quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Um manifesto da direita em Portugal

Sobre "Um manifesto da Direita em Portugal"

Li com curiosidade e atenção o documento elaborado por Manuel Monteiro, e pelo Partido da Nova Democracia (PND), "Um manifesto da Direita em Portugal", também aqui (link) publicado.
E devo afirmar que gostei bastante do que li.
Desde logo, gostei, pela surpresa do facto em si. Das cinzas, num quente Agosto, o PND consegue (tenta, pelo menos) despertar as consciências, trazendo à colação do debate político; a fundamental, e nunca defunta, questão ideológica.
Mas mais do que da forma, gostei, genericamente, do conteúdo. É na verdade um manifesto "que, no essencial, se dirige não a politólogos, mas a pessoas comuns" como todos nós; onde se defende, que no essencial o actual regime - a terceira republica - "nasceu centrado à esquerda"; como tal urge recentra-lo, cabendo "à direita portuguesa, fundar-se como tal".

Para tal, vem o manifesto sustentar, de forma, diria, muito simples (há quem diga que lhe faltam tomates…), sem recurso ao peso da ciência e filosofia políticas três ideias chave dinamizadoras para uma direita moderna: Em primeiro lugar uma direita humanista em que o Homem surja como principio e fim de toda a acção política; em segundo lugar uma direita Nacionalista, onde uma Nação - aberta ao mundo e à competição - seja o quadro de referência da acção do Homem; e, enfim, uma direita a-estadualista, onde exista, aquilo a que denominamos, "Estado mínimo garantido", um Estado arbitro e regulador.

Defende-se então a fundação de uma direita moderna assente: num realismo antropológico, "(…)o Homem não é "bom" nem "mau", o homem é o que é(…)"; na defesa da presença de um Estado que tenha como principal papel a função de arbitro imparcial; na segurança como condição de liberdade; na dinamização de um mundo aberto e concorrencial; uma direita conservadora, que não abandone a tradição como quadro de referências.

O que dizer deste manifesto?
Em primeiro lugar, saúda-se - sublinhamos - que o mesmo tenha visto a luz do dia. Na minha modesta apreciação, parece ser uma base de trabalho interessante para construir pontes entre este povo desavindo e desunido dos homens e mulheres de direita em Portugal.
De resto…, sabe-se que o manifesto foi entregue por Manuel Monteiro nas sedes do PSD e CDS-PP que o acolheram, pelo menos até ao momento com olímpica indiferença. Por outro lado, a opinião publica, em especial a atenta blogosfera, recebeu - salvo raras excepções - o documento com idêntica indiferença. Da comunicação social nem vale a pena falar; bastaria ter lido a noticia no publico da passada quarta-feira para entender de imediato que o tom roça o gozo.

Na verdade, não me recordo de ter assistido a momento idêntico no que à direita em Portugal diz respeito. Esta pérfida, longa e incaracterística maioria Socrática trouxe um deserto para ser percorrido à direita. Mas trouxe, também, um mar de oportunidades. assim as pessoas desejem que a alquimia se faça.
Quer queiram quer não, este manifesto tem de ser levado a serio!

PSL

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