domingo, 14 de março de 2010

paleta de palavras lxxxvi



O em um

«O amor amado é um peso-pesado,
um presente inconstantemente ausente,
momentâneo, trajado, como a felicidade inconsciente,
duplamente fugaz, rochado em rostos e toques passados,
sobejado em fugas e tactos actualizados,
rodeado de olhares constâncios, quedivos,
condenados ao futuro, sem paz, repetidos,
cheios de memória e esperança num final regressado,
sem fim, o fim, último, que com sombra do passado,
termina na companhia do outro, consorte do mundo,
e na réstia da festa do corpo separado... ou moribundo.»

Miguel Pessoa Campomaior, in "Poesias Urbanas".

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