quinta-feira, 31 de maio de 2012
A Deusa
A Deusa está de regresso à boa forma. Em grande forma…
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Escândalo diz ele
Por cá a pouco e pouco, quase sem darmos por isso, vamos perdendo a noção do ridículo. Não é de hoje, certo. Mas o movimento acelera de tal forma que até o observador menos perspicaz se deve aperceber.
É no dia-a-dia, nas mais pequenas coisas, nas relações entre amigos, colegas ou simplesmente desconhecidos com que tivemos o azar de nos cruzar pelo caminho. Mas é também na televisão, quando vemos as patéticas reportagens diárias na SIC sobre o “inside” da Seleção Nacional - a tal que supostamente deve ser de todos nós. É nos jornais, veja-se a infeliz figurinha que o jornal Público anda a fazer em torno do “caso Relvas”.
Mas, enquanto andamos entretidos a aborrecer “o colega do lado” ou a picar o “amigo do peito”; mas, enquanto andamos entretidos com azeiteiros milionários que vão “vencer o Euro”; mas, enquanto andamos distraídos com o malandro do Relvas…, a classe politica continua a apontar o caminho a seguir.
Isto (link) não é um escândalo. É pior; isto (link) é a perda total da noção do ridículo.
É no dia-a-dia, nas mais pequenas coisas, nas relações entre amigos, colegas ou simplesmente desconhecidos com que tivemos o azar de nos cruzar pelo caminho. Mas é também na televisão, quando vemos as patéticas reportagens diárias na SIC sobre o “inside” da Seleção Nacional - a tal que supostamente deve ser de todos nós. É nos jornais, veja-se a infeliz figurinha que o jornal Público anda a fazer em torno do “caso Relvas”.
Mas, enquanto andamos entretidos a aborrecer “o colega do lado” ou a picar o “amigo do peito”; mas, enquanto andamos entretidos com azeiteiros milionários que vão “vencer o Euro”; mas, enquanto andamos distraídos com o malandro do Relvas…, a classe politica continua a apontar o caminho a seguir.
Isto (link) não é um escândalo. É pior; isto (link) é a perda total da noção do ridículo.
terça-feira, 29 de maio de 2012
O Céu das Ondas
Como “todos” sabem tivemos um inverno inesquecível (link). Mas após aquela semana no já longínquo fim de Março vento e ondulações raramente se têm encontrado para nos proporcionar quilómetros de prazer aquático. Os dias piores têm-se sobreposto aos dias melhores e estes, ainda assim, têm vindo acompanhados do sufixo “zinho”.
Hoje era um daqueles dias em que poucos apostariam – benditos sejam os descrentes que é como quem diz no caso em apreço: aqueles que não sabem adaptar as previsões à realidade.
Manhã cedo, entre pontões da anciã Caparica, o aparente tímido swell beijava com determinação a descomunal quantidade de areia acumulada pelo brando inverno. A total ausência de vento transformava a superfície escorregadia num monumental espelho líquido de luz e sal. O resultado: ondas de metro plus, anafadas e bonitas, quebravam de forma simétrica numa harmonia de perfeição absurda. Uma overdose sensorial.
Apenas eu e mais dois viajantes das marés repartíamos o quinhão encontrado no final deste arco-iris improvável. Meia dúzia de ondas depois da minha titubeante entrada comecei a julgar que algo estava errado neste anfiteatro lascivo. “Terei morrido no sono…, vim parar ao Céu das Ondas?”, segredei para mim mesmo.
Quase duas horas nisto. Até a brisa que vem do mar ter acordado e a maré ter invertido o sentido do prazer. Era real. Estava vivo. E, o melhor de tudo, o “Céu das Ondas” tinha sido ali mesmo, naquele pedaço de costa abençoado.
Hoje era um daqueles dias em que poucos apostariam – benditos sejam os descrentes que é como quem diz no caso em apreço: aqueles que não sabem adaptar as previsões à realidade.
Manhã cedo, entre pontões da anciã Caparica, o aparente tímido swell beijava com determinação a descomunal quantidade de areia acumulada pelo brando inverno. A total ausência de vento transformava a superfície escorregadia num monumental espelho líquido de luz e sal. O resultado: ondas de metro plus, anafadas e bonitas, quebravam de forma simétrica numa harmonia de perfeição absurda. Uma overdose sensorial.
Apenas eu e mais dois viajantes das marés repartíamos o quinhão encontrado no final deste arco-iris improvável. Meia dúzia de ondas depois da minha titubeante entrada comecei a julgar que algo estava errado neste anfiteatro lascivo. “Terei morrido no sono…, vim parar ao Céu das Ondas?”, segredei para mim mesmo.
Quase duas horas nisto. Até a brisa que vem do mar ter acordado e a maré ter invertido o sentido do prazer. Era real. Estava vivo. E, o melhor de tudo, o “Céu das Ondas” tinha sido ali mesmo, naquele pedaço de costa abençoado.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Gonçalo Ribeiro Telles
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Dos limites da imbecilidade
As capacidades do Homem sempre foram, são e, provavelmente, sempre serão um dos grandes mistérios da própria humanidade. Se este bicho é capaz de feitos incríveis também é capaz das maiores das imbecilidades. Chamam-lhe “Natureza Humana” e os seus limites são um dos meus assuntos predilectos.
Tudo isto para dizer que não encontro palavras para descrever isto (link). Tentei, mas não consigo.
Tudo isto para dizer que não encontro palavras para descrever isto (link). Tentei, mas não consigo.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
domingo, 20 de maio de 2012
Levar o bodyboard a sério
“John John Florence ganha na terra de Gabriel Medina”, escreve Sara Sanz Pinto no jornal i (link). O que é que uma referência destas faz aqui num blogue de bodyboarders e de bodyboard, perguntam vocês. Tudo, respondo eu.
Na minha opinião, o que o bodyboard dispensa – não de hoje, mas de sempre – é ser entrincheirado num underground qualquer. Na minha opinião, o que o bodyboard precisa é saltar para a linha da frente.
Os textos que Sara Sanz Pinto escreve sobre surf no jornal i – um diário que não sendo grande coisa e que já foi bem melhor, é, ainda assim, muito provavelmente o melhor diário português, apesar de ser dos menos lidos – são uma delícia para os sentidos. Porque são escritos com alma salgada mas, sobretudo, porque levam a serio o objecto sobre o qual versam.
E é neste sentido, com este valor, que afirmo: levar o bodyboard a sério. Porque é, entre outras, com reiteradas ações (um simples texto num jornal) como as da Sara que, no caso, uma dada atividade é levada a serio.
Há todo um longo caminho a percorrer…
[Post pré publicado aqui (link)]
Na minha opinião, o que o bodyboard dispensa – não de hoje, mas de sempre – é ser entrincheirado num underground qualquer. Na minha opinião, o que o bodyboard precisa é saltar para a linha da frente.
Os textos que Sara Sanz Pinto escreve sobre surf no jornal i – um diário que não sendo grande coisa e que já foi bem melhor, é, ainda assim, muito provavelmente o melhor diário português, apesar de ser dos menos lidos – são uma delícia para os sentidos. Porque são escritos com alma salgada mas, sobretudo, porque levam a serio o objecto sobre o qual versam.
E é neste sentido, com este valor, que afirmo: levar o bodyboard a sério. Porque é, entre outras, com reiteradas ações (um simples texto num jornal) como as da Sara que, no caso, uma dada atividade é levada a serio.
Há todo um longo caminho a percorrer…
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Medo dos domingos
Mais um grande texto de Pedro Santos Guerreiro no Negócios (link). Leitura obrigatória.
Enquanto estás dentro de água não estás a fazer asneiras
quinta-feira, 17 de maio de 2012
O Dia da espiga
Muito esquece a quem não sabe, diz o adagio. E, provavelmente, é bem certo.
Tinha ideia de já ter sabido no passado o quê e o porquê do Dia da espiga. Googolei, à wikipédia - mas não só - fui parar e…, se calhar nunca soube bem o que representa, ou devia representar, o Dia da espiga.
Assim de repente, parece-me que faria muito mais sentido comemorar este dia com um Feriado, do que muitos dias santos e afins que não trabalhamos porque alguém um dia decidiu que assim seria.
E vocês..., sabem o que se celebra hoje?
Tinha ideia de já ter sabido no passado o quê e o porquê do Dia da espiga. Googolei, à wikipédia - mas não só - fui parar e…, se calhar nunca soube bem o que representa, ou devia representar, o Dia da espiga.
Assim de repente, parece-me que faria muito mais sentido comemorar este dia com um Feriado, do que muitos dias santos e afins que não trabalhamos porque alguém um dia decidiu que assim seria.
E vocês..., sabem o que se celebra hoje?
quarta-feira, 16 de maio de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
terça-feira, 8 de maio de 2012
Do oceano viemos…
[Post publicado em estéreo aqui e aqui (link). Aos demais autores do Palavras de Sal (link) o meu muito obrigado pelo convite para escrever nessa Casa de amantes do mar.]
Sou um freak. Confesso-me desde já: sou um freak.
Entre ouras coisas porque, no verão ou fora dele, quando vou à praia aproveito o saco da minha refeição para limpar os metros de praia que me rodeiam. Apanho todo o lixo que encontro e deposito-o no caixote próprio. Quando vou fazer umas ondas, muitas vezes, levo um saco de plástico comigo e repito o processo. Vezes sem conta.
Um destes dias entrei na Cova. Já não ia lá há algum tempo. Depois da surfada e da maralha se despedir fiquei por ali. As montanhas de todo o tipo de detritos plantados naquelas dunas, tinham-me feito confusão quando caminhava de prancha debaixo dos braços rumo às ondas. Ao ficar por ali perdi parte do gozo da surfada. É obsceno o estado lastimável e silencioso daquelas dunas: gritam por limpeza!
Hoje, logo da primeira vez que tenho o prazer de aqui escrever, venho vos pedir algo desagradável. O pequeno filme que vos deixo causa-me mais do que tristeza. Causa-me angústia. Não poupo nas palavras: causa-me angústia! Peço vos que o vejam. Que o vejam e que dispensem uns minutos da vossa acelerada vida a pensar no que viram. E que dai retirem ilações. E lições também.
Do oceano viemos…, ninguém, repito, ninguém pode provar que algum dia a ele não regressemos.
Entre ouras coisas porque, no verão ou fora dele, quando vou à praia aproveito o saco da minha refeição para limpar os metros de praia que me rodeiam. Apanho todo o lixo que encontro e deposito-o no caixote próprio. Quando vou fazer umas ondas, muitas vezes, levo um saco de plástico comigo e repito o processo. Vezes sem conta.
Um destes dias entrei na Cova. Já não ia lá há algum tempo. Depois da surfada e da maralha se despedir fiquei por ali. As montanhas de todo o tipo de detritos plantados naquelas dunas, tinham-me feito confusão quando caminhava de prancha debaixo dos braços rumo às ondas. Ao ficar por ali perdi parte do gozo da surfada. É obsceno o estado lastimável e silencioso daquelas dunas: gritam por limpeza!
Hoje, logo da primeira vez que tenho o prazer de aqui escrever, venho vos pedir algo desagradável. O pequeno filme que vos deixo causa-me mais do que tristeza. Causa-me angústia. Não poupo nas palavras: causa-me angústia! Peço vos que o vejam. Que o vejam e que dispensem uns minutos da vossa acelerada vida a pensar no que viram. E que dai retirem ilações. E lições também.
Do oceano viemos…, ninguém, repito, ninguém pode provar que algum dia a ele não regressemos.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
1.º Pingo de Maio
A notícia secreta do feriado de ontem… "Era uma vez, no primeiro dia de maio, um supermercado chamado de Pingo Doce ofereceu 50% de
desconto em compras superiores a 100€..." pode ser o início de qualquer coisa, pode vir a ser mesmo o grande primeiro acto de outras semelhantes (talvez um dia o “Dia do Trabalhador” seja substituído pelo “Dia do Consumidor”), mas este post vai ter outro enfoque, menos lucrativo é certo, que é a “moral” da narrativa comunicativa com que é tratada. A história ocorrida ontem, numa espécie de "1.º Pingo de Maio" constitui um excelente exemplo de como as narrativas são actualmente mediáticas, globais, sistémicas e, crescentemente, “primárias”. Tornam-se assim facilmente fenómenos de "comunicação".
No caso em apreço, relacione-se, por exemplo, o meio de publicitação mais antigo do mundo - o "boca a boca" - hoje tecnológico, e a radical afluência e comportamentos dos interessados. Nada do que ocorreu ontem deveria ser surpreendente, excepto, talvez, os atropelos ao civismo. Na verdade, todos os actores (empresa, empresários, consumidores, trabalhadores) ajustaram as suas escolhas com base em necessidades e preferências que são justificadas pela racionalidade, sobretudo os consumidores (quem rejeita um desconto de 50%?), e potenciadas pela crise económica e social (como podem as classes mais pobres desperdiçar esta oportunidade de comer e beber - de “consumir” - mais e melhor?).
A principal ordem de críticas ou de julgamentos é a que assenta na falta de dignidade por se estar em "filas gigantescas", "dentro e fora do supermercado", "com outras centenas de pessoas", "perdendo-se muitas horas", por um "mero desconto de 50%", restando a final um supermercado com "repositórios de produtos vazios", cenários portanto de um país típico do "terceiro mundo". Tudo isto vi e/ou ouvi, e é razoável perguntar-se: é falta de dignidade estar-se numa fila horas a fio com outras pessoas e pagar nos termos legais? E no Natal, a pagar sem desconto, é mais digno? E se fosse para inscrever um filho num colégio privado, é diferente?! Os media foram terrivelmente cínicos, mas pergunto se é mais digno estar horas a fio para participar num “Ídolos”ou fazer de figurante numa telenovela ou num evento publicitário, eventos que os media tanto tentam enobrecer e valorizar?
A falta de dignidade parece-me ser mais falta de realismo de análise de como o mundo e as preferências individuais mudam, tanto quanto a imutabilidade das necessidades primárias do ser humano, sendo a primeira a de sobreviver. Admito que nem todos tiveram escolhas racionalizadas, mas o que sobressalta desta história é também a falta de liberdade de escolha e residualmente uma certa pobreza de espírito. Mas com sacrifícios notórios aplicados a milhares de pessoas só a falta de escolha parece ser a razão mais plausível e ascendente. Se se concorda ou não, se se julga que todos deveriam lá estar ou faltar, parece-me aqui irrelevante. Facto é que, objectiva e serenamente, esta "moral" ou realidade não é nova, e veio reforçar a fragilidade dos nossos dias, demonstrar o quão rápido e móvel podem ser os comportamentos das classes médias e baixas e a tomada de consciência individual e colectiva, mediática e política, dos cidadãos deste país que vivem com muitas dificuldades diárias e sem discursos de esperança sobre o seu futuro, e que mesmo a trabalhar nesse dia ou na madrugada do dia seguinte não puderam dar-se ao luxo de deixar de estar nas "cheias" de um supermercado no primeiro dia de maio. Parece-me que nesta história a sujeição ao sacrifício de um desconto de 50% é tanto um privilégio dos mais pobres, quanto a declaração de falta de dignidade é uma prerrogativa dos mais abastados. E se alguém pensa que está livre de estar numa fila à 1.º Pingo de Maio, pense outra vez e agora, enquanto só tem efeito moral!
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