quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

N PERGUNTAS III



Leio no The Economist que Richard Laylard , professor de Economia na London School of Economics, no seu livro “Happiness: lessons from a new science” tenta responder à pergunta seguinte: se no último meio-século a média dos rendimentos duplicou, a esperança de vida cresceu consideravelmente e a qualidade de vida aumentou em todas as áreas, porque é que (e segundo as sondagens feitas) grande parte da população dos países mais desenvolvidos considera que não são mais felizes?!

A tese de Laylard é a de que nas sociedades desenvolvidas, por cada pessoa que ascende ‘materialmente’, é uma pessoa que se perde psiquicamente. A ascensão profissional ou social poderá ser uma queda pessoal.

Por outro lado, Laylard questiona a busca da grandeza da felicidade em preterição da da liberdade. E o que as pessoas preferem? É que se a felicidade depende mais de nós, a liberdade só pode ser vivida se a ‘sociedade’ for livre.
Será que «the pursuit of happiness is a private matter»?

Noutras leituras, noutra revista, acabo de ler um artigo que suscita reflexão sobre o mesmo fenómeno. Um artigo sobre a Roménia actual. A memória do povo tem tanto de fantástica como de impiedosa.

Nicolau Ceausescu, como se sabe, foi o ditador que presidiu aos destinos da Roménia durante 22 anos, tendo sido executado na noite de Natal de 1989, em plena Praça de Timisoara (se a memória não me falha). Encontra-se indigentemente sepultado numa campa onde o seu corpo está virado, literalmente, de pernas para o ar, ou seja, com o corpo ao contrário do que é normal estar numa campa (com os pés no lugar da cabeça e vice-versa) para que a sua entrada no Céu seja sempre um insulto a Deus.

O que descubro nesse artigo é que os romenos estão descontentes com o seu actual país:

"Yes, it was better under communism. You had a job, a house, a car, But you could not have your own thoughts."

«In Ceausescu’s Romania, there was nothing to buy, but we had money. Now, there’s everything to buy but we have no money”

Ora aqui está algo que nos faz parar: afinal de contas, o que é que as pessoas procuram?

NCR

1 comentário:

Anónimo disse...

Essa sim é efectivamente uma boa questão...Afinal o que procuram?
Vou contar-te uma pequena história...há muito, muito tempo, estavam os Deuses reunidos no Olimpo quando se levantou esta questão...o que fazer com a felicidade dos homens, como poderiam eles protegê-la, escondê-la para que os homens não a destruissem...Um dos Deuses disse:
- Vamos escondê-la na mais alta montanha...; - não, ripostou o outro, eles iriam encontrá-la!- no mais profundo dos oceanos...;- na face escura da lua;...
Todos concluíram que de nada serviria escondê-la em qualquer destes sitios, porque inevitávelmente o homem a encontraria...Até que um deles disse: - E que acham se a distribuissemos por cada um dos seus corações...vão estar tão ocupados a procurá-la no exterior que nunca se irão lembrar que ela estará bem junto deles...:-) Assim foi!
Lília