quinta-feira, 15 de setembro de 2011

PortugalALIEN

A relação entre a política e o comum dos mortais cidadãos portugueses caracteriza-se, sobretudo, pelo forte sentimento e comportamento de alienação. Alienação no sentido de se considerar mais o “dizer” da política, do que o “fazer” das suas finalidades e consequente avaliação. Alienação no sentido de falta de profissionalismo com que são mergulhadas nos media e na opinião pública as “medidas” que se pretende implementar. Alienação no sentido da arbitrariedade com que se escolhe os meios e os modos de relacionamento e participação dos actores que, muitas vezes, são quem vão ter que aplicar a política e deles também dependerá o sucesso da mesma. Alienação no sentido de não se ter em conta as diversas lógicas destes mesmos actores e, paradoxalmente, a final ficarem capturadas por estes, culminando no prejuízo e retrocesso dos valores da lógica societária ou comunitária.

Por exemplo, a política actual de redução de cargos de dirigentes na AP: é “boa notícia”, per si, na perspectiva popular ou mediática apresentar “números” e percentagens estonteantes de reduções de 20%, 30%, de dirigentes ou funcionários. O povo opinante aplaude e pensará tout court que se poupará dinheiro, certo? Sim ou não?... Como é possível “conceber” (estou a ser generoso para o executivo) políticas públicas sem estudos ou fundamentos mínimos e razoavelmente reflectidos? Como se pode pensar automaticamente que uma “boa política sustentável, moderna e progressista” é reduzir pessoas (que já é entendida como redução de “custos”/despesa!) antes de se equacionar reduzir outros custos e despesas com não pessoal? Como os cidadãos podem tolerar, aceitar ou defender para o sector público o que discordam para o sector privado?! Como se pode entender de forma imediata e acrítica que as “melhores políticas” são as que desprezam as lideranças, o capital intelectual e a responsabilização das organizações, sinais catastróficos sobretudo para o serviço público?

Há aqui qualquer coisa de alienígena e de alienação neste filme... e assim se vai projectando um guião de políticas com dez milhões de passageiros.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estas águas são muito difícies de separar ... das verdades que diz, nem tudo é tão verdadeiro ... eu sou F.P. e sei que a redução de chefias em boa verdade tem muita razão de ser: essa coisa de ser chefe sem subordinados é aberrante, assim como é aberrante acusar sempre os mesmos e sermos sempre os mesmos a pagar a maior factura!
Cmp.