quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Passeio pelo bairro…
Quem tem medo de D. Carlos? por Paulo Pinto Mascarenhas no blogue Atlântico.
A cultura do Gato por João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos
Cerca de vinte junto às campas por Pedro Correia no Corta-fitas.
A cultura em Portugal pelo Jansenista.
A cultura do Gato por João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos
Cerca de vinte junto às campas por Pedro Correia no Corta-fitas.
A cultura em Portugal pelo Jansenista.
A inflação, os juros e as algas
Num comentário ao um comentário do Pedro, mais abaixo, escrevi isto:
Vendo a notícia do Público que o Pedro "linkou" vê-se que - efectivamente - é o petróleo que está a puxar os preços para cima, e que não páram de subir mesmo com o dinheiro caro... Por outro lado, o aumento dos preços dos produtos alimentares também não ajuda, mais a mais com a dupla procura dos cereais alimentares para comida e para biodiesel. Mas isso não se cura com juros altos, cura-se com mais eficiência agrícola.Não vai ser preciso chegar à taxa de juro O%... a questão é que com mais dinheiro no bolso pela redução dos juros e pela redução dos impostos, os americanos vão poder - ao mesmo tempo - gastar mais dinheiro e aforrar o remanescente ("for a rainy day"), possibilitando ganhos de médio e longo prazo. Os juros altos apenas favorecem os meros especuladores financeiros, que beneficiam de ganhos de curto prazo e secam tudo à volta: é essa a diferença entre o capitalismo empreendedor e o capitalismo especulativo. Por outro lado, actualmente o problema da inflação resulta em larga medida do preço do petróleo e não do preço do dinheiro. Por enquanto, já só os liberais que vêm o mundo como uma espécie de "second life" em que as vidas são virtuais, é que se manifestam contra a intervenção da Fed e do próprio FMI...
...
Desculpa lá Nuno estar a aborrecer-te com estas coisas mas definitivamente acho que te deves explicar melhor.
Como é que pode haver espaço para o BCE cortar a sua taxa de juro directora se ainda agora se soube que a Inflação na Zona Euro subiu para 3,2 por cento, o valor mais elevado em dez anos, enquanto a confiança na economia da Zona Euro se encontra em mínimos de dois anos. Aliás, dois dados aparentemente contraditórios. Não parecendo difícil compreender o porquê, difícil será sem duvida arranjar profilaxia eficaz para tais maleitas. Sim?
Como é que pode haver espaço para o BCE cortar a sua taxa de juro directora se ainda agora se soube que a Inflação na Zona Euro subiu para 3,2 por cento, o valor mais elevado em dez anos, enquanto a confiança na economia da Zona Euro se encontra em mínimos de dois anos. Aliás, dois dados aparentemente contraditórios. Não parecendo difícil compreender o porquê, difícil será sem duvida arranjar profilaxia eficaz para tais maleitas. Sim?
"Monopólio" e vida real
Enquanto nos EUA a Reserva Federal já percebeu que o mais importante é a economia real (pelo menos até à próxima "euforia bolsista"), tendo também percebido que as tensões inflaccionistas resultam em grande parte da alta (artificial) do preço do petróleo, e não do consumo desregrado por parte das pessoas e empresas, o Banco Central Europeu continua a fazer de conta que a vida é um jogo de monopólio.
Enquanto nos EUA a Reserva Federal voltou a cortar a eito nas taxas de juro (agora foi mais 0,5%), na Europa continua-se de costas voltada para a vida real...
De Rafael Obligado para o mundo?
Confesso que não leio este hooligan no seu cantinho. Por uma simples razão: inveja pura. Não pelo o objecto da sua adoração (que nojo...) mas sim pela forma inteligente com que nos mata com requinte. É uma delicia matar assim, apesar de ninguém gostar de morrer. Mas a inveja tem destas coisas. Por vezes, sublima-nos.
O La Nacion, uma referência argentina que me ficou dos dias de Buenos Aires, publica hoje (ontem) uma pequena entrevista/reportagem com Lizandro Lopez. Licha, como parece por lá ser conhecido, fala da sua vida de sucesso por cá do que nos aproxima e distancia, da nossa humilde grandeza. E de como Portugal é relativo. Convido pois o nosso hooligan preferido a lê-la (e porque não todos os demais) e a dizer de sua justiça.
O La Nacion, uma referência argentina que me ficou dos dias de Buenos Aires, publica hoje (ontem) uma pequena entrevista/reportagem com Lizandro Lopez. Licha, como parece por lá ser conhecido, fala da sua vida de sucesso por cá do que nos aproxima e distancia, da nossa humilde grandeza. E de como Portugal é relativo. Convido pois o nosso hooligan preferido a lê-la (e porque não todos os demais) e a dizer de sua justiça.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Dói Dói, Trim Trim
Sócrates lá apareceu em Belém, já a manhã ia alta, visivelmente cansado e agastado. Mal disposto, respondeu com a meia dúzia de patacoadas da praxe à aborrecida comunicação social. Para que esta possa alimentar, com a reles palha do costume, os burros dos cidadãos que não conseguem entender os esforços fantásticos que este nobre governo faz em prol da pátria. Ninguém o compreende, pobre Primeiro-ministro. Estão todos contra ele, os demagogos. Quase verti uma lágrima…
Com o meu vestido preto, eu nunca me comprometo. No primeiro discurso como ministra da Saúde, Ana Jorge apresentou-se meio constipada e muito rouca. Mau agoiro, quando a detentora da pasta toma posse doente...
E não pensem que isto fica por aqui, o circo chegou à cidade e veio para ficar. Alias, nunca antes isto se pareceu tanto com o PREC: remodelações e novas opurtunidades enquanto populares que contestam encerramentos das urgências manifestam-se em Lisboa.
Com o meu vestido preto, eu nunca me comprometo. No primeiro discurso como ministra da Saúde, Ana Jorge apresentou-se meio constipada e muito rouca. Mau agoiro, quando a detentora da pasta toma posse doente...
E não pensem que isto fica por aqui, o circo chegou à cidade e veio para ficar. Alias, nunca antes isto se pareceu tanto com o PREC: remodelações e novas opurtunidades enquanto populares que contestam encerramentos das urgências manifestam-se em Lisboa.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Remodelação da tanga
Quem são os novos ministros? Não sabe? Ninguém sabe.
Terceiríssimas (acho que a palavra não existe, o que só reforça a ideia) linhas, muito provavelmente quintas escolhas. Diz-se que Ana Jorge é Presidente da Assembleia Municipal da Lourinhã e que José António Pinto Ribeiro é um advogado de sucesso e administrador da Fundação Berardo. Quanto a este, diz-se ainda que parece que alguém se terá enganado no número de telefone. Obviamente já ninguém quer ser conotado com esta trapalhada que se chama maioria socialista e é mentira com "m" grande o que diz Vitalino Canas (um homem respeitável antes dos fretes que anda a fazer a Sócrates).
Ao longe já se ouvem os tambores do toque a finados destes governo; o dia de hoje ficará na historia como o principio do fim politico de Sócrates, pelo menos enquanto Primeiro-ministro.
E o mais estranho de tudo isto foi a rapidez com que Sócrates conseguiu desbaratar o capital político que lhe foi concedido pelos eleitores na última noite eleitoral legislativa. Duvido que Pedro Santana Lopes conseguisse pior.
PS: Sabe-se entretanto que a nova ministra da saúde, enquanto presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa (ARS) e Vale do Tejo (entre 1997 e 2000), foi uma das impulsionadoras do serviço de atendimento pediátrico por telefone “Dói Dói, Trim Trim”. Brilhante.
Terceiríssimas (acho que a palavra não existe, o que só reforça a ideia) linhas, muito provavelmente quintas escolhas. Diz-se que Ana Jorge é Presidente da Assembleia Municipal da Lourinhã e que José António Pinto Ribeiro é um advogado de sucesso e administrador da Fundação Berardo. Quanto a este, diz-se ainda que parece que alguém se terá enganado no número de telefone. Obviamente já ninguém quer ser conotado com esta trapalhada que se chama maioria socialista e é mentira com "m" grande o que diz Vitalino Canas (um homem respeitável antes dos fretes que anda a fazer a Sócrates).
Ao longe já se ouvem os tambores do toque a finados destes governo; o dia de hoje ficará na historia como o principio do fim politico de Sócrates, pelo menos enquanto Primeiro-ministro.
E o mais estranho de tudo isto foi a rapidez com que Sócrates conseguiu desbaratar o capital político que lhe foi concedido pelos eleitores na última noite eleitoral legislativa. Duvido que Pedro Santana Lopes conseguisse pior.
PS: Sabe-se entretanto que a nova ministra da saúde, enquanto presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa (ARS) e Vale do Tejo (entre 1997 e 2000), foi uma das impulsionadoras do serviço de atendimento pediátrico por telefone “Dói Dói, Trim Trim”. Brilhante.
Querida, mudei o ministro
A rigidez do mercado laboral em Portugal
20,6% do total da população empregada em Portugal é "oficialmente" precária, i.e. têm contratos a prazo (Público).
Sem falar dos falsos recibos verdes e do trabalho temporário. É mesmo a rigidez do mercado laboral a causa do atraso económico e dos baixos salários?...
Sem falar dos falsos recibos verdes e do trabalho temporário. É mesmo a rigidez do mercado laboral a causa do atraso económico e dos baixos salários?...
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Vou pedir a suspensão de alguns dos meus deveres de cidadania
No dia em que se soube que “em três anos, um total de 117 deputados suspenderam o mandato e 37 abandonaram de vez a Assembleia da República, o que quer dizer que apenas um terço dos parlamentares em funções foram eleitos (contas feitas pela Comissão de Ética da Assembleia da República e divulgadas na edição desta segunda-feira do jornal Correio da Manhã)” venho por este meio anunciar que pedirei a mim mesmo a suspensão de alguns dos meus deveres de cidadania entre os quais o direito de voto em especial para eleições legislativas. É legítimo, não é? Para que é que querem os candidatos a deputados o meu voto se fazem do lugar um trampolim para outros melhores voos? Valerá a pena preocupar-me em escolher o melhor candidato a deputado se a probabilidade de ele abandonar o cargo após a eleição é gigantesca?
domingo, 27 de janeiro de 2008
Lagartos & Tripeiros...
Regra geral "falar de bola", para mim, é falar do clube do Manto Sagrado. Mas como ontem um bravo Benfica venceu surpreendentemente no Norte hoje, independentemente do resultado, seria sempre a ganhar. Como tal, há excepções clássicas. Vamos por pontos:
1. Com esta já é a segunda vez esta época que vou ao Alvaláxia ver futebol. No longínquo final de verão passado fui lá ver os lags. com o Belém, num fim de semana de verdadeiro PREC emocional para mim. Mas isso são outras estórias. Hoje foi bem mais divertido. Adiante.
2. A lagartagem decidiu vestir o fato-macaco e com um coração vibrante bateu um Porto muito bem organizado, a jogar um futebol superior, mas em ritmo de turismo. Podiam estar lá até agora que nunca conseguiriam meter a bola nas redes contrarias.
3. Dei por mim a juntar a minha voz ao "Cheira a Lisboa" cantado pelos adeptos do rival ainda antes da partida. Acto continuo, dos Super Dragões surge um estandarte "Benfica é sempre Merda". Afinal, e como sempre, estávamos bem presentes. Um clássico.
4. E por falar em merda, no que aos adeptos diz respeito, os lags. continuam a apresentar umas coreografias cheias de plástico e muito arrumadinhas mas no que ao apoio vocal diz respeito são uma sombra do que já foram. Do outro lado, apresentaram-se uns milhares de ultras rufias com uma voz que mete respeito. Um clássico.
5. Em suma, foi um bocado muito bem passado a gozar "o prato" na cama com o inimigo. Foi um "clássico" clássico, com alguns momentos de bom futebol e muita intensidade. No final o mais roubado pelo arbitro foi mesmo o Benfica, pois alguns vermelhos, por jogo verdadeiramente bárbaro, ficaram por mostrar. Um clássico.
6. Nota final: como disse ontem manteigueiro que treina o nosso querido clube, "se o Porto se descuidar…". Infelizmente, já é um clássico.
1. Com esta já é a segunda vez esta época que vou ao Alvaláxia ver futebol. No longínquo final de verão passado fui lá ver os lags. com o Belém, num fim de semana de verdadeiro PREC emocional para mim. Mas isso são outras estórias. Hoje foi bem mais divertido. Adiante.
2. A lagartagem decidiu vestir o fato-macaco e com um coração vibrante bateu um Porto muito bem organizado, a jogar um futebol superior, mas em ritmo de turismo. Podiam estar lá até agora que nunca conseguiriam meter a bola nas redes contrarias.
3. Dei por mim a juntar a minha voz ao "Cheira a Lisboa" cantado pelos adeptos do rival ainda antes da partida. Acto continuo, dos Super Dragões surge um estandarte "Benfica é sempre Merda". Afinal, e como sempre, estávamos bem presentes. Um clássico.
4. E por falar em merda, no que aos adeptos diz respeito, os lags. continuam a apresentar umas coreografias cheias de plástico e muito arrumadinhas mas no que ao apoio vocal diz respeito são uma sombra do que já foram. Do outro lado, apresentaram-se uns milhares de ultras rufias com uma voz que mete respeito. Um clássico.
5. Em suma, foi um bocado muito bem passado a gozar "o prato" na cama com o inimigo. Foi um "clássico" clássico, com alguns momentos de bom futebol e muita intensidade. No final o mais roubado pelo arbitro foi mesmo o Benfica, pois alguns vermelhos, por jogo verdadeiramente bárbaro, ficaram por mostrar. Um clássico.
6. Nota final: como disse ontem manteigueiro que treina o nosso querido clube, "se o Porto se descuidar…". Infelizmente, já é um clássico.
sábado, 26 de janeiro de 2008
Há concelhos e conselhos...
À espera do início da transmissão do jogo entre o Vitória e o Benfica, assisto ao Jornal Nacional da TVI.
Acabaram de passar uma reportagem sobre um exame de língua portuguesa, em que estrangeiros residentes e trabalhadores devem obter aprovação para renovação das respectivas licenças de permanência.
Ao mesmo tempo que passavam umas declarações do presidente do conselho executivo da escola onde decorria o tal exame, surgia uma legenda que dizia: "concelho executivo"...
Separados à nascença..., ou nem tanto
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
No dia em que o Rei faz anos
Sessenta e seis. O Rei faz hoje sessenta e seis anos.
Ao ver este vídeo, que me deixa sem palavras e com mais de uma lagrima no canto do olho – pronto já passou… – pergunto-me o que terão sentido aqueles que como o meu tio e o meu pai, viveram de perto as emoções da bola aos pés do Rei. Como será ter um super-homem a comandar uma equipa de guerreiros, que contra os estigmas da época, derrotou um continente inteiro e colocou, para todo o sempre, o nosso querido clube no cume da Europa?
Esqueçamos o triste presente. Eusébio da Silva Ferreira faz hoje sessenta e seis anos. Humilde, sempre humilde, disse há pouco à RTP, “a única coisa que soube fazer na vida foi jogar à bola”. E já foi muito querido Rei – quem nos dera a nós. A seguir, para as câmaras da TVI, humilde, sempre humilde, pediu como prenda…, uma vitória do seu, do nosso, querido clube, este sábado em Guimarães. Que prenda simples, Eusébio. Mas tão difícil de conseguir pelos rapazes que vestem hoje o teu, o nosso, manto sagrado. Deus te conserve com vida e saúde junto de nós por muitos e longos anos, querido Eusébio. Nem que seja para nos ensinar o melhor que a natureza humana tem: a humildade.
Ao ver este vídeo, que me deixa sem palavras e com mais de uma lagrima no canto do olho – pronto já passou… – pergunto-me o que terão sentido aqueles que como o meu tio e o meu pai, viveram de perto as emoções da bola aos pés do Rei. Como será ter um super-homem a comandar uma equipa de guerreiros, que contra os estigmas da época, derrotou um continente inteiro e colocou, para todo o sempre, o nosso querido clube no cume da Europa?
Esqueçamos o triste presente. Eusébio da Silva Ferreira faz hoje sessenta e seis anos. Humilde, sempre humilde, disse há pouco à RTP, “a única coisa que soube fazer na vida foi jogar à bola”. E já foi muito querido Rei – quem nos dera a nós. A seguir, para as câmaras da TVI, humilde, sempre humilde, pediu como prenda…, uma vitória do seu, do nosso, querido clube, este sábado em Guimarães. Que prenda simples, Eusébio. Mas tão difícil de conseguir pelos rapazes que vestem hoje o teu, o nosso, manto sagrado. Deus te conserve com vida e saúde junto de nós por muitos e longos anos, querido Eusébio. Nem que seja para nos ensinar o melhor que a natureza humana tem: a humildade.
Ir P'rá Fava!
A conversa telefónica múltipla entre o INEM, o bombeiro de Favaios e o bombeiro de Alijó não é surreal, nem foi desencantada de um tesourinho deprimente de um ido arquivo da televisão portuguesa. É a nossa alma, o nosso interior, a nossa ética, a nossa, consequentemente, Polís. Dentre as incapacidades demonstradas pelos dois bombeiros, sobretudo, sem comparação, o de Favaios, revela o estado iníquo e desigual, ou seja, assimétrico, em que se encontra o país. Mais, demonstra também a grande diferença que há entre os megas centros urbanos portugueses (à escala portuguesa naturalmente) e o interior, o profundo intestino da máquina portuguesa. E, estou convencido, vai acompanhar-nos por muito tempo, pois as taxas de abandono escolar continuam elevadas e a qualificação dos adultos não tem efeitos de curto-prazo, para não referir a qualidade do ensino, mas adiante.
Não obstante, o que é revoltante (perdoem-me a ingenuidade), o que julgo ser chocante, mais do que a falta de pessoas, de meios, de habilitações adequadas às funções ou, mesmo, de capacidade para acorrer à emergência suscitada pelo estado da vítima, pior do que tudo isto, para mim, é a manifesta postura irresponsável e insolente do bombeiro de Favaios em não largar o telemóvel enquanto a operadora do INEM, desassossegada, lhe comunicava a emergência médica de Castedo.
Tudo se pode perdoar, no limite, àquele bombeiro de Favaios, e alguns (os portuguesinhos) até dirão «pobre vítima, também ela, daqueles que mandam», mas tal atitude flagrante é inadmissível! É que, nessa postura particular, não se trata de ignorância, escassez (ou inexistência) de recursos ou falta de instrução ou de formação profissional. É uma questão de ética, de educação. A insistência do favaiosiano com a operadora do INEM que estava ao telemóvel em momentos diferentes e espaçados, já depois de aquela lhe ter transmitido a pertinente emergência, é experimentar com todos os fígados o custo da ignorância de que Churchill inteligentemente se queixou.
Não tenhamos ilusões. Na saúde, como na doença, pelos frutos se conhece esta árvore portuguesa.
Não obstante, o que é revoltante (perdoem-me a ingenuidade), o que julgo ser chocante, mais do que a falta de pessoas, de meios, de habilitações adequadas às funções ou, mesmo, de capacidade para acorrer à emergência suscitada pelo estado da vítima, pior do que tudo isto, para mim, é a manifesta postura irresponsável e insolente do bombeiro de Favaios em não largar o telemóvel enquanto a operadora do INEM, desassossegada, lhe comunicava a emergência médica de Castedo.
Tudo se pode perdoar, no limite, àquele bombeiro de Favaios, e alguns (os portuguesinhos) até dirão «pobre vítima, também ela, daqueles que mandam», mas tal atitude flagrante é inadmissível! É que, nessa postura particular, não se trata de ignorância, escassez (ou inexistência) de recursos ou falta de instrução ou de formação profissional. É uma questão de ética, de educação. A insistência do favaiosiano com a operadora do INEM que estava ao telemóvel em momentos diferentes e espaçados, já depois de aquela lhe ter transmitido a pertinente emergência, é experimentar com todos os fígados o custo da ignorância de que Churchill inteligentemente se queixou.
Não tenhamos ilusões. Na saúde, como na doença, pelos frutos se conhece esta árvore portuguesa.
Fehér - foi há quatro anos
Faz esta sexta-feira 4 anos. Foi em Guimarães, a 25 de Janeiro de 2004. O Benfica defrontava o Vitória no Estádio D. Afonso Henriques, em jogo da 19.ª jornada da então denominada SuperLiga. Com uma hora de jogo e perante uma chuva torrencial, o treinador José António Camacho fez sair João Pereira para entrar Miklós Fehér, reforçando o ataque da equipa encarnada. Na recarga ao seu remate, aos 90', Fernando Aguiar atirou para o fundo da baliza e o Benfica, nos descontos, somava três pontos.
O Vitória reagiu, tentava o empate, Fehér impede intencionalmente Rogério Matias de proceder a um lançamento lateral. O árbitro Olegário Benquerença exibe-lhe um cartão amarelo. O húngaro sorri, passa a mão esquerda pelo cabelo, curva-se e cai de costas. Assim ficou, aos 24 anos, deixando saudade a todos, mas particularmente à família. (Rádio Renascença)
O Vitória reagiu, tentava o empate, Fehér impede intencionalmente Rogério Matias de proceder a um lançamento lateral. O árbitro Olegário Benquerença exibe-lhe um cartão amarelo. O húngaro sorri, passa a mão esquerda pelo cabelo, curva-se e cai de costas. Assim ficou, aos 24 anos, deixando saudade a todos, mas particularmente à família. (Rádio Renascença)
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Só aos anjos a lua sorri
A Lua nasceu e cresceu no além
A noite chegou também
Vai dormir meu bebé
Vai dormir e sonhar
Deixa a lua crescer lá no ar
A roca poisou e largou sem chorar
Os olhos vai já fechar
Nada pode impedir
Que o bebé durma bem
Nem papão há-de vir
Nem ninguém
Tu verás meu amor
Como é bom sonhos ter
Deus te dê o melhor que houver
Anjo meu faz ó ó
Que eu velo por ti
Só aos anjos a lua sorri.
A noite chegou também
Vai dormir meu bebé
Vai dormir e sonhar
Deixa a lua crescer lá no ar
A roca poisou e largou sem chorar
Os olhos vai já fechar
Nada pode impedir
Que o bebé durma bem
Nem papão há-de vir
Nem ninguém
Tu verás meu amor
Como é bom sonhos ter
Deus te dê o melhor que houver
Anjo meu faz ó ó
Que eu velo por ti
Só aos anjos a lua sorri.
Esta canção de embalar foi gravada por uma cantora portuguesa. Alguém sabe quem?
Adenda: aqui está a versão de Cândida Branca Flor, no álbum "Cantigas da minha escola". Mas há mais versões!
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Creche da Bolsa
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A bolsa e a vida V
«Não temos na nossa bússola duas agulhas: uma para a economia real e outra para a inflação. Temos apenas uma agulha que nos indica o que fazer para alcançar a estabilidade de preços» (TSF).
Foi este o argumento que Jean-Claude Trichet apresentou para justificar a não descida imediata da taxa directora do Banco Central Europeu. E acrescentou que o seu mandato é assegurar a estabilização de preços e não (acrescento eu) assegurar que os europeus vivam bem (economia real, i.e. as pessoas, é coisa que não interessa nada). Enfim, espero que, ainda antes de Junho, Trichet venha dar o dito por não dito. A bem do mercado. Claro.
A bolsa e a vida IV
Petróleo fecha a menos de US$ 90 pela primeira vez desde dezembro. A preocupação e a perspectiva de que a Bolsa de Nova York iniciaria a semana também com fortes quedas influiu para que o preço do WTI baixasse até US$ 86,11 por barril, antes que o Federal Reserve anunciasse um corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros.
A preocupação com uma possível diminuição na demanda de petróleo e de combustíveis nos EUA e em outros países favoreceu a baixa dos preços nos mercados de petróleo. (Folha)
A preocupação com uma possível diminuição na demanda de petróleo e de combustíveis nos EUA e em outros países favoreceu a baixa dos preços nos mercados de petróleo. (Folha)
A bolsa e a vida III
Convenhamos, nada é tão duradouro como a mudança. A crise financeira que se instalou nos mercados financeiros em 2007 parece não querer, sustentavelmente, regredir. O valor mercantil do petróleo atinge valores históricos na dobrea do ano e o preço do dinheiro está mais caro. Não há como parar esta crise do crédito e de liquidez, dizem uns, não há entendimento sobre a causa principal deste económico annus horribilis, digo eu: deficientes políticas monetárias,liquidez excessiva, instabilidade na economia americana com, sobretudo, excessivos gastos públicos, é só escolher, para a mamã e para o papá.
mas há algo de contraditório nesta história. Se, dizem, há dinheiro no mercado, com destaque para as poupanças e os valores imobiliários, por que os bancos centrais concertadamente injectaram dinheiro no mercado? estará a malta tão farta de dinheiro que até decide investi-lo em poupanças?
estaremos nós perante uma espécie de paradoxo de Pareto: quanto mais se poupar, menor dinheiro se tem?
Estará o mercado a escolher a vida em detrimento da bolsa num mundo tão correctamente capitalista?!
mas há algo de contraditório nesta história. Se, dizem, há dinheiro no mercado, com destaque para as poupanças e os valores imobiliários, por que os bancos centrais concertadamente injectaram dinheiro no mercado? estará a malta tão farta de dinheiro que até decide investi-lo em poupanças?
estaremos nós perante uma espécie de paradoxo de Pareto: quanto mais se poupar, menor dinheiro se tem?
Estará o mercado a escolher a vida em detrimento da bolsa num mundo tão correctamente capitalista?!
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Arcádia antes de ser blogue
Os mundos escondidos de Arcádia
(Les mondes engloutis de Arcadia)
Suis les mondes engloutis
(Les mondes engloutis de Arcadia)
Suis les mondes engloutis
Jusqu'au creux de la Terre
Enfant pars et vole avec nous
Au fond des univers
Enfant suis les mondes engloutis
Jusqu'au creux de la Terre
As coisinhas fantásticas que recebemos via e-mail
A bolsa e a vida II
Os dias têm amanhecido mais bonitos: as bolsas mundiais estão em queda e fazem um barulho que se escreve"crash", como se fossem baratas esmagadas sob uma sola cosida à mão por uma criança de Felgueiras.
"- Por que razão este gajo armado em Fernando Alves está a dizer que os dias andam mais bonitos com a queda da bolsa mundial?"
Caro leitor, passo a explicar:
O crescimento económico do último par de anos deu causa a dois fenómenos, o medo da inflação e a subida do preço do petróleo. Começando por este último, há muito boa gente que defende a artificialidade do preço do barril de crude, e que mesmo que este estivesse a 70 ou 75 dólares, ponderada a oferta e a procura, ainda assim seria um valor excessivo. E essa artificialidade reside no facto de se dizer que o crescimento da economia leva a maiores necessidades de consumo não acompanhadas pela oferta, pelo menos ao mesmo custo. Pois, mas essa é a razão pela qual é aceitável o petróleo não estar cotado a 20 ou 30 dólares, e nunca a 100...
Por outro lado, o crescimento económico faz com que os dirigentes dos bancos centrais adoptem um discurso que alerta para as tensões inflacionistas que resultam desse mesmo crescimento. Como há muito dinheiro em circulação, o seu valor deprecia-se e ainda podemos dar um passo maior que a perna, pelo que toca a atirar água fria para cima da economia.
A água fria tem um nome: taxa de juro.
Os bancos adoram o crescimento económico e tensões inflacionistas, porque lhes confere um poderoso álibi para subir as taxas de juro, ganhando mais dinheiro, em menos tempo, com o mesmo dinheiro que tinham emprestado.
Porém, os rios de mel e leite não correm para todos, e a subida das taxas de juro levou à crise do mercado hipotecário de alto risco norte-americano e esteve quase quase a chegar à Europa. Claro que se evitou a contaminação dos bancos europeus porque o Banco Central Europeu (I, II) esteve-se nas tintas para a inflação que usa como argumento para aumentar a taxa de juro directora e injectou milhares de milhões de euros no "mercado".
Em conclusão, porque é que os dias estão mais bonitos?
É que agora não há alternativa: ou se baixa a taxa de juro e o preço do barril de crude, ou não haverá grande dividendos para distribuir aos accionistas das principais empresas mundiais, e assim as pessoas poderão viver um pouco melhor do que sucederia se a economia estivesse em expansão...
DJ Shadow
"Midnight In A Perfect World" (1996) - DJ Shadow
O gesto é repetido sim senhor, mas como é que esta música pode ter sido feita em 1996?! Já tem mais de uma década e, confirmo na crítica e na blogosfera, que não o tinham onde arrumar na altura. Nem é hip-hop, nem é música electrónica, nem música experimental. É tudo junto. Junta-se-lhe a técnica de "cut-paste", com uma mistura de estilos e "texturas" (está na moda) musicais e parece que esta música é só deste DJ californiano civilmente identificado por Josh Davis, sem concessões ao mainstream. Vale a pena (re)ouvir, sim senhor.
E, já agora, apreciem estes videos:
O gesto é repetido sim senhor, mas como é que esta música pode ter sido feita em 1996?! Já tem mais de uma década e, confirmo na crítica e na blogosfera, que não o tinham onde arrumar na altura. Nem é hip-hop, nem é música electrónica, nem música experimental. É tudo junto. Junta-se-lhe a técnica de "cut-paste", com uma mistura de estilos e "texturas" (está na moda) musicais e parece que esta música é só deste DJ californiano civilmente identificado por Josh Davis, sem concessões ao mainstream. Vale a pena (re)ouvir, sim senhor.
E, já agora, apreciem estes videos:
CRONOS XXI
"More Than I Can Bear" (1985) - Matt Bianco
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
A bolsa e a vida
Em Portugal, noticiosamente falando, a bolsa é como o trânsito. Só é noticia quando há choques. Claro que existem, para a bolsa, aqueles minutinhos diários nos canais de cabo com um rapaz jovem e engomadinho ou uma menina bonita e bem arranjadinha a dizer uma banalidade qualquer, e para o trânsito, as imagens das câmaras espalhadas pela cidade. Mas isso não é informação, é espectáculo. Medíocre, ainda por cima.
E digo “em Portugal”, porque até o vizinho do lado já tem um canal Bloomberg só para tratar dos seus mercados – disponível na rede tvcabo.
Como já todos sabem a bolsa, hoje, despenhou-se. Novidade? Nenhuma, para quem acompanha com cuidado os mercados. As quedas dos últimos dias assim o prognosticavam e até um (quase) leigo como eu esperava a noticia há dias. Mas nem todos conseguiram sair a tempo e as histórias deprimentes sucedem-se. Aquela que aqui vos trago (sem razões para duvidar da sua veracidade) foi encontrada hoje, um pouco por acaso, num dos fóruns que costumo espreitar.
E digo “em Portugal”, porque até o vizinho do lado já tem um canal Bloomberg só para tratar dos seus mercados – disponível na rede tvcabo.
Como já todos sabem a bolsa, hoje, despenhou-se. Novidade? Nenhuma, para quem acompanha com cuidado os mercados. As quedas dos últimos dias assim o prognosticavam e até um (quase) leigo como eu esperava a noticia há dias. Mas nem todos conseguiram sair a tempo e as histórias deprimentes sucedem-se. Aquela que aqui vos trago (sem razões para duvidar da sua veracidade) foi encontrada hoje, um pouco por acaso, num dos fóruns que costumo espreitar.
É com grande desalento que declaro que o valor da minha carteira atingiu os 10% do montante inicial e como era de esperar termina aqui a minha irreflectida incursão nos mercados de capitais. Vendi as posições que me restavam com as perdas óbvias e assim abandono o barco...
(…) neste momento é muito difícil não estar desanimado. Assumirei com dignidade as minhas responsabilidades perante a minha família, contudo foi muito dinheiro perdido e apesar de ser claro desde o início que não aumentaria o valor da carteira, isso não foi cumprido e numa derradeira tentativa de recuperar algum aumentei o capital investido e claro saiu furado. Foi o capital da carteira e grande parte da poupança familiar. Enfim vai ser uma bota muito, muito difícil de descalçar. Desde o início que ouvia histórias destas, mas na realidade o meu ego do orgulho sempre me iludiu e agora perdi tudo. (…)
É um relato sentido e triste mas que deve servir de exemplo a quem deseja uma aventura por esses mares turbulentos dos mercados de capitais. Nem tudo o que luz é ouro e o odor do lucro fácil pode desaguar em tragédia. Tragédia é tragédia!
Entretanto, apesar dos próprios tubarões já estarem aflitos, as quedas deverão continuar. Os ursos quando acordam da hibernação geralmente vêem esfomeados…
Campo Contra Campo (C)
Quis o destino: cem postagens sobre cinema, cem. Quando iniciei esta rubrica aqui (link) - num post que hoje me soa ultra-lamechas, estava longe de imaginar chegar a tal número. Já que aqui chegámos, brindemos com um clássico. Até porque foi uma vez mais o destino que assim o quis.
Indiana Jones e Os Salteadores da Arca Perdida, ****
O que faz aqui esta velharia, numa rubrica geralmente entregue à pós-modernidade da sétima arte?
O "Campo Contra Campo" não vos fala só sobre sessões no "escurinho do cinema". Eu é que gosto pouco de ver cinema em casa. Desde logo por definição. Passe a redundância: cinema é no cinema. Mas como não há regra sem excepção…
Rezam as crónicas que dois mil e oito nos trará de volta os heróis da meninice. Graças ao Senhor. De Salvação estamos famintos. E para preparar os regressos nada melhor do que rever a matéria dada. E umas boas revisões nunca fizeram mal a ninguém. Quem já não descobriu nessas aulas, às vezes extraordinárias, que "aquela" matéria ficou por estudar? E com sorte até vais sair no exame…! Foi mais ou menos assim que me senti a rever o filme que daria inicio a uma das mais espectaculares e frenéticas sagas de Hollwyood. Os Salteadores da Arca Perdida é um clássico por vários motivos. O mais importante dos quais será, por ventura, o facto de com um único filme apenas Lucas e Spielberg terem cerrado o pano sobre o velhinho cinema de aventuras, alicerçado nas "coboyadas" - algumas divinais - do velho Oeste (delas encontramos enumeras referências neste filme, v.g. a clássica sequência da perseguição que Indy faz à Arca quando esta é levada pelos Nazis) e levantado o véu sobre o novo cinema-aventura que marcaria o final do século passado. De facto, Os Salteadores da Arca Perdida, vem a ser glosado e reinterpretado durante toda a década de oitenta sendo ainda hoje notado em rodapé de muito do cinema espectáculo dos nossos dias. Mas, Os Salteadores da Arca Perdida, não é só emoção - e é aqui que reside o "segredo" do sucesso. É cinema clássico, por vezes de régua e esquadro; são os efeitos especiais originais para a época, e é, acima de tudo, a obra prima (talvez juntamente com Star Wars) do enorme John Williams (vale bem a pena um salto a este local para ter uma pequena ideia da colossal obra do compositor) que assina aqui uma banda sonora arrepiante e fabulosa.
Foi uma delicia rever Os Salteadores da Arca Perdida. É provável que venha a escrever sobre os segundo e terceiro episódios da saga. Sei sim, que todos deviam rever (provavelmente os mais novos ver) um filme que tem tanto de inverosímil como de eterno.
Indiana Jones e Os Salteadores da Arca Perdida, ****
O que faz aqui esta velharia, numa rubrica geralmente entregue à pós-modernidade da sétima arte?
O "Campo Contra Campo" não vos fala só sobre sessões no "escurinho do cinema". Eu é que gosto pouco de ver cinema em casa. Desde logo por definição. Passe a redundância: cinema é no cinema. Mas como não há regra sem excepção…
Rezam as crónicas que dois mil e oito nos trará de volta os heróis da meninice. Graças ao Senhor. De Salvação estamos famintos. E para preparar os regressos nada melhor do que rever a matéria dada. E umas boas revisões nunca fizeram mal a ninguém. Quem já não descobriu nessas aulas, às vezes extraordinárias, que "aquela" matéria ficou por estudar? E com sorte até vais sair no exame…! Foi mais ou menos assim que me senti a rever o filme que daria inicio a uma das mais espectaculares e frenéticas sagas de Hollwyood. Os Salteadores da Arca Perdida é um clássico por vários motivos. O mais importante dos quais será, por ventura, o facto de com um único filme apenas Lucas e Spielberg terem cerrado o pano sobre o velhinho cinema de aventuras, alicerçado nas "coboyadas" - algumas divinais - do velho Oeste (delas encontramos enumeras referências neste filme, v.g. a clássica sequência da perseguição que Indy faz à Arca quando esta é levada pelos Nazis) e levantado o véu sobre o novo cinema-aventura que marcaria o final do século passado. De facto, Os Salteadores da Arca Perdida, vem a ser glosado e reinterpretado durante toda a década de oitenta sendo ainda hoje notado em rodapé de muito do cinema espectáculo dos nossos dias. Mas, Os Salteadores da Arca Perdida, não é só emoção - e é aqui que reside o "segredo" do sucesso. É cinema clássico, por vezes de régua e esquadro; são os efeitos especiais originais para a época, e é, acima de tudo, a obra prima (talvez juntamente com Star Wars) do enorme John Williams (vale bem a pena um salto a este local para ter uma pequena ideia da colossal obra do compositor) que assina aqui uma banda sonora arrepiante e fabulosa.
Foi uma delicia rever Os Salteadores da Arca Perdida. É provável que venha a escrever sobre os segundo e terceiro episódios da saga. Sei sim, que todos deviam rever (provavelmente os mais novos ver) um filme que tem tanto de inverosímil como de eterno.
domingo, 20 de janeiro de 2008
É um prazer ler este Senhor
No Público (peço perdão pela 'delação'), hoje, N' A Casa Encantada:
«"A obediência e a lei", por João Bénard da Costa
Vão chuvosas as Janeiras. Sábado passado choveram-me com mais força, e nem sequer me deixaram aparecer no PÚBLICO. Passo a contar.Vão chuvosas as Janeiras. Sábado passado choveram-me com mais força, e nem sequer me deixaram aparecer no PÚBLICO. Passo a contar.
No PÚBLICO desse dia, Francisco Teixeira da Mota, magnífico barómetro, contou a história do genro e da amiga, a que eu prefiro chamar a história do João.
Com a devida vénia, resumo para quem não leu, embora recomende vivamente o original. Era uma vez três: o João; uma rapariga nada de se deitar fora; e um homem casado mas de carne fraca. De comum, o facto de os três trabalharem na mesma empresa. O João como empregado subalterno, a rapariga como quadro médio e o homem como quadro superior, com o picante suplemento de ser marido de uma das sócias-gerentes da tal empresa.
Sucedeu que o João abriu um dia uma porta que aberta não devia ser e viu atrás dela a menina e o senhor enlevados em doces carícias.
O João conheceu nessa tarde o dilema conhecido como o dilema do Conde de Abranhos. Calar-se e ser culpado de cumplicidade com infractores ou denunciá-los corajosamente?
Como a personagem de Eça, o João optou pela segunda. Foi dali contar ao patrão o que vira. E o genro e a amiga, para me servir dos termos rigorosos de Francisco Teixeira da Mota, que até aqui tenho estado a interpretar liberrimamente, o genro e a amiga, dizia eu, foram riscados da empresa perpetuamente. O João teve a merecida promoção. Só que os tempos já não são os de Eça.
Do olho da rua onde os puseram, os despedidos recorreram à lei. O João tinha-os difamado e afectado na sua vida profissional e privada. Na primeira instância, não conseguiram nada, já que o tribunal achou que "o João tinha agido no exercício de um legítimo dever". Recorreram para a Relação, neste caso do Porto.
Teixeira da Mota debruça-se com merecido desvelo sobre o acórdão da Relação.
Recordando, embora, que "nos tempos que correm", do ponto de vista da moral, "os costumes já não são tão rígidos como em tempos o foram", os três desembargadores debruçaram-se sob a magna questão de saber se eram legítimos os interesses que o João servira quando contou a história ao patrão.
E aí acharam que não só eram legítimos como legitimíssimos. Porque: a) o par estava a usar o seu tempo laboral em actividades que de laborais nada tinham. Logo, estava a prejudicar, não só o patrão, como a empresa e os trabalhadores desta, incluindo o João. Se toda a gente, naquela instituição, andasse aos beijos e abraços em vez de trabalhar, a falência não se faria esperar muito e o João, mais dia, menos dia, ficava no desemprego. O que o João viu não foram só beijinhos: foi uma "infracção disciplinar laboral" passível "de ser sancionada disciplinarmente". Calando-se, o João estaria talvez a ser leal com os colegas infractores, mas estaria com certeza a ser desleal para com a entidade patronal. Ora quem põe lealdade com colegas acima da lealdade à instituição, está a cometer erro gravíssimo, senão crime. "O dever de lealdade para com a entidade patronal impunha-lhe que a informasse dos factos que tinha presenciado" e agora estou a citar ipsis verbis a Relação do Porto. Consequentemente, o processo contra o João foi arquivado e este tem na sua frente o brilhante futuro que tão excelso cumprimento do dever certamente lhe assegurará.
Se, para aqueles que leram Teixeira da Mota, e me estão a ler a mim, os fiz perder tempo com uma história que já conheciam, foi porque eu próprio a tive que ler duas vezes até me convencer que, no meu país, a 19 de Dezembro de 2007, três desembargadores da Relação do Porto enalteceram desta forma o "cumprimento do dever de lealdade" por parte do João.
Há 45 anos, nos tempos de Salazar e da Pide, dos informadores e das censuras, o António Alçada Baptista gostava de contar a história do Horácio, que mandou gravar sobre a sua campa o seguinte epitáfio: "Aqui jaz Horácio. Posto perante os dilemas mais difíceis, disse sempre sim com firmeza. A obediência às leis, mesmo as mais injustas, foi timbre do seu carácter. Para servir, tudo sacrificou, até a sua consciência."
Há 45 anos ouvíamos isto e pensávamos que havíamos de ver o dia em que não houvesse nem Horácios nem Joões, em que as consciências se libertassem. Esse dia chegou - diz-se e até eu tantas vezes o disse - há quase 34 anos. Voltámos à mesma? Não convém generalizar, mas quando leio a história do João e dos juízes sobre o comportamento dele, sinto um certo frio nas costas. Do género do que sinto quando me juram que todos os dias a ASAE recebe centenas de chamadas ou mails com os nomes e moradas de infractores à lei do fumo ou da simples suspeita de infracções à lei do fumo. A lei é para se cumprir, dizem-me, com o mesmo timbre do jacente Horácio.
Vi muitos filmes. E vi muitos filmes (sobretudo americanos) em que um só indivíduo, um Senhor Smith qualquer, sob a aparência de Gary Cooper, Henry Fonda ou James Stewart, dedicava a vida a lutar contra uma lei injusta. Ao princípio, quase sem apoios. Depois, com alguns. Muito depois, com muitos. Até que a lei iníqua era revogada e ele tinha dado o seu contributo a algumas frases bonitas dos founding fathers ou de Abraham Lincoln. Situações dessas em Portugal são altamente improváveis. Quer na ditadura, onde por cada resistente havia dez bufos, quer em democracia, onde os chamados "direitos das minorias" foram sempre figura de retórica e onde todos estamos vinculados, de uma maneira ou de outra, "ao dever de respeito para com a entidade patronal", entende-se por respeito, o silêncio, a hipocrisia ou a delação. "Tinha a obrigação de me ter dito" foi e é mandamento muito mais imperioso do que "tinha a obrigação de nada ter dito", sobretudo a mim, seu "legítimo superior", com "legítima faculdade" de punir comportamentos que eu não tinha nada que saber, e sobretudo de saber por terceiros. Mas sempre por terceiros se mandou neste país, e não é na minha vida, e com as histórias do pão nosso de cada dia, que vão mudar os Joões e os patrões dos Joões.
"Vão chuvosas as Janeiras" comecei por dizer, embora fosse nelas que me aconteceu ver muito mais luz que em qualquer outro dia. Mas os milagres que acontecem a cada um não são para aqui chamados, ou são chamados de outra maneira. A verdade é que todos nós sabemos que, a partir da meia-noite de 1 de Janeiro, mais uma prática - legal e legalizada - foi proibida e para alguns (alguns ou muitos não interessa) um pequeno prazer se transformou num novo interdito.
Mas valha a verdade e a objectividade, que temos que reconhecer que a nossa civilização (ao menos no mundo judaico-cristão) se funda sobre uma proibição e sobre uma desobediência à lei.
Milhares ou milhões de livros se tem escrito sobre o chamado "pecado original" e sobre a expiação pela humanidade de umas trincadelas numa maçã, dadas por um casal de nudistas. Mas, para mim, o maior mistério nem é esse. O maior mistério é que Deus, após ter criado varão e varoa e os ter posto na horta do Éden com "várias árvores desejáveis à vista e boas para comida" lhes tenha dito: "De toda a árvore da horta comendo comerás. Porém, da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, morrendo morrerás" (Gen, II, 16-17).
No seguinte capítulo desta mesma história, diz-se que a serpente "por ser mais astuta" é que começou a espicaçar a mulher. Não vejo necessidade dessa astúcia. Se não tivesse havido uma proibição, ela não seria necessária. Quando Deus exceptuou, dos frutos de todas as árvores daquela horta, os da árvore que estava no meio dela, criou a primeira proibição - a proibição primordial - e consequentemente o desejo de a transgredir. "E viu a mulher que aquela árvore era boa para comer e um prazer aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; pelo que tomou do seu fruto e comeu; e deu também a seu marido, e comeu com ele" (Gen, III, 6).
Se Deus nada tivesse dito...? Se Deus não tivesse aberto a excepção...? O livre arbítrio e tudo o resto? Sim sim, pois pois. Só que o arbítrio não me parece tão livre quando está condicionado, quando é dado tudo menos uma coisa, quando tudo é permitido menos uma coisa.
Como é sabido, não foi só no Génesis que esse interdito fundamental e fundador se pronunciou. Quase todas as mitologias conhecidas contam uma história equivalente. Por proibições semelhantes ficou Prometeu agrilhoado com os fígados à mercê da águia, ou consentiu Epimeteu na abertura da caixa de Pandora.
Se da origem das religiões passarmos para as do nosso "inconsciente colectivo" e dos contos de espantar com que se encantaram as crianças desde que o mundo é mundo até que deixe de o ser, em todos eles encontramos esse malfadado tabu. Generoso, o Barba Azul confiava às sucessivas mulheres os mil aposentos do seu castelo e as mil chaves que os abriam. "Só neste quarto não poderás entrar. Só nesta chave não poderás tocar." Invariavelmente, era esse o quarto e era essa a chave que cada mulher queria ver e queria usar. E assim se perderam todas, como Orfeu perdeu Eurídice por ter olhado para ela quando não podia olhar, como Eco perdeu Narciso porque só podia fazer brevíssimo uso da voz, como Isolda perdeu Tristão ao beber do filtro, como Lohengrin voltou ao cisne quando Elsa o obrigou a dizer-lhe como se chamava.
Cem mil vezes ou cem mil milhões de vezes, em todas estas histórias e em milhões de outras que são variações da mesma, nos perguntamos porque é que, perante o quase tudo, todas ou todos quiseram, mais do que o tudo, esse quase que lhes era vedado. Mas perguntamo-nos também que quase foi esse, que mereceu castigos tão incomparáveis com o delito. As interpretações correntes apontam para a desobediência, para a falta de fé na lei divina ou humana (Abraão como figura contrapolar de Adão, aceitando tudo de Deus, mesmo o mais inverosímil). Mas o mistério maior está na excepção à regra, excepção imposta por uma vontade que com ser vontade se bastou. Proibido proibir, dizia-se há 40 anos, nos idos de 68. Se esse fosse o mandamento constitutivo da nossa espécie, a história desta mesma espécie seria bem diferente.
É melhor (ou é pior) que nos fiquemos pelos Joões, tão longínquos frutos dela?»
«"A obediência e a lei", por João Bénard da Costa
Vão chuvosas as Janeiras. Sábado passado choveram-me com mais força, e nem sequer me deixaram aparecer no PÚBLICO. Passo a contar.Vão chuvosas as Janeiras. Sábado passado choveram-me com mais força, e nem sequer me deixaram aparecer no PÚBLICO. Passo a contar.
No PÚBLICO desse dia, Francisco Teixeira da Mota, magnífico barómetro, contou a história do genro e da amiga, a que eu prefiro chamar a história do João.
Com a devida vénia, resumo para quem não leu, embora recomende vivamente o original. Era uma vez três: o João; uma rapariga nada de se deitar fora; e um homem casado mas de carne fraca. De comum, o facto de os três trabalharem na mesma empresa. O João como empregado subalterno, a rapariga como quadro médio e o homem como quadro superior, com o picante suplemento de ser marido de uma das sócias-gerentes da tal empresa.
Sucedeu que o João abriu um dia uma porta que aberta não devia ser e viu atrás dela a menina e o senhor enlevados em doces carícias.
O João conheceu nessa tarde o dilema conhecido como o dilema do Conde de Abranhos. Calar-se e ser culpado de cumplicidade com infractores ou denunciá-los corajosamente?
Como a personagem de Eça, o João optou pela segunda. Foi dali contar ao patrão o que vira. E o genro e a amiga, para me servir dos termos rigorosos de Francisco Teixeira da Mota, que até aqui tenho estado a interpretar liberrimamente, o genro e a amiga, dizia eu, foram riscados da empresa perpetuamente. O João teve a merecida promoção. Só que os tempos já não são os de Eça.
Do olho da rua onde os puseram, os despedidos recorreram à lei. O João tinha-os difamado e afectado na sua vida profissional e privada. Na primeira instância, não conseguiram nada, já que o tribunal achou que "o João tinha agido no exercício de um legítimo dever". Recorreram para a Relação, neste caso do Porto.
Teixeira da Mota debruça-se com merecido desvelo sobre o acórdão da Relação.
Recordando, embora, que "nos tempos que correm", do ponto de vista da moral, "os costumes já não são tão rígidos como em tempos o foram", os três desembargadores debruçaram-se sob a magna questão de saber se eram legítimos os interesses que o João servira quando contou a história ao patrão.
E aí acharam que não só eram legítimos como legitimíssimos. Porque: a) o par estava a usar o seu tempo laboral em actividades que de laborais nada tinham. Logo, estava a prejudicar, não só o patrão, como a empresa e os trabalhadores desta, incluindo o João. Se toda a gente, naquela instituição, andasse aos beijos e abraços em vez de trabalhar, a falência não se faria esperar muito e o João, mais dia, menos dia, ficava no desemprego. O que o João viu não foram só beijinhos: foi uma "infracção disciplinar laboral" passível "de ser sancionada disciplinarmente". Calando-se, o João estaria talvez a ser leal com os colegas infractores, mas estaria com certeza a ser desleal para com a entidade patronal. Ora quem põe lealdade com colegas acima da lealdade à instituição, está a cometer erro gravíssimo, senão crime. "O dever de lealdade para com a entidade patronal impunha-lhe que a informasse dos factos que tinha presenciado" e agora estou a citar ipsis verbis a Relação do Porto. Consequentemente, o processo contra o João foi arquivado e este tem na sua frente o brilhante futuro que tão excelso cumprimento do dever certamente lhe assegurará.
Se, para aqueles que leram Teixeira da Mota, e me estão a ler a mim, os fiz perder tempo com uma história que já conheciam, foi porque eu próprio a tive que ler duas vezes até me convencer que, no meu país, a 19 de Dezembro de 2007, três desembargadores da Relação do Porto enalteceram desta forma o "cumprimento do dever de lealdade" por parte do João.
Há 45 anos, nos tempos de Salazar e da Pide, dos informadores e das censuras, o António Alçada Baptista gostava de contar a história do Horácio, que mandou gravar sobre a sua campa o seguinte epitáfio: "Aqui jaz Horácio. Posto perante os dilemas mais difíceis, disse sempre sim com firmeza. A obediência às leis, mesmo as mais injustas, foi timbre do seu carácter. Para servir, tudo sacrificou, até a sua consciência."
Há 45 anos ouvíamos isto e pensávamos que havíamos de ver o dia em que não houvesse nem Horácios nem Joões, em que as consciências se libertassem. Esse dia chegou - diz-se e até eu tantas vezes o disse - há quase 34 anos. Voltámos à mesma? Não convém generalizar, mas quando leio a história do João e dos juízes sobre o comportamento dele, sinto um certo frio nas costas. Do género do que sinto quando me juram que todos os dias a ASAE recebe centenas de chamadas ou mails com os nomes e moradas de infractores à lei do fumo ou da simples suspeita de infracções à lei do fumo. A lei é para se cumprir, dizem-me, com o mesmo timbre do jacente Horácio.
Vi muitos filmes. E vi muitos filmes (sobretudo americanos) em que um só indivíduo, um Senhor Smith qualquer, sob a aparência de Gary Cooper, Henry Fonda ou James Stewart, dedicava a vida a lutar contra uma lei injusta. Ao princípio, quase sem apoios. Depois, com alguns. Muito depois, com muitos. Até que a lei iníqua era revogada e ele tinha dado o seu contributo a algumas frases bonitas dos founding fathers ou de Abraham Lincoln. Situações dessas em Portugal são altamente improváveis. Quer na ditadura, onde por cada resistente havia dez bufos, quer em democracia, onde os chamados "direitos das minorias" foram sempre figura de retórica e onde todos estamos vinculados, de uma maneira ou de outra, "ao dever de respeito para com a entidade patronal", entende-se por respeito, o silêncio, a hipocrisia ou a delação. "Tinha a obrigação de me ter dito" foi e é mandamento muito mais imperioso do que "tinha a obrigação de nada ter dito", sobretudo a mim, seu "legítimo superior", com "legítima faculdade" de punir comportamentos que eu não tinha nada que saber, e sobretudo de saber por terceiros. Mas sempre por terceiros se mandou neste país, e não é na minha vida, e com as histórias do pão nosso de cada dia, que vão mudar os Joões e os patrões dos Joões.
"Vão chuvosas as Janeiras" comecei por dizer, embora fosse nelas que me aconteceu ver muito mais luz que em qualquer outro dia. Mas os milagres que acontecem a cada um não são para aqui chamados, ou são chamados de outra maneira. A verdade é que todos nós sabemos que, a partir da meia-noite de 1 de Janeiro, mais uma prática - legal e legalizada - foi proibida e para alguns (alguns ou muitos não interessa) um pequeno prazer se transformou num novo interdito.
Mas valha a verdade e a objectividade, que temos que reconhecer que a nossa civilização (ao menos no mundo judaico-cristão) se funda sobre uma proibição e sobre uma desobediência à lei.
Milhares ou milhões de livros se tem escrito sobre o chamado "pecado original" e sobre a expiação pela humanidade de umas trincadelas numa maçã, dadas por um casal de nudistas. Mas, para mim, o maior mistério nem é esse. O maior mistério é que Deus, após ter criado varão e varoa e os ter posto na horta do Éden com "várias árvores desejáveis à vista e boas para comida" lhes tenha dito: "De toda a árvore da horta comendo comerás. Porém, da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, morrendo morrerás" (Gen, II, 16-17).
No seguinte capítulo desta mesma história, diz-se que a serpente "por ser mais astuta" é que começou a espicaçar a mulher. Não vejo necessidade dessa astúcia. Se não tivesse havido uma proibição, ela não seria necessária. Quando Deus exceptuou, dos frutos de todas as árvores daquela horta, os da árvore que estava no meio dela, criou a primeira proibição - a proibição primordial - e consequentemente o desejo de a transgredir. "E viu a mulher que aquela árvore era boa para comer e um prazer aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; pelo que tomou do seu fruto e comeu; e deu também a seu marido, e comeu com ele" (Gen, III, 6).
Se Deus nada tivesse dito...? Se Deus não tivesse aberto a excepção...? O livre arbítrio e tudo o resto? Sim sim, pois pois. Só que o arbítrio não me parece tão livre quando está condicionado, quando é dado tudo menos uma coisa, quando tudo é permitido menos uma coisa.
Como é sabido, não foi só no Génesis que esse interdito fundamental e fundador se pronunciou. Quase todas as mitologias conhecidas contam uma história equivalente. Por proibições semelhantes ficou Prometeu agrilhoado com os fígados à mercê da águia, ou consentiu Epimeteu na abertura da caixa de Pandora.
Se da origem das religiões passarmos para as do nosso "inconsciente colectivo" e dos contos de espantar com que se encantaram as crianças desde que o mundo é mundo até que deixe de o ser, em todos eles encontramos esse malfadado tabu. Generoso, o Barba Azul confiava às sucessivas mulheres os mil aposentos do seu castelo e as mil chaves que os abriam. "Só neste quarto não poderás entrar. Só nesta chave não poderás tocar." Invariavelmente, era esse o quarto e era essa a chave que cada mulher queria ver e queria usar. E assim se perderam todas, como Orfeu perdeu Eurídice por ter olhado para ela quando não podia olhar, como Eco perdeu Narciso porque só podia fazer brevíssimo uso da voz, como Isolda perdeu Tristão ao beber do filtro, como Lohengrin voltou ao cisne quando Elsa o obrigou a dizer-lhe como se chamava.
Cem mil vezes ou cem mil milhões de vezes, em todas estas histórias e em milhões de outras que são variações da mesma, nos perguntamos porque é que, perante o quase tudo, todas ou todos quiseram, mais do que o tudo, esse quase que lhes era vedado. Mas perguntamo-nos também que quase foi esse, que mereceu castigos tão incomparáveis com o delito. As interpretações correntes apontam para a desobediência, para a falta de fé na lei divina ou humana (Abraão como figura contrapolar de Adão, aceitando tudo de Deus, mesmo o mais inverosímil). Mas o mistério maior está na excepção à regra, excepção imposta por uma vontade que com ser vontade se bastou. Proibido proibir, dizia-se há 40 anos, nos idos de 68. Se esse fosse o mandamento constitutivo da nossa espécie, a história desta mesma espécie seria bem diferente.
É melhor (ou é pior) que nos fiquemos pelos Joões, tão longínquos frutos dela?»
Ainda a barbárie
Concordo em absoluto que a língua é um ente vivo, e que a ortografia evolui.
Porém, uma coisa é evolução, por exemplo, através da introdução de novas palavras como "futebol", "andebol", "golo", "penálti", "equipa", "time", "líder", "dossiê", "sutiã", etc., etc.
Outra coisa, absolutamente diferente, é não saber escrever, o que assume particular gravidade quando se escreve para o "grande público".
As SMS criaram um monstro: a convicção que se pode "escrever" assim em qualquer situação. Isto aliado à moda de meter palavras em inglês em todas as frases (porque "é bem") dá causa a textos absolutamente indecifráveis, dando cabo do seu fundamento: comunicar.Apenas podemos comunicar entre nós com convenções. Se as convenções forem desrespeitadas... a comunicação torna-se impossível...
k axas Pdr? E o ppl?
Sertanense!
Tendo eu uma costela de Sartago Sternit Sartagine Hostes, i.e. da vila da Sertã, não posso deixar de assinalar o feito do seu clube de futebol, que passou aos oitavos-de-final da Taça de Portugal!foto Record
“A barbárie”.., ou nem tanto
Ao terminar de escrever o seguinte comentário a este post do NSS, decidi eleva-lo a essa mesma condição.
Num tempo onde tudo se simplifica e minimiza seria anacrónico não compreender que o mesmo também se passará, mais tarde ou mais cedo, com a língua falada e escrita. Não sei se são boas ou más as mudanças que vão acontecendo. Sei, sim, que a pressão é enorme e que os conservadores que defendem a imutabilidade da língua (como se a língua fosse uma coisa morta, sem tempo nem espaço para respirar o “ar dos tempos”) vão ter um enorme trabalho pela frente.
Ke fike bm claro q. eu tb. Aki me sinto 1 konservador, apesar de ainda não estar totalmente satisfeito com o que sei da língua portuguesa e os erros continuarem a ser embaraçosos – com a diferença que não escrevo ou edito livros infanto-juvenis. Mas isso – o erro, como diz o outro, é um privilégio dos activos.
Num tempo onde tudo se simplifica e minimiza seria anacrónico não compreender que o mesmo também se passará, mais tarde ou mais cedo, com a língua falada e escrita. Não sei se são boas ou más as mudanças que vão acontecendo. Sei, sim, que a pressão é enorme e que os conservadores que defendem a imutabilidade da língua (como se a língua fosse uma coisa morta, sem tempo nem espaço para respirar o “ar dos tempos”) vão ter um enorme trabalho pela frente.
Ke fike bm claro q. eu tb. Aki me sinto 1 konservador, apesar de ainda não estar totalmente satisfeito com o que sei da língua portuguesa e os erros continuarem a ser embaraçosos – com a diferença que não escrevo ou edito livros infanto-juvenis. Mas isso – o erro, como diz o outro, é um privilégio dos activos.
sábado, 19 de janeiro de 2008
Quero ver este filme
"The Diving Bell and The Butterfly" - de Julian Schnabel
Momentos Bodyboard 2007
Circuito Mundial de Bodyboard, Praia Grande, Sintra:
Sumol Nazaré Special Edition:
Parece impossível alguém ficar indiferente.
Sumol Nazaré Special Edition:
Parece impossível alguém ficar indiferente.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Intervalo publicitário
Tenho um amigo que é comunista (aliás, tenho vários) que se farta de “bissnar”, como ele diz. Funcionário Público num antigo feudo do PC, nas (muitas) horas vagas entretêm-se a ganhar uns valentes cobres comprando e vendendo automóveis. Varias vezes interpelado por mim (e não só) do porquê dessa vida de pequeno burguês defendia-se, dizendo, que era anti-capitalista mas enquanto ele por cá andasse (o capitalismo, claro) iria aproveitar até ao tutano. E ainda gozava connosco, os capitalistas liberais...
Veio o bom do meu amigo P. à minha memória, depois desta pérola encontrada entre posts no Arrastão do nosso (salvo seja) Daniel Oliveira.
Queres publicidade no teu blogue, então toma!
Veio o bom do meu amigo P. à minha memória, depois desta pérola encontrada entre posts no Arrastão do nosso (salvo seja) Daniel Oliveira.
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Reforcem-lhe a segurança, rapidamente...
ArcádiaQuiz (XIX)
Em Portugal, ser liberal é:
- Dizer que o mercado de trabalho é rígido (e fazer de conta que não há contratos a prazo, recibos verdes e trabalho temporário);
- Dizer que a vida é cara porque os impostos confiscam riqueza (e achar normal que o valor liberto pela descida do IVA seja apropriado pelas empresas, que entretanto tinham subido os seus preços com o aumento do mesmo IVA); ou
- Dizer que qualquer um pode ser accionista e intervir nas decisões das empresas segundo o seu peso (e achar que é "nacionalização" se for o Estado a comprar acções e a exercer o direito de voto a que estas correspondem)?
Incontornável família...
Construção do aeroporto no Montijo obriga a expropriação de terrenos da família Espírito Santo
A construção do aeroporto nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete, no Montijo, vai obrigar à expropriação de terrenos pertencentes à família Espírito Santo que têm estado cedidos para uso militar, avançou hoje o Rádio Clube.Os terrenos propostos pelo estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, para o novo aeroporto internacional de Lisboa, incluem esta propriedade com 500 hectares, cujos proprietários esperam que venha a ter um valor de expropriação “justo”.Miguel Espírito Santo explicou ao canal de rádio que existe um protocolo de cedência que abrange mais de 250 hectares e que se destina à utilização do campo de tiro.No seu entender, como a decisão do Estado aponta para a alteração do uso do solo, também o acordo em vigor deixa de ter validade, situação que vai originar a denúncia do mesmo. “Todos temos muito presente que vamos ser expropriados”, afirma Miguel Espírito Santo ao Rádio Clube, que espera que o valor a pagar “seja de mercado”. (Público) sublinhado nosso
A construção do aeroporto nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete, no Montijo, vai obrigar à expropriação de terrenos pertencentes à família Espírito Santo que têm estado cedidos para uso militar, avançou hoje o Rádio Clube.Os terrenos propostos pelo estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, para o novo aeroporto internacional de Lisboa, incluem esta propriedade com 500 hectares, cujos proprietários esperam que venha a ter um valor de expropriação “justo”.Miguel Espírito Santo explicou ao canal de rádio que existe um protocolo de cedência que abrange mais de 250 hectares e que se destina à utilização do campo de tiro.No seu entender, como a decisão do Estado aponta para a alteração do uso do solo, também o acordo em vigor deixa de ter validade, situação que vai originar a denúncia do mesmo. “Todos temos muito presente que vamos ser expropriados”, afirma Miguel Espírito Santo ao Rádio Clube, que espera que o valor a pagar “seja de mercado”. (Público) sublinhado nosso
A barbárie
Há cada vez menos portugueses a saber falar português. Desde "sãije" em vez de "seja", passando "tãije" em vez de "esteja" e terminando no "Ljboa" em vez de "Lisboa" e "Pertgal" em vez de "Portugal" (como repararam, nem sequer referi os clássicos "há-des" e "fostes"). Por isso defendo a sanção de quem, escrevendo para o público infantil com intuito comercial (seja através de publicidade, seja através de livros), comete erros ortográficos, para mais nesta época em que o "linguajar" dos sms coloniza rapidamente o espaço escrito.
Vem isto a propósito de um artigo do Público em que se refere um levantamento de gralhas, uso irregular dos artigos definidos, pontuação insuficiente ou abuso dos pronomes possessivos encontrados junto de 22 livros para a infância e juventude das principais editoras portuguesas.
Aqui fica um triste exemplo:
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
ArcádiaQuiz (XVIII)
A Câmara Municipal de Lisboa lançou um concurso de ideias para saber o que há-de fazer com o Parque Mayer. As melhores propostas são:
- A de José Sá Fernandes, que quer a nulidade da permuta (i.e. a devolução daquilo à Bragaparques);
- A de António Nunes, que acha que ainda se pode fazer lá um casino (i.e. um sítio com cinzeiros para que ele, enquanto não-fumador, possa dar uns bafos); ou
- A de Belmiro de Azevedo, que quer terraplanar aquilo para fazer um Continente (e aproveita, e vende à IKEA a madeira das árvores do Jardim Botânico)?
ArcádiaQuiz (XVII)
O próximo PIN (projecto de interesse nacional) a aprovar por Manuel Pinho será o plano de construção de um "resort":
- Nas Berlengas, porque aquilo agora já tem electricidade;
- Em Pinheiro da Cruz, nos terrenos filé mignon comprados de forma legal e transparente por um sócio do Ministro que vendeu; ou
- Nos mouchões do Tejo para fazer uma "nova Veneza"?
imagem à esquerda roubada do Nova Floresta
A capa do “24 Horas” de hoje
Os sentimentos não são mensuráveis com uma espécie de conta-quilómetros sentimental qualquer. Amor, ódio, prazer, sofrimento. Cada qual sente como sente.
A capa do “24 Horas” de hoje seria merecedora de uma cuidada reflexão. Era inevitável que o desaparecimento de mais uma criança, bem perto de nós, provocasse o interesse da opinião pública. Este interesse é naturalmente alimentado pelos media. Sucede que alguns dos media parecem esquecer de forma demasiadamente frequente onde acaba o dever de informar e onde começa o caixote do lixo. Ainda assim, esta espécie de “luta de classes” dos tempos modernos, deve ser encarada com alguma naturalidade. O que não pode nem deve ser de alguma forma tolerável é quando “os ursos vencem os touros” por falta de comparência dos últimos.
Pela primeira vez na minha vida senti-me vagamente enjoado e profundamente enojado com a nauseabunda capa de um jornal. Não estou sequer a brincar ou a exagerar. Virei a cara, e até este post me custou a escrever.
A capa do “24 Horas” de hoje seria merecedora de uma cuidada reflexão. Era inevitável que o desaparecimento de mais uma criança, bem perto de nós, provocasse o interesse da opinião pública. Este interesse é naturalmente alimentado pelos media. Sucede que alguns dos media parecem esquecer de forma demasiadamente frequente onde acaba o dever de informar e onde começa o caixote do lixo. Ainda assim, esta espécie de “luta de classes” dos tempos modernos, deve ser encarada com alguma naturalidade. O que não pode nem deve ser de alguma forma tolerável é quando “os ursos vencem os touros” por falta de comparência dos últimos.
Pela primeira vez na minha vida senti-me vagamente enjoado e profundamente enojado com a nauseabunda capa de um jornal. Não estou sequer a brincar ou a exagerar. Virei a cara, e até este post me custou a escrever.
K as ae, ae!
Ruivas, louras, morenas...
...ae ae. Vivae, vivae!
...ae ae. Vivae, vivae!
N MÚSICAS XLVII
"Who Are You" - David Fonseca
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Afinal, qual das cabeças da hidra decide?
Ontem, ao fim da tarde, víamos e ouvíamos Luís Filipe Menezes dizer que hoje o PSD votaria contra a moção de censura ao governo proposta pelo Bloco. Mais tarde, ao início da noite, víamos e ouvíamos Pedro Santana Lopes na SIC Noticias dizer que hoje o PSD se absteria na moção de censura ao governo.
O episódio passou quase despercebido e vale o que quisermos. Eu acho que vale bastante, sendo ilustrativo do desconchavo que reina hoje no maior partido da oposição. Uma moção de censura, ainda que pateticamente proposta pelos trapezistas-voadores do costume, é um momento grave, solene e deve ser tratado com o respeito que a Casa da Democracia merece. Ao ziguezaguear (desconfio que o Pedro Correia também não gosta desta palavra) em torno do sentido de voto, consoante a cabeça da hidra (em que se tornou este novo PSD) que decide, para alem de revelar fraqueza politica, faz-nos avivar a memória das trapalhadas que marcaram um governo recente.
O episódio passou quase despercebido e vale o que quisermos. Eu acho que vale bastante, sendo ilustrativo do desconchavo que reina hoje no maior partido da oposição. Uma moção de censura, ainda que pateticamente proposta pelos trapezistas-voadores do costume, é um momento grave, solene e deve ser tratado com o respeito que a Casa da Democracia merece. Ao ziguezaguear (desconfio que o Pedro Correia também não gosta desta palavra) em torno do sentido de voto, consoante a cabeça da hidra (em que se tornou este novo PSD) que decide, para alem de revelar fraqueza politica, faz-nos avivar a memória das trapalhadas que marcaram um governo recente.
ArcádiaQuiz (XVI)
Os liberais que nos contam histórias de embalar, estão escandalizados com a eleição - com quase 98% dos votos - da lista presidida por Carlos Santos Ferreira para o Conselho de Administração do Millenium-BCP porque:
- Os accionistas são burros e não sabem escolher as melhores opções;
- A EDP e a Caixa Geral de Depósitos, apesar de accionistas, deviam abster-se porque são controladas pelo Estado e assim metem medo aos outros accionistas; ou
- O administrador "ok-eu-saio-mas-com-55-milhões-no-bolso" pensava que podia vender acções à Caixa e à EDP e que estas se absteriam de tomar decisões?
Honestidade rara...
... de João Pedro Vieira Público
O início da história - A última democracia (I)
Paulatinamente, assistimos a uma redefinição do conceito de democracia, e uma certa maneira de praticar a política dentro deste tipo de regime político. As revoluções democráticas (ou seja, sufragadas ou legitimadas pela vontade popular) não são novas, recentes são as tentativas de revolução popular através de eleições, tudo indica, democráticas, antes e durante a conquista do poder. Não que seja algo nunca visto (o exemplo de Hitler é elucidativo), contudo, pode dizer-se que há uma moderna maneira de conquistar e exercer a democracia, como que, silenciosamente, se substitua à demagogia disfarçada e controlada, com uma certa obsessão pela manipulação. Talvez a maior originalidade esteja no facto de a justificação da conquista ou manutenção do poder ser a própria democracia, auto-legitimando-se, pelo simples facto de o governante ter sido sufragado. Neste sentido, o peso da limitação jurídica e não jurídica do poder . O conceito de democracia está mais pequeno, mais reduzido, menos exigente, menos formal e institucional. Dentro da democracia, o importante é as eleições. Tudo o resto é legitimidado pelo voto anterior. Ou então, caso a(s) política(s) seja(m) antidemocrática(s), regressa-se às eleições, seja por referendo, plebiscito ou por novas eleições legislativas ou presidenciais, cosoante o regime seja de pendor parlamentar ou presidencial.
A tendência do poder democrático neste século é, assim, justificar-se a si mesmo, recentralizar-se, petrificar-se, personalizar-se, para que o poder mais dela - da democracia - possa beneficiar, chegando ao cúmulo de se a defender a pretexto de uma directa intervenção do povo no ilusório e utópico exercício do poder.
Como já devem ter reparado, com algumas excepções africanas e asiáticas, poucos são os governantes que rejeitam liminarmente a democracia ou as suas diversas dimensões, seja com que veste for, para legitimarem o seu poder. Temos os casos de Cuba, Irão, Paquistão, Venezuela, Quénia, Guiné-Bissau. Pode dizer-se que não são democráticos, mas o discurso legitimador do poder é o de que são, que existem para o bem do povo, para a Nação, assente na vontade popular, etc.
Noutro quadrante,o mundo ocidentalizado percebe o princípio democrático de forma diferente e, e este sempre foi uma angústia para os estados de direito, pretende universalizá-la como o único regime político intrinsecamente legítimo. Mesmo quando o povo delibera, em eleições ou referendos, que prefere a não democracia ou candidatos «não-democráticos», ou mesmo quando a oposição "não democrática", com margens eleitorais avultadas, pretende legitimar algumas das suas ideias que, na substâancia, são de duvidosa democraticidade.
(continua)
A tendência do poder democrático neste século é, assim, justificar-se a si mesmo, recentralizar-se, petrificar-se, personalizar-se, para que o poder mais dela - da democracia - possa beneficiar, chegando ao cúmulo de se a defender a pretexto de uma directa intervenção do povo no ilusório e utópico exercício do poder.
Como já devem ter reparado, com algumas excepções africanas e asiáticas, poucos são os governantes que rejeitam liminarmente a democracia ou as suas diversas dimensões, seja com que veste for, para legitimarem o seu poder. Temos os casos de Cuba, Irão, Paquistão, Venezuela, Quénia, Guiné-Bissau. Pode dizer-se que não são democráticos, mas o discurso legitimador do poder é o de que são, que existem para o bem do povo, para a Nação, assente na vontade popular, etc.
Noutro quadrante,o mundo ocidentalizado percebe o princípio democrático de forma diferente e, e este sempre foi uma angústia para os estados de direito, pretende universalizá-la como o único regime político intrinsecamente legítimo. Mesmo quando o povo delibera, em eleições ou referendos, que prefere a não democracia ou candidatos «não-democráticos», ou mesmo quando a oposição "não democrática", com margens eleitorais avultadas, pretende legitimar algumas das suas ideias que, na substâancia, são de duvidosa democraticidade.
(continua)
Cadilhe venceu!
Pelo menos foi o que o homem (que teve pouco mais de 2% dos votos contra quse 98% de Carlos Santos Ferreira), asseverou urbi et orbi...
p.s. Berardo disse que Jardim Gonçaves saiu para a reforma com uma compensação de 55 milhões de euros...
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Só espero...
... que não haja nenhum familiar, sócio, ex-sócio, sócio de um familiar, ex-sócio de familiar de Correia de Campos no novo hospital privado de Chaves, que terá maternidade e serviço de urgências a funcionar 24 horas...
…e assim se completam três anos de Arcádia
Por muito que queiramos os relógios não param, muito menos cessa o movimento dos astros e planetas. Quase sem querer, este vosso blogue chega ao seu terceiro aniversário. Tempo de agradecer: a todos os que por cá vão passando e têm pachorra para acompanhar, com mais ou menos atenção, o que vos oferecemos; mas também ao Nunos, por partilharem comigo este estranho prazer blogosferico que se renova a cada dia que passa.
Muito obrigado a todos, que nunca vos falte engenho e arte…
Muito obrigado a todos, que nunca vos falte engenho e arte…
Sindicatos dos bancários: um exemplo de decência e legalidade
O Público de hoje vem com dois exemplos de "decência" e respeito pela "legalidade" por parte de sindicatos de bancários:
O primeiro (pág. 7) é um anúncio a apelar ao voto em Cadilhe na assembleia geral do BCP, enquanto representante de um grupo de pequenos accionistas (!!!).
O segundo (pág. 8), é uma notícia segundo a qual um sindicato de bancários é acusado de violar uma ordem judicial para reintegrar uma funcionária...
Bonito...
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Para quem não conhece
"Tonight I Have To Leave It" - Shout Out Louds
Faz lembrar The Cure, não é?
Faz lembrar The Cure, não é?
Passeio pelo bairro…
Dois interessantes artigos de opinião (de sinal contrario) na impressa de hoje sobre a solução “Portela + 1”. Um de Sousa Monteiro no Público e este (link) do blasfemo João Miranda no DN.
Recordar é votar (link) por João Villalobos no Corta-fitas.
E ninguém desfralda a bandeirinha à janela por este rapaz?
Este vídeo (link), "European Slab-o-rama", é o terceiro melhor do ano passado segundo os editores do Surfline e mostra a garra de Tiago Pires que (para os mais distraídos!) irá medir forças este ano, pela primeira vez, com os melhores atletas da modalidade no ASP World Tour, o Olimpo do surf mundial.
A menina dança? Duas belas musiquetas (e dois vídeos melhores ainda) que afinal são só uma em feel like dancing (link) de Pedro Vieira no Irmao Lúcia. Do melhor.
Recordar é votar (link) por João Villalobos no Corta-fitas.
E ninguém desfralda a bandeirinha à janela por este rapaz?
Este vídeo (link), "European Slab-o-rama", é o terceiro melhor do ano passado segundo os editores do Surfline e mostra a garra de Tiago Pires que (para os mais distraídos!) irá medir forças este ano, pela primeira vez, com os melhores atletas da modalidade no ASP World Tour, o Olimpo do surf mundial.
A menina dança? Duas belas musiquetas (e dois vídeos melhores ainda) que afinal são só uma em feel like dancing (link) de Pedro Vieira no Irmao Lúcia. Do melhor.
Meanwhile, Constâncio dormia...
Viva Portugal!
Vai por ai um berreiro com a nova "lei do fumo". Sinceramente, não entendo porquê.
Esta semana decidi armar-me em controleiro da Nova PIDE (leia-se ASAE) - na verdade tinha saudades da noite e apetite de diversão - e fui dar um giro por ai, procurando locais onde ainda seja possivel beber um copo em paz, acompanhado pelo agradável fumo do meu Davidoff. Depois de tanto brado (e para grande espanto meu) está praticamente tudo na mesma. Os espaços "separados" lá estão, os aparelhos de ar condicionado até funcionam, mas o meu cigarrinho pode conviver alegremente com a boa conversa ao balcão de um bar ou com o pezinho de dança na discoteca da moda. Quando se questiona os empregados se não era suposto ser ali proibido fumar ouve-se meia dúzia de patacoadas e um encolher de ombros muito português. Afinal andamos todos enganados; as leis continuam a ser "coisas escritas que os políticos fazem para não cumprir" e o Portugal "pasteurizado" é o Portugal de sempre.
Esta não é sequer uma República das Bananas, mas apenas uma República das Cascas de Bananas. Ainda bem. Viva Portugal!
PS: ...este Portugal é o mesmo país que a apenas trinta quilómetros da sua capital - para quem não saiba Portugal não é o Burkina Faso nem o Laos - as urgências dos hospitais entram em caos e os que delas têm a fatalidade de precisar, aguardam horas em sofrimento em corredores de indignas condições. Viva Portugal!
Esta semana decidi armar-me em controleiro da Nova PIDE (leia-se ASAE) - na verdade tinha saudades da noite e apetite de diversão - e fui dar um giro por ai, procurando locais onde ainda seja possivel beber um copo em paz, acompanhado pelo agradável fumo do meu Davidoff. Depois de tanto brado (e para grande espanto meu) está praticamente tudo na mesma. Os espaços "separados" lá estão, os aparelhos de ar condicionado até funcionam, mas o meu cigarrinho pode conviver alegremente com a boa conversa ao balcão de um bar ou com o pezinho de dança na discoteca da moda. Quando se questiona os empregados se não era suposto ser ali proibido fumar ouve-se meia dúzia de patacoadas e um encolher de ombros muito português. Afinal andamos todos enganados; as leis continuam a ser "coisas escritas que os políticos fazem para não cumprir" e o Portugal "pasteurizado" é o Portugal de sempre.
Esta não é sequer uma República das Bananas, mas apenas uma República das Cascas de Bananas. Ainda bem. Viva Portugal!
PS: ...este Portugal é o mesmo país que a apenas trinta quilómetros da sua capital - para quem não saiba Portugal não é o Burkina Faso nem o Laos - as urgências dos hospitais entram em caos e os que delas têm a fatalidade de precisar, aguardam horas em sofrimento em corredores de indignas condições. Viva Portugal!
N PERGUNTAS XXXVII
A pergunta já surge como póslúdio, por isso desde já peço desculpa, mas não deveria haver um processo de discussão pública para se decidir sobre a melhor solução quanto à edificação da maior obra "pública" portuguesa de todos os tempos?!
Eu não quero sentir-me corajoso a perguntar tal disparate, mais uma vez peço desculpa, sobretudo pela exclamação. Eu prometo que não falo mais. Amanhã vou trabalhar e esqueço tudo. Como sempre. Prometo. Eu porto-me bem. Já já, estarei na caminha. O miúdo acordou, vejam só. O desplante. Eu aqui com o biberão vazio e a atrever-me numa questão destas. Não preciso de silício. Já temos Benavente e Andante. Numa nova ponte. Graças a este Governo. Já estou a voar, e deitadinho. Com a vossa licença e dos senhores Governo, bem-hajinhas para todos. E desculpem tudinho... longe de mim lançar qualquer discussão, calei-me.
Eu não quero sentir-me corajoso a perguntar tal disparate, mais uma vez peço desculpa, sobretudo pela exclamação. Eu prometo que não falo mais. Amanhã vou trabalhar e esqueço tudo. Como sempre. Prometo. Eu porto-me bem. Já já, estarei na caminha. O miúdo acordou, vejam só. O desplante. Eu aqui com o biberão vazio e a atrever-me numa questão destas. Não preciso de silício. Já temos Benavente e Andante. Numa nova ponte. Graças a este Governo. Já estou a voar, e deitadinho. Com a vossa licença e dos senhores Governo, bem-hajinhas para todos. E desculpem tudinho... longe de mim lançar qualquer discussão, calei-me.
À ASAE
...99 livros em 100 fazem acreditar-nos que a coisa mais importante da nossa vida é o amor, mas não é. O amor é a segunda mais importante. A primeira que realmente importa é o oxigénio. Sem ele, não estaria aqui, nem vocês aqui. Pois, estão já a pensar, mas há quem morra por amor, não se deixando convencer pelo oxigénio. Pois há, por amor e por estupidez, e no entanto esta, que se saiba, não é querida por muitos, ainda que haja cada vez mais candidatos. Mas a vossa presumida interpelação tem razão de ser, por isso coloco a saúde em terceiro. Sem oxigénio, não há amor para morrer. Quando alguém se atira para debaixo de um comboio por amor, ou sem ele, como Anna Karenina, é dar valor ao oxigénio, esse bem-haja, sem o qual ser trucidado por um monstro maquinal seria como matar uma mosca, ou seja, ninguém nem nada valorizava. Quem está prestes a morrer por amor, normalmente, já está doente, por isso a saúde vem em terceiro. Esta não lhe é imprescindível.
Isto para dizer que, enquanto alguns ainda respiram, toda a atenção à saúde é pouca. Por exemplo, não se deve fumar, mesmo por amor. Já dizia o famoso actor de comédia Gerorge Burns «se eu soubesse que ia durar tanto tempo, tinha tido mais cuidado comigo!».
Portanto, querida ASAE, não há azar, policie a qualidade do ar, por favor, e multe quem dela se aproveitar em prejuízo dos cidadãos incautos e indefesos. Ainda no outro dia vi uns a beijarem-se sentados no átrio de um centro comercial. Estariam protegidos? No melhor ósculo cai a nódoa e o mal está sempre à espreita. Há que salvaguardar o cidadão, esse potencial transgressor, da livre escolha, arvorada em pós-modernista debandada. É que as pessoas, como dizia a actriz cómica Mae West, entre dois males tendem a escolher sempre aquele que ainda não experimentaram. Ou não?
Bem-vinda ao admirável novo mundo.
Isto para dizer que, enquanto alguns ainda respiram, toda a atenção à saúde é pouca. Por exemplo, não se deve fumar, mesmo por amor. Já dizia o famoso actor de comédia Gerorge Burns «se eu soubesse que ia durar tanto tempo, tinha tido mais cuidado comigo!».
Portanto, querida ASAE, não há azar, policie a qualidade do ar, por favor, e multe quem dela se aproveitar em prejuízo dos cidadãos incautos e indefesos. Ainda no outro dia vi uns a beijarem-se sentados no átrio de um centro comercial. Estariam protegidos? No melhor ósculo cai a nódoa e o mal está sempre à espreita. Há que salvaguardar o cidadão, esse potencial transgressor, da livre escolha, arvorada em pós-modernista debandada. É que as pessoas, como dizia a actriz cómica Mae West, entre dois males tendem a escolher sempre aquele que ainda não experimentaram. Ou não?
Bem-vinda ao admirável novo mundo.
domingo, 13 de janeiro de 2008
sábado, 12 de janeiro de 2008
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Promessas e profecias
Sócrates decidiu ratificar o Tratado de Lisboa no parlamento por 3 razões:
1 - Há um consenso alargado na sociedade portuguesa quanto ao projecto europeu e quanto ao próprio Tratado de Lisboa;
2 - A ratificação pelo Parlamento é tão legítima e democrática como a ratificação referendária. E iria pôr em xeque, sem qualquer fundamento, a plena legitimidade da ratificação pelos parlamentos nacionais que está a ser feita em todos os outros países europeus (designou por ética da responsabilidade);
3 - O Tratado de Lisboa é diferente do antigo projecto de Tratado Constitucional. O compromisso eleitoral para um referendo referia-se, expressamente, a esse Tratado Constitucional e não a outro qualquer, invocando o programa do partido socialista para o efeito.
No monte discursivo da fundamentação destas razões veja-se como se constrói uma argumentação política. Uma pérola:
1 - "nada seria mais fácil e mais conveniente para o Governo do que agendar uma campanha política para um referendo sobre o Tratado de Lisboa. Nada vinha mais a calhar do que contar votos a propósito do projecto europeu que a maioria dos portugueses apoia e, durante meses, centrar o debate político num dos maiores sucessos do Governo, alcançado em Lisboa durante a Presidência portuguesa";
2 - "O Parlamento é o coração da democracia representativa ";
3 - "Para que não restem dúvidas, passo a ler o compromisso eleitoral do Partido Socialista. Dizia assim, página 154: «a prioridade do novo Governo será a de assegurar a ratificação do Tratado Constitucional». Repito: «ratificação do Tratado Constitucional». Foi a propósito desse Tratado que o Partido Socialista defendeu no seu Programa, e cito de novo, «que a aprovação e ratificação do Tratado deva ser precedida de referendo popular». Ora, como todos sabem, acontece que o projecto de Tratado Constitucional foi entretanto abandonado e já não existe".
4 - "O Tratado, realmente, mudou. Certamente, foi possível manter muito do que vinha dos Tratados em vigor e até das novidades do projecto de Tratado Constitucional. Mas mudou. Mudou na sua natureza e no seu conteúdo. É um Tratado diferente. Um novo Tratado.".
5 - "A ideia de que deve haver uma espécie de regime especial de tomada de decisão, que obrigaria, por natureza, as decisões políticas sobre o avanço do projecto europeu a sujeitar-se a 27 referendos nacionais, é uma ideia que tem um único objectivo: bloquear e boicotar o projecto europeu."
Assim, o povo português ficou a saber:
1 - Onde mora a imbecilidade de quem vota com base em programas eleitorais;
2 - Que nada falha tanto na vida como o sucesso... e a política;
3 - O seu papel - do Zé e da Zézinha -, na discussão e participação na organização e funcionamento das instituições da União Europeia é.... ficar caladinho!
Talvez, Sócrates, afinal, sempre tenha respeitado o oráculo de Delfos, por temor à repetição das profecias da Pitonisa de Delfos a Creso*!
*Creso, último rei da Lídia que reinou de 561-547 a.C. tinha dois filhos, Átis e um outro que era surdo-mudo. Na obra Histórias, Heródoto relatou que numa época de prosperidade, Creso empregara todos os recursos para curar a surdez e mudez desse filho. Naturalmente, à época, recorrera ao oráculo de Delfos, tendo-lhe dito a pitonisa: "Lídio, rei de vários povos, insensato Creso, não procureis ouvir no vosso palácio a voz tão desejada do vosso filho. Melhor será para vós não ouvirdes nunca; ele começará a falar no dia em que começar a vossa desgraça". E assim foi. Quando ele falou, Creso foi deposto e começou a derrocada do pequeno império, sendo, parece-me, tomado pelos persas.
1 - Há um consenso alargado na sociedade portuguesa quanto ao projecto europeu e quanto ao próprio Tratado de Lisboa;
2 - A ratificação pelo Parlamento é tão legítima e democrática como a ratificação referendária. E iria pôr em xeque, sem qualquer fundamento, a plena legitimidade da ratificação pelos parlamentos nacionais que está a ser feita em todos os outros países europeus (designou por ética da responsabilidade);
3 - O Tratado de Lisboa é diferente do antigo projecto de Tratado Constitucional. O compromisso eleitoral para um referendo referia-se, expressamente, a esse Tratado Constitucional e não a outro qualquer, invocando o programa do partido socialista para o efeito.
No monte discursivo da fundamentação destas razões veja-se como se constrói uma argumentação política. Uma pérola:
1 - "nada seria mais fácil e mais conveniente para o Governo do que agendar uma campanha política para um referendo sobre o Tratado de Lisboa. Nada vinha mais a calhar do que contar votos a propósito do projecto europeu que a maioria dos portugueses apoia e, durante meses, centrar o debate político num dos maiores sucessos do Governo, alcançado em Lisboa durante a Presidência portuguesa";
2 - "O Parlamento é o coração da democracia representativa ";
3 - "Para que não restem dúvidas, passo a ler o compromisso eleitoral do Partido Socialista. Dizia assim, página 154: «a prioridade do novo Governo será a de assegurar a ratificação do Tratado Constitucional». Repito: «ratificação do Tratado Constitucional». Foi a propósito desse Tratado que o Partido Socialista defendeu no seu Programa, e cito de novo, «que a aprovação e ratificação do Tratado deva ser precedida de referendo popular». Ora, como todos sabem, acontece que o projecto de Tratado Constitucional foi entretanto abandonado e já não existe".
4 - "O Tratado, realmente, mudou. Certamente, foi possível manter muito do que vinha dos Tratados em vigor e até das novidades do projecto de Tratado Constitucional. Mas mudou. Mudou na sua natureza e no seu conteúdo. É um Tratado diferente. Um novo Tratado.".
5 - "A ideia de que deve haver uma espécie de regime especial de tomada de decisão, que obrigaria, por natureza, as decisões políticas sobre o avanço do projecto europeu a sujeitar-se a 27 referendos nacionais, é uma ideia que tem um único objectivo: bloquear e boicotar o projecto europeu."
Assim, o povo português ficou a saber:
1 - Onde mora a imbecilidade de quem vota com base em programas eleitorais;
2 - Que nada falha tanto na vida como o sucesso... e a política;
3 - O seu papel - do Zé e da Zézinha -, na discussão e participação na organização e funcionamento das instituições da União Europeia é.... ficar caladinho!
Talvez, Sócrates, afinal, sempre tenha respeitado o oráculo de Delfos, por temor à repetição das profecias da Pitonisa de Delfos a Creso*!
*Creso, último rei da Lídia que reinou de 561-547 a.C. tinha dois filhos, Átis e um outro que era surdo-mudo. Na obra Histórias, Heródoto relatou que numa época de prosperidade, Creso empregara todos os recursos para curar a surdez e mudez desse filho. Naturalmente, à época, recorrera ao oráculo de Delfos, tendo-lhe dito a pitonisa: "Lídio, rei de vários povos, insensato Creso, não procureis ouvir no vosso palácio a voz tão desejada do vosso filho. Melhor será para vós não ouvirdes nunca; ele começará a falar no dia em que começar a vossa desgraça". E assim foi. Quando ele falou, Creso foi deposto e começou a derrocada do pequeno império, sendo, parece-me, tomado pelos persas.
Suplemento "Inimigo Público", agora também no Diário da República
No Diário da República de 10 de Janeiro de 2007:ver o texto integral
O campo, o tiro e o atirador
Mais uma vez, Sócrates transforma o revés governamental numa excelente deliberação do Governo e numa vitória para o país. Ou seja, rejeita a acusação de ter seguido anteriormente uma má política para o novo aeroporto nacional com fundamento, precisamente, no argumento utilizado por aqueles que defendiam uma localização contrária para a construção da nova infra-estrutura aeroportuária, e que veio a singrar. Ainda vai mais longe, como que para acentuar a sua imaculada visão nacional, dando uma outra obra há muito reivindicada pela sociedade civil activa: uma outra ponte, não ferroviária, mas rodo-ferroviária.
Em torno deste facto político, decisivo para a débil competitividade nacional, ninguém faz a pergunta que senta Sócrates na ágora de Delfos: se o estudo teve por base uma iniciativa bem sucedida, técnica e cientificamente, bem como junto da opinião pública, e se desde 2005 que o Governo afirma, repito: afirma, que a OTA era a melhor localização, então, porque sempre, antes e durante o seu mandato, rejeitou estudar a localização do Campo de Tiro de Alcochete, em Benavente, sugerida há alguns anos por diversas personalidades científicas da matéria em causa, nomeadamente o Professor José Manuel Viegas? (Recordam-se do Prós & Contras do ano passado sobre a localização da construção do novo aeroporto, em que a maioria dos presentes era a favor da OTA, sendo aquele respeitável professor quase trucidado pela sua defesa no Campo de Tiro? Lembram-se da posição do presidente do LNEC, que também lá estava?).
Em rigor, e sem radicalismos, a OTA não era, nem é, uma má solução, como ficou aliás comprovado pelo estudo dos consultores e funcionários do LNEC, antes não era a melhor opção para o país (daqui em diante, será previsível a “demonização” da OTA, mas não alinharei em carneiradaem inúteis de deterioraração da política e imagem deste Governo).
Esta viragem técnica, científica e política sobre a localização do novo aeroporto (sim, porque levanta-me algumas dúvidas a integral imparcialidade e objectividade deste tipo de estudos) deve-se a uma parte (legitimamente interessada) da sociedade civil, sim, em rigor, à CIP, também, mas com todo o rigor, deve-se ao Professor José Manuel Viegas, quem sugeriu o estudo à CIP.
Em torno deste facto político, decisivo para a débil competitividade nacional, ninguém faz a pergunta que senta Sócrates na ágora de Delfos: se o estudo teve por base uma iniciativa bem sucedida, técnica e cientificamente, bem como junto da opinião pública, e se desde 2005 que o Governo afirma, repito: afirma, que a OTA era a melhor localização, então, porque sempre, antes e durante o seu mandato, rejeitou estudar a localização do Campo de Tiro de Alcochete, em Benavente, sugerida há alguns anos por diversas personalidades científicas da matéria em causa, nomeadamente o Professor José Manuel Viegas? (Recordam-se do Prós & Contras do ano passado sobre a localização da construção do novo aeroporto, em que a maioria dos presentes era a favor da OTA, sendo aquele respeitável professor quase trucidado pela sua defesa no Campo de Tiro? Lembram-se da posição do presidente do LNEC, que também lá estava?).
Em rigor, e sem radicalismos, a OTA não era, nem é, uma má solução, como ficou aliás comprovado pelo estudo dos consultores e funcionários do LNEC, antes não era a melhor opção para o país (daqui em diante, será previsível a “demonização” da OTA, mas não alinharei em carneiradaem inúteis de deterioraração da política e imagem deste Governo).
Esta viragem técnica, científica e política sobre a localização do novo aeroporto (sim, porque levanta-me algumas dúvidas a integral imparcialidade e objectividade deste tipo de estudos) deve-se a uma parte (legitimamente interessada) da sociedade civil, sim, em rigor, à CIP, também, mas com todo o rigor, deve-se ao Professor José Manuel Viegas, quem sugeriu o estudo à CIP.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Passeio pelo bairro...
Há quem tenha memória curta, o Pedro (link) não.
“De que é que precisas?”, passou desde ontem a Optimus a perguntar-nos. Um sucesso, esta nova campanha; pelo menos a avaliar pelo muito que já se escreveu sobre ela na Rede. Pedro Boucherie Mendes (link) explica porquê.
O TóColante relembra-nos o “Proibido Fumar” dos anos 70 (link).
E para terminar a voltinha, façam o favor de não evitar “o vómito” (link) de maradona.
“De que é que precisas?”, passou desde ontem a Optimus a perguntar-nos. Um sucesso, esta nova campanha; pelo menos a avaliar pelo muito que já se escreveu sobre ela na Rede. Pedro Boucherie Mendes (link) explica porquê.
O TóColante relembra-nos o “Proibido Fumar” dos anos 70 (link).
E para terminar a voltinha, façam o favor de não evitar “o vómito” (link) de maradona.
BatOTA jámé
A decisão é preliminar, acabou de dizer o Primeiro-ministro.
É impressão minha ou aquela que para mim é a questão principal não esta respondida. Qual o destino a dar à Portela? Será que quando a decisão se tornar definitiva teremos um cenário Portela + Alcochete?
No plano politico: o que antes se dizia do mundo de futebol pode dizer-se hoje da des(governação) socialista. O que hoje é verdade, amanhã é mentira. E com sorte (ou azar) depois de amanhã voltará a ser verdade.
Um país totalmente à deriva, será esse o legado socrático.
É impressão minha ou aquela que para mim é a questão principal não esta respondida. Qual o destino a dar à Portela? Será que quando a decisão se tornar definitiva teremos um cenário Portela + Alcochete?
No plano politico: o que antes se dizia do mundo de futebol pode dizer-se hoje da des(governação) socialista. O que hoje é verdade, amanhã é mentira. E com sorte (ou azar) depois de amanhã voltará a ser verdade.
Um país totalmente à deriva, será esse o legado socrático.
ASAE nas missas
Partindo de um post do Jumento, lembrei-me desstas questões que gostaria de ver respondidas pela ASAE:
Se as hóstias forem feitas com trigo transgénico, o sacerdote não deveria informar os fiéis?
O vinho da eucaristia não deveria ser armazenado em garrafas rotuladas?
A lavagem que o sacerdote faz do cálice não deveria ser feita pelo menos com um detergente, ou com água a não sei quantos graus?
A patena onde se colocam as hóstis para consagração também não deveria ser limpa?
As hóstias não deviam ser entregues em embalagens individuais?
O sacerdote não deveria usar pinças ou luvas para entregar as hóstias?
Quando se comunga de duas espécies, também se serve vinho a quem aparente possuir anomalia psíquica ou esteja embriagado?
Os menores de 16 anos também podem comungar das duas espécies, e assim beber vinho?
No rito da adoração da cruz, o santo lenho não deveria ser esterilizado após cada ósculo?
No Domingo de Ramos, onde é que a malta vai buscar os ramos de palmeira ou de oliveira?
As peças do Presépio não deveriam ter a marca "CE"?
O incenso espalhado pelos turíbulos pode ser de ópio ou cannabis?
A água da pia ou fonte baptismal não deveria desinfectada com cloro, ou coisas assim?
Os bebés não deveriam estar de touca?
Como é que se controla a qualidade da água benta que é aspergida pelo híssope?
E por fim:
Os vasos dos santos óleos não deveria ser embalado em embalagens munidas com sistema de abertura que perca a sua integridade após a sua utilização e que não sejam passíveis de reutilização?
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Barraca Obama
Hoje, um pouco por esse mundo fora, a esquerda caviar acordou como o tempo em Lisboa; de sorriso acinzentado – v.g. esta sala de fumo. Obama é um fenómeno interessante. Engomadinho, arranjadinho, penteadinho e totalmente oco apesar do discurso calórico (onde é que por cá eu já vi isto?). Uma espécie de fast food vegetariana, fatela até dizer chega, mas que basta para convencer a esquerda parola e folclórica. Por cá adoram-no. É natural. Clinton (ela) não é melhor. Por acaso, assim de repente, até parece bem pior. Obama parece ter queda. Clinton não tem onde cair.
Do lado certo da contenda tudo é menos apaixonante. É natural. Partem derrotados e desgastados pelos erros da administração Bush. Espero que Rudy Giuliani tenha escolhido a estratégia correcta ao concentrar os seus esforços nos Estados com mais peso eleitoral e ainda tenha uma palavra a dizer na eleição Republicana.
As primárias ainda agora começaram e eu não acredito nos cientistas políticos que defendiam antes da eleição de ontem que quem ganhasse New Hampshire ganharia as primárias. Aliás, após os resultados de ontem, duvido que nem mesmo neles próprios tais cientistas acreditem. Para a semana há mais. Todavia, tudo deve ficar suficientemente claro apenas na "super terça-feira" de 5 de Fevereiro. Até lá são amendoins. Mas quem não se diverte a descasca-los?
Do lado certo da contenda tudo é menos apaixonante. É natural. Partem derrotados e desgastados pelos erros da administração Bush. Espero que Rudy Giuliani tenha escolhido a estratégia correcta ao concentrar os seus esforços nos Estados com mais peso eleitoral e ainda tenha uma palavra a dizer na eleição Republicana.
As primárias ainda agora começaram e eu não acredito nos cientistas políticos que defendiam antes da eleição de ontem que quem ganhasse New Hampshire ganharia as primárias. Aliás, após os resultados de ontem, duvido que nem mesmo neles próprios tais cientistas acreditem. Para a semana há mais. Todavia, tudo deve ficar suficientemente claro apenas na "super terça-feira" de 5 de Fevereiro. Até lá são amendoins. Mas quem não se diverte a descasca-los?
Eu cá acho que o melhor seria pôr-nos a todos a andar a pé
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Direitos para a prisão sem passar pela casa da partida
O Blasfémias foi suspenso pelo Google no passado dia 5.
Ao invés do que a esmagadora maioria da blogosfera (dita) séria pensa, este não é caso único no panorama blogosférico luso que se deixa alojar pelo gigante americano. Há alguns meses o mesmo sucedeu com um dos blogues mais lidos em Portugal, o Megafone. Na altura, a blogosfera (dita) séria não ligou patavina ao sucedido. Era um blogue menor, pensava a blogosfera (dita) séria, feito e lido por esses loucos varridos que são os ferrenhos adeptos de futebol (há quem lhe chame ultras; há quem lhes chame hooligans).
Pois é caros amigos. Quando a censura ataca (tome ela a forma que tomar), ataca todos. Desta vez foi o Blasfémias para a próxima será outro qualquer. Os blasfemos que tomem juízo e tratem depressa de mudar de alojamento, pois tão depressa não serão “libertados” pelos “robots”. E todos nós que nos deixamos alojar na casa do Google devíamos pensar em fazer o mesmo.
Ao invés do que a esmagadora maioria da blogosfera (dita) séria pensa, este não é caso único no panorama blogosférico luso que se deixa alojar pelo gigante americano. Há alguns meses o mesmo sucedeu com um dos blogues mais lidos em Portugal, o Megafone. Na altura, a blogosfera (dita) séria não ligou patavina ao sucedido. Era um blogue menor, pensava a blogosfera (dita) séria, feito e lido por esses loucos varridos que são os ferrenhos adeptos de futebol (há quem lhe chame ultras; há quem lhes chame hooligans).
Pois é caros amigos. Quando a censura ataca (tome ela a forma que tomar), ataca todos. Desta vez foi o Blasfémias para a próxima será outro qualquer. Os blasfemos que tomem juízo e tratem depressa de mudar de alojamento, pois tão depressa não serão “libertados” pelos “robots”. E todos nós que nos deixamos alojar na casa do Google devíamos pensar em fazer o mesmo.
Miguel Cadilhe
Há 20 anos, Miguel Cadilhe caía em desgraça:
Ministro das Finanças de Cavaco, conseguiu comprar um apartamento nas Amoreiras por 40 mil contos (há 20 anos...) e parece que teve um pequeno esquecimento quanto à SISA.
Um nota de relevo: são os accionistas apoiantes das manigâncias de Jardim Gonçalves que deram o dito por não dito e - afinal - já não votarão Santos Ferreira: preferem um novo Jardim Gonçalves, com a esperança que este saiba esconder melhor...
é u-u-u-um con-con-junto de pa-pa-pa-tri-mó-ónio com personalida-lida-de jurí-rí-dica
Os Melhores Videos de 2007 (Música)
1.º "Atlas" - Battles
2.º "Our Hell" - Emily Haines & The Soft Skeleton
3.º "Phantom Limb" - The Shins
4.º "Whats a Girl To Do" - Bat For Lashes
5.º "None Shall Pass" - Aesop Rock
2.º "Our Hell" - Emily Haines & The Soft Skeleton
3.º "Phantom Limb" - The Shins
4.º "Whats a Girl To Do" - Bat For Lashes
5.º "None Shall Pass" - Aesop Rock
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
A partir de hoje...
... novo motor de busca na Internet, da Wikia.
Jimmy Wales, fundador da Wikia (que inclui a Wikipedia), lançou mais um projecto de risco e inovador: um motor de busca que, diz ele, em três anos terá condições para competir com os serviços da Google e da Yahoo.
O Wikia pretende ser mais transparente no processo de pesquisa, daí que usa usa um sistema de filtragem e classificação de resultados da pesquisa semelhante ao que é usado na Wikipedia, assim como ser mais interactivo com o utilizador, entre outras novas funcionalidades prometidas. Acompanhemos esta ferramenta, mais uma, de open source.
Jimmy Wales, fundador da Wikia (que inclui a Wikipedia), lançou mais um projecto de risco e inovador: um motor de busca que, diz ele, em três anos terá condições para competir com os serviços da Google e da Yahoo.
O Wikia pretende ser mais transparente no processo de pesquisa, daí que usa usa um sistema de filtragem e classificação de resultados da pesquisa semelhante ao que é usado na Wikipedia, assim como ser mais interactivo com o utilizador, entre outras novas funcionalidades prometidas. Acompanhemos esta ferramenta, mais uma, de open source.
1000 000 000
A TMN processou durante as festas de Natal e Ano Novo mais de mil milhões de SMS, um número que representa mais do dobro das mensagens curtas processadas em 2006 no mesmo período, anunciam os meios de comunicação social. Ora, fazendo as continhas, bom...mil milhões... mil vezes mil... somado aqui, multiplicado acolá...ora bem...a 0,10 € cada uma, em média...x xxx xxx... até já! não, eu digo mais phonix!
domingo, 6 de janeiro de 2008
O beijo das manas Cruz
A rede pelasse por estas coisas tal como o macaco por banana.
Penélope e Mónica Cruz têm um irmão (Eduardo) que gostava muito de ser musico quando for grande. O rapaz perdeu a vergonha e lá gravou uma coisa que nem para deitar fora serve. As manas, sempre embuidas do muy latino espirito de solidariedade familiar, decidiram dar uma mãozinha (na verdade é o corpinho todo que dão) ao mano fuleiro. O resultado é esta coisa que podem ver aqui em baixo. Não deve ser ouvido por ninguém. Mas lá que vale a pena ver a bizarria, ai isso vale.
Penélope e Mónica Cruz têm um irmão (Eduardo) que gostava muito de ser musico quando for grande. O rapaz perdeu a vergonha e lá gravou uma coisa que nem para deitar fora serve. As manas, sempre embuidas do muy latino espirito de solidariedade familiar, decidiram dar uma mãozinha (na verdade é o corpinho todo que dão) ao mano fuleiro. O resultado é esta coisa que podem ver aqui em baixo. Não deve ser ouvido por ninguém. Mas lá que vale a pena ver a bizarria, ai isso vale.
Se é no Benfica então é noticia (de primeira página)
Já todos sabíamos que o Benfica é sempre enorme. Até na desgraça e na miséria. Passamos a saber hoje que o Benfica também o é na vergonha.
Os noticiários da hora do almoço abriram todos (todos é todos) com o jogo do Benfica em Setúbal na noite passada. Porquê? Porque dois empregados do clube aborreceram-se ao serviço de sua majestade tendo chamado um ao outro todos os nomes e dado uma palmadinha de ternura um no outro. Qual é o espanto? Nunca viram? Que atire a primeira pedra quem nunca foi malcriado com um colega de trabalho ou pelo menos cínico e desagradável. Pois é, mas estes operários vestem de encarnado e branco e jogam de águia ao peito. Ao contrario de todos nós têm de ser modelos de comportamento e nunca podem errar. O episódio não engrandece nem embaraça. Todavia como é do Benfica que estamos a falar então envergonha e dará pano para muitas mangas se safarem que o custo de vida aumenta e o povo não aguenta. É o Benfica.
…entretanto, na mesma noite de inverno, parece que a lagartada levou dois secos de uma equipa que veste aos quadradinhos e ainda há umas semanas veio à Luz levar uma cabazada das antigas. Mas como lagarto não vende atira-se a noticia lá bem para o finalzinho do serviço noticioso. De outro lado da segunda circular nunca virá mal ao mundo.
Os noticiários da hora do almoço abriram todos (todos é todos) com o jogo do Benfica em Setúbal na noite passada. Porquê? Porque dois empregados do clube aborreceram-se ao serviço de sua majestade tendo chamado um ao outro todos os nomes e dado uma palmadinha de ternura um no outro. Qual é o espanto? Nunca viram? Que atire a primeira pedra quem nunca foi malcriado com um colega de trabalho ou pelo menos cínico e desagradável. Pois é, mas estes operários vestem de encarnado e branco e jogam de águia ao peito. Ao contrario de todos nós têm de ser modelos de comportamento e nunca podem errar. O episódio não engrandece nem embaraça. Todavia como é do Benfica que estamos a falar então envergonha e dará pano para muitas mangas se safarem que o custo de vida aumenta e o povo não aguenta. É o Benfica.
…entretanto, na mesma noite de inverno, parece que a lagartada levou dois secos de uma equipa que veste aos quadradinhos e ainda há umas semanas veio à Luz levar uma cabazada das antigas. Mas como lagarto não vende atira-se a noticia lá bem para o finalzinho do serviço noticioso. De outro lado da segunda circular nunca virá mal ao mundo.
sábado, 5 de janeiro de 2008
Interferências do Estado no BCP
Por que razão o Estado não haveria de intervir, como accionista, no seu negócio Millenium-BCP?
Para o ano virão os carros?
"Na manhã de terça-feira, 1 de Janeiro, a PSP recolheu 960 invólucros de munições de caçadeira, calibre 12 mm, e pistola, calibre 6,35 mm, deflagrados durante os festejos do Réveillon no bairro da Quinta da Fonte, na Apelação, concelho de Loures. Os disparos terão sido feitos no período compreendido entre as 23h30 de 31 de Dezembro e as 04h00 do primeiro dia de 2008. A PSP recolheu ainda nas ruas 115 partes metálicas de cartuchos de caçadeira, um very light e um pote de fumo usado pelas claques de futebol e ainda dezenas de caixas de munições."
"Sara pediu à mãe que a deixasse ir à festa dos tios na Passagem de Ano e era já de noite quando se juntou às brincadeiras dos primos, na Quinta do Lavrado, em Lisboa. O tio foi à janela na altura em que a sobrinha se entretinha a apanhar lenha, no antigo bairro da Curraleira – e ainda antes da meia-noite ensaiou os festejos com rajadas da sua pistola-metralhadora Star. A menina de nove anos acabou por morrer com uma bala cravada na cabeça e o tio, que se entregou à Polícia Judiciária (PJ), pouco depois já estava de regresso a casa (mais aqui)."
in: o Carvalhadas
Uma grande frase para o fim de semana
Coisas menores
Na RTPN, o segmento de notícias do meio dia assinala o 70.º do rei espanhol João Carlos Bourbon. Normalmente, as agências noticiosas apenas dão conta dos aniversários dos tiranos mais antigos, como Fidel Castro...
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
PALETA DE PALAVRAS LXV
E por esto, Senhor, a mym parece que dos livros que vi de philosophia, este avantejadamente enssyna a cobrar o que os outros fazem amar e desejar. E quem bem o estudar e husar de sua enssynança, entendo que sera fora da pena e doesto que disse. E deste volume os primeiros dous livros, segundo me parecem que teem avantagem do terceiro, e aquelles achei mais claros. O terceiro achey muito scuro, por que reconta estorias e exemplos, e parece que screvia a quem as sabia. E algũas vezes poem pallavra por sentença, e per hũa pequena sentença dá a entender hũa grande estoria. E porem, Senhor, ainda que todo o livro seja mal tornado, este derradeiro entendo que he peor, em tanto que em algũus logares, ainda que nom forom muitos, eu acerca screvia a aventuira, nom entendendo o que o livro dezia. Mas por as razõoes que primeiro disse, ante o quis assy acabar que o leixar remendado com spaços que nom fossem tornados, ou por aquela scureza o leixar dacabar. Por agora fiz como entendi, e se prouver della a vossa mercee, esto ey por grande soldada daqueste trabalho.
"Dedicatoria a D. Duarte", Livro dos Ofícios de Marco Tullio Ciceram, o qual tornou em linguagem o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra. Edição crítica, segundo o ms. de Madrid, prefaciada, anotada e acompanhada de glossário, por Joseph M. Piel. Acta Universitatis Conimbrigensis, por ordem da Universidade, 1948, p. 4
(via Super Flumina)
"Dedicatoria a D. Duarte", Livro dos Ofícios de Marco Tullio Ciceram, o qual tornou em linguagem o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra. Edição crítica, segundo o ms. de Madrid, prefaciada, anotada e acompanhada de glossário, por Joseph M. Piel. Acta Universitatis Conimbrigensis, por ordem da Universidade, 1948, p. 4
(via Super Flumina)
N MÚSICAS XLVI
"Umbrella" - Rihanna (ft. Jay Z)
Pergunta alguém: como é possível ser fã dos Sigur Rós e gostar desta música?
A resposta não é fácil. Gosto de música bem feita, ou seja, bem produzida e 'composta'. Venha de quem vier, sem preconceitos. Como esta que vos apresento. Sem ortodoxias.
Pergunta alguém: como é possível ser fã dos Sigur Rós e gostar desta música?
A resposta não é fácil. Gosto de música bem feita, ou seja, bem produzida e 'composta'. Venha de quem vier, sem preconceitos. Como esta que vos apresento. Sem ortodoxias.
O cancelamento do Lisboa Dakar 2008
Estava longe de imaginar que as minhas primeiras frases arcadianas deste ano seriam para comentar o cancelamento do mítico Dakar. O fim da prova, antes mesmo do seu início, merece mais do que lamentos ou graçolas de oportunidade. Mais do que os gigantescos prejuízos financeiros e dos incalculáveis prejuízos desportivos o cancelamento do Lisboa Dakar 2008 revela em todo o seu esplendor obscuro o mundo em que hoje vivemos. Mais do que tudo a decisão da organização é uma profunda derrota civilizacional para todos nós.
Obviamente que é de uma enorme ingenuidade acreditar na “versão oficial” que diz ser a instabilidade na Mauritânia a causa da anulação da maratona africana. Em causa estava sim toda a segurança da caravana e seus espectadores. A ameaça é seria e grave. Desde logo em Lisboa; desde logo no local da partida da prova que (segundo sei) teve de ser em parte evacuado esta manhã.
Ao mesmo tempo que o cancelamento da prova consubstancia uma derrota infame para o nosso iluminista e secular sistema de princípios e valores, constitui também uma das maiores vitorias para o lado negro da força político-social que ama o ódio e o terror. Repare-se que não chegou a haver um incidente sequer mas sim uma forte ameaça de.
Nunca antes os inimigos da ocidentalidade tinham conseguido tanto com tão pouco.
Obviamente que é de uma enorme ingenuidade acreditar na “versão oficial” que diz ser a instabilidade na Mauritânia a causa da anulação da maratona africana. Em causa estava sim toda a segurança da caravana e seus espectadores. A ameaça é seria e grave. Desde logo em Lisboa; desde logo no local da partida da prova que (segundo sei) teve de ser em parte evacuado esta manhã.
Ao mesmo tempo que o cancelamento da prova consubstancia uma derrota infame para o nosso iluminista e secular sistema de princípios e valores, constitui também uma das maiores vitorias para o lado negro da força político-social que ama o ódio e o terror. Repare-se que não chegou a haver um incidente sequer mas sim uma forte ameaça de.
Nunca antes os inimigos da ocidentalidade tinham conseguido tanto com tão pouco.
Devia era apanhar 20 anos
Foi detido depois de protagonizar vários incidentes numa numa discoteca
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