quinta-feira, 5 de outubro de 2006

5 de Outubro de 1910, a revolução da bandalheira

bandalho s. m., homem andrajoso; desprezível; fig., pessoa sem dignidade nem pundonor; pessoa indecente.

A República faz hoje noventa e cinco anos. Depois de uma infância pobre e desgraçada teve uma adolescência conturbada e problemática Ao entrar na idade adulta, sofreu um rude golpe ao ser atirada para uma ditadura campónia e imbecil. Apenas se libertou desse jugo já era idosa; tarde demais para se recompor e viver uma velhice digna. Hoje a República mais não é do que uma anciã cansada, gasta e entrevadinha que perdeu a esperança numa vida salubre. É pobre. Está podre e fede. Como se dizia antigamente anda pelas ruas da amargura.
Sempre soubemos que naquele dia 5 de Outubro de 1910, meia dúzia de pategos, arruaceiros e bandalhos, saíram à rua para proclamar a dita. Mas hoje sabemos muito mais. Ou melhor, só não sabe quem não quer.


Como bem nota Rui Ramos na Revista Atlântico deste mês, “a chamada implantação da Republica em Outubro de 1910 não representou um passo em frente na progressão cívica imaginada pelos libertadores, mas um violento passo atrás (…)”. O iluminismo constitucional (Liberdade, igualdade, fraternidade) já era característica e qualidade do período da Monarquia constitucional.
Tal como hoje é claro que o assassínio do Rei D. Carlos, em 1908, foi obra de bandalhos ligados à Maçonaria, por via da carbonária – apenas indirectamente conotados com os ideais Republicanos, claro é também que os bandalhos do Partido Republicano Português nada mais desejavam que tomar de assalto o poder, restringindo com violência – por vezes bárbara – os direitos cívicos elementares, já há época assegurados, ainda que por um regime frágil e decrépito.
A bandalheira foi de tal ordem que, ainda segundo Rui Ramos, “(…) em 1878, sob a monarquia constitucional, 72% dos homens adultos dispunham, de direito de voto; em 1913, sob a Republica apenas 30% (…)” dispunham desse direito fundamental.
A República faz hoje noventa e cinco anos. Como sempre haverá festarola. Digna do que se comemora. Este ano até um desfile de carros antigos (link)
Um desfile de carros antigos para comemorar o regime. Só visto. Só na Republica Portuguesa!
Nunca como hoje, fez tanto sentido recordar a anedota que passo a citar de cor:
O meu pai chumbou no último ano do curso de direito por uma resposta considerada insolente. No exame oral, o professor perguntou-lhe. Olhe lá, qual é o maior veneno que você conhece. Ao que o meu Pai respondeu: O partido republicano de que Vexa faz parte.
Hoje, tal como ontem e como sempre abaixo a Republica.
Viva o Rei!

PSL

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