sexta-feira, 29 de abril de 2011
Uma obra-prima da Herança da Humanidade
Pouco depois das sete da manhã. Discuto pela enésima vez com um putativo “gardian de l’ auto”. Desta feita recuso-me vigorosamente a ser (mais uma vez!) extorquido e pago apenas um quinto do valor pedido. Esta é a pior face marroquina. Gente e mais gente que quer ganhar dinheiro fácil sem fazer rigorosamente nada para tal. A culpa é nossa do turista ocidental…, que acha graça e vai colaborando na jogada.
Ainda não são sete e meia da manhã. Subo a Boulevard Abdelkim Al Khattabi em direcção à estrada que me levará à longa viagem de regresso. Pelo menos pela segunda vez nesta viagem escapo por um nanossegundo ao acidente rodoviário. Em Sifi Ifni quase atropelei um tresloucado que saiu de um mini -bus em direcção à estrada sem olhar para lugar nenhum. Aqui foi mesmo um mini-bus que faz inversão de marcha em cima de um risco contínuo. Desta feita foi mesmo rés-vez.
Tanger, porto, perto das duas da tarde. Por poucos minutos perco o ferry para Tarifa. Fico ali a olhar enquanto o enorme barco parte, preso nos ridículos procedimentos de segurança da fronteira marroquina. Fico com a sensação que poderia ter trazido os quilos de haxixe que me apetecesse e fico com a certeza de que não vou estar logo à noite (ontem à noite) na Catedral para ver o nosso Querido Clube numa meia-final europeia.
Já no deck do enorme barco fico a saber via telemóvel o que se tinha passado nessa manhã no coração da cidade onde de manhã cedo tinha acordado. Na altura nem me apercebi bem da factualidade…, só mais tarde, primeiro a ouvir a Cadena Ser enquanto cruzava já noite cerrada a serra de Aracena, depois já em casa a ler os jornais on line, é que apercebo dos factos.
No inicio deste milénio a UNESCO baptizou o local deste atentado, a Praça Jemaa el-Fnaa, nem mais nem menos como “obra-prima da Herança da Humanidade”. Com esta é a terceira vez que visito este local único. E estas são as palavras certas para descrever o que é a Praça Jemaa el-Fna. Praça a que nenhuma imagem faz jus. Só mesmo estas palavras que repito: obra-prima da Herança da Humanidade.
O silogismo final de tudo isto é simples para quem leu este texto com a mínima atenção. Sobreviver não é nada de especial. No Rossio ou na Jemaa el-Fna no delta do Nilo ou do Mekong, numa estrada alemã ou vietnamita. Milhares de milhões sobrevivem à sua maneira diariamente. A sorte de um homem é escapar, diz-se.
Duro, duro é ver que apesar de dezenas de séculos de Historia, Cultura e Desenvolvimento a natureza humana é tão rica mas ao mesmo tempo tão negra que continua a produzir indivíduos (e grupos de indivíduos) autofágicos que têm apenas como escopo a tentativa de eliminar a profunda riqueza da sua própria raça.
Nunca o conseguirão; nunca!
Alívio
Ainda assim, sendo um destino frequente para os portugueses, convém manter alguma atenção aos relatórios de segurança que forem sendo emitidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
domingo, 24 de abril de 2011
quinta-feira, 21 de abril de 2011
A PSP no Benfica - Porto
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Postal de Marrocos
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Listas
Está uma rica tarde para…
Ver a forma absolutamente perfeita do mar no dia um (ontem) do O’Neill Coldwater Classic na Escócia (link).
Responder a esta questão (link).
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Fernando Nobre, por Homens da Luta
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Um dia vou regressar a Marrocos…
domingo, 10 de abril de 2011
E assim terminou a festa do Partido LOL...
sábado, 9 de abril de 2011
Arcádia no Congresso do PS
Um assunto cada vez mais difícil de ser ignorado.
Dois terços do Arcádia no Congresso do PS
Para já, aqui fica uma foto minha e do Ruben Eiras. Assim que possa, caso a bateria o permita, colocarei uma foto de dois terços do Arcádia no XVII Congresso do PS: eu e o Nuno Rolo.
Não estamos em tempo de embarcar em aventuras perigosas
Por uma vez concordo com Sócrates. Hoje, por exemplo, ficámos a saber que o número de casais desempregados subiu 171% em quatro meses. Os casais em que nenhum dos cônjuges tem emprego passaram de 1530 em Outubro para 4152 em Janeiro (link).
Temos mesmo de concordar com Sócrates. Aventura perigosa (e suicida) foi nele confiar os destinos do país não uma mas sim duas vezes.
Já basta. Como diz hoje Manuel Queiroz, ontem houve mais "Portugalling" na forma como José Sócrates contou outra vez a história do bandido sobre o que aconteceu com o pedido de ajuda externa, que todas as evidências apontam que era inevitável depois de se dobrar a dívida portuguesa em seis anos. Dizer que a culpa é dos outros, da oposição, quando o país não aguentou duas semanas de demissão do governo, é coisa que nenhum português conseguirá compreender, fora eventualmente aqueles que estavam ontem à noite a ouvir o líder na Exponor (link).
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Sócrates pôs Portugal a pedir
Leitura obrigatória para a crónica de hoje no i de Bruno Faria Lopes porque “com políticos assim, Portugal não precisa de inimigos”
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Eu hoje acordei assim
Ainda mal tinha aberto a pestana e cruzei me acidentalmente com esta musica. E não se por que raio me emociono até às lágrimas sempre que a oiço assim, acidentalmente. Era só mesmo para dizer isto.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
O dilema
Vale o velho adágio: uma imagem vale mais do que mil palavras.
De corda ao pescoço
terça-feira, 5 de abril de 2011
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Abanar a anca cinco minutos por dia nem sabe o bem que lhe fazia (XXXVIII)
domingo, 3 de abril de 2011
Para alguma coisa há-de servir...
sábado, 2 de abril de 2011
Agora sim, é tempo de utopias
O futuro está nas nossas mãos e, ao contrário do que diz Cavaco, são dias inteiros que só dependem de nós.
Sabemos onde errámos? Sim. Errámos ao pensar que um presente confortável nos daria um futuro seguro. Errámos ao não desconfiar daqueles que nos governaram nos últimos trinta anos e que construíram um país à sua medida e que estamos a pagar. Com juros cada vez mais altos.
Ao contrário do que diz Cavaco, agora sim, é tempo de utopias. De sonho. De ambição.
To dream the impossible dream
To fight the unbeatable foe
To bear with unbearable sorrow
To run where the brave dare not go
To right the unrightable wrong
To love pure and chaste from afar
To try when your arms are too weary
To reach the unreachable star
This is my quest
To follow that star
No matter how hopeless
No matter how far
To fight for the right
Without question or pause
To be willing to march into Hell
For a heavenly cause
And I know if I'll only be true
To this glorious quest
That my heart will lie peaceful and calm
When I'm laid to my rest
And the world will be better for this
That one man, scorned and covered with scars
Still strove with his last ounce of courage
To reach the unreachable star
Da usura
O que São Basílio Magno (séc. IV) escreveu sobre a usura é temível: "Os cães, quando recebem algo, ficam mansos; mas o usurário, quando embolsa o seu dinheiro, irrita-se tremendamente. Não cessa de ladrar, pedindo sempre mais... Mal recebeu o dinheiro e já está a pedir o dinheiro do mês em curso. E este dinheiro emprestado gera mal atrás de mal, e assim até ao infinito." Por isso, o Concílio de Latrão, em 1179, proibiu aceitar esmolas dos usurários, admiti-los à comunhão e dar--lhes sepultura cristã.
Hoje a isto chama-se os mercados financeiros, com a sua lógica devoradoramente insaciável. Portugal sabe-o por experiência. Quem não viu veja e quem viu reveja Inside Job.
Anselmo Borge, Diário de Notícias