segunda-feira, 27 de julho de 2009

...para a outra margem

Eduardo Catroga escreveu no Diário Económico de 4.ª feira passada um longo artigo onde procurou demonstrar «que não houve consolidação orçamental nos últimos anos» e acusa implicitamente o actual Governo de ter sido pouco corajoso nas escolhas políticas e nas opções orçamentais. É de facto incrível o que se pode ler num jornal tão sério de um senhor tão qualificado como o ex-Ministro das Finanças, salvo erro dos últimos anos do Governo maioritário de Cavaco Silva. Curioso é poder ler-se apenas este tipo de "artigos" oportunos quando se está de fora das funções governamentais. Outra situação típica, comprovada neste mesmo Jornal diariamente, é ver fazedores de opinião económica que nunca exerceram cargos políticos, nem quiseram, mas cuja grande parte do seu discurso é assimétrico ao seu rendimento proveniente do Estado, incluindo a aposentadoria. Bom, mas incrível, incrível, é ver a filada de ex-Ministros que se encavalitam para bradar que há que ter coragem política para "reformar" a economia nacional, por isto e por aquilo. Desde Silva Lopes, Medina Carreira, João Salgueiro, Miguel Cadilhe, Bagão Félix a Campos e Cunha, todos escrevem e discursam para a Nação exigindo mais coragem, mais cortes, mais transparência, menos despesa (sobretudo com pessoal), mais receita, menos défice, menos intervenção na economia, etc, etc, etc. Não sei se as pessoas depois de passarem pelo Governo, desculpem, pela pasta das Finanças, ficam clarividentes e iluminadas por um espírito superior de "verdade" e de "saber", mas há qualquer coisa de errado nesta tendência afonsina de bater na mãe-política, isto é, a orçamental. Duvido que Basílio Teles, José Relvas ou Mendes Cabeçadas ressuscitem para me esclarecer se esta tendência é inata, mas há aqui qualquer coisa de errado. Na minha opinião, das duas uma: ou nós, portugueses, somos governados por uma Matriz política inautêntica, e estamos todos numa alegórica incubadora da realidade, ou uma nova Secretaria de Estado sob a tutela do Ministério das Finaças deve ser criada, a qual proponho, desde já, que se chame "SE da Passagem Governamental", que podia consistir no seguinte: dar oportunidade a que cada português seja governante por um minuto (penso que deve ser suficiente, para todos) e assim possibilitar a todos, o povo, a renascença de um novo homem, português, mais corajoso, determinado e sábio. Ah, e já agora, que dê direito a uma (passagenzinha à) reformazita, afinal de contas, tradição é tradição. O Sol quando nasce é para ambas as margens: esquerda e direita.

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