terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Campo Contra Campo (LXX)

Babel, **

Para alem de outras coisas mais este fim de semana foi tempo de retomar o ambiente cinéfilo. E como faz falta o cinema às nossas vidas...
Tinha vos prometido falar sobre Scoop, o mais recente filme de de Woody Allen; mas como já devem ter percebido pelo subtítulo deste post, ainda não é hoje que cumpro a promessa.
Alertado por alguns bons amigos e um pouco incrédulo pela forma como foi recebido por alguma critica não resisti a me apresar no mergulho em Babel. Andei intrigado! Afinal o filme seria “brilhante” e a “não perder” como me diziam os primeiros ou dispensavel como escreviam os segundos.
Perdi “Amor Cão” e “20 gramas”, as anteriores peliculas de um tal Alejandro Gonzáles Iñárritu. Mas a avaliar por este Babel, verdadeiramente não terei perdido nada.
Babel é uma improvável historia da carochinha passada em três locais diferentes, o que é coisa muito distinta de uma historia passada em três locais diferentes ao mesmo tempo.
De facto, e este parece ser um erro basico de quem vê o filme, a historia dessenrrola-se em momentos temporais diferentes primeiro em Marrocos, depois no México (com uma ou outra sequência no Sul da Califórnia) e, enfim, no Japão. Mas, com uma tentativa claramente falhada de fazer uma montagem fresca e espertalhona “à lá Tarantino”, Iñárritu “baralha tudo e dá de novo” para ver se estamos atentos. E estamos!
Quanto ao argumento Babel é um filme com dois temas: Nada e coisa nenhuma. Um mosaico inverosimel onde o expoente maximo do ridiculo se encontra no episodio da desiquilibrada tennager Japonesa - alma penada que nunca se chega a preceber o que anda para ali a fazer despida no filme. A lentidão com que corre a narrativa é tal que algumas sequências levam ao bocejo, v.g. as cenas do casório mexicano e da saida nocturna da já citada ninfomaníaca e outras são porfundamente lamentaveis como a dos turistas abestalhados no meio da aldeia dos “bonzinhos” berbéres.

Se o objectivo fosse fazer um manifesto surrealista o filme não existiria sequer. Como o objectivo é fazer um filme sério que nos ofereça uma lição de moral sobre os maleficios da globalização o resultado é patetico.
Mas o pior de tudo é que a coisa venceu o prémio de melhor realização em Cannes e derrotou grandes obras de arte, como The Departed – Entre inimigos - nos últimos Globos de Ouro, preparando-se ainda para uma chuva de nomeações, já hoje, para a edição anual dos Oscares.
O que fica de Babel? Os meus bons amigos que me perdoem, mas do filme de Iñárritu apenas fica uma banda sonora muito interessante (Sakamoto, por exemplo), alguns lampejos de câmara à mão e uma montagem, por vezes engraçada. Muito pouco.

PSL

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