sexta-feira, 16 de março de 2007

ESPUMAS XXXV


Uma das felicidades que me suscita a audição de canções é a sensação de evolução qualitativa e distintiva musical dos nossos gostos (para melhor ou pior, todos os caminhos são legítimos). É mais do que um prazer ouvir certas músicas e apontar outras tantas como pontos temporais fundamentais para o nosso crescimento musical, para a nossa capacidade crítica de distanciamento necessária para melhor compreender toda a cronologia do nosso juízo melómano. Um dia escreverei as músicas da minha vida, é um projecto meramente pessoal, mas reconheço que é importante para apurarmos o gosto e o sentido da música que se ouve e faz e lembrar-nos a humildade que não podemos perder. Digo-o para a música, como também pode ser dito para os nossos filmes, livros, autores, frases, amigos e desconhecidos, erros, decisões, paixões, desamores, ou seja, todas as nossas ondas da vida, sim, as melhores e as piores ondas da nossa vida. O melhor indicador da importância deste ‘inventário’ crítico é a surpresa de sensações quando revisitamos estes inúmeros lugares da nossa acesa caminhada. Como se o conhecimento de si mesmo dependesse da avaliação do produto da união do ser com o saber. Nem mais, nem menos volume. Apenas o nosso.

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