Cerca de vinte e quatro horas após a épica eliminação do Marselha no seu território, nada mais há para dizer sobre o jogo.
Mas muito haverá por contar sobre essas horas de supremo prazer. É esse o tema desta crónica.
Ao ver a segunda parte do jogo de Marselha num bafiento bar de aspecto vagamente British, no muito alfacinha Cais do Sodré, acompanhado de amigos maioritariamente lagartos, sabia de antemão, estar a optar por uma espécie de imolação.
Foi assim que me senti imediatamente após o golo francês. E depois…, depois como tinha dito há uma semana atrás no rescaldo da primeira mão, o Benfica até podia sofrer um golo que nada alteraria a nossa forma de encarar o jogo.
E assim foi…, quem porfia mata caça e a sorte dá, na maior parte das vezes, um trabalhão tremendo. Nunca tendo medo de ser feliz, o Benfica acabou por cumprir o seu destino.
Está na hora de puxar pelos galões…
Para além de outras coisas mais, Sexta-feira, dia 12 de Março escrevia eu aqui no rescaldo do empate caseiro com o Marselha: penso que nada está perdido na aventura europeia. Sendo certo que daqui por uma semana vamos jogar num dos palcos mais difíceis do futebol mundial, certo é que o Benfica tem qualidade para derrotar este Marselha no seu doentio território.
E depois?
Depois houve um berro que me saiu das entranhas mais obscuras após aquele remate do Maxi; depois houve cerveja a voar após o pontapé do “espírita”. E abraços a gente que nunca tinha visto na vida, de outras raças, cores e, suspeito, credos. Houve beijos à cadeira que "me deu sorte” e a um amigo (tão sabedor de futebol que minutos antes perguntou-me de que cor estava a jogar o Benfica) que ao ver o David a afagar a bola antes do lançamento disse pela primeira e única vez nesse fim de tarde, “olha, que vai ser o golo do Benfica”.
Possuído pela luz da felicidade, só após o apito final realizei que o jogo estaria “automaticamente” ganho após o golo do meu amor Kardec.
E depois?
E depois jantou-se por ali saboreando também a queda dos vizinhos do lado. E no fim, no fim da Rua do Alecrim, o trânsito parou por momentos porque abracei um estranho que possuído só gritava Benfica, Benfica, Benfica!!!
E subiu-se ao Bairro (mais) Alto para continua a viver.
Não sei se o consigo com estas palavras. Mas, no fundo, o que eu queria dizer era algo muito simples: o Benfica (para além das ondas) é neste momento da minha vida das poucas coisas que me fazem sentir verdadeiramente vivo. E por isso fico muito contente com este ciclo de jogos (link) que ai vem.
Sim, foi por certo em momentos como o que estamos a viver há semanas e continuaremos a viver até que as pernas lhes doam, que os homens que inventaram o “Football Association” (link) pensaram há mais de século e meio.
[Se me permitem…, só mais uma coisa. Foi dificílimo escolher a imagem que ilustra este longo texto. Foi esta. Porque na sua riqueza de pormenores sintetiza tantos, tantos sentimentos]
2 comentários:
Excelente, Pedro :)
Arrisco dizer que há coisas que se sentem que só quem é do Benfica. Aquele expressão do Kardec diz tudo.
Pedro...e os teus companheiros acabaram por se imolarem ou não?
Fiquei curioso!
Abraço
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