sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

novamente a criança

É impressionante a leviandade, a parcialidade e a irresponsabilidade que têm caracterizado a atitude da comunicação social portuguesa no caso da criança que nos anima as conversas.
Veja-se só o chorrilho de asneiras que povoa este (excerto do) artigo do Diário de Notícias:
Uma criança. Dois nomes, duas famílias e, provavelmente, dois destinos. Um passado que apenas coincide na idade, quatro anos, onze meses e doze dias, e na data de aniversário: 12 de Fevereiro. A sua história tornou-se notícia e tem corrido o País. O pai biológico, que inicialmente a terá rejeitado(onde é que o jornalista vai buscar essa ideia? Nunca o pai da criança o disse!), reclama agora(Agora? Ou desde que soube que era pai da criança?) a tutela. O pai (Pai? Pai? Nem biológico, nem adoptivo...) que a acolheu desde os três meses(este dado é importante, vamos retê-lo) silencia o paradeiro e aceita uma condenação de seis anos no presídio militar de Tomar. Um e outro disputam a partilha da sua vida e acreditam que será feita justiça. De Cernache do Bonjardim, na Sertã, terra de Baltazar Nunes, o pai que a concebeu, a Frei João, a freguesia de Envendos, no concelho de Mação, que viu nascer o pai adoptivo(Já vimos que isto é mentira, não há processo de adopção), Luís Gomes, são muitos os que lhe sentenciam o destino e reclamam os seus direitos. Mas o futuro está por traçar. A menina continua em parte incerta com a mãe adoptiva(idem, não há mãe adoptiva!), Maria Adelina. Quem a conhece só espera que "continue com quem vive". Quem não a conhece também acredita que "está num ambiente melhor. O pai não é má pessoa, mas vai trazer a menina para o meio dele? Ele não tem condições. Nem a família. Se os senhores doutores soubessem da realidade não a entregavam". O comentário é repetido vezes sem conta(lá está a tentativa de descredibilizar o rapaz...), por gente diferente, no Tojal, freguesia do Cabeçudo, onde mora a família de Baltazar, e em Cernache, onde reside o jovem com a actual mulher. Há mesmo quem diga: "O homem que está preso tem de saber que Cernache está com ele."
(...)
Do minimercado aos cafés na rua principal, até mesmo no frequentado por Baltazar, que iniciou o processo de tutela da filha em Outubro de 2003(Ou seja, tinha a criança 19 meses, o que contraria aquilo que o jornalista acima refere como "reclama agora"), depois de ter sido obrigado(Cá está a utilização de um verbo para nos condicionar... onde é que o jornalista se baseia para dizer que o rapaz foi "obrigado"? Quando muito terá sido notificado, para saber que existia um processo de averiguação oficiosa da paternidade...) pelo tribunal a fazer teste de paternidade, não há quem cale as opiniões. "Eu tenho um neto de cinco anos, se não fosse meu e quisessem tirar-mo, não deixava", sublinha uma das clientes, Maria de Lurdes Farinha, nascida em Cernache, embora moradora há anos em Lisboa. "Não acredito que o jovem seja oportunista e esteja a actuar por dinheiro, mas acho que devia pensar na criança. E ninguém está a fazê-lo."
O resto do artigo é uma tentativa miserável de demonstração que o pai da criança, pese embora seja trabalhador, não tem condições para lhe dar uma vida ao nível que o casal que a tem junto de si lhe poderá proporcionar... Enfim, como disse acima: um chorrilho de imbecilidades...
A verdade é que o pai da criança tenta recuperá-la desde (pelo menos, e por via judicial) desde os 19 meses de idade, e a verdade é que o militar da GNR tem obstruído a justiça (pelo menos) desde Outubro de 2003.
Se a criança está com o tal casal desde os 3 meses de idade, e se ela tinha 19 meses de idade quando o processo de regulação de poder paternal entrou em tribunal, isso significará (sem certezas, admito), que já antes teria havido contacto entre o pai da criança e o casal. Tinha a criança um ano de idade.
Afinal, quem é que prejudicou os interesses da criança?...

1 comentário:

ALG disse...

Disse muito do que penso sobre este caso, patético não fosse estar em causa uma criança. É um caso típico onde a Justiça foi lenta, demasiado lenta, onde um Pai "biológico" já foi julgado na praça pública e considerado "incapaz" ( apesar de se ler no acórdão do Tribunal que desenvolveu esforços para ter a filha consigo, a partir do momento em que a paternidade foi estabelecida) e onde é do mais fácil e politicamente correcto defender os pais de facto ( que nem adoptivos eram nem poderiam ser).
E igualmente preocupante, é a posição da cominuicação social e de algumas figuras ditas públicas, que sem terem o cuidado de se inteirarem dos factos, elaboram teorias e ditam sentenças sem cuidarem do perigo que isso acarreta.
E não, não sou menos sensível que os que defendem a permanência da criança com os actuais "pais", defendo é que se trate esta situação cuidadando, efectivamente, d superior interesse da criança, que salvo melhor opinião, até aqui não foi tido em conta, nem pela Justiça, nem pelõs pais, biológicos ou de facto.
Cumprimentos.