No Natal ofereceram-me “A Circunstância do Estado Exíguo” de Adriano Moreira. O Ilustre Professor que me perdoe (e quem mo ofereceu também) mas apressei-me a troca-lo por algo verdadeiramente mais inútil: “O Sal na Terra” de Pedro Adão e Silva.
Escrevo este post essencialmente por duas razões.
Em primeiro lugar para acrescentar algo ao prefácio de José Tolentino de Mendonça quando escreve no final do mesmo ser este “um dos mais belos livros da poesia portuguesa”. Nos textos ali reunidos o Pedro vai um pouco mais longe, ao discorrer da forma diversa com que o surfista olha, sente e vive o mar face ao comum dos mortais que nunca ousaram passar “a linha de fronteira”. Em bom rigor, nos pequenos textos de “O Sal na Terra”, estamos perante uma nova disciplina: a Filosofia do Surf. Pois é isso que o Pedro ai faz, partindo do ócio (de onde no fundo nasce todo o saber) questiona radicalmente o ser em si e o valor da actividade de abraçar uma onda tirando partindo da sua energia e do seu excelso movimento. Neste livro até podemos estar perante poesia, mas estamos também face a filosofia.
Posto isto, depois, gostava de perguntar um dia ao Pedro, afinal qual será o “prazer supremo”? Navegar numa onda ou sentir, pensar, questionar, escrever sobre essa realidade.
Infelizmente, só entenderá na sua plenitude este post quem tiver a sorte e o prazer de se deleitar com “O Sal na Terra”. Um conjunto de textos magníficos que eu gostava de oferecer a algumas pessoas. Para que pudessem compreender melhor esta paixão assolapada que leva alguns de nós a desejar atravessar de novo a tal “linha de fronteira”, imediatamente após colocarmos o pé do lado de cá.
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