domingo, 6 de março de 2011

Campo Contra Campo (CLVI)

Somewhere - Algures, **

A doutrina (leia-se, critica cinéfila) divide-se. Para uns estamos perante (mais) uma obra-prima de Sofia, para outros a ascensão da realizadora termina aqui com um filme pouco melhor do que lixo.

Em Somewhere Sofia tenta extrair o Manoel Oliveira que vive dentro dela – não admira que Veneza tenha gostado tanto dela ao ponto de lhe ter atribuído o seu troféu máximo. Todavia não é Manoel quem quer mas sim quem pode, acabando Sofia, tal como o espectador, perdida num mundo cheio de nada que se traduz num filme vazio, onde os silêncios não conseguem nunca preencher os espaços devidos.

Somewhere é assim um filme decepcionantemente fraco. Por vezes simplório, outras aborrecido, até. Salvando-se apenas a banda sonora e algumas maminhas lindas que por ali pululam. Pouquíssimo…

4 comentários:

analima disse...

Não concordo, de todo, com esta opinião. :)

Pedro Soares Lourenço disse...

Ok, Ana. Mas seria mais interessante saber porque é que não concordas. ;)

analima disse...

Bem, não quis estar a chatear muito, mas sendo assim… mesmo não falando de tudo…
Aprecio bastante os filmes de Sofia Coppola. E este é o género de filmes de que eu mais gosto (não querendo dizer com isto que não gosto de outros). Não há heróis, não há cenas espectaculares, não há efeitos especiais visíveis, não há histórias rocambolescas… dito assim parece que não há nada. Mas não é verdade. Para além da banda sonora, magnífica, e das maminhas lindas :) , ele está cheio de imagens belíssimas presentes nos exteriores nocturnos, nas estradas que são percorridas, nos quartos impessoais. A forma como se filmam determinadas cenas (o acto de percorrer os corredores do hotel, a feitura do molde da cabeça, aquela em que o colchão na piscina se vai afastando do enquadramento da câmara) deixam-me com um sorriso de prazer.
E depois os sentimentos que não são verbalizados mas adivinhados. A opressão causada por uma sensação de vazio interior que transparece nas acções do protagonista, a quem nunca atribuimos demasiada importância (porque a personagem não a tem). A imagem do mundo do cinema nos EUA e da solidão que sabemos que existe mas normalmente não vemos desta forma nos filmes daquele país.
E a fantástica Elle Fanning. Uma miúda que só o é na idade.
É um filme que se limita apenas a mostrar, como se fosse uma fotografia, deixando-nos a tarefa de o interpretarmos, sem se impôr. Mesmo sem nos dar uma solução porque “a solução” não existe. E é bom um filme ajudar-nos a lembrar isso. :)

Pedro Soares Lourenço disse...

Parabéns Ana..., deixas me sem palavras..., e argumentos; obrigado pelo teu comentário :))