quarta-feira, 13 de julho de 2005

Campo Contra Campo (XVIII)

War of Worlds ****



Como todos os grandes filmes, o novo Spielberg é uma gigantesca metáfora.
“Guerra dos Mundos” não é um filme sobre Homens contra monstros, ou ficção cientifica “light-popchunga” com criaturas verdes e simpáticas que chegam alegremente do espaço.
“Guerra dos Mundos” é um filme sobre os Homens, a sua natureza e condição.
Totalmente “apanhado” pelo enorme trauma do 9/11, Spielberg filma gente que foge de um inimigo desconhecido.



“Pai são terroristas”, pergunta a pequena Rachel, magistralmente interpretada por Dakota Fanning (ao oscar, já!) . Mas a pergunta é feita varias vezes...
-“(...)Vêm de outro sitio”, afirma Ray (Tom Cruise)
-“De outro sitio onde? Da Europa” pergunta o desajeitado Robbie (Justin Chatwin)



Noutra (terrivelmente marcante) cena, do céu caem pedaços de roupa. Roupa apenas sem corpos, mas é impossível não nos recordamos das Torres Gémeas em chamas e do voo da morte dos seus prisioneiros. Depois há pó, toneladas dele, comboios em chamas que continuam dantescamente o seu percurso. Destruição e destroços por todo o lado.



Sejamos claros, “Guerra dos Mundos” é um filme de terror.
Mas não são as maquinas que metem medo. Porque elas são conduzidas por seres de “outros mundos”. Também de “outros mundos” parecem ser aqueles que espalham no nosso Mundo o caos, a mentira, a ignominia, a fome a desgraça.. São os Homens que metem medo.
Os belos anos 80 e 90 do século passado já lá ficaram. Hoje, Spielberg, não pode fazer mais “ET´s” ou mais “Encontros Imediatos do Terceiro Grau”. O optimismo vergou. O pessimismo impera, e o verdadeiro medo impregnado no filme, é que os que estão deste lado da barricada se desunam. Enlouqueçam com tudo isto, e não deve ser assim tão difícil. E ai o Homem será o bicho do Homem.



Sobre tudo isto nos fala “Guerra dos Mundos”, e é um filme cheio. Pleno de citações, referências cinematográficas, está lá tudo o que já foi feito; dos filmes de serie B (ou Z?) dos anos 40, a Hitchcock (há quem fale de enorme homenagem a este magico da sétima arte...); do próprio Spielberg a Tim Burton. É também um filme cheio porque muito bem filmado – e não falo dessa coisa chamada efeitos especiais onde tudo é possível. Em “Guerra dos Mundos” vamos encontrar planos clássicos mas reinventados. Mágicos movimentos de câmara e gruas impossíveis.
O filme, dividido em vários blocos de sequências, só não é uma obra prima, porque a o bloco de sequências do “ferry boat”, em Athens, meio caminho entre New York e Boston, tem planos tão mal imaginados, tão mal filmados que chegam a ser ridículos. Como (quase) sempre, no melhor pano cai a nódoa
Mas é um filme grande, do melhor que Hollywood produziu este ano.



PS:Achei que este “Campo Contra Campo” estava demasiado cinzento; vai dai tomem lá alguns cartazes da anterior versão de “War of Worlds” e de outros filmes de serie B. "Os Pássaros" de Alfred também cá moram. Se nunca viram esta obra prima de Hitchcock, inspiradora de tantos, tantos filmes não percam a oportunidade quando surgir. Frequentemente o filme é transmitido na TV.

PSL

2 comentários:

Dr. Assur disse...

"Chama-se Cassandra"????

Porque será que estamos a sentir comichão na testa????

:)

Dr. Assur disse...

C´os diabos. O estimado amigo anda a assaltar-nos a coutada :)