sexta-feira, 28 de março de 2008

Portishead no Coliseu de Lisboa

Quem lê a reportagem "Portoshead" de Vitor Belanciano no P2 do Público de hoje sobre a actuação da banda britânica no Porto na passada quarta feira, ficará com a ideia que caso não tenha ido ontem à Rua das Portas de Santo Antão, perdeu uma noite épica. Já sabemos que os media não vivem sem heróis, mas todos os engodos têm limites.
Pelo que conta Belanciano, a noite do Porto não terá sido muito diferente da de ontem em Lisboa. Casa cheia, nostalgia no éter e expectativa a rodos. Mas dizem os livros que essa coisa das bandas consagradas apresentarem discos ao vivo sem o grande público os ter ouvido, não costuma resultar em bonito serviço. A nova roupagem musical dos Portishead é de bom pano e fino recorte, mas o que o meu povo gosta é das musicas antigas. Não se pode amar aquilo que se desconhece…
Foi uma noite boa, sem duvida. Mas longe de ser épica ou sequer inesquecível. O que "Third" perde em bucolismo e introspecção para os anteriores trabalhos, ganha em vitalidade e grandiosidade sinfónica. Por vezes, o novo som dos Portishead, faz lembrar Sigur Rós, no movimento elíptico de construção/desconstrução/construção como as musicas vão evoluindo. Há ainda uma pitada a menos de electrónica, mas muito mais intensidade eléctrica. Saúda-se ainda o excelente regresso de Beth Gibbons, com uma voz mais limpa e plena de vitalidade. Aquela voz, aquela mascara de suave sofrimento estranhamente delicioso, são a alma da banda.
Mas as bandas não vivem só de memórias. A cada novo trabalho há todo um novo árduo caminho a calcorrear. O Olimpo também tem um cemitério, e o que não falta para ai é jovens jeitosos candidatos a Deuses. Os Portishead que se cuidem. Trabalhem e voltem sempre, pois tocar faz-lhe bem. Nós cá estaremos para cobrar. Pois ao contrario dos jornais, os blogues são feitos por Homens, para Homens e pelos Homens.

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