domingo, 19 de novembro de 2006

a língua

Qualquer definição de língua conduz-nos para um corpo harmonioso, com regras de utilização, de pronúncia, de ortografia e de gramática. Qualquer pessoa de bom senso (e sem sentido paroquial de "nós é que sabemos falar") reconhecerá, por exemplo que a pronúncia brasileira e coimbrã das vogais e de muitas consoantes é a correcta e que, aqui em Lisboa se fala mal como o diabo. Melhor dizendo: em Lejboa... Claro que o brasileiros (não confundir com brasilãiros) também (tambãi) têm (taãim) o problema de não conseguirem pronunciar os "LL" finais (pronunciam Brásiu...) e de dizerem um "J" após alguns "DD", como em "de desenvolvimento" (dji djisenvouvimento). Dito isto, assumido urbe et orbi que a pronúncia brasileira da língua é a que mais se aproxima do português clássico, surge perante nós o novo problema dos "sms", ou melhor, da linguagem utilizada nos sms que, paulatinamente, vai invadindo qual erva daninha os domínios do "bem escrever". Não tenho nada contra a utilização de uma forma que sirva de código abreviado, mas fervo cada vez que alguém me envia um e-mail escrito em "ésséméssêz": é que num computador, ao contrário do que sucede nos telemóveis, a cada letra corresponde uma tecla, logo não se justifica o "axo k ta xeio" em substituição de "acho que está cheio".
A praga é de tal forma demolidora que, na Nova Zelândia (que eu até tinha por um país civilizado), o Governo autorizou a utilização da escrita de telemóvel nas provas escolares. Será interessante observar daqui a uns anos, a dificuldade que existirá na Nova Zelândia em escrever um contrato, uma fórmula química, um problema matemático, uma norma de segurança arquitectónica...
Em conclusão, julgo que a melhor forma de defendermos a língua escrita (já que a falada está tão abstardada) passa por um juízo de censura face à linguagem dos sms fora do seu habitat natural. Mas nada como ler o Público de hoje, onde o assunto é abordado.

1 comentário:

izzolda disse...

Tal como devemos saber a linguagem a utilizar em cada situação, o mesmo se devia aplicar à escrita! A opção da Nova Zelândia não me parece boa, mas eles lá sabem. Espero que aqui nunca se chegue a esse ponto!