comunicação social e restantes espaços comunicacionais; tarefa naturalmente vedada aos demais servidores públicos.
PSL
quarta-feira, 14 de março de 2007
A instrumentalização da informação por parte do serviço publico de televisão
Tenho acompanhado pouco atentamente este debate. Em diferentes momentos, Eduardo Cintra Torres, Pacheco Pereira e Paulo Gorjão (entre muitos outros, como alguns corta-fiteiros) têm feito referência ao facto da RTP, nos seus serviços noticiosos, manufacturarem a informação à medida dos interesses da tutela ou pura e simplesmente ignorar informação relevante para o interesse público.
Ontem, no noticiário da meia-noite da SIC noticias e da RTPN, a propósito dos tumultos na empresa Pereira da Costa, pude constatar com os meus próprios sentidos (qual S. Tomé) a vergonha em que se está a tornar a informação do serviço público de televisão. Ainda assim, ingenuamente crente que tivesse sido um lapso, confirmei hoje nos noticiários das dez da manhã.
Eu não sei o que se passou à porta das instalações da Pereira da Costa – os sindicalistas falam em carga policial, a policia desmente. Mas sei que a SIC noticias cumpriu a sua função noticiando e a RTPN não. Para esta, pura e simplesmente nada (sublinho, nada) se passou à porta das instalações da Pereira da Costa. Nem um segundo, nem uma linha. O que tivesse acontecido, pura e simplesmente não aconteceu.
Há momentos o jornal da tarde da RTP1 dedicou pouco mais de um minuto ao tema com uma peça ridícula e infame entalada entre duas tentativas de lançar uma peça sobre Pinto da Costa.
Hoje na informação da RTP não há só amadorismo. Há servilismo, lambebotismo e uma tentativa absurda e fascizante de apagar o presente, rescrever o passado e pré-fabricar o futuro.
NOTA: O que as imagens da SIC permitem ver dos desacatos na Pereira da Costa? Meia dúzia de boçais arruaceiros a ofender física e verbalmente outra meia dúzia de pspzecos, mal preparados, mal equipados e sobretudo impotentes para controlar uma fúria digna dos piores tempos do PREC.
PSL
Ontem, no noticiário da meia-noite da SIC noticias e da RTPN, a propósito dos tumultos na empresa Pereira da Costa, pude constatar com os meus próprios sentidos (qual S. Tomé) a vergonha em que se está a tornar a informação do serviço público de televisão. Ainda assim, ingenuamente crente que tivesse sido um lapso, confirmei hoje nos noticiários das dez da manhã.
Eu não sei o que se passou à porta das instalações da Pereira da Costa – os sindicalistas falam em carga policial, a policia desmente. Mas sei que a SIC noticias cumpriu a sua função noticiando e a RTPN não. Para esta, pura e simplesmente nada (sublinho, nada) se passou à porta das instalações da Pereira da Costa. Nem um segundo, nem uma linha. O que tivesse acontecido, pura e simplesmente não aconteceu.
Há momentos o jornal da tarde da RTP1 dedicou pouco mais de um minuto ao tema com uma peça ridícula e infame entalada entre duas tentativas de lançar uma peça sobre Pinto da Costa.
Hoje na informação da RTP não há só amadorismo. Há servilismo, lambebotismo e uma tentativa absurda e fascizante de apagar o presente, rescrever o passado e pré-fabricar o futuro.
NOTA: O que as imagens da SIC permitem ver dos desacatos na Pereira da Costa? Meia dúzia de boçais arruaceiros a ofender física e verbalmente outra meia dúzia de pspzecos, mal preparados, mal equipados e sobretudo impotentes para controlar uma fúria digna dos piores tempos do PREC.
PSL
Qual dos dois escreverá o livro?
terça-feira, 13 de março de 2007
Campo Contra Campo (LXXIX)
Porque será que quanto mais oiço e leio sobre Direito Internacional mais me lembro desta clássica e eterna sequência?
Assim, sim!
O Prós e Contras de ontem foi dedicado ao futebol. Ou melhor, a tentar aferir se existe verdade no futebol.
Finalmente, aquele que parece ser o grande espaço mediático de debate na Nação interessa-se por algo verdadeiramente relevante. Quais urgências, abortos, orçamentos do estado ou concentração de poderes. Qual crise da (e na) Justiça.
A bola é quem mais ordena!
Eu não vi. Tenho muita pena. Mas graças à proliferação do serviço publico no cabo (RTPN) vou poder ver, hoje, lá para a uma da manhã (ou seja, em bom rigor amanhã) o gel do Rui Santos e os gafanhotos do Octávio Maçado.
Como tenho saudades dos gafanhotos do Octávio Machado…
Finalmente, aquele que parece ser o grande espaço mediático de debate na Nação interessa-se por algo verdadeiramente relevante. Quais urgências, abortos, orçamentos do estado ou concentração de poderes. Qual crise da (e na) Justiça.
A bola é quem mais ordena!
Eu não vi. Tenho muita pena. Mas graças à proliferação do serviço publico no cabo (RTPN) vou poder ver, hoje, lá para a uma da manhã (ou seja, em bom rigor amanhã) o gel do Rui Santos e os gafanhotos do Octávio Maçado.
Como tenho saudades dos gafanhotos do Octávio Machado…
segunda-feira, 12 de março de 2007
O Sistema Integrado de Segurança Interna (SISI)
Como sempre apáticos e desinteressados do fundamental, a esmagadora maioria dos portugueses não tem passado cartão à anunciada concentração das forças policiais, que ficarão todas sob o comando de um secretário-geral para a Segurança Interna. Ou seja toda a informação da PSP, GNR, PJ e SEF passa a ser canalizada para uma só pessoa que reporta ao primeiro-ministro.
Paulo Gorjão tem razão quando defende não haver critério nenhum, seja ele a eficácia, a eficiência, ou outro qualquer, que justifique uma concentração tão grande de poder em domínios tão sensíveis.
Como escreveu este fim-de-semana VPV no Público, durante trinta anos de democracia nenhum primeiro-ministro despachou em pessoa com qualquer chefe de qualquer polícia. Tudo isto irá mudar.
Sócrates é um arrogante rufia. Um rufia com poder. Ou seja um problema latente. A historia esta cheia de exemplos de como foi nefasto dar poder a pessoas como Sócrates. Mas o povo gosta. O povo sempre gostou de quem mandasse “Haja quem mande!” ouve-se no café. O povo gosta daquele ar altivo, emproado. Das respostas secas e vagamente humilhantes aos jornalistas aborrecidos que interceptam o caminho do cada vez mais todo-poderoso.
Nunca antes, nem mesmo no tempo da PIDE (até porque hoje os instrumentos proporcionados pela revolução tecnológica são outros) se deu uma tão grande concentração de informação. Um verdadeiro funil. A cada dia que passa mais temo que isto não termine bem.
PSL
Paulo Gorjão tem razão quando defende não haver critério nenhum, seja ele a eficácia, a eficiência, ou outro qualquer, que justifique uma concentração tão grande de poder em domínios tão sensíveis.
Como escreveu este fim-de-semana VPV no Público, durante trinta anos de democracia nenhum primeiro-ministro despachou em pessoa com qualquer chefe de qualquer polícia. Tudo isto irá mudar.
Sócrates é um arrogante rufia. Um rufia com poder. Ou seja um problema latente. A historia esta cheia de exemplos de como foi nefasto dar poder a pessoas como Sócrates. Mas o povo gosta. O povo sempre gostou de quem mandasse “Haja quem mande!” ouve-se no café. O povo gosta daquele ar altivo, emproado. Das respostas secas e vagamente humilhantes aos jornalistas aborrecidos que interceptam o caminho do cada vez mais todo-poderoso.
Nunca antes, nem mesmo no tempo da PIDE (até porque hoje os instrumentos proporcionados pela revolução tecnológica são outros) se deu uma tão grande concentração de informação. Um verdadeiro funil. A cada dia que passa mais temo que isto não termine bem.
PSL
Diz que é uma espécie de cooperação estratégica
Hoje é dia de festa
Cantam as nossas almas. E para comemorar mais uma boa dose de trapalhada (link).
Mais uma vez o coro grego dos operadores judiciais canta em uníssono: Reparar um erro com um erro maior?
Hoje é dia de festa: Já só faltam seis anitos (coisa pouca) para nos vermos livres desta cambada de autistas.
Mais uma vez o coro grego dos operadores judiciais canta em uníssono: Reparar um erro com um erro maior?
Hoje é dia de festa: Já só faltam seis anitos (coisa pouca) para nos vermos livres desta cambada de autistas.
sexta-feira, 9 de março de 2007
Há Liberdade (LVIII)
Não estás sozinho, não és o único
Hoje sinto-me Judeu, mais uma bela flama daqui.
É fartar vilanagem
Acordo dá à Teixeira Duarte mais de 12,6 milhões pelo abandono da Cidade Judiciária
Pagar do meu bolso os erros alheios é uma coisa extremamente horrível, não é?
É!
Portanto devia ser proibido?
Exacto!
Mas os políticos podem errar
Podem!
E o que é que lhes acontece?
Nada!
Mas estão a ir contra a lei?
Estão!
E como é que a lei os pune?
De maneira nenhuma!
Isto não é um bocadinho incoerente?
Psssssttttt!
Pagar do meu bolso os erros alheios é uma coisa extremamente horrível, não é?
É!
Portanto devia ser proibido?
Exacto!
Mas os políticos podem errar
Podem!
E o que é que lhes acontece?
Nada!
Mas estão a ir contra a lei?
Estão!
E como é que a lei os pune?
De maneira nenhuma!
Isto não é um bocadinho incoerente?
Psssssttttt!
A questão do dia
De João Távora no Corta-fitas: Com a herança deste território e fantástico clima, não nos bastaria a todos um pouco menos de fado e mais de saudável realismo, para a realização dos nossos desígnios?
CRONOS VIII
"Only Love Can Break Your Heart" (1990) Saint Etienne
(versão indie-dance da canção de Neil Young, datada de 1970 do álbum "After The Gold Rush")
(versão indie-dance da canção de Neil Young, datada de 1970 do álbum "After The Gold Rush")
N MÚSICAS VII
À memória de Miguel Baptista Pereira (1929-2007)
"Old Man" - Neil Young
"Old Man" - Neil Young
N CARESTIAS (PORTUGUESAS) I
Hoje inauguro uma nova rubrica. Mostrará o que seria impensável em Portugal sem cair no ridículo e que é valorizado em outras culturas.
No fundo, é uma rubrica que mostra mais uma razão do atraso português ou que ilustra uma particulariedade de determinada cultura ou mentalidade que seria de louvar vê-la generalizada em Portugal.
Espero que esta rubrica, pelo menos, vos faça pensar.
Ah, o tipo que vêm aqui em cima aos saltos é Steve Ballmer, o CEO (Chief Executive Officer, i.e., Presidente) da Microsoft.
No fundo, é uma rubrica que mostra mais uma razão do atraso português ou que ilustra uma particulariedade de determinada cultura ou mentalidade que seria de louvar vê-la generalizada em Portugal.
Espero que esta rubrica, pelo menos, vos faça pensar.
Ah, o tipo que vêm aqui em cima aos saltos é Steve Ballmer, o CEO (Chief Executive Officer, i.e., Presidente) da Microsoft.
quinta-feira, 8 de março de 2007
Aprenda a instalar o windows vista em apenas dois minutos
quarta-feira, 7 de março de 2007
A propósito de Nós
Há muito que não lia um artigo simples e incisivo como este, de Jorge Araújo, no Diário Económico. Há algum tempo, em conversas avulsas, que venho defendendo a necessidade de se destacarem pessoas com uma visão total da sociedade, políticos e não políticos, mas é muito rara, raríssima mesmo, na nossa comunidade. Os comentadores e analistas abundam (e talvez deva acrescentar os bloguistas), mas poucos se preocupam com a defesa da sociedade no seu todo. Ao contrário do socialmente correcto, são os políticos a classe, na minha opinião, que mais defende (também por dever de ofício naturalmente) a visão nacional e o interesse não corporativos (pois serão quem, os juízes? os professores? os jornalistas?), mas é uma visão ainda demasiado conservadora, formal e retrógrada em muitos aspectos. A cultura e a mentalidade presentes ainda se entretêm com a palavra amiga, o aperto de mão solidário, o sorriso cúmplice, o artigo que dá uma mãozinha, etc. Sem esquecer a «enorme estima pessoal e elevada consideração» que todos têm entre todos, todas elas «vossas excelências».
Todos nós temos os nossos interesses pessoais e posições ideológicas, mais ou menos definidos. Todavia, quando se pensa a sociedade temos que nos esforçar em vê-la como que numa perspectiva aérea, porque nenhuma sociedade é justa e livre se administrarmos, legislarmos ou julgarmos, em nome da coisa pública, segundo o que nós faríamos na esfera privada ou individual com o poder ou a autoridade nas mãos. O mesmo se diga daqueles que criticam ou desprezam constantemente os que agem em nome da república. Muitos deles, desses críticos, o único contributo que fazem, como cidadãos, é pagar impostos. E muitos pagam-nos queixando-se deles e outros tantos porque, provavelmente, deles não podem escapar.
Ou seja, a cultura individual e social dominante em Portugal é a de criticar, sobretudo negativamente, sem ter sequer uma opinião fundada ou, muito menos, uma alternativa à solução criticada. O mal, portanto, não está na crítica, pois ela é filha da liberdade e barómetro da cidadania. O mal está em não utilizá-la de forma justificada e construtiva ou empregá-la sem a mínima seriedade. E desta forma, oportunamente, esquece-se, ou ignora-se, que a crítica é também filha da responsabilidade, emergindo somente a habitual esquizofrenia lusa, bem patente no gesto povinho bipolar.
Há muitas maneiras de lutarmos por uma sociedade melhor, mas para quem não contribui um chavo para dar o exemplo de uma educação cívica, das duas uma: ou muda de atitude, porque nunca é tarde de o fazer, ou continua a julgar-se diferente, incontaminável às impurezas políticas, e a limitar-se à submissão (sem disso ter consciência) revoltada dos 'outros que mandam'.
Concluindo, numa palavra, liberdade e seriedade não são a mesma coisa. A primeira não se esgota na segunda.
Todos nós temos os nossos interesses pessoais e posições ideológicas, mais ou menos definidos. Todavia, quando se pensa a sociedade temos que nos esforçar em vê-la como que numa perspectiva aérea, porque nenhuma sociedade é justa e livre se administrarmos, legislarmos ou julgarmos, em nome da coisa pública, segundo o que nós faríamos na esfera privada ou individual com o poder ou a autoridade nas mãos. O mesmo se diga daqueles que criticam ou desprezam constantemente os que agem em nome da república. Muitos deles, desses críticos, o único contributo que fazem, como cidadãos, é pagar impostos. E muitos pagam-nos queixando-se deles e outros tantos porque, provavelmente, deles não podem escapar.
Ou seja, a cultura individual e social dominante em Portugal é a de criticar, sobretudo negativamente, sem ter sequer uma opinião fundada ou, muito menos, uma alternativa à solução criticada. O mal, portanto, não está na crítica, pois ela é filha da liberdade e barómetro da cidadania. O mal está em não utilizá-la de forma justificada e construtiva ou empregá-la sem a mínima seriedade. E desta forma, oportunamente, esquece-se, ou ignora-se, que a crítica é também filha da responsabilidade, emergindo somente a habitual esquizofrenia lusa, bem patente no gesto povinho bipolar.
Há muitas maneiras de lutarmos por uma sociedade melhor, mas para quem não contribui um chavo para dar o exemplo de uma educação cívica, das duas uma: ou muda de atitude, porque nunca é tarde de o fazer, ou continua a julgar-se diferente, incontaminável às impurezas políticas, e a limitar-se à submissão (sem disso ter consciência) revoltada dos 'outros que mandam'.
Concluindo, numa palavra, liberdade e seriedade não são a mesma coisa. A primeira não se esgota na segunda.
ainda a RTP
Diz o Pedro Soares Lourenço que a RTP faz falta àqueles que lá trabalham.
É verdade.
Mas faz falta também àqueles que trabalham para a RTP (fornecedores de conteúdos, de equipamento, de recursos humanos...), e àqueles para quem a RTP trabalha (Governo, Igreja Católica portuguesa, Olivedesportos...).
Mas, no fim de contas, tirando a Informação (politicamente orientada), o Desporto (portistamente orientado), a Cultura (comunistamente orientada) e a Ficção Nacional (amiguisticamente orientada), a RTP podia ser pior.
Jean Baudrillard (1929-2007)
Desapareceu mais um profeta da desgraça pós-modernista. Baudrillard, um dos muitos académicos traumatizados pelo Marxismo, construiu uma obra impar tão rica quanto polémica. Baudrillard foi mais um pensador que acreditava em fadas, duendes, florestas encantadas e outras coisas fantásticas como o Pai Natal. Uma das suas conhecidas teses é denominada por muitos como a tese do simulacro; segundo o pensador vivemos apenas num simulacro pois o real desvaneceu-se. Pois.
Um tesourinho deprimente com cinquenta anos
O "serviço público" vale o que pagamos por ele? Pergunta José Manuel Fernandes no Público de hoje. Claro que não, respondo eu!
A RTP comemora hoje o seu primeiro cinquentenário, mas devia também comemorar hoje o seu único cinquentenário. A RTP é uma empresa que tem um orçamento anual superior ao do Ministério da Cultura. A única utilidade da RTP é servir de veículo privilegiado das ideias (poucas!) e politicas (quase sempre más) do poder seja qual for a sua cor. A RTP podia acabar já manhã que não faz falta a ninguém com excepção dos que lá trabalham.
A RTP comemora hoje o seu primeiro cinquentenário, mas devia também comemorar hoje o seu único cinquentenário. A RTP é uma empresa que tem um orçamento anual superior ao do Ministério da Cultura. A única utilidade da RTP é servir de veículo privilegiado das ideias (poucas!) e politicas (quase sempre más) do poder seja qual for a sua cor. A RTP podia acabar já manhã que não faz falta a ninguém com excepção dos que lá trabalham.
terça-feira, 6 de março de 2007
The next big thing
A jovem da foto que desenha um belo leque de espuma lá do outro lado do mundo, chama-se Carissa Moore, vem do Havai, tem catorze anitos, e acaba de disputar a sua primeira final de uma prova do mundial de surf feminino batendo nas eliminatórias e hepta campeã mundial Layne Beachle. Perguntas?
A super-mulher?
Maria José Morgado indicada por PGR para coordenar DIAP Lisboa
…mantendo a coordenação do apito dourado. Das duas três: Ou ninguém faz nada na Procuradoria ou a senhora é super!
…mantendo a coordenação do apito dourado. Das duas três: Ou ninguém faz nada na Procuradoria ou a senhora é super!
Campo Contra Campo (LXXVIII)
O Labirinto do Fauno, *
Ridículo, palerma, patético!
É aborrecido quando vamos ao cinema perder tempo. Mas inevitavelmente por vezes acontece. Guillermo Del Toro nasceu numa terra de almas penadas e espíritos andrajosos. Colocou a câmara ao ombro e veio filmar fantasmas para uma terra de bruxas. O resultado é ridículo, palerma e patético. Decepcionante para o espectador que sabe ter o filme sido laureado com os oscares de melhor direcção artística (os membros da academia não devem ter visto os dois filmes de Eastwood), melhor fotografia (onde a sublime visão de Eduardo Serra em Diamante de Sangue nem sequer foi nomeado) e melhor caracterização.
No filme de Del Toro tudo é previsível: Os Franquistas (e não fascistas como se lê por ai) sempre muito maus; os resistentes comunistas os desgraçadinhos de sempre; os cavalos sempre a correr e a menina a aprender.
Sangue também não falta, tal como violência gratuita. A sala vai dando o benefício da dúvida, até que o mau da fita coze sozinho a boca que ficou rasgada (quase) até á orelha. Aqui a gargalhada é geral. O fantástico dá lugar à comédia de série Z. Muito mau!
Como todos sabem o tempo dos milagres acabou há muito, as fadas estão todas mortas e já não há heróis! O que nem todos sabem (mas deviam saber) é que este filme que teve seis nomeações paras os prémios da academia (entre as quais melhor filme estrangeiro e melhor argumento) é uma merda e não deve ser visto por ninguém.
Ridículo, palerma, patético!
É aborrecido quando vamos ao cinema perder tempo. Mas inevitavelmente por vezes acontece. Guillermo Del Toro nasceu numa terra de almas penadas e espíritos andrajosos. Colocou a câmara ao ombro e veio filmar fantasmas para uma terra de bruxas. O resultado é ridículo, palerma e patético. Decepcionante para o espectador que sabe ter o filme sido laureado com os oscares de melhor direcção artística (os membros da academia não devem ter visto os dois filmes de Eastwood), melhor fotografia (onde a sublime visão de Eduardo Serra em Diamante de Sangue nem sequer foi nomeado) e melhor caracterização.
No filme de Del Toro tudo é previsível: Os Franquistas (e não fascistas como se lê por ai) sempre muito maus; os resistentes comunistas os desgraçadinhos de sempre; os cavalos sempre a correr e a menina a aprender.
Sangue também não falta, tal como violência gratuita. A sala vai dando o benefício da dúvida, até que o mau da fita coze sozinho a boca que ficou rasgada (quase) até á orelha. Aqui a gargalhada é geral. O fantástico dá lugar à comédia de série Z. Muito mau!
Como todos sabem o tempo dos milagres acabou há muito, as fadas estão todas mortas e já não há heróis! O que nem todos sabem (mas deviam saber) é que este filme que teve seis nomeações paras os prémios da academia (entre as quais melhor filme estrangeiro e melhor argumento) é uma merda e não deve ser visto por ninguém.
segunda-feira, 5 de março de 2007
PALETA DE PALAVRAS LVIII
"TRANSEUNTE (_embuçado, observando, descendo a Bocage, que está de novo parado á esquina, e batendo-lhe no hombro_)
Elmano, a lyra divina
Por que razão emmudece?
BOCAGE (_voltando attonito, mas acudindo logo_)
Porque mais cala no mundo
Quem mais o mundo conhece!
TRANSEUNTE
Que tens n'esse mundo achado
Que mais assombro te faça?
BOCAGE
Um poeta com ventura,
Um tratante com desgraça.
TRANSEUNTE
Bem respondido, sr. Bocage.
BOCAGE
Bem perguntado, sr. Tolentino."
Excerto da obra Os Primeiros Amores de Bocage : Comedia em Cinco Actos de José da Silva Mendes Leal, disponível no sítio do Projecto Gutenberg
Elmano, a lyra divina
Por que razão emmudece?
BOCAGE (_voltando attonito, mas acudindo logo_)
Porque mais cala no mundo
Quem mais o mundo conhece!
TRANSEUNTE
Que tens n'esse mundo achado
Que mais assombro te faça?
BOCAGE
Um poeta com ventura,
Um tratante com desgraça.
TRANSEUNTE
Bem respondido, sr. Bocage.
BOCAGE
Bem perguntado, sr. Tolentino."
Excerto da obra Os Primeiros Amores de Bocage : Comedia em Cinco Actos de José da Silva Mendes Leal, disponível no sítio do Projecto Gutenberg
Imaginem...
...esta História como sendo vossa. Não se consegue, pois não? Pode pensar-se, mas não imaginar-se. E tudo muda, não é? Não nós, mas sobre os outros. E tal, no entanto, pode acontecer a qualquer um, em qualquer lugar. Notem nos argumentos básicos daquela mulher e assustadoramente vitais.
Isto não é pós-modernismo, é ir ao fundo do humanismo moderno.
as pessoas da aldeia
Anda por aí alguma confusão sobre um museu que a Câmara Municipal de Santa Comba Dão quer fazer. O museu é sobre Salazar e o Estado Novo e, mais que não seja, apresenta uma grande mais-valia: é em Santa Comba Dão. Não fora a manifestação imbecil e a petição que se quer apresentar à Assembleia da República, ninguém teria dado conta das intenções de erigir tal espaço museológico. É que Santa Comba Dão fica fora de mão. Ninguém lá vai.
Não me preocupo, por outro lado, com a existência de pessoas que gostem de Salazar (também há deputados que oferecem jantares de homenagem a Pinto da Costa...), é que, se enterrámos Salazar e os seus esbirros, foi para que pudesse haver pessoas a gostar dele a a afirmá-lo publicamente.
Querem fazer um museu? Quotizem-se e façam-no! Têm todo o direito de o fazer, sabendo nós embora que, se fossem poder, nunca poderíamos fazer um museu pela liberdade.
Enfim, para terminar, e em total espírito de liberdade, resta-me dizer que, se Salazar era o verdadeiro espírito da ruralidade das pessoas da aldeia, então ele foi o primeiro "village people", e aposto que era o polícia!
o espírito de porteira
Um dos muitos defeitos que, infelizmente, ainda pululam no gene português é o espírito de porteira. Aquela atitude mesquinha de aproveitar a mínima deixa para soltar um comentário, para silvar um reparo sobre a vida pessoal de alguém.
Ora cá vai um exemplo:
No passado sábado, Eduardo Cintra Torres (que interpretou aí, com mestria, o papel de "porteira"), referindo-se a uma situação que envolveu um conflito quanto ao exercício de direito de resposta no Diário de Notícias, em resultado de um artigo (ou crónica?) de Fernanda Câncio, insinua que uma atitude do Director deste Diário teria sido determinada pela"publicitada e não desmentida relação pessoal entre a jornalista" e outra pessoa.
Fernanda Câncio respondeu (ainda que isso implique descer ao rés-do-chão da vida...), dizendo que "a isto, em tempos, chamou-se calúnia. agora parece que passa por crítica de media, e ainda por cima apresentada como paladina da liberdade, da justeza e do bem, do jornalismo 'a sério', livre e impoluto. não há nada, parece, que uma boa teoria da conspiração não justifique. nada." Respondeu bem e de forma contida, dando uma boa chapada na porteira da paróquia.
Campo Contra Campo (LXXVII)
As Cartas de Iwo Jima, ****
Fechei, enfim, o circulo sobre os nomeados para o oscar de melhor filme do ano que passou. E fiquei mais "descansado". Num ano globalmente bom mas sem nenhuma obra-prima os prémios para The Departed e Scorsese, ao contrario do que se tem dito no rescaldo da festa de Hollyood, estão muito bem entregues.
O retracto do lado oculto da batalha em Iwo Jima feito por Eastwood está muito longe das suas melhores películas. Ao contrário do que muitos defendem, este não é um filme "de guerra" ou sobre uma batalha, mas sim o retracto da bravura e carácter de um Homem que sabe de antemão o destino que lhe está confiado: O general Kuribayashi impecavelmente encarnado pelo (para mim desconhecido) Ken Watanabe.
Com uma fotografia excelente e momentos de cinema sublimes - a sequência da imolação de vários soldados numa das grutas; os flashback que funcionam como dinâmicos vórtices atirando o espectador violentamente contra o passado, para rapidamente o submergirem com o presente - As Cartas de Iwo Jima não chega, contudo, ao Olimpo da sétima arte. Faltam centelhas de génio na câmara preguiçosa de Eastwood, ritmo na montagem e sobretudo cuidado nos pequenos (mas fundamentais) pormenores que distinguem o grande cinema da obra prima absoluta.
Assim, não alinho no coro que aplaude de pé mais um filme de Eastwood. Este ano, ele, quedou-se apenas por dois grandes filmes. Apenas!
Fechei, enfim, o circulo sobre os nomeados para o oscar de melhor filme do ano que passou. E fiquei mais "descansado". Num ano globalmente bom mas sem nenhuma obra-prima os prémios para The Departed e Scorsese, ao contrario do que se tem dito no rescaldo da festa de Hollyood, estão muito bem entregues.
O retracto do lado oculto da batalha em Iwo Jima feito por Eastwood está muito longe das suas melhores películas. Ao contrário do que muitos defendem, este não é um filme "de guerra" ou sobre uma batalha, mas sim o retracto da bravura e carácter de um Homem que sabe de antemão o destino que lhe está confiado: O general Kuribayashi impecavelmente encarnado pelo (para mim desconhecido) Ken Watanabe.
Com uma fotografia excelente e momentos de cinema sublimes - a sequência da imolação de vários soldados numa das grutas; os flashback que funcionam como dinâmicos vórtices atirando o espectador violentamente contra o passado, para rapidamente o submergirem com o presente - As Cartas de Iwo Jima não chega, contudo, ao Olimpo da sétima arte. Faltam centelhas de génio na câmara preguiçosa de Eastwood, ritmo na montagem e sobretudo cuidado nos pequenos (mas fundamentais) pormenores que distinguem o grande cinema da obra prima absoluta.
Assim, não alinho no coro que aplaude de pé mais um filme de Eastwood. Este ano, ele, quedou-se apenas por dois grandes filmes. Apenas!
Mais pérolas desse inacreditável mundo que é o jornalismo desportivo português…, e não só
"É evidente que foi Bento, lá de cima, do Céu dos guarda-redes, que enviou a Quim a inspiração para defender a grande penalidade", José Manuel Delgado na pagina 4 d' A Bola de domingo.
Falando de coisas mais terrenas, apenas para que fique registado para memória futura: Faltam dez jornadas para a Liga terminar, no Dragão os da casa venceram e viram uma grande penalidade que não existiu ser marcada a seu favor. Em Vila das Aves, o Benfica venceu e viu uma grande penalidade que não existiu ser marcada (por um arbitro da AF do Porto) contra si (a tal defesa com inspiração divina) e uma outra que existiu a seu favor não ser marcada. Em Leiria, o Sporting marcou passo e viu o menino Liedson cair na esparrela de agredir um adversário sendo expulso (por um arbitro da AF do Porto) correndo o risco de não jogar no Dragão daqui a duas jornadas.
Por outras palavras, ao que assistimos quando entramos numa fase decisiva da Liga: Benfica, uma vez mais indecentemente roubado. Sporting, estupidamente, a ser de vez arrumado. Porto (como sempre) a ser ajudado!
Foi você que pediu um "apito dourado"?
Falando de coisas mais terrenas, apenas para que fique registado para memória futura: Faltam dez jornadas para a Liga terminar, no Dragão os da casa venceram e viram uma grande penalidade que não existiu ser marcada a seu favor. Em Vila das Aves, o Benfica venceu e viu uma grande penalidade que não existiu ser marcada (por um arbitro da AF do Porto) contra si (a tal defesa com inspiração divina) e uma outra que existiu a seu favor não ser marcada. Em Leiria, o Sporting marcou passo e viu o menino Liedson cair na esparrela de agredir um adversário sendo expulso (por um arbitro da AF do Porto) correndo o risco de não jogar no Dragão daqui a duas jornadas.
Por outras palavras, ao que assistimos quando entramos numa fase decisiva da Liga: Benfica, uma vez mais indecentemente roubado. Sporting, estupidamente, a ser de vez arrumado. Porto (como sempre) a ser ajudado!
Foi você que pediu um "apito dourado"?
sábado, 3 de março de 2007
Triste conforto
Como dizia o outro: Não, não sou o único!
"O partido do primeiro-ministro [no debate mensal na AR], alem de o apoiar, faz de palhaço rico numa conversa combinada". As palavras não são minhas. Mas podiam ser. Fico tristemente confortável por saber que um dos intelectuais do regime também apelida de circense a actividade de Sócrates e da afantochada maioria parlamentar que o apoia. Claro que VPV não é PSL e o seu latim não se compara ao meu. É mais erudito, dissimulado e soa muito melhor que o deste vosso escriba.
Ontem mais de cem mil pessoas disseram bem alto nas ruas de Lisboa que Sócrates é mentiroso. É muita gente? Não, insisto, é pouca gente!
Sócrates merece ter dez milhões a gritarem-lhe aos ouvidos essa boa verdade. Mas não tem porque alguns não podem, outros não querem e muitos mais gostavam mas enfim fazem como a avestruz, enterrando a cabeça na quente areia do politicamente correcto; pois a paroquia Portugal é pequena e o alegre desconforto preferível ao triste conforto.
"O partido do primeiro-ministro [no debate mensal na AR], alem de o apoiar, faz de palhaço rico numa conversa combinada". As palavras não são minhas. Mas podiam ser. Fico tristemente confortável por saber que um dos intelectuais do regime também apelida de circense a actividade de Sócrates e da afantochada maioria parlamentar que o apoia. Claro que VPV não é PSL e o seu latim não se compara ao meu. É mais erudito, dissimulado e soa muito melhor que o deste vosso escriba.
Ontem mais de cem mil pessoas disseram bem alto nas ruas de Lisboa que Sócrates é mentiroso. É muita gente? Não, insisto, é pouca gente!
Sócrates merece ter dez milhões a gritarem-lhe aos ouvidos essa boa verdade. Mas não tem porque alguns não podem, outros não querem e muitos mais gostavam mas enfim fazem como a avestruz, enterrando a cabeça na quente areia do politicamente correcto; pois a paroquia Portugal é pequena e o alegre desconforto preferível ao triste conforto.
Campo Contra Campo (LXXVI)
Diamante de Sangue, ****
Apenas uma curta nota para o filme de Edward Zwick: Como era bom se todos os filmes de acção fossem assim tão sérios e consistentes. "Blood Diamond" podia ser outro Babel, mas felizmente Zwick recusou-se a ceder ao politico-socialmente correcto. Faz um filme duro, bem realizado, muito bem fotografado (mais um trabalho quase perfeito de Eduardo Serra) e acima de tudo frio e pragmático. Pois não há Homens bons ou Homens maus. Simplesmente há Homens.
A não perder, se ainda não viu.
Apenas uma curta nota para o filme de Edward Zwick: Como era bom se todos os filmes de acção fossem assim tão sérios e consistentes. "Blood Diamond" podia ser outro Babel, mas felizmente Zwick recusou-se a ceder ao politico-socialmente correcto. Faz um filme duro, bem realizado, muito bem fotografado (mais um trabalho quase perfeito de Eduardo Serra) e acima de tudo frio e pragmático. Pois não há Homens bons ou Homens maus. Simplesmente há Homens.
A não perder, se ainda não viu.
sexta-feira, 2 de março de 2007
Há Liberdade (LVII)
Paulo "The Undertaker" Portas
Sinceramente não entendo muito bem o chinfrim que por ai vai com o regresso de Paulo Portas. O que é terá assim de tão especial Portas para fazer o pleno? Dos sisudos aos jocosos, dos intelectuais do regime ao sacristão, da esquerda à direita todos se agitam todos comentam, todos pseuo-analisam. E no fim pouco mais que o vácuo!
Um arraial minhoto digno do pais que somos. Onde verdadeiramente nada se passa de relevante há meses (referendo passado inclusive).
A decepcionante, a-carismática, acinzentada declaração de ontem no CCB apenas me merece um comentário levemente inspirado no de Nuno Ramos de Almeida in Cinco Dias:
Um arraial minhoto digno do pais que somos. Onde verdadeiramente nada se passa de relevante há meses (referendo passado inclusive).
A decepcionante, a-carismática, acinzentada declaração de ontem no CCB apenas me merece um comentário levemente inspirado no de Nuno Ramos de Almeida in Cinco Dias:
quinta-feira, 1 de março de 2007
Lamento mas pouco
Lamento estar sempre a chamar a vossa atenção para os posts de Henrique Raposo (que esclareço, não conheço de lado nenhum nem nunca me foi apresentado); mas eles são do melhor que há na blogos Lusa. A ler, hoje, as consequências da política e da sociedade portuguesa continuarem presas naquele coito interrompido que foi o PREC.
Muito neon…
É desta que me transformo em festivaleiro. Aí é, é!
1948-2007, morreu um ídolo da nossa infância
Para sempre ficará na memoria a frase tantas vezes gritada na quente rouquidão do AM: “Grande defesa de Bento!!!”
CRONOS VII
"The Boys of summer" (1984) - Don Henley
É incrível como esta música tem 23 anos. 23 anos!...diz muito da minha idade!...e de outros amigos meus também:-)...Sem dúvida, esta música foi, e é, um hino à juventude irrequieta dos anos 70.
É incrível como esta música tem 23 anos. 23 anos!...diz muito da minha idade!...e de outros amigos meus também:-)...Sem dúvida, esta música foi, e é, um hino à juventude irrequieta dos anos 70.
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