terça-feira, 28 de novembro de 2006

Campo Contra Campo (LXVII)

Três pequenas notas sobre três grandes filmes

A Prairie Home Companion - Bastidores da Radio, ****

Agora contento-me em sentar-me na praia e ver as ondas em vez de mergulhar nelas. As palavras (difíceis de ler e duras de entender) são de Robert Altman ao suplemento Y do Publico do passado dia 27 de Outubro.
São filmes como este que nos demonstram como é grande o cinema e como sabemos tão pouco sobre essa arte. A derradeira obra de Robert Altman é um estranho e divertido bailado com a morte. Um filme de estúdio, filmado com classe e harmonia impares, sempre em pequenos espaços paradoxalmente atravancados de memórias e alegria de viver. Foi assim, com um meigo sorriso que Altman decidiu abandonar este local. Encenação quase perfeita. Meryl Strip fora de serie…, e tão bem acompanhada. Estranha-se a falta de inteligência dos nossos exibidores: o filme teve uma carreira discreta nas nossas salas e em Lisboa só pode ser visto no decano Quarteto. Imprescindível!

The Departed - Entre Inimigos, ****

Regresso em grande de outro clássico. Martin Scorsese encontra neste remake um argumento poderoso, brutal mesmo. Filmado com a mestria dos grandes, arejado por um casting de luxo onde o destaque vai totalmente para Jack Nickolson - com liberdadde para quase tudo - esta é uma historia suja, de policias (eternamente…) infiltrados nos bandidos e ratazanas infiltradas na policia. Violento mas não de forma gratuita, temperado com o clima próprio de uma comunidade Irlandesa em solo americano este é um dos grandes filmes da temporada que vale a pena saborear até ao ultimo fôlego.


007 - Casino Royale, ****

Excelente surpresa. Muito mais do que a eficaz realização de Martin Campbell o destaque tem de ir todo para Daniel Craig. O actor britânico monta um Bond clássico (uma personagem à antiga - frio, duro, mau, violento…) que se aproxima do melhor Bond de sempre: Sean Connery. Também aqui o argumento faz toda a diferença; e dando o desconto às inverosimilhanças típicas de um filme de acção, estamos perante uma obra nobre. Quase duas horas e meia que prendem o espectador à cadeira com momentos de verdadeira catarse. Curiosa é a forma como uma historia com quase cinquenta anos (este foi o primeiro livro de Ian Fleming) se adapta aos nossos dias. Aqui reside talvez o maior trunfo da realização. Veja-se, por exemplo, a primeira verdadeira cena de acção (após um genérico épico) que leva aos limites o desporto urbano da moda.
Há muito cinema neste 007. Consistência num filme rodado em meia dúzia de locais diferentes; do estúdio à Praça de São Marcos, das margens do Como, àos luxuosos resorts das Bahamas sempre num verdadeiro bailado de amor e morte.

PSL

1 comentário:

Nuno Cunha Rolo disse...

Tem o toque de Haggis (Paul) no argumento. Talvez por isso não seja de admirar o bom argumento...
NCR