Quando tinha seis anos, no fim da década de setenta do século passado, fiz a minha primeira grande viagem. O meu pai tinha acabado de comprar (usado como novo…) um Volkwagen Carocha que tinha a curiosidade de ter a minha idade e de ser muito amarelo. Um amarelo nem torrado nem desmaiado. Vivo. Lindo.
O “meu” Carocha era lento, soube mais tarde que tinha apenas 34 cavalos. E pesado, muito pesado. Mais tarde soube também ter quase tonelada e meia. Valores ridículos nos dias que correm. Ah! E gastava imenso, embora andasse tão pouco.
Nunca mais esqueci esta viagem. Nunca mais esquecerei tal viagem.
Saímos muito cedo. Apesar de ser verão o céu ainda era de um azul mais escuro que claro. Sol nem vê-lo pelo menos até Vila Franca de Xira. A auto-estrada acabou logo depois no Carregado. Depois pude ver num só dia, para alem do Tejo na Lezíria, o Castelo de Leiria, o Mondego em Coimbra, a Beira Litoral, o Douro no Porto, a Senhora do Sameiro de onde se vê Braga por um canudo e enfim, mais de doze horas depois, a vila que era o nosso destino, banhada pelas cristalinas e frias aguas do Lima.
Eram viagens cansativas mas fascinantes. Um traveling sem fim onde num único dia podíamos contactar com gentes, pronuncias, modos cheiros e sons tão diferentes.
Enchem estas memórias o alvo fundo deste ecran, porque ontem me invadiram o espírito quando vi Cars/Carros a ultima produção da magia da Pixar.
Cars é um filme sobre essas estradas abandonadas, esses caminhos não mais trilhados mas também sobre muitas outras “coisas do costume” nestas produções muito animadas. Sempre com aquela pitada de moral que se deseja num “desenho animado para todos”. Desta vez a lição é: a vida é uma coisa seria de mais para ser vivida a correr atrás de taças. Slow down.
E ainda bem que fora dos filmes os carros não falam…
PSL
1 comentário:
Estou com muita curiosidade para ir ver! Agora que não conduzo todos os dias, chego a ter saudades do meu carrito :)
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