segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A bolsa e a vida

Em Portugal, noticiosamente falando, a bolsa é como o trânsito. Só é noticia quando há choques. Claro que existem, para a bolsa, aqueles minutinhos diários nos canais de cabo com um rapaz jovem e engomadinho ou uma menina bonita e bem arranjadinha a dizer uma banalidade qualquer, e para o trânsito, as imagens das câmaras espalhadas pela cidade. Mas isso não é informação, é espectáculo. Medíocre, ainda por cima.
E digo “em Portugal”, porque até o vizinho do lado já tem um canal Bloomberg só para tratar dos seus mercados – disponível na rede tvcabo.
Como já todos sabem a bolsa, hoje, despenhou-se. Novidade? Nenhuma, para quem acompanha com cuidado os mercados. As quedas dos últimos dias assim o prognosticavam e até um (quase) leigo como eu esperava a noticia há dias. Mas nem todos conseguiram sair a tempo e as histórias deprimentes sucedem-se. Aquela que aqui vos trago (sem razões para duvidar da sua veracidade) foi encontrada hoje, um pouco por acaso, num dos fóruns que costumo espreitar.

É com grande desalento que declaro que o valor da minha carteira atingiu os 10% do montante inicial e como era de esperar termina aqui a minha irreflectida incursão nos mercados de capitais. Vendi as posições que me restavam com as perdas óbvias e assim abandono o barco...
(…) neste momento é muito difícil não estar desanimado. Assumirei com dignidade as minhas responsabilidades perante a minha família, contudo foi muito dinheiro perdido e apesar de ser claro desde o início que não aumentaria o valor da carteira, isso não foi cumprido e numa derradeira tentativa de recuperar algum aumentei o capital investido e claro saiu furado. Foi o capital da carteira e grande parte da poupança familiar. Enfim vai ser uma bota muito, muito difícil de descalçar. Desde o início que ouvia histórias destas, mas na realidade o meu ego do orgulho sempre me iludiu e agora perdi tudo. (…)


É um relato sentido e triste mas que deve servir de exemplo a quem deseja uma aventura por esses mares turbulentos dos mercados de capitais. Nem tudo o que luz é ouro e o odor do lucro fácil pode desaguar em tragédia. Tragédia é tragédia!
Entretanto, apesar dos próprios tubarões já estarem aflitos, as quedas deverão continuar. Os ursos quando acordam da hibernação geralmente vêem esfomeados…

Sem comentários: