terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Salazar: o embuste

Salazar é um dos maiores embustes da História portuguesa: Que veio limpar as finanças públicas, que veio acabar com a confusão política, que veio reorientar o país...
A verdade é que as finanças públicas estavam de boa saúde aquando do 28 de Maio de 1926 e mais tarde quando Salazar tomou o poder. E isso pese embora a sabotagem levada a cabo pelos círculos integristas!
A verdade é que a confusão política e a sucessão vertiginosa de governos não terminou com o 28 de Maio de 1926, tendo continuado a existir golpes de Estado depois. Claro que depois tivémos 40 anos de "estabilidade", mas isso também os russos tiveram 70 anos de estabilidade com muitas parecenças.
A verdade é que Salazar não reorientou o país. Parou-o. Imobilizou-o. Submeteu-o à apologia da pobreza, sob os auspícios da Igreja que viu assim oportunidade para continuar a ter sucesso no seu esforço de degradação da alma portuguesa.
Conto-vos um episódio interessante, e que demonstra com precisão a tacanhez imbecilizante do guarda-livros que nos governou:
Na década de 50, um ministro de Salazar apresentou-lhe um plano de saneamento básico, com o objectivo de levar água canalizada e esgotos às aldeias e vilas portuguesas. O despacho de Salazar foi negativo porque, a concretizar-se a ideia do ministro, colocar-se-ia em causa a importância social da deslocação matutina das mulheres às fontes, local onde se sabiam as novidades e partilhavam conversas. E pronto. Lá foram 30 ou 40 anos para... onde vocês sabem...
Que Salazar acreditasse que estava a fazer o melhor pelo país, não o ponho em causa, como não ponho em causa que Guterres, Durão e Santana acreditassem que estavam a fazer o melhor pelo país, mas daí a considerá-lo um dos 10 grandes portugueses...

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