segunda-feira, 10 de março de 2008

Campo Contra Campo (CVI)

Der Blaue Engel - O Anjo Azul, 1930 (*****)

No reino das sombras de que é feito o cinema...
Ando há dias a escrever mentalmente (e não só) este post. Talvez seja mais fácil começar pelo principio: É ou não "O Anjo Azul" uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos?
Raramente um filme foi para mim tão difícil de descodificar. Quando estreou em Berlim, a 1 de Abril de 1930, o mundo "coisificado" era muito diferente. A moldura de "O Anjo Azul" é composta por um tempo entre guerras. Um passado em tons de cinza. Cinza essa que ainda assim enevoa os sonhos do presente. A moldura de "O Anjo Azul" é ainda composta, num dos muitos paradoxos do filme que consagrou Marlene Dietrich, de elementos marinhos; mas de um mar que nunca vislumbramos. Tal como o canto das sereias; nunca as vemos, apenas as escutamos.
Mas algo permanece imutável nestes quase 78 anos. As necessidades e emoções básicas do ser humano de hoje, são as mesmas de ontem. A crueldade estará sempre mais ou menos presente no nosso espirito, temos fome, precisamos de amor e carinho, a linha entre a mente sã e a loucura mantém-se fatalmente ténue. Será disto que trata (e retracta) "O Anjo Azul"?
Ando há dias a escrever este post. Poderiam ser meses que nunca "saíria" nada de jeito. "O Anjo Azul" é provavelmente o filme mais perturbante que vi até hoje (e já foram uns quantos…). O que vagamente começa por parecer uma simples pantomina, transforma-se em pesadelo com traços surrealistas. Tal como o Professor Rath, também nós nunca mais seremos os mesmo depois de "mergulhar" no cabaré Blaue Engel.
Só posso dizer mais uma coisa: preciso de rever rapidamente "O Anjo Azul".

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