Caro Paulo Gorjão, não faça isso!
Ficaremos orfãos de um dos melhores blogues nacionais?
Quem mais restará com a sua perspicácia de "spin-detector"?
Quanto à mão de Katsouranis, destaco a análise d'O Jogo:
Katsouranis tem o braço esquerdo completamente colado ao corpo e a bola bate-lhe e sobe, sem que haja qualquer infracção do jogador. Entretanto, o assistente, por precipitação, chama o árbitro que opta por recorrer a uma bola ao solo .
Há "uma palavra" para todos menos para os gaienses?
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A canalha não é o povo. A canalha é a caricatura do povo para a televisão. São os que se juntam à saída de interrogatórios e julgamentos para insultar quem está na mó de baixo. Trata-se da mais abjecta espécie de cobardes. É provável que alguns tenham chorado a sorte da Madeleine McCann como se fosse alguém da família. Não, não é compaixão. Vivem a vida dos outros como se vive uma novela. São tudo personagens, motivo de conversa, uma forma de passar o tempo. Amanhã já se esqueceram. Mas hoje insultam os vilões do momento.
Mais, a Ciência (que não gosta que se se sentir apalpada), também é uma óptima conselheira literária, e neste momento a Ciência diz-lhe para não ler obras de ficção mágica (lá terão "Os Lusíadas" de ser retirados dos programas escolares...):«Pode até haver um dois cientistas confundidos e que gostam de confundir os outros, mas duas ou três andorinhas não fazem a Primavera. Um grupo de dois ou três cientistas não formam a comunidade científica. Alguns cientistas também "se passam" e, nesse caso, as habilitações anteriores não lhes servem de nada...»
«Neste momento quase toda a gente em quase todo o mundo está a comprar "O Segredo" e o "Harry Potter". (...) Mas julgo que só há uma maneira de o contrariar: incrementar a cultura científica, o que passa por mais e melhor ciência na escola. A escola - que deveria transmitir uma atitude científica - é fundamental para não nos deixarmos iludir.»Enfim, é Ciência que nos dá a Verdade, tudo o resto é erro e opróbrio:
Fico à espero de ler no De Rerum Natura uma análise científica com o mesmo nível de desassombramento sobre um livro e sobre uma ideia:«Muitos cientistas pertencem a organizações que defendem o cepticismo e a razão, que estão subjacentes à ciência e que são os meios mais eficazes para nos confrontarmos com a realidade.»
A resposta pode ser enviada directamente para José Sá Fernandes...
«Não vale a pena dar ouvidos aos "velhos do Restelo" (já devíamos ter arranjado uma expressão regionalizada que substituísse o Restelo por uma coisa mais nossa...) que nestas ocasiões gostam de vir dizer que ainda há casas degradadas e outros focos de miséria».
«Igualmente perturbante, pelo menos para mim, é também o alarme social gerado pelos assaltos aos bancos, sobretudo quando se compara esse alarme com o resignado fatalismo que se exige aos não banqueiros, ou seja, a maioria de nós, caso sejamos assaltados ou agredidos. Os portugueses não têm apenas uma justiça cara e ineficaz. Vivem rodeados duma concepção elitista da segurança e do crime: quando se assalta um banco é inequívoco que se tratou de um roubo. Quando o assaltado ou agredido é um qualquer cidadão a quem roubaram o dinheiro que acabou de levantar no multibanco entra--se no domínio do problema social. E é suposto que a vítima seja a primeira a desistir de falar em justiça e a perceber que teve azar.»
A subida das taxas de juro levanta a discussão sobre o que deve ser central na política macroeconómica. A inflação? A tese generalizada diz que a inflação é um imposto que sobrecarrega os pobres. Será. E a subida das taxas de juro, não será um imposto cego que sobrecarrega as classes médias? Pior ainda quando a despesa não pode ser diminuída. Quando a crise é generalizada e os preços aumentam, posso trocar o peixe pelo atum em lata, mas não posso vender a casa amanhã só porque as taxas subiram hoje. Não sendo economista, estou convencido de que os bancos centrais subvalorizaram a relevância da subida do preço do petróleo na inflação, e desvalorizaram a relevância da subida dos juros para o rendimento disponível. Agora, que é tarde, talvez valesse a pena discutir a sacrossanta independência. Pelo menos independência com dever de explicação, não?