Tenho acompanhado com um misto de curiosidade e inocente esperança a chegada de Pedro Passos Coelho (PPC) à liderança do PSD e, consequentemente, a candidato a candidato a primeiro-ministro.
Gosto do estilo sóbrio, gosto do discurso escorreito e a-populista. E gosto do domínio (natural) da maioria dos temas.
Gosto de algumas das ideias (a diminuição do peso do Estado no processo económico, aumentar a transparência nas empresas publicas e no processo regulador da economia) desconfio de outras (a criação do denominado “Conselho Superior da República”) e não compreendo, de todo, outras ainda, como a necessidade urgente de “mexer na Constituição.
Aliás, como bem notava ontem no Público José Manuel Fernandes, para PPC “cumprir os objectivos que enunciou não precisa de mudar a Constituição”.
Assim, esta urgência, transversal ao discurso de PPC, apenas se explica à luz da verdadeira trauma que a Direita portuguesa encerra quanto ao principal monumento legislativo português e à sombra de uma novíssima forma de fazer politica, que consiste em mudar tudo e mais alguma coisa para que no final tudo fique na mesma.
“Mexer na Constituição” não é, infelizmente, um bom começo Pedro Passos Coelho. É apenas uma mais uma cortina de fumo. E se há coisa pela qual os portugueses anseiam, é por ver claro; em alta definição.
2 comentários:
Eu nao percebo muito disto, mas as minhas questões são:
- é constitucional o voto preferencial e os círculos uninominais?
- é constitucional a existência de uma região-piloto?
- é constitucional a nomeação do procurador-geral da república e dos presidentes das entidades reguladoras pelo Parlamento?
- é constitucional a ideia do Conselho Superior da República, para nomear titulares de empresas públicas?
- é constitucional o cidadão poder escolher aquilo que quer na saúde e na educação?
Se isto tudo é constitucional, e nao levanta dúvidas, então o Passos COelho anda a dormir.
Caso estas perguntas levantem sérias dúvidas constitucionais, se calhar o homem tem alguma razão em levantar o problema o mais cedo possível...e provavelmente quem anda a dormir nao é ele...
Olá Rodrigo; quem anda a dormir não sei. Sei sim que como principio neste blogue não se reponde a anónimos, a menos que estejamos seriamente distraídos – como é o caso.
Ainda assim…, o seu comentário vai totalmente ao encontro do último parágrafo do meu post; o discurso do “mexe, mexe na CRP” só serve para discutir a putativa constitucionalidade de algo em vez de se discutir esse mesmo algo.
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