segunda-feira, 5 de março de 2007

Campo Contra Campo (LXXVII)

As Cartas de Iwo Jima, ****

Fechei, enfim, o circulo sobre os nomeados para o oscar de melhor filme do ano que passou. E fiquei mais "descansado". Num ano globalmente bom mas sem nenhuma obra-prima os prémios para The Departed e Scorsese, ao contrario do que se tem dito no rescaldo da festa de Hollyood, estão muito bem entregues.
O retracto do lado oculto da batalha em Iwo Jima feito por Eastwood está muito longe das suas melhores películas. Ao contrário do que muitos defendem, este não é um filme "de guerra" ou sobre uma batalha, mas sim o retracto da bravura e carácter de um Homem que sabe de antemão o destino que lhe está confiado: O general Kuribayashi impecavelmente encarnado pelo (para mim desconhecido) Ken Watanabe.
Com uma fotografia excelente e momentos de cinema sublimes - a sequência da imolação de vários soldados numa das grutas; os flashback que funcionam como dinâmicos vórtices atirando o espectador violentamente contra o passado, para rapidamente o submergirem com o presente - As Cartas de Iwo Jima não chega, contudo, ao Olimpo da sétima arte. Faltam centelhas de génio na câmara preguiçosa de Eastwood, ritmo na montagem e sobretudo cuidado nos pequenos (mas fundamentais) pormenores que distinguem o grande cinema da obra prima absoluta.
Assim, não alinho no coro que aplaude de pé mais um filme de Eastwood. Este ano, ele, quedou-se apenas por dois grandes filmes. Apenas!

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