quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Mensagem de ano novo

Um gajo acorda no ultimo dia do ano, mais triste do que alegre - pois o relógio não para, acabrunhado pelo clima que passa, aborrecido com as iras de Neptuno e…, ao ligar o telemóvel recebe um sms assim:

Que 2010 te traga a força do Javi Garcia..., a magia do Aimar…, a raça do Ramires…, a letra do Di Maria…, o oportunismo do Saviola…, a entrega do David Luíz…, a segurança do Luisão…, a concretização do Cardozo…, e a Diana Chaves do César Peixoto! Um 2010 cheio, e que seja um ano À BENFICA!


É bonito não é? É de amigo…, mais do que amigo, irmão!
Ah e tal…, muita paz, saúde, dinheiro para gastos; muitos sonhos e esperança.
Quero lá saber da paz da saúde, do dinheiro, dos sonhos e muito menos da esperança.
Eu quero é o BENFICA CAMPEÃO (e rápido, sff)!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Estação: Outono/Inverno 09/10 (VI)

Mais uma boa colheita, esta algo tardia, da safra da época.
“É um disco de uma era onde já não interessa caracterizar os géneros”, escrevia o Y na sua passada edição, “(…) capaz de tocar varias gerações com uma facilidade desconcertante. Palavras sábias.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ricas Ondas

Se há coisa em que Sócrates é especialista é na venda de banha da cobra.
Desta vez foram (só!?) um milhão e duzentos e cinquenta mil euros. Para debaixo de água e por água abaixo.
A culpa é de Sócrates? Ora essa, claro que não! Não peçam contas a ele, mas sim aos milhares que nele votaram.
A história está toda aqui (link).

Foto: arquivo (0)

Em arrumações, diversas, constato que já é considerável o arquivo fotográfico digital. O analógico também é grande e muito curioso. Já há uns anos que ando com vontade de passar a “zeros e uns” algumas dessas imagens antigas. Enquanto não ganho fôlego e pachorra para tal, talvez me entretenha com mais esta nova rubrica arcadiana. A ver vamos.

E começamos pelo fim, um ponto, aliás, óptimo para começar seja o que for.
Se esta imagem tivesse nome seria: o dia em que eu “toquei o sino”.
Que banalidade vem a ser esta, questionarão os mais desatentos a "estas coisas".
Nas minhas mãos está o mítico troféu da lendária prova do circuito mundial de surf que se realiza em Bells Beach, Victoria, Austrália. Em Bells não se realiza apenas um campeonato de surf. Em Bells realiza-se um festival que celebra a vida e acompanha a mais antiga prova de surf que este planeta conhece.

O troféu é lindo (e, confirmo, muito pesado); sem dúvida o mais bonito de todos no que a competições de surf diz respeito, e a sua descoberta casual conta-se em duas penadas: após uma manhã de boas ondas em Duranbah e da respectiva reposição de calorias, houve lugar à deliciosa “bica” no Gloria jean´s Coffe (link) de Coolangatta. Na porta ao lado a Mick Fanning´s Rip Curl. Entro, dou uma volta e quando já me dirigia para a saída…, dou de caras com “o sino”. Peço imediatamente à gerente se posso tirar uma foto com ele. Reparo que é o troféu ganho por Joel Parkinson em 2004 e assim que pego nele alguém na loja que assistia à cena grita: “ring it, ring it!!!”.

Foi, claro, um momento inesquecível; um momento emocionante (sublinho: mal comparado este troféu está para o surf como a lindíssimo troféu da Liga dos Campeões está para o futebol) que coroou umas férias magnificas.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Estação: Outono/Inverno 09/10 (V)

Factos são factos.: rock sinfónico vagamente vulgar e comercialoide; numa palavra, musica orelhuda. Tal não impede que ela apresente a força de uma tempestade Sudoeste a varre a nossa (frágil) costa.
Uprising dos Muse, entrou-me no ouvido via rádio na imensidão do asfalto australiano. E não sai!

Instantes

O ano em imagens para a Time (link).

sábado, 26 de dezembro de 2009

Abanar a anca cinco minutos por dia nem sabe o bem que lhe fazia (XXXIII)

Tive por diversas vezes um post alinhado com este “ovni”; por esta ou aquela razão acabei por nunca o concretizar.
Curiosamente, vejo agora que para alguns é a canção do ano. Isso já não sei…, nunca tive jeito para “eleições” “dos mais” ou “dos menos” disto ou daquilo. Sei sim que que “Solid Gold”, a musica de apresentação de Penelope Trappes e Stephen Hindman (senhoras e senhores: os The Golden Filter), é um possante monumento de electropop temperado pela doce e quente voz da australiana. Ou por outras palavras: já vos tinha dito que adoro sintetizadores?

The Golden Filter - "Solid Gold" from The Golden Filter on Vimeo.

Só existe uma única razão para festejar o Natal

As vezes detesto reler coisas que escrevi há mais ou menos tempo.
Outras não; gostei muito de reler este (link) texto aqui deixado no ano passado.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal

É na escuridão absoluta do solstício
Que a mais pequena luz brilha sem igual:
Et tenebrae eam non comprehenderunt...
Feliz Natal!

Portugal


Para além da frase que o Paulo Pinto Mascarenhas destaca aqui (link), eu também sublinho esta:
"(...)População diversa, povo plural, território heterogéneo, mas poder central e unitário, concentrado, com reduzida negociação, desde o Condado Portucalense. Neste paradoxo, a singularidade portuguesa(...)."

Falamos deste (link) texto de António Barreto que o i pública hoje sobre a "História de Portugal" de Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro.
Um livro magnifico, digo-o já; que comigo foi (e veio) aos antípodas. Um livro que dá tanto prazer quanto trabalho a ler. Um livro que todos, sem excepção, deveriam ler. Espero a ele voltar

Ponto final

Achei. Ponto final. Não há mais conversa possível.
Aqui está, não ao vivo mas a cores, a derradeira prova de que o Natal já não é (e nunca mais será!) o mesmo. Vejam, oiçam, comparem e no final diga-me lá se o vosso coração não fica a chorar de saudadinha pelo George Michael e pelo Andrew Ridgeley.
Paragrafo.





Parágrafo?
…entretanto, encontrei esta brincadeira, pedaço de génio.
Parágrafo? Nunca digas parágrafo.

O que é que o jet-lag tem?

Ter tempo para ouvir os discos do ano (link) e os discos da década (link) do Pedro Adão e Silva (o homem atarefado que ainda assim “provavelmente” ouve musica de mais).

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Abanar a anca cinco minutos por dia nem sabe o bem que lhe fazia (XXXII)

Dizem que este é o dueto do momento; ou se não é será.
Eu cá não sei, não me interessa e tenho raiva a quem sabe se é ou não ou se será ou nem por isso.
Só por si a ideia de juntar a bombástica Beyonce à “coisa” Lady Gaga é fantástica – coitada da “coisa”…; depois…, a cançoneta tem aquele power, como poderei descrever…, parece assim tal e qual o Coro Santo Amaro de Oeiras (link).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Raça, Amor e Paixão

Não é para todos; esta época já bebi vinho do ano e já comemorei um título. E fi-lo com estilo: comemorando a conquista do titulo bebendo um vinho do ano.

Eu explico: estava longe, no mesmo hemisfério do objecto comemorado, quando soube da vitória do “meu” Flamengo no Brasileirão. Acto contínuo: reforçar o repasto, comprar um jovem e fresco Pinot Noir e ir jantar em frente ao Pacifico com a pele à brisa quente e húmida.

Não estava no Brasil mas parecia; e ergui o meu copo ao alto saudando o Mengão, desejando uma festa assim cá na nossa terra lá mais para a Primavera (ver em full screen por favor).

Flamengo Hexacampeão Brasileiro from Gustavo Pellizzon on Vimeo.

Cheira bem...

Nos últimos anos, não me lembro de uma coisa assim. Um estádio a berrar, dançar e saltar ao mesmo tempo. Quando o fumo alaranjado diminuía de intensidade – e como cheira bem aquela fumarada ultra - desenhavam-se formas improváveis para estes estádios modernos, cheios de lugares marcados, bancadas sponsorizadas, filinhas e merdinhas. Coisa de revolução: braços no ar, pernas com molas, cartolinas vermelhas, abraços, arrastões e cânticos. Massas de gente e de coisas a criarem um feliz tumulto vestido de vermelho.

Continue a ler aqui (link) Plano Concreto, um excelente e apaixonado post do Manuel.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Noite de Luz

Assarapantado!
Ontem, por volta desta hora, chegava à fria e linda luz lisboeta. Dos trinta para os cinco (graus) em pouco menos de quarenta horas.

Na Portela o habitual caos desta época; gente, malas. Mais malas que gente.
Para não variar uma bagagem oversize não chega ao seu destino; e desta vez nem sei se algum dia chegará. É incrível como uma pessoa anda semanas pelo mundo fora sem atrasos nem desvios de qualquer ordem e assim que chega a Lisboa o caos é a regra; sempre. Que tristeza…

Assarapantado lá passei o dia e quando chega a hora de ver a Luz o dilúvio abraça o frio.
Quase três semanas de tronco nú, calções e havaianas. E agora? Botas, casacos, camisolas, impermeáveis e…, ir assim à chuva bíblica, ao frio polar. De mota, ver a Luz.
Dizem-me que torcedor é assim, sofredor. E lá vou eu.

Com uma moldura assim, simples, a minha visão da Noite de Luz de ontem é muito objectiva: foi apenas uma daquelas noites de futebol que daqui por muitos e muitos anos vamos recordar.

No mais, hoje há boas notícias: Lá pelas dezassete e quarenta e sete teremos o solstício de inverno. Que é como quem diz (para aqueles que como eu insistem em pensar positivo): a partir de amanhã os dias vão começar a crescer.

É só. Porque assarapantado contínuo.

[Já repararam bem na magnifica imagem que ilustra o post? Linda!]

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ha dias felizes

Ontem, surf ao entardecer em Kirra; hoje, surf ao amanhecer em Duranbah (para os menos atentos sao apenas dois dos quintais do novo campeao mundial de surf).

PS: Por falar em ondas..., algum tsunami tera levado para longe os meus caros amigos e colegas de blogue? Espero que esteja tudo bem!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Aqui estao 22 graus (na agua!)

La curei a depressao pos-whitsundays com alguns dias na Great Keppel Island; a questao e que voltei a ficar deprimido pos-Great Keppel Island; depressao curada hoje de manha com uma rica surfada nas marrecas de Sunshine Beach (e ver no mapa, sff) vizinha da charmosa Noosa Heads.
Aqui estao 22 graus na agua e mais uma bela meia duzia fora dela.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Das belas e tropicais terras da Rainha

Ora viva, pessoal trabalhador - desculpem se me enganei...

Ja faz mais de uma semana que terminou a rica vida-rica fria e humida neozelandesa e comecou a rica vida-pobre quente e humida australiana - caminha e comidinha no backpacker trocada por tenda e fast food.

Escrevo-vos essencialmente para contar que nestes ultimos dias descobri uma nova doenca chamada depressao pos-ferias-ainda-durante-as-ferias. De facto assim e quando abandonamos o veleiro que durante tres dias nos passeou por algumas das mais de setenta paradisiacas ilhas Whitsundays (ver aqui).

A questao e: havera algo mais belo e fascinante do que navegar a vela de ilha paradisiaca em ilha paradisiaca?

Sinceramente duvido..., ainda assim vou tentar descobrir durante a proxima semana e meia por esta tropical costa de Queensland abaixo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

10 a 10 e dez em dez

La fora chove torrencialmente (e mais ou menos assim quase todos os dias nalguma parte do dia) e troveja de tal forma que faz abanar a melhor backpakers house da viagem...

10 a 10, foi tambem em empate que acabou o meu derby de galaciares, ontem. Empate na beleza e excelencia entre o Fox Glacier e o Franz Joseph Glacier.

Dez em dez e esta a nota que deve ser atribuida a beleza da Nova Zelandia, agora que estes dias veem o seu fim. Nem tudo e assim perfeito como a mae das maes ca por baixo. Mas o balanco a ser feito e ainda melhor que as elevadas expectativas.

Amanha ha mais banho de beleza com a travessia do Arthur's Pass; esperemos que o tempo ajude...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Wanaka bakpaka

Nao se deixem iludir pelo horario do post. Aqui sao quatro da tarde do dia de amanha...
Hoje dia de semi descanso depois da estafa de ontem pelo Rob Roy Valley acima e abaixo, pelas dramaticas vistas do glaciar com o mesmo nome e do monstruoso pico (mais de 3000 metros) do monte Aspiring.
...dou uma volta pelo Publico e pelo twitter e vejo que o governo vai criar 5000 estagios na administracao publica e que 22 jogadores do Estrela da Amadora estao com gripe A. Isto e, Portugal continua muito doente :)
Amanha ha mais..., glaciares!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

45 graus Sul

Chove a potes aqui em Te Anau (net time).
As Fiordland sao uma especie de fim-do-mundo-em-cuecas-verde-ate-chatear. Lindo, pois entao!
E verde fiquei eu agora ao saber que o Benfica foi chutado fora da taca por esse miseravel vitoria.
De resto..., embora o regresso esteja longe, deste Sul abaixo nao passo.
...mas a viagem a Milford Sound foi de facto das coisas melhores que ja fiz ate hoje.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A solução final...

Neste fim-de-semana, no programa “Plano Inclinado”, transmitido pela SIC Notícias, Mário Crespo perguntou a Medina Carreira uma medida concreta para Portugal combater a crise.
A resposta foi singela: reduzir os salários. Porque apenas comprimindo o poder de compra é que deixaríamos, no entender de Medina Carreira, de comprar tanto ao estrangeiro e de nos endividarmos.
Confesso que esperava uma resposta ao mesmo tempo polémica (claro), mas também inovadora, razão pela qual fiquei desiludido:
O modelo económico português das últimas décadas assentou essencialmente em salários baixos e depreciação da moeda, com os resultados que se conhecem. Com a introdução do Euro, os salários baixos passaram a ser o único truque para as empresas portuguesas conseguirem ser competitivas.
Escrevo “truque” porque é disso que se trata: não é visão de futuro, não é estratégia, não é empreendedorismo. É tão só uma manigância.
A solução apresentada por Medina Carreira traria como consequência o agravamento da crise social, numa mistura de “caçarolaço” e “subprime”, porque, em primeiro lugar, deixaríamos de poder pagar as dívidas que contraímos no passado e, em segundo lugar, para fugir ao desemprego, os trabalhadores aceitariam reduzir ainda mais os seus salários.
A solução apresentada por Medina Carreira (além de mostrar que a Economia continua longe do indivíduo), constitui um desincentivo à formação profissional, porque ninguém investe na formação de “recursos humanos” se não fizer intenção de o remunerar condignamente. Sem formação e com salários baixos, tanto a competitividade como a produtividade continuarão baixas e a decrescer, e os melhores de nós farão a última escolha para se libertar da mentalidade negreira de que a nossa “elite” económica e financeira continua imbuída: emigrar.

sábado, 21 de novembro de 2009

Post de Turangi

Sera que e desta que consigo escrever um post nao telegrafico?
Sim, que como os mais activos sabem..., isto de estar de ferias da uma trabalheira do arco da velha...

Em primeiro lugar, ao inves do que diz o mito urbano (alfacinha?) a Nova Zelandia e um pais muito diferente do ponto de vista socio-economico da Australia. Sendo certo que tenho fugido das grandes cidades como o diabo foge da cruz, certo e que aquilo que denominamos de provincia, aqui, na ilha norte da Nova Zelandia, e subsatncialmente mais pobre, mais suja, menos letrada do que a sua congenere aussie.

Depois..., bem depois a beleza natural e, como se diz por ca, amazing. Alias..., amazing e muito pouco. Nao e facil descrever em poucas palavras tanta maravilha junta em tao pouca terra.

Em termos de expriencia de viajem o destaque destes primeiros dias vai inteirinho para o dificilimo Tongariro Alpine Crossing (pesquisem no google, por favor). Sao quase vinte quilometros de escalada dos mil ate aos dois mil metros que tem tanto de dificil e extenunate como de belo. Para mim, esse dia, vai ficar eternamente gravado a ouro na memoria e entra directamente para o top 3 de experiencias de viagem - e olhem que ja nao sao poucas.

Ultimas notas: o futebol vive-se aqui com alguma intensidade; alguns deram-me os parabens pela qualificacao tuga para o mundial e todos sentem o escandalo que foi a qualificacao vergonhosa da Franca. No mais: carrega Benfica..., pois mesmo do outro lado do mundo tens quem faca ecoar o teu nome por essas montanhas fora!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Não, não sou o único!

Vinte icebergues da Antárctida a caminho da Nova Zelândia

Owen Wright On The Couch

Passados tantos dias, num sofá do outro lado do mundo, os olhos ainda brilham (link) quando se fala daquele dia algures em Portugal (link)).

Estação: Outono/Inverno 09/10 (IV)

Branquinhas, muito branquinhas assim como se tivessem sido lavadas com lixívia; feiosas. Sensuais, muito. Dedinhos finos e electro indie-pop melodioso.
Casava-me já; com as três. Lindas.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Relembrar Robert Enke…

...e muito mais.
Em dois extraordinários textos (aqui e aqui) no Red Pass – JG ao mais alto nível, à Benfica no fundo.

PS: Neste blogue nada se disse sobre o trágico desaparecimento do jovem alemão. Se nada se disse é porque está tudo dito.

[Actualização: aqui (link) está a terceira parte de um conjunto magnifico de textos; a memoria é uma coisa extraordinária]

O relógio não pára...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Livra…, ainda bem que não fui eu que escrevi isto

(...)Portugal é o país que inventou a via verde das escutas. Que grande invenção lusitana: escuta-se a torto a direito. Em vez de serem conduzidas com a paciência da pesca à linha - com respeito pelo frágil ecossistema de direitos, liberdades e garantias -, as investigações são feitas por arrastão: atira-se a malha fina e tudo o que vem à rede é peixe. Às vezes é peixe graúdo, outras vezes é peixe sem importância, e esse raramente chega às páginas dos jornais, apesar de a destruição ser igualmente fatal.

André Macedo, hoje, no editorial do i (link).

E para que se registe, nunca houve um escravo desempregado!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Boa cama faz quem nela se irá deitar

Na última revisão das leis penais levada a cabo pelo anterior governo presidido por José Sócrates, foi incluído no nº. 2, b), do artigo 11º do Código de Processo Penal que “compete ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (…), autorizar a intercepção, a gravação e a transcrição de conversações ou comunicações em que intervenham o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República ou o Primeiro-Ministro (…)”.

Assim se compreende a decisão tomada por esse tribunal conhecida hoje (link).

Por outras palavras, qualquer escuta telefónica em que intervenha o Primeiro-Ministro, estará ab inicio ferida de nulidade, caso não seja autorizada pelo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.

Se duvidas existissem quanto às motivações daquele preceito legal, repare-se que para escutar o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República ou o Primeiro-Ministro é sempre necessária autorização do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça mas, para escutar este (que se apresenta como a segunda figura hierárquica da Nação) qualquer juiz de direito de tribunal judicial de primeira instância pode faze-lo.

Claríssimo.

Amo-te Javi Garcia

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Um muro caiu, muitos outros se levantaram...

... Mas há vinte anos todos éramos berlinenses.

Olha que coisa mais linda

Diz a tradição que os brasileiros, principalmente os cariocas, são uns desocupados, desorganizados, deixam para amanhã o que poderiam fazer hoje…, numa palavra, não querem nem saber.
E é verdade.
Mas a vida é uma coisa e o Flamengo outra. Muito mais rica, pois claro.

Nós, se por qualquer desígnio metafísico não tivéssemos nascido aqui mas sim na Cidade Maravilhosa, não seríamos do Benfica. Naturalmente, seríamos do Flamengo. Porque sim, claro.

E, provavelmente, alguns de nós, teriam estado há meia dúzia de dias atrás, ali naquela Curva, daquela mítica arquibancada do Maracanã. Vestidos de Rubro e Negro, provavelmente a defender o pano da “Urubuzada” que tem como lindo lema “Unidos pelo Manto”.

O que é que este post está aqui a fazer num dia como o de hoje?
Somos grandes, somos enormes, mas seremos maiores ainda quando o Terceiro Anel se deixar contagiar pelo Topo Sul e souber fazer uma coreo. assim.



Gostaram? Então vejam este (link) um pouco mais antigo. Até arrepia!

A frase

Pedir a esta gente que não tenha complexos de inferioridade em relação ao Benfica é como dizer ao Zé Cabra que não deve sentir-se inferior ao Pavarotti.

Ricardo Araújo Pereira, na "Chama Imensa" de ontem d'A Bola.

Será este gajo bruxo?

Façam o favor de ver ou rever (a partir do minuto dois) a crónica da semana passada do Pedro Ribeiro no À Lei da Bola.

domingo, 8 de novembro de 2009

Xadrez

Boa jogada para evitar chumbos do Orçamento, ou pelo menos para dizer: "nós quisemos acabar com as taxas moderadoras, mas a oposição não deixou"...

A sportinguização do Ministério Público

A meio da semana a Procuradora Cândida Almeida anunciou urbi et orbi que o Ministério Público tinha meios para coordenar as investigações.
Neste fim de semana o sindicato do MP vem dizer que faltam meios aos procuradores...

Marcação cerrada

Acabei de ver o Sporting-antes-do-caucasiano-chegar empatar com o Rio Ave.
Achei piada à arbitragem:
Na primeira parte, o mesmo fiscal de linha que viu um canto inexistente a favor do Sporting (que resultou de um lance em que Postiga sozinho chutou desviou a bola), viu uma duvidosa mão que originou o penalty do 0-2.
Na segunda parte, o mesmo fiscal de linha que, na primeira, não viu um penalty de André Marques (que andou uns valentes metros dentro da área a puxar o atacante do Rio Ave), também não viu um fora de jogo escandaloso de Caicedo que apenas não deu golo porque o sportinguista se atrapalhou.
Que disseram os responsáveis do clube diferente? Nada...
Como nada disseram da mão do Vukcevic, no jogo europeu contra o Ventspils, no lance que deu origem ao empate...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A frase

Manuel Alegre não serve para Presidente da República. Se o país quer acelerar o seu trambolhão, então é pôr o Alegre em Belém e o Louçã em São Bento. Em seis meses, o país encontrava-se com a sua verdade.

Medina Carreira, numa entrevista ao Expresso (link) de leitura obrigatória.

Está encontrado o novo treinador da lagartada

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Remember remember, the 5th of November (II)

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Remember remember, the 5th of November (I)

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…e as saudades que eu já tinha de Sócrates, o arruaceiro

Hoje, no Parlamento, pudemos assistir ao regresso do estilo vulgar-taberneiro-abimbalhado-popchunga do Primeiro-ministro.
Numa palavra, para simplificar, Sócrates voltou ao registo bardamerdoso como podem ler aqui (link) e ver mais logo nos jornais televisivos.
Sobre este tema, já agora, ler ainda este (link) post de Joana Lopes.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Na mouche

Se o dito pessoal é essencial, então a toma da vacina deve fazer parte dos seus deveres profissionais. Se a toma da vacina não é parte dos deveres profissionais, então a função não é essencial e logo não devem fazer parte de grupos prioritários.

Um jogo por tabefe

As imagens televisivas do Braga/Jorge de Sousa vs. Benfica, mostram Óscar Cardozo à porta do túnel do estádio Axa a levar dois tabefes de jogadores do Braga enquanto tentava acalmar as coisas.
É visível que Cardozo estava a tentar serenar os ânimos.
A recompensa que a Liga lhe deu foi castigá-lo com dois jogos, ou seja, um jogo por tabefe que levou. Levasse três e seriam três jogos.
Se tivesse sido sovado era castigado para o resto da época.
Parece que o assistente de Jorge de Sousa, que nas imagens é visto junto a Óscar Cardozo, vendo as agressões de que o mesmo era alvo, no seu relatório disse que não viu nada.
Parece que Jorge de Sousa expulsou Cardozo porque o 4.º árbitro lhe contou parte da história: Cardozo não gostou de ser agredido e defendeu-se.
Cá para mim Jorge de Sousa e os outros três marmelos deviam ser castigados da mesmíssima maneira como Cardozo o foi: com as mesmas premissas e as mesmas consequências...

Cenas que definitivamente não consigo compreender (IV)

"Por que é que" ou "porque é que" (link)?

Campo Contra Campo (CXXXVIII)

Dez motivos para ir ao cinema em 2010

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"Saca" pode vir a ser reforço

Melhor noticia que esta (link) só a noticia da sua contratação.

Sobre a intifada de Telheiras...

...ler aqui (link) o que escreve Pedro Correia.

O segredo de justiça, Armando Vara e coisas assim

Parece que Armando Vara pediu 10.000 euros para tentar influenciar uma decisão de alguém que não trabalha consigo. Do tipo "acha que consegue dar uma palavrinha a fulano de tal?", "sim, posso, mas isso custa-lhe X"
Isso é crime?
Pois...
Parece que anda uma certidão completa do processo nos órgãos de comunicação social (não sei se é completa, mas as televisões têm mostrado imagens do que parece ser um processod e inquérito).
Isso não é crime?
Pois...
Não vi nenhum director de jornal insurgir-se contra a violação do segredo de justiça consubstanciada na divulgação de partes do processo de inquérito. Pelos vistos os e-mails dos jornalistas são mais importantes que os despachos dos procuradores...

É impressão minha ou os pedófilos são sempre bem tratados nos tribunais superiores?

Supremo reduz pena de pedófilo confesso

domingo, 1 de novembro de 2009

Um “novo começo” ou um fim anunciado?

O Público diz que “inicia hoje uma nova etapa da sua história”. Quem somos nós para duvidar?

Aliás, lendo o editorial onde tal ideia é manifestada (link) - todo ele demasiadamente infeliz para ser verdade – ficamos certos que tal é mesmo verdade.

Reparem apenas na seguinte medida paradigmática: “os editoriais, a partir de hoje, deixarão de ser assinados”. Que é como quem diz, a partir de hoje o Público deixa de ser feito por pessoas, passando a ser feito por uma entidade, um espírito, um fantasma denominado “pensamento desta direcção”.

E isto é grave? De que maneira. Porquê? Porque nos dias que correm um jornal não vende notícias, pois estas são de borla, andam por ai soltas, livres, à espera de serem encontradas. Hoje um jornal vende opiniões, esclarecimentos, duvidas, questões. E estas têm de ser “postas” pelo Zé, pelo Paulo, pela Maria e pela Vanda. Nunca pelo vagamente Estalinista “pensamento desta direcção”.

António Sérgio

Estação: Outono/Inverno 09/10 (III)

Supostamente este seria um espaço perfumado por música de excelência; mas tem sido tanta a passar por aqui…, vamos desenjoar?
Parece que a doce Shakira também tem música nova. Setentas, oitentas e noventas, tudo metido no liquidificador e embrulhado em “papel” moderno. No vídeo, a menina dança, abana as maminhas, agita a barriguinha, empina o rabinho e até abre a pernoca.
Ora, significa tal que até aqui nada de novo. Reparem então na descarada piscadela de olho ao "monstro" recentemente desaparecido.
Sejamos claros; neste caso, vídeo e música perfazem um binómio que chega a ser verdadeiramente ridículo. Por outras palavras: temos canção da moda, até ao natal, primavera, verão e final do ano que vem…
Aaaauuuuuu, que enjoo!

Shakira - She wolf Official Videoclip

Orlando Barajas | MySpace Video

sábado, 31 de outubro de 2009

Vá se lá saber porquê…

...nas ultimas horas, este vosso blogue, está a receber uma verdadeira enxurrada de visitas via google Espanha que buscam este (link) post.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A sexta nação mais feliz do mundo...

...é mesmo assim (link), tal e qual.
[falta tão pouco…]

Afinal as riscas não eram pretas, mas sim azuis...

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(...) «Pode acontecer a qualquer um e não vou comentar mais. Talvez por isso é que o FC Porto ganha mais vezes...»
«Sei é que [o FC Porto] ganha da maneira que ganha. Nunca fui mal recebido no Porto. O Nacional recebe bem as pessoas e quando a equipa vier aqui vai ser bem recebido».

Provavelmente o (grande) culpado "disto" tudo

António José Correia "The Coolest Mayor of the Tour"

E agora?

Dois jogos. Onze a um (11-1), para o SLB. Contra dois adversários ditos “europeus”.
Nada vi, pouco li. E agora, como faço para pôr tudo “isto” em dia?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um sonho

Como se de um lento despertar se tratasse, sinto um estranho torpor no espírito. O próprio corpo parece não estar cá. E alma liquidificou-se.

Poderá ter sido daquela tempestade desfeita que faz hoje uma semana, abraçou a mágica península e proporcionou aquela espantosa sessão de “tow in” na baia. Poderá ter sido ainda, do indescritível e inadjectivável dia de ontem nos Supertubos.

Mas também poderá ter sido dos surpreendentes momentos em que a licença me foi conferida para entrar. E surfar como se nunca tivesse havido ontem e não mais houvesse amanhã.

Como nos sonhos, agora que vou despertando, tudo parece ter sido demasiado fugaz. Como nos sonhos, algures lá pelo meio sinto ter perdido algo; mas ganho outro tanto.
E receio não se repita. Tal como os sonhos não se repetem, nunca.

Tinha prognosticado que seria “quase tão bom como sexo” (link); temo ter pecado por defeito.

Nunca caminharás (nas ondas) sozinho


Já tinha visto Jordy Smith, surfista sul-africano (numero dez mundial após o Rip Curl Pro Search disputado nos últimos dias em Peniche), na RTP empunhando o Manto Sagrado. Mas nunca esperei que ele tivesse estado na Catedral com ele vestido.
Jordy Smith, que encantou todos os que assistiram ao seu surf vertical, é dos nossos. E merece que não o deixemos nunca caminhar sozinho!

Ámen

Lentamente, lá vou voltando à realidade; pois estes últimos dias souberam-me a sonho.
Comecemos por aqui: bendito o fruto do vosso ventre (link) por Manuel Castro no Ondas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Desculpem lá o excesso de futebol, mas...

Como é possível o Rui Moreira apenas falar do penalty do Aimar?

Se fosse o Mourinho era uma atitude confiante

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Como é o treinador do Benfica...

A frio

Os padrinhos e afilhados do sistema andam muito nervosos:
Guilherme Aguiar ontem não se calava com o penalty do Aimar dizendo que era uma situação igual ao derrube de Lizandro pelo Homem Invisível.
Antes do jogo de ontem, o Presidente que transformou o Braga em Porto-B andava a espalhar aos quatro ventos que estava à espera de pressões por parte do Benfica.
Rúben Micael, um óptimo jogador que infelizmente já deve ter contrato com o Porto, antes do jogo de ontem andava a dizer que ia marcar ao Benfica e depois não escondeu o nervosismo na flash interview atacando desajeitadamente o Benfica.
Jorge "hijo de puta telepata" Coroado, no Tribunal d'O Jogo consegue inventar um lance de expulsão para Aimar, e é de todos os árbitros o mais condescente com os erros contra o Benfica e o mais acintoso com o erro que favoreceu o Benfica.
Não duvidemos: até ao fim do campeonato o Benfica começará os jogos sempre em inferioridade numérica.

Seis a um cretino

Marcámos oito golos, mas o árbitro foi amigo e, como era o sexto aniversário do estádio da Luz, anulou dois golos limpos para ficarem só seis (desculpa lá Sílvio Cervan, mas no lance anulado da primeira parte o Saviola está em linha).
Manuel Machado diz que o penalty sobre Aimar não existiu, que o quarto golo do Benfica foi precedido de "falta grosseira" sobre Rúben Micael e que, com dois jogadores do Nacional expulsos, o resultado até podia ter sido mais volumoso.
Coitado do Manuel Machado.
Esqueceu-se de dizer que o golo do Nacional foi ilegal e, como já disse, foram mal anulados dois golos ao Benfica.
Mas Mário Machado queixa-se da arbitragem. Foram dois jogadores do Nacional expulsos? Sim, foram. Um aos 85 minutos e outro no período de descontos.
O Nacional queixa-se que estava um jogador seu no chão no lance do quarto golo do Benfica e que os jogadores benfiquistas não atiraram a bola para fora. Só que depois do Ruben Micael ter caído, a bola ficou com os jogadores do Nacional que prosseguiram a jogada. Perderam a bola e o resto é história.
Seis a um.
E anularam-nos dois golos!
Só um cretino se queixaria da arbitragem...

sábado, 24 de outubro de 2009

Saramago tem alguma razão III

Um dos aspectos curiosos do debate Saramago / Carreira das Neves foi este último, sacerdote católico, ter dito que a Bíblia não é para ser interpretada literalmente, não é para ser "lida à letra".
O padre acabou de me estragar o Natal e a Páscoa: é que a Bíblia "diz" que a mãe de Jesus era virgem e que este ressuscitou.
Mas pelos visto isso não é para ser levado à letra...
Não vejo um resquício de generosidade, uma minúscula fatia de sensibilidade humana nas últimas declarações do eng.º Francisco Van Zeller, patrão dos patrões da CIP. Pesarosamente o escrevo. O senhor surgia como um avô bondoso, voz limpa e pausada, voz sorridente se assim me posso exprimir. Agora, não. Parece outro homem. Até perdeu a dignidade do porte, Deus lhe perdoe. O eng.º Van Zeller opõe-se a quase tudo, menos aos interesses da classe que representa.

Opôs-se a que o novo Governo fizesse acordos com a Esquerda. Não se opôs a que os assinasse com o CDS. Vivemos num regime constitucional, republicano, cuja natureza exige a separação do poder económico do poder político. Às vezes, é verdade, o poder político volteia às cegas e recebe mais ordens do que toma decisões. Essa circunstância explica a desagregação da virtude e já chegámos a desinteressar-nos de discutir os princípios da liberdade e da democracia.

Notoriamente, o eng. Van Zeller aproveita-se deste vazio cívico, desta ausência ideológica e cultural para opinar sobre o que não deve, esquecendo-se do recato a que as suas nobres funções o devem obrigar.

Agora, opõe-se a que haja o menor aumento nos ordenados de quem trabalha. Quem trabalha que se aguente, dando continuidade a esse defeito nativo, à nossa vocação lacrimejante de sermos vítimas. Há dois milhões de portugueses na faixa da miséria: a expressão pobreza é um eufemismo apressadamente lançado à circulação quotidiana por políticos de baixa estirpe.

Conheço algumas famílias, e haverá certamente mais, cujos pais trabalham e os ordenados que recebem não chegam para as três refeições diárias. Acaso o deseje, sr. eng.º Van Zeller, acompanhá-lo-ei numa visita guiada aos redutos da miséria. Mas pode ir à Caritas, ou às outras várias organizações não governamentais (os Governos não se metem nisto) que socorrem milhares e milhares de portugueses.

António Perez Metello não ocultou, na TVI, a indignação que lhe causaram as ingerências dos patrões: ele não nomeou o engenheiro; disse: "o patronato", mas ferrou em público a indignidade. Os aumentos almejados são tão mínimos, tão escassos, tão módicos que qualquer objecção que se lhes faça soa a infâmia.

O eng.º Francisco Van Zeller, muito caritativo e assaz preocupado, manifestou a sua intensa solidariedade para com as pequenas e médias empresas, coitadas!, na síntese do opinante, que ficariam completamente desguarnecidas e até, talvez, tivessem de encerrar as portas. Ó eng. Van Zeller, ó eng.º Van Zeller, isso não são argumentos, são esconderijos esburacados de quem é, apenas e somente, o que sempre foi. Parece mal disfarçar-se com a capa da bondade quando está a defender o absolutamente indefensável.

Em 1845, Garrett escreveu, nas "Viagens na Minha Terra", o que custava um rico a um país: a ruína no trabalho, a dissolução moral, a miséria mais escanzelada. Garrett não era comunista.

Seria, agora, acusado dessa nefasta maldade. Só três anos depois de Garrett ter escrito aquela obra-prima, exactamente em 1848, é que foi editado o "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels. Será difícil admitir que o grande escritor tenha, por absurda antecipação, tomado as teses do "Manifesto" antes de ele ser publicado.

O eng.º Van Zeller foge à ideia que de ele fazia. O "bonhomme", elevado e atento, dissolveu-se a si mesmo. O patronato português, geralmente, é de um reaccionarismo bolorento. Além de demonstrar uma ignorância e uma incultura atrozes. Dir-me-ão: para ser bom empreendedor não é preciso saber quantos cantos tem "Os Lusíadas." Não é preciso, mas ajuda. O dr. Cavaco, por exemplo, não sabe. "Ao menos que sejam virtuosos os que não são instruídos", escreveu Ramalho Ortigão. A verdade é que nem isso. A virtude implica a consciência do que cada um de nós tem do dever e da honra. Ora, quem vive num plano alto da sociedade possui a responsabilidade ética de zelar e defender os interesses dos mais desprotegidos. Tirar-lhes o pouco que estes têm, compromete, inteiramente, quem o pratica.

Nenhum destes patrões conhecidos domina, pela admiração, as nossas curiosidades. O ressentimento é natural que nasça naqueles que sobrevivem nos tormentos das dificuldades e sabem que há "gestores" a auferir, mensalmente, vinte mil, trinta mil e dez mil euros, a beneficiarem de bónus vultuosíssimos e a pavonearem-se nos campos de golfe e nas festanças do jet-set (como é feia, aquela gente!).

Naturalmente, declarações deste jazes e estilo causam, naqueles que existem na miséria e no sofrimento, a maior das indignações. Homens e mulheres que trabalharam uma vida inteira e vivem em tugúrios, comem mal ou não comem, vêem-se impossibilitados de mandar os filhos para os estudos, esses homens e essas mulheres, muitos e muitos milhares, sentem-se ofendidos quando conhecem que há "gestores" com reformas de três mil e seiscentos contos mensais (moeda antiga) depois de seis meses de "funções" administrativas.

Constâncio, os economistas e os salários

Vivemos uma altura de deflação.
Logo, não é preciso aumentar os salários, o que até seria perigoso para as empresas, porque não o suportariam.
É preciso proteger a Economia.
Nos tempos de inflação não se pode aumentar os salários, porque tal aumento provoca tensões inflacionistas, porque é preciso refrear o consumo, porque o crescimento do consumo é feito à custa do aumento das importações.
É preciso proteger a Economia.
A lição que tiramos disto é a seguinte:
para se tirar uma licenciatura, um mestrado ou um doutoramento em Economia, basta dizer repetidamente, com ar circunspecto:
"é necessária moderação salarial".

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ai liberdade

Nick Griffin, líder do BNP (Partido Nacionalista Britânico), participou ontem num debate com outros líderes políticos na BBC (que continua a ser um dos faróis de liberdade no mundo).
Nesse debate com perguntas do público presente em estúdio (vídeo), Nick Griffin foi o saco de areia dos seus companheiros de painel e de alguns espectadores. À porta da BBC centenas de manifestantes anti-BNP demonstraram a sua fúria por se dar tempo de antena a Nick Griffin, e houve mesmo alguns que conseguiram furar o cordão policial.
Em vez de Nick Griffin ser tratado apenas como mais um líder partidário, ele foi a estrela do evento. E o facto de todos naquele estúdio e na rua terem "atirado" sobre ele ter-lhe-á dado mais força na "Inglaterra profunda".
A liberdade e a democracia têm o dever de acolher aqueles que lhes são contrários até ao ponto em que estes (todos estes) sejam um perigo para a sua subsistência.
E se em Nick Griffin e o BNP há um perigo para a liberdade e para a democracia, nos manifestantes anti-BNP também os há...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cinco a zero

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E eu que dei o meu bilhete por causa da pneumonia...

O novo Governo

José Sócrates apresentou, esta quinta-feira, a constituição do XVIII Governo Constitucional o ao Presidente da República. O novo Governo vai ter cinco mulheres em 16 ministros e apresenta no seu conjunto oito novos ministros.
Num total de 16 ministros, são novos Alberto Martins (Justiça), António Serrano (Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas), António Mendonça (Obras Públicas, Transportes e Comunicações), Dulce Pássaro (Ambiente e Ordenamento do Território), Helena André (Trabalho e Solidariedade Social), Isabel Alçada (Educação), Gabriela Canavilhas (Cultura) e Jorge Lacão (Assuntos Parlamentares).

Transitam do XVII para o XVIII Governo Constitucional, mantendo as mesmas pastas, seis ministros: Luís Amado (Estado e Negócios Estrangeiros), Teixeira dos Santos (Estado e Finanças), Pedro Silva Pereira (Presidência), Rui Pereira (Administração Interna), Ana Jorge (Saúde), Mariano Gago (Ciência, Tecnologia e Ensino Superior).

Embora mudando de pasta, continuam também no Governo Augusto Santos Silva (transita dos Assuntos Parlamentares para a Defesa Nacional), Vieira da Silva (muda do Trabalho e da Solidariedade Social para a Economia, Inovação e Desenvolvimento).

João Tiago Silveira, que foi secretário de Estado da Justiça, assume agora as funções de secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.

Público

Colégio Militar

Parece que há pais preocupados que exigem a intervenção dos Ministérios da Educação e da Defesa no caso dos maus tratos no Colégio Militar. Após, há poucos meses, terem vindo a lume acusações de abusos sexuais, agora são os maus tratos.
Recorde-se que a matrícula no Colégio Militar não é obrigatória e que cada criança não custa menos que 600 euros por mês.
A opção das famílias apenas a si responsabiliza. Não tragam o Estado para isto.

Saca fora

Pela primeira vez na vida vi uma praia transformar-se numa plantação de melões; e das grandes!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Brutal...

...a sessão matinal de tow in hoje no Baleal, que juntou Mick Fanning e Taylor Knox a ondas de quatro metrões. Fotos? Existem algumas no sitio oficial (que teima em falhar...) e muitas mais por ai irão aparecer...

Quase tão bom como sexo

Daqui a umas horas parto para Peniche. E por lá ficarei durante vários dias a fazer algumas das coisas que mais me iluminam os sentidos.

Uma delas é viver na praia; por lá ficar até me cansar ou o corpo pedir um qualquer outro suplemento. Ficar por ali horas sem fim, simplesmente a olhar o mar; e sentir uns rapazes e raparigas a desenhar linhas impossíveis nas vagas que beijam a costa. Meninos e meninas mais ou menos crescidos, tão felizes como eu por estarem a fazer aquilo que mais gostam.

Quando me cansar de o mar olhar e assim que licença me conferir, terei o prazer de também nele penetrar. E com ele farei amor. À minha maneira, da forma que a vida me ensinou a ama-lo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O melhor surf do mundo, por Tiago Pires

O “i” não é apenas um jornal diferente. É um jornal “mais melhor bom”. Um jornal excelente, vá. Ora vejam lá este (link) extraordinário trabalho.

Não é só o Jardim...

Cá para mim este imbecil deve ser um dos "cavaquinhos" de que falava Miguel Veiga no Expresso desta semana...

Ah! Liberdade...

"A economia do surf"

Para ler aqui (link), por Pedro Adão e Silva.

Saramago tem alguma razão ("agora eu")

É muito curioso este (link) post do nosso Santos Silva.
Já eu, gosto de Saramago e da sua obra. Gosto por inúmeras razões, mas sobretudo gosto simplesmente porque gosto, o que é uma razão como outra qualquer.

E com o que li, vi e ouvi por ai durante o dia de ontem, fiquei tão curioso que aproveitei algum tempo livre entre o trabalho e o jantar para dar um salto à FNAC do Chiado e comprar “Caim” que comecei a ler de imediato.
Quanto à bíblia também ando curioso; espero levar comigo em viagem, uma dessas novas edições (das fáceis de ler, pois claro), em breve.

Mais mais do que a bíblia hoje interessa-me Saramago, "Caim" e o Nobel.
Correndo o risco da descontextualização não resisto a transcrever o que se pode ler a pp. 28 ab inicio: “(…) Diarreias, que é isso, perguntou o querubim, Também se lhes pode chamar caganeiras, o vocabulário que o senhor nos ensinou dá para tudo, ter diarreia, ou caganeira, se gostares mais desta palavra, significa que não consegues reter a merda que levas dentro de ti(…)”.

O juízo de valor fica para vocês. Ainda assim vou deixar-me cair em tentação: Saramago é claramente o Nobel que Portugal merece!

Saramago tem alguma razão

Da Esquerda à Direita, Saramago foi alvo de críticas pelo que disse sobre a Bíblia e sobre o Deus que aí é descrito. Desconfio, que a esmagadora maioria dessas mesmas críticas foram feitas por quem nunca leu mais que meia dúzia páginas da Bíblia e nem sequer reflectiu sobre a leitura.
Deus é um tipo complicado (cria o Homem duas vezes, Gen. 1, 27, e Gen. 2, 5), ciumento (Gen. 34, 14), enfim, cheio dos defeitos que caracterizam a maioria da humanidade.
A Bíblia é cada vez mais um livro diferente da sua versão real. Muitos episódios começam a ser suavizados, adulterados para não chocarem as mentes do Séc. XXI. Em Portugal há até uma Bíblia em português corrente! Se é ou não um manual de maus costumes, julgo que não, mas que retrata alguns maus costumes daqueles que são os "bonzinhos", ai isso é...
Abomino Saramago e a sua obra. Mas quando o homem tem razão... tem razão.
Para aqueles que nunca leram a Bíblia e quiserem uma versão fácil, sugiro a Bíblia não censurada em blocos de Lego.

domingo, 18 de outubro de 2009

Abanar a anca cinco minutos por dia nem sabe o bem que lhe fazia (XXXI)

…agora, assim, devagarinho. Enquanto assobiam comigo. Obrigado.

noah and the whale - 5 years time

Fantástico

Este ano voltei a acompanhar a Formula 1 muito de longe.
Ainda assim rejubilo com a vitória de Jenson Button no campeonato de pilotos e da Brawn no de construtores (link). É um ano fantástico para Ross Brawn que “com meia dúzia de tostões” conseguiu bater o pé aos grandes construtores e à embirrante nova estrela emergente alemã Sebastian Vettel.

Uns e outros

De cama com uma pneumonia, tive oportunidade para ver ontem uns quantos jogos de futebol. Vi o Benfica, com dois titulares, ganhar 6-0 a uma muito bem organizada equipa do Monsanto. Um jogo agradável.
Depois vi o Porto jogar com o Sertanense (tenho uma costela da Sertã).
Jesualdo apostou nos júniores Mariano, Rodrgiues, Hulk, Fernando e Farias para defrontar a equipa do Pinhal e conseguiu, ao fim de 15 minutos estar a ganhar por 2-0, com dois golos de bola parada, contra um Sertanense com 10 elementos e com com um penalty a seu favor não assinalado.
O Porto depois exerceu um domínio avassalador e conseguiu marcar mais... um golo.
A um quarto de hora do fim, o Porto teve finalmente oportunidade de aumentar o seu domínio com uma nova expulsão do lado do Sertanense.
O 4-0 chegou com um golo marcado a meias por Hulk e um outro avançado do Porto que desviou a bola para o fundo da baliza. Esse outro avançado estava "naquela zona" em que - contra adversários do Porto - os fiscais de linha não têm dúvidas em assinalar fora de jogo.
Enfim, um jogo normal do Porto, contra 10 ao fim de 10 minutos (tinham reclamado que o Benfica contra o caceteiro Leixões tinha beneficiado de uma expulsão à meia hora de jogo) e contra 9 a um quarto de hora do fim.
Os lagartos azuis rejubilaram e como sempre puxaram pela sua equipa urrando "SLB, SLB..."
Para a próxima criem um concelho das Antas: pode ser que a Elisa Ferreira consiga ganhar...

sábado, 17 de outubro de 2009

Circo de feras

É extraordinária, a entrevista que li no i de hoje a Victor Hugo Cardinali (link).
Extraordinária e muito reveladora deste pantanoso e pequenino Portugal dos pequeninos.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Endless silly season

O vídeo da Maitê Proença;
O anuncio do Pingo Doce;
As criticas ao vídeo da Maitê Proença;
O céu azul e a temperatura elevada;
As criticas às criticas ao vídeo da Maitê Proença;
A nova legislação que visa proibir os animais no circo;
As criticas às criticas das criticas ao vídeo da Maitê Proença;
Ronaldo e os bruxos.

Outras selecções nacionais

Só estudou na véspera (e no dia) do exame;
Vou ali meter o euromilhões que hoje é sexta-feira;
Lá fez a cadeira, mas foi à rasquinha e na oral;
Não veio trabalhar hoje, era o último dia para ”meter” o IRS;
Hoje de manhã não vem, aquele dente que lhe doía há meses fez-lhe um abcesso;
-Olhe que você ia gripando o motor por falta de óleo!
-Pois…, já devia ter vindo à revisão há mais de vinte mil quilómetros;

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Estação: Outono/Inverno 09/10 (II)

Só me apetece fugir, ouvimos (e dizemos) tantas vezes.
Com esta, é a segunda vez que “Papillon” dos Editors beijam este blogue. Justificadamente?
Na minha nada modesta opinião, sem duvida. Porque esta fuga para os sintetizadores dos Editors é um hino ao pop-rock que se fez (e faz) nas últimas três décadas. Uma musica como poucas; que nos inspira, faz viajar e vibrar. Não poupemos nas palavras: uma ode à electricidade. Fujamos, pois!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Temo, sinceramente, que tenha sido amor à primeira vista



É linda, especialmente em cinza.
E este filme é uma delícia, sobretudo para quem sabe o que é viver milhares de quilómetros de momentos assim.

As coisas são o que são

E o que eu gostaria de ter escrito isto (daqui por esta via):

Se me pusesse aqui a fazer comparações arrevesadas ao estilo de Bettencourt, diria que o prestígio do Benfica, via presença de Vieira na comissão de honra de António Costa, permite vitórias eleitorais, enquanto o do FCP perde em duas frentes – Elisa Ferreira alicerçou a sua campanha no Porto no diferendo que Rui Rio tem com os dragões; Pinto da Costa fez uma perninha em Oliveira de Azeméis tentando atrapalhar os intentos do presidente da Liga – e um ex-presidente do Sporting bate um recorde negativo histórico, assinando a primeira derrota de uma coligação de direita na corrida à CML, e com maioria absoluta para o vencedor, que nem concorria coligado com ninguém. E isto ao mesmo tempo que a empresa do paineleiro lagarto Rui Oliveira e Costa voltou a meter água nas previsões. Falando de paineleiros, um afecto ao Benfica ganhou a câmara de Sintra com goleada, um afecto ao FCP discutiu com um outsider (um independente) o segundo lugar e quedou-se pelo terceiro em Matosinhos. Um jogador do Sporting quase ganhou, quase, mas perdeu mesmo. Igualzinho à realidade futebolística, não?

domingo, 11 de outubro de 2009

Bloco fora de Lisboa

País pequenino este

Porque é que em noites eleitorais os três principais canais de televisão portugueses vão para intervalo ao mesmo tempo?

Felgueiras perdeu Felgueiras!

Quando Fátima Felgueiras era acusada de corrupção, com uma fuga para o Brasil pelo meio, ganhou as eleições.
Foi absolvida e perdeu-as...

Empate técnico? A sério?

Os sms que fui recebendo na última hora davam conta de um empate técnico entre Costa e Santana.
A RTP dá uma vantagem de 10% a Costa.
Grande empate técnico...

Belo voto

Tenho pena…, mas não foi meu.

sábado, 10 de outubro de 2009

Há “escutas” no Paço do Lumiar e arredores

É costume dizer-se: não acredito em bruxas, mas que as há, há!
Pois há, e desta vez, para variar, o assunto é sério.

Durante os últimos dias, o meu computador pessoal foi alvo de intercepção, suponho, ilegal.
Isto é: tenho a certeza que o meu computador pessoal foi alvo de intercepção dos fluxos comunicacionais digitais em que ele foi parte. Suponho que tal intercepção foi ilegal por diversos motivos, nomeadamente, o amadorismo “da coisa”.
E tenho a certeza que o meu computador pessoal foi alvo de intercepção dos fluxos comunicacionais digitais em que ele foi parte (para que fique bem claro) pois tive de me ver livre da intrusão levada acabo por este (link) software de venda e aquisição livres. Deu trabalho para limpar a sujeira, tive de recorrer a preciosa ajuda externa (obrigado camaradas amigos), mas lá me safei.

Mas, segundo me quer parecer (e desconfio), o “trabalhinho” não vai ficar por aqui. Assim sendo, venho por este simpático meio, dar uma palavrinha aos petizes piratinhas de “meia tigela”:
Cuidado. De forma a não afectarem dramaticamente a “minha vida informática” ou utilizam meios profissionais para interceptar os meus fluxos comunicacionais digitais, ou da próxima vez seguirá a respectiva queixa-crime nas competentes autoridades.

Escutas em Belém: cá está a prova que faltava

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Os poderes de Cavaco e a Madeira

O mesmo Presidente que se lamuriou perante todo o país pela sua perda de poderes por causa do Estatuto dos Açores mantém (outro) silêncio sobre o que se passa na Madeira.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Estação: Outono/Inverno 09/10 (I)

É mais forte que eu. Adoro esta música.
Mesmo sem vídeo – apareceu por ai esta semana – merece desde já o destaque da Estação.
Com uma música genialmente simples, estes “vampiros” continuam em grande forma; a inspirarem-nos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Chocar com a realidade

Um excelente post no Vedeta da Bola (link).

Campo Contra Campo (CXXXVII)

Cloak and Dagger - O Grande Segredo, ****
Inglourious Basterds - Sacanas Sem Lei, ****


Quis o destino que em dias consecutivos assistisse a dois filmes realizados por dois monstros sagrados da sétima, separados por mais de sessenta anos, mas com imensos pontos em comum.
É espantoso como "Inglourious Basterds" de Quentin Tarantino e "Cloak and Dagger" de Fritz Lang partem de um gene comum. Nos últimos anos da II Guerra Mundial, se Tarantino “coloca” no Velho Continente um grupo de bons malandros à caça de nazis, Lang “envia-nos” um reputado cientista norte-americano à caça de outros cérebros. Espaçados por seis décadas é no “cabo da Ásia” que Tarantino quer ganhar a guerra decapitando (quase literalmente) o Terceiro Reich tal como Lang quis atrapalhar o programa nuclear de Berlim.

Sobre “Sacanas Sem Lei” já tudo foi escrito e dito. Quanto a “O Grande Segredo” não vai ser neste curto espaço que se vai escrever ou dizer grande coisa. Deste ficam contudo um par de sequências inesquecíveis e uma interpretação genial de Lilli Palmer (link). Mas fica também um elemento comum a Basterds: dos génios esperamos sempre obras-primas; e a Lang (tal como a Tarantino) já vimos maior arrojo – apesar de estarmos perante dois filmes enormes.

Uma nota: a programação da Cinemateca neste mês de Outubro é excelente – como se houvesse algum mês que não fosse. Por exemplo, nos próximos dias serão exibidas duas obras-primas absolutas, absolutamente imperdíveis para quem adora cinema. A saber: The Wind (1928) de Victor Sjöström e Ordet (1955) de Carl Th. Dreyer – porque é impossível compreender o presente do cinema sem conhecer o seu passado.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Nigel avança, com toda a confiança

Aleluia. Aleluia, pelo menos três vezes.
Aleluia porque, para variar, vemos hoje um politico visitar uma fábrica que trata uma das maiores riquezas portuguesas: o peixe.
Aleluia ainda porque esse politico, Jerónimo de Sousa, sempre muito crítico quanto ao tecido industrial português, veio defender que "na Nigel os direitos dos trabalhadores são respeitados, demonstrando-se que não é com precariedade e baixos salários que as empresas se desenvolvem”, classificando essa fábrica como “exemplo incentivador”.

Mas, aleluia também porque Peniche pode orgulhar-se de ter um dos presidentes de câmara, o comunista António José Correia, que se consubstancia num dos melhores exemplos autárquicos portugueses. O Tó-Zé, como é conhecido na sua terra, compreende perfeitamente quais as grandes riquezas com que aquele pedaço de terra espetado no mar foi abençoado, sabendo tirar partido dessa mesma dádiva para desenvolver Peniche, sustentadamente.

Ah…, já agora, ainda quanto à Nigel. Como não sou um papalvo que acha que só o que “é feito” em Portugal deve ser comprado e consumido, estou ainda mais à vontade para falar do que por lá se produz. Confesso que é da Nigel que vem parte substancial do peixe e marisco que degusto. Querem ver? Em vez de fazerem mais uma refeição bimba na bimby, que tal provarem as novas refeições prontas que o “exemplo incentivador” produz (dica: o polvo à lagareiro é de comer e chorar por mais).

domingo, 4 de outubro de 2009

"Notículas"

As "opiniões" e "comentários" de politólogos e "constitucionalistas" têm sido, na generalidade, deprimentes e, nalguns casos, verdadeiros atestados de incompetência profissional ou intelectual, que seria mais agravada não fora a quase total ignorância, legítima, da população sobre questões constitucionais e políticas. Mas todos erramos, daí que venho contribuir com algumas notas, meio argumentativas, meio opinativas.

Nos termos da Constituição portuguesa (CRP), o programa de Governo pode apenas ser apresentado e "apreciado"/disctutido, logo não tem necessariamente de ser votado. Acontece que, diz-nos a lei fundamental e a História político-constitucional recente, qualquer grupo parlamentar pode apresentar uma moção de rejeição do Programa do Governo, carecendo contudo de maioria absoluta (116) dos deputados em efectividade de funções para ser aprovada. Logo, o Programa do Governo pode não ser sufragado pelo parlamento.

Outro "mito" que perspassa no debate dos comentadores é a dissolução parlamentar de iniciativa presidencial, havendo cenários diversos, designadamente os que respeitam à rejeição do programa do Governo ou à não recandidatura do actual PR e que consequentemente poderá querer, antes de se ir embora, a dissolução da AR. As opiniões vão desde o curto-prazo, por resultado de um eventual chumbo orçamental, ao longo-prazo, antes de janeiro de 2011, data final do exercício de funções do actual PR. Ora, convém saber que "este" PR só pode dissolver a AR entre Abril e Junho de 2010, ou seja, durantes esses grosso modo três meses, porquanto a CRP impede que a AR seja dissolvida após 6 meses do início da sua legislatura e nos 6 meses anteriores ao termo do mandato presidencial. Logo, não é possível dissolver a AR antes de Abril, nem depos de Junho de 2010.

Por último, uma nota opinativa quanto às questões da composição do futuro Governo. Uma das leituras que faço dos objectivos do recente polémico comunicado presidencial ao país é a tentativa, não de vir a formar um governo de "iniciativa presidencial" digamos assim, mas antes de condicionar a composição do futuro governo socialista. Maquiavélico? Admito. Mas julgo que o "ataque" directo a alguns dirigentes socialistas é perseguir o objectivo, entre outros (marcação política e sinal de autoridade e controlo sobre o Governo, degradar a "ética" política do PS, contribuir para o fracasso eleitoral autárquico socialista, etc.), de que há candidatos a ministros que serão "vetados" pelo presidente! E refiro-me, por exemplo, a Augusto Santos Silva (ASS). Mas quase todos o dão como ministeriável "indiscutível"... enfim, vamos ver... O condicionamento presidencial não significa que ASS não seja nomeado, acontece que na "negociação política" joga-se com cedências e contrapartidas e trunfos, logo, tudo conta e contribui para os "preços" da oferta e da procura da nomeação governamental.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Estação: Outono/Inverno 09/10 (0)

Há tanta (mas tanta!) novidade musical na estação que agora começa, que seria uma pena não lhe entregarmos os nossos sentidos. Comecemos pelo fim; quer dizer, por uma música que remete para o fim deste verão que teima em não nos abandonar.
Os nossos conhecidos Kings Of Convenience vem de Bergen, lá longe na Nouruega, e anunciam assim, com esta sublime canção, a queda de um verão.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Quem é a sobrinha mais linda do tio? (V)

No passado sábado, com orgulho muito seu, a Madalena (aos quatro anos e pouco) assistiu – da segunda vez que foi ver o Nosso Querido Clube à Catedral – à primeira goleada da sua curta mas precocemente apaixonada vida Benfiquista.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"Pueiras"

Desde o rescaldo da campanha eleitoral que me sinto um verdadeiro cidadão mediano, e talvez seja essa condição que me impeça de perceber a comunicação (social) de Cavaco. Não percebo pela substância, nem pela implicitude. Dizem que na idade mais avançada se evolui para um estado infantil, mas ainda não lá cheguei. Cavaco perdeu as eleições de Domingo, mas é presidente de todos os protugueses, como ele sempre faz questão de referir. Será uma birra? Ou uma intencional punhalada na campanha do PS para as autárquicas? tanta pergunta, deriva de facto daquela comunicação de ontem que de presidencial só teve o seu locutor. Uma infelicidade, para o presidente e para o país. Uma surpresa, também. O PS deve ter um comportamento contrário e portar-se de forma responsável e politicamente madura. A comunicação do PS foi muito boa: equilibrada, responsável, construtiva.
No fundo, esta polémica é mesmo isso: uma birra política e adulta, de quem em vez de pedir aos órgãos do Estado para averiguarem do sistema informárico da Casa Presidencial (ao PGR, ao LNETI, a empresas independentes, etc...), vem fazer acusações sem provas. Repito, sem provas! Isto não é política, é falta de isenção... e de chucha!
Dizem que o presidente Cavaco clinicamente está com Alzheimer, mas tal é segredo de Estado. Começo a acreditar nisso. E é por isso mesmo, por essa notícia não ser pública, que me leva a pensar que o sistema informático presidencial não funciona pior do que o do Governo ou o da RTP ou da SIC ou até do Público... Puerilidades!

Alguém me pede a um dos netos do Cavaco para fazer o mesmo sff

Sem palavras...

Os jornalistas e o segredo

Segredo das fontes: inviolável.
Segredo de Justiça: alvo em movimento.

Já as alemãs de Leste usavam bigode

"Crânio de Hitler" é afinal de mulher.

A declaração de Cavaco (conclusões)

Em resumo:
  • O PSD mentiu ao colocar no seu sítio da internet que assessores da Presidência colaboravam na redacção do seu programa eleitoral.
  • O PS quis criar um "caso" resultante da colaboração entre assessores da Presidência e o PSD, que afinal era mentira.
  • O Público inventou (ou alguém da Presidência lhe mentiu sobre isso), uma história segundo a qual as comunicações da Presidência estavam a ser escutadas pelo Governo, e tinha sido assim que PS saberia da colaboração (que afinal era mentira) Belém/PSD.
  • O Público inventou (ou alguém da Presidência lhe mentiu sobre isso), uma história segundo a qual a Presidência se tinha sido sentido vigiada por um assessor do Primeiro Ministro na viagem do Presidente à Madeira.
  • A Presidência esperou um mês e meio para avaliar a vulnerabilidade do seu sistema de comunicações.
Concui-se que:
  • A Presidência, em Agosto podia ter emitido uma nota dizendo que:
  • Não era verdade que assessores da Presidência estivessem a colaborar na redacção do programa eleitoral do PSD.
  • A Presidência não tem razões para se sentir vigiada pelo Governo.
  • Apenas vinculam a Presidência as declarações emitidas pelo Presidente da República e pelos seus Chefes das Casas Civil e Militar.
Espera-se:
  1. Um pedido de desculpas do PSD por ter mentido no seu sítio oficial da internet.
  2. Um pedido de desculpas do Público por ter inventado as suspeitas de vigilância do Governo sobre a Presidência, ou então
  3. A denúncia pelo Público da fonte da Presidência que o arrastou para a mentira.

A declaração de Cavaco IV

Quarta Questão (A segurança das comunicações)
  1. Em Agosto, na sequência das notícias do Público, Cavaco disse que levava a segurança muito a sério.
  2. Até ontem, Cavaco não disse mais nada.
  3. Ontem, Cavaco disse que precisamente ontem tinha estado reunido com especialistas que lhe terão afiançado que o sistema de comunicações da Presidência é vulnerável.
Conclusão:
A Presidência esperou um mês e meio para avaliar a segurança das suas comunicações.

A declaração de Cavaco III

Terceira Questão (A desconfiança perante outra pessoa)
  1. Em Agosto, o Público divulgou uma história que lhe teria sido relatada pela Presidência e que ilustraria a vigilância que estaria a ser exercida por S. Bento.
  2. Era a actuação de um assessor do Primeiro Ministro na visita de Cavaco à Madeira.
  3. Esse assessor, Rui Paulo Figueiredo, teria estado em jantares oficiais, desconhecendo a Presidência a que título o mesmo estaria aí presente.
  4. Rui Paulo Figueiredo, segundo o Ministro Pedro Silva Pereira, é assessor jurídico do Primeiro Ministro, responsável pelos assuntos das regiões Autónomas.
  5. Segundo o e-mail publicado pelo Diário de Notícias (confesso que não me lembro se isto foi divulgado pelo Público), um assessor da Presidência entregou um dossiê completo sobre Rui Paulo Figueiredo.
  6. Até ontem, Cavaco não disse nada.
  7. Ontem, Cavaco disse que «pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas».
  8. Ontem, Cavaco disse que a Presidência não desconfiou de Rui Paulo Figueiredo.
Primeira Conclusão:
Cavaco assumiu que a desconfiança perante Rui Paulo Figueiredo foi apenas de um seu assessor e não da Presidência.
Segunda Conclusão:
Bastava uma pequena nota de imprensa da Presidência enunciando o ponto 8 que o problema teria morrido à nascença.

A declaração de Cavaco II

Segunda Questão (As escutas)
  1. Em Agosto, na sequência do pedido de clarificação feito por alguns militantes socialistas, o Público editou uma notícia.
  2. Nessa notícia, fontes de Belém teriam garantido que os militantes socialistas só saberiam da colaboração de assessores da Presidência se houvesse escutas ou se as comunicações estivessem a ser interceptadas.
  3. O Público editou uma notícia segundo a qual o Presidente temia que as suas comunicações estivessem a ser interceptadas.
  4. Até ontem, Cavaco apenas tinha dito que levava as questões de segurtança muito a sério.
  5. Ontem, Cavaco desmentiu que alguma vez tivesse dito a alguém que desconfiava que as suas comunicações estivessem a ser interceptadas.
  6. Ontem, Cavaco disse que apenas vinculam a Presidência as declarações proferidas por ele e pelos chefes das suas casas Civil e Militar.
Primeira Conclusão:
Ou o Público foi enganado por alguém da Presidência, ou o Público criou a história toda.
Segunda Conclusão:
Bastava uma pequena nota de imprensa da Presidência enunciando os pontos 5 e 6 que o problema teria morrido à nascença.