sábado, 6 de fevereiro de 2010

Paradoxos

A divulgação de escutas telefónicas consideradas ilegais pelas autoridades judiciais é reprovável?
Não, depende do escutado.
Se for o líder de uma quadrilha criminosa, é um atentado grave ao estado de direito via youtube.
Se for o primeiro-ministro, é um exercício da liberdade de imprensa.
A relação entre a política e a imprensa é saudável?
Mais uma vez depende da perspectiva.
Se for um Governo eleito a tentar controlar os media, é um atentado grave ao estado de direito.
Se forem os media a tentar controlar o Governo, é um exercício da liberdade de imprensa.
As conversas privadas com amigos são sagradas e não podem ser usadas por terceiros?
Lá está, depende da perspectiva.
Se for na taberna, podemos falar mal do Governo, da Oposição, dos jornalistas com "agenda escondida", etc.
Se for num restaurante de hotel, temos de ter juizinho e falar baixo porque nunca se sabe quem pode estar à escuta.
Em conclusão:
há que deixar assentar a poeira, para perceber "quanto" do que é revelado nas escutas a José Sócrates é efectivamente verdade e pode corresponder a um plano tenebroso de controlo do país, e quanto é construção mediática e conclusões desonestas.
E depois, devem-se extrair as necessárias consequências.

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