Como “todos” sabem tivemos um inverno inesquecível (link). Mas após aquela semana no já longínquo fim de Março vento e ondulações raramente se têm encontrado para nos proporcionar quilómetros de prazer aquático. Os dias piores têm-se sobreposto aos dias melhores e estes, ainda assim, têm vindo acompanhados do sufixo “zinho”.
Hoje era um daqueles dias em que poucos apostariam – benditos sejam os descrentes que é como quem diz no caso em apreço: aqueles que não sabem adaptar as previsões à realidade.
Manhã cedo, entre pontões da anciã Caparica, o aparente tímido swell beijava com determinação a descomunal quantidade de areia acumulada pelo brando inverno. A total ausência de vento transformava a superfície escorregadia num monumental espelho líquido de luz e sal. O resultado: ondas de metro plus, anafadas e bonitas, quebravam de forma simétrica numa harmonia de perfeição absurda. Uma overdose sensorial.
Apenas eu e mais dois viajantes das marés repartíamos o quinhão encontrado no final deste arco-iris improvável. Meia dúzia de ondas depois da minha titubeante entrada comecei a julgar que algo estava errado neste anfiteatro lascivo. “Terei morrido no sono…, vim parar ao Céu das Ondas?”, segredei para mim mesmo.
Quase duas horas nisto. Até a brisa que vem do mar ter acordado e a maré ter invertido o sentido do prazer. Era real. Estava vivo. E, o melhor de tudo, o “Céu das Ondas” tinha sido ali mesmo, naquele pedaço de costa abençoado.
Hoje era um daqueles dias em que poucos apostariam – benditos sejam os descrentes que é como quem diz no caso em apreço: aqueles que não sabem adaptar as previsões à realidade.
Manhã cedo, entre pontões da anciã Caparica, o aparente tímido swell beijava com determinação a descomunal quantidade de areia acumulada pelo brando inverno. A total ausência de vento transformava a superfície escorregadia num monumental espelho líquido de luz e sal. O resultado: ondas de metro plus, anafadas e bonitas, quebravam de forma simétrica numa harmonia de perfeição absurda. Uma overdose sensorial.
Apenas eu e mais dois viajantes das marés repartíamos o quinhão encontrado no final deste arco-iris improvável. Meia dúzia de ondas depois da minha titubeante entrada comecei a julgar que algo estava errado neste anfiteatro lascivo. “Terei morrido no sono…, vim parar ao Céu das Ondas?”, segredei para mim mesmo.
Quase duas horas nisto. Até a brisa que vem do mar ter acordado e a maré ter invertido o sentido do prazer. Era real. Estava vivo. E, o melhor de tudo, o “Céu das Ondas” tinha sido ali mesmo, naquele pedaço de costa abençoado.
1 comentário:
Belo texto! Antropormorfizar o mar :)
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