terça-feira, 4 de outubro de 2005

Tão pequenino e tão pobrezinho



É um país feito à sua medida, a medida dos pequeninos. Nem sequer foi feito a olho da mediania, do tamanho das pessoas que lá vivem, em média de estatura média. Não, é mesmo pequenino, tão pequenino que quando alguém se levanta acima das alturas dos outros, estes tratam logo de o fazer descer.

- Pois então, quem é que tem o direito de julgar-se acima dos outros? Inteligência? Ambição? Dinamismo? E os outros são o quê?! Estúpidos?

Este país é tão pequenino que as ideias só têm eco quando são ditas no estrangeiro, porque o que vem de lá só pode ser bom.

- Então! Se eles são mais ricos que nós, com maiores ordenados e melhor saúde, é porque são bons.

As pessoas deste país também são boas, apenas com menos oportunidades. Há poucas oportunidades.

- Ah, não há? Olhem para Espanha, já compararam o salário mínimo? E os ordenados? E as auto-estradas? Aquilo é que é, tudo ali direitnho e maneirinho. E os hospitais, tem-se consulta logo na hora!

Pobre país este. É mesmo pequenino. Deve ter sido desenhado ao metro por quadrado negativo.

- É uma tristeza, até os cafés são pequeninos, concorrendo com as chávenas e os copinhos de vinho tinto. Lá fora é uma copo grande e frágil, feito de plástico. Mas mais vale grande que pequeno, ora bolas!

Sim, grande é que tem de ser, como a duração das obras públicas ou as derrapagens financeiras ou a protecção do Estado. Este país é muito pequenino. Se o Estado não o proteger, coitadinho, ainda poderá ser engolido por outro estado mauzão!

NCR

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