segunda-feira, 18 de julho de 2011

Take Action; Inspire Change; Make Every Day a Mandela Day

“O Mandela Day deveria ser de enorme sucesso em Portugal, porque, pela minha experiência, grande parte dos portugueses fazem o contrário o ano inteiro. Fazem tudo em grande e se possível por preço algum. Por exemplo, ofereça-se um canudo autenticado de doutoramento a alguém e conte-se o número de pessoas que o recusavam, ou informe-se o povo de como fugir a impostos e veja-se quantos denunciavam a tramóia ao estado. Uma vida, portanto, em promoção do “parecer”, em saldos do “ser” e a pronto-descontinho no afazer. Há já tratados sobre esta psicopatia nacional, basta ler José Gil, Eduardo Lourenço, Miguel Reale ou até mesmo o pós-modernista Boaventura Sousa Santos. Posso estar enganado, mas não conheço ainda empiria que me obrigue a mudar de ideias.

O Mandela Day também deveria ser um caso de sucesso português pela maioritária desvantagem que levam aqueles que, em Portugal, querem agir, proagir, mudar, melhorar, servir, inovar, empreender, e fazê-los em nome do colectivo, da sociedade, da organização, da equipa, enfim, do bem comum de todos, desinteressadamente, com determinação, vocação, rigor e seriedade profissional… Os activos e proactivos deste país (que não é exclusivo deste) sofrem como ninguém, mas não tanto como aqueles que diariamente têm de discursar sobre o que não acreditam, fazem o que não gostam, submetem-se ao que não querem, e se curvam perante aqueles a quem devem o cargo ou o trabalho, num contínuo amén cínico, mas convincente.
Pelo que conheço já da sociedade e da humanidade portuguesas, e não só, depressões, cardiopatias, intimidades destroçadas e apatias sociais constituem normalmente as consequências deste mal que se vislumbra por toda a ordem de elites profissionais e sociais. São o preço de estar lá em cima e alinhado mais com o sistema do que com aquilo em que se acredita.

Apesar de tudo, estes dias são muito positivos: tal como nos funerais, fazem-nos lembrar o nível infinitesimal dos nossos desejos e valores que praticamos e quanto fazemos por acreditar no valor insignificante da vida e do desejo de cada um, como indivíduos. Nestes funerais, temos consciência da importância dos Mandelas deste mundo… nada de especial, na verdade... o dia passa… os “outros” continuam… e pronto. Resta ao grande povo não se “matricular” o ano inteiro para não ser prejudicado, profissional e pessoalmente, pelas elites ou pelos pares, e ao pequeno povo continuar a praticar o que deve ser feito, de forma convicta… como Mandela.

1 comentário:

Anónimo disse...

Regresso... em pleno!!
Inspirado? Relaxado, ... Férias? :-). N importa!
Muito bom ...de se ler!!