Mais uma vez, Sócrates transforma o revés governamental numa excelente deliberação do Governo e numa vitória para o país. Ou seja, rejeita a acusação de ter seguido anteriormente uma má política para o novo aeroporto nacional com fundamento, precisamente, no argumento utilizado por aqueles que defendiam uma localização contrária para a construção da nova infra-estrutura aeroportuária, e que veio a singrar. Ainda vai mais longe, como que para acentuar a sua imaculada visão nacional, dando uma outra obra há muito reivindicada pela sociedade civil activa: uma outra ponte, não ferroviária, mas rodo-ferroviária.
Em torno deste facto político, decisivo para a débil competitividade nacional, ninguém faz a pergunta que senta Sócrates na ágora de Delfos: se o estudo teve por base uma iniciativa bem sucedida, técnica e cientificamente, bem como junto da opinião pública, e se desde 2005 que o Governo afirma, repito: afirma, que a OTA era a melhor localização, então, porque sempre, antes e durante o seu mandato, rejeitou estudar a localização do Campo de Tiro de Alcochete, em Benavente, sugerida há alguns anos por diversas personalidades científicas da matéria em causa, nomeadamente o Professor José Manuel Viegas? (Recordam-se do Prós & Contras do ano passado sobre a localização da construção do novo aeroporto, em que a maioria dos presentes era a favor da OTA, sendo aquele respeitável professor quase trucidado pela sua defesa no Campo de Tiro? Lembram-se da posição do presidente do LNEC, que também lá estava?).
Em rigor, e sem radicalismos, a OTA não era, nem é, uma má solução, como ficou aliás comprovado pelo estudo dos consultores e funcionários do LNEC, antes não era a melhor opção para o país (daqui em diante, será previsível a “demonização” da OTA, mas não alinharei em carneiradaem inúteis de deterioraração da política e imagem deste Governo).
Esta viragem técnica, científica e política sobre a localização do novo aeroporto (sim, porque levanta-me algumas dúvidas a integral imparcialidade e objectividade deste tipo de estudos) deve-se a uma parte (legitimamente interessada) da sociedade civil, sim, em rigor, à CIP, também, mas com todo o rigor, deve-se ao Professor José Manuel Viegas, quem sugeriu o estudo à CIP.
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