quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Facilitar a vida às pessoas

Em tempo de apresentação de propostas caríssimas para a revitalização da Baixa de Lisboa (já só falta propor um subsídio de penosidade para atrair novos habitantes...), José Tudella, no Público de 22 de Outubro apresenta algumas ideias, simples e baratas, como:

"um funicular [1] moderno, executado sem necessidade de demolições nem cortes de vias, panorâmico, mas sem ofensas paisagísticas (fálicas ou outras quaisquer) desenvolvendo-se na encosta poente da colina do castelo, desde a Rua dos Fanqueiros até à de S.ª Cruz do Castelo, junto à porta de entrada do recinto amuralhado. O tempo de percurso, tal como no elevador da Glória, seria de um minuto e meio, feito numa cabine confortável e ao abrigo das intempéries. Se tivesse uma paragem a meio do percurso, junto à Rua da Costa do Castelo, poderia considerar-se um mini-metropolitano de encosta, idêntico ao de Lausanne. Trepando desde o lago até ao centro urbano num plano inclinado, tem uma paragem a meia encosta para serventia da estação central ferroviária."

"No sentido de facilitar e ampliar o número de acessos mecânicos directos à Baixa, ligando-a directamente aos cumes envolventes, teria ficado bem ao plano introduzir a proposta de montar um teleférico [2] directo entre a Rua Damasceno Monteiro e o sítio de Martim Moniz, junto a uma das bocas de entrada para o metropolitano aí existentes. Esse confortável e panorâmico meio de transporte rápido e directo, de uso comum diário e também turístico, seria também de execução fácil, baixo custo, ausência de demolições, tempo mínimo de percurso e ligação directa entre a Graça e não apenas a Baixa - carenciadíssima de acessibilidades - como também a rede fundamental dos transportes urbanos de Lisboa. A Graça agradeceria... e a Baixa também. "
São duas ideias singelas que, executadas, proporcionariam uma melhoria no quotidiano das pessoas que vivem na Baixa e nas colinas circundantes, funcionando também como infra-estruturas importantes de apoio aos turistas que nos visitam. Além destas duas ideias, julgo que seria interessante pensar também em soluções [3] semelhantes para a encosta nascente do Castelo, ligando-a à beira rio, onde vai ser criado o cais para navios de Cruzeiro, e também ligando a beira-rio aos Panteões, Nacional e Real. Uma outra ideia seria ligar da mesma forma [4] a Praça Afonso de Albuquerque (onde está o Palácio de Belém) ao Palácio da Ajuda e aos miradouros de Monsanto: uma vez mais beneficiariam os residentes e os turistas.

1 comentário:

Pedro Soares Lourenço disse...

Excelente postal.
A questão da mobilidade dentro do casco velho da cidade é quase tão velha como a própria cidade de Lisboa. Recordo que ainda na primeira metade do século passado houve uma enorme discussão pública sobre uma possível ligação por teleférico por cima da Avenida da Liberdade entre o Jardim São Pedro de Alcântara (Bairro Alto) e a colina de Santana.
Na verdade a cidade, maxime o seu único e magnífico núcleo central, está ao abandono à várias décadas. E abandono não é metáfora ou pleonasmo. É o que é!
O que mais me irrita (e irrita bem!) é que sempre que surge uma proposta, sempre que se quer fazer alguma coisa na cidade, se abra um debate público que regra geral faz morrer qualquer processo. Seja ele bom, mau, péssimo ou assim-assim. Isso é patente para quem acompanha diariamente as paginas do local Lisboa no Publico.
Recordo que já no nosso tempo se tentou implementar uma série de escadas rolantes da baixa ao Castelo, um elevador, um funicular…, um pouco de tudo se tem discutido.
Nunca ninguém faz nada! No fim fica sempre o pó.