domingo, 30 de setembro de 2007

o Bloguítica terminou

Caro Paulo Gorjão, não faça isso!
Ficaremos orfãos de um dos melhores blogues nacionais?
Quem mais restará com a sua perspicácia de "spin-detector"?

Há Liberdade (LXXXI)

[...em movimento...]

Virar o bico ao prego (ou, como consegue Paulo Bento ser tão mau?)

Como de costume estive ontem no Estádio da Luz, onde vi um jogo agradável, porque o Benfica jogou bem e para ganhar, o que acabou por não conseguir devido àquele falhanço incrível de Nuno Gomes (que, também, apenas falhou o golo porque conseguiu chegar àquela bola...) e às más opções de Di Maria em duas situações.
De resto, o meio campo está restabelecido depois da perda de Petit (Katsouranis regressou e Pereira está a fazer bem o lugar), Rodriguez está enorme (pese embora às vezes seja "fução") e Di Maria e Adu continuam a crescer. Na defesa, o Ed Carlos já está mais entrosado e, depois da experiência Luís Filipe, ficámos aliviados quando vimos Nélson regressar.
Quanto ao Sporting esperava muito mais. A sério. O Sporting jogou com medo, fechadinho atrás, e não fora alguns rasgos do Romagnoli, pareceria que estávamos a jogar contra o famoso autocarro à frente da baliza...
Quanto ao árbitro, Paulo Bento conseguiu largar a posta de pescada que lhe estava encomendada desde Quarta-Feira, quando o bandeirinha do Estrela-Benfica cometeu aquele erro... É que quem viu o jogo de forma imparcial viu o seguinte:
  • Nas faltas a meio campo, na dúvida o árbitro prejudicou sempre (de forma impressionante) o Benfica;
  • Quanto aos penáltis não assinalados, houve 4 situações (e não 3 como Bento disse) de acordo com o insuspeito jornal "O Jogo":
  • Um claro sobre Rodriguez, a favor do Benfica;
  • Um claro sobre Freddy Adu, a favor do Benfica;
  • Um inexistente de Katsouranis sobre Romagnoli;
  • Um duvidoso, por mão de Katsouranis.

Quanto à mão de Katsouranis, destaco a análise d'O Jogo:

Katsouranis tem o braço esquerdo completamente colado ao corpo e a bola bate-lhe e sobe, sem que haja qualquer infracção do jogador. Entretanto, o assistente, por precipitação, chama o árbitro que opta por recorrer a uma bola ao solo .

sábado, 29 de setembro de 2007

Efervescências (XI) - Sócrates, muito (mas mesmo muito) mentiroso

Quantas vezes e sobre quantos assuntos de Estado terá um primeiro ministro que mentir ao país para perder de vez a confiança de um povo?
O execrável Sócrates voltou a ser apanhado nas malhas do melhor detector de mentiras que à memoria - comprado em tempos guterricos pelo Costa de Lisboa, não se olvide. A blogosfera, entretidinha a discutir se o PSD acabou já ou mais daqui a bocado, esta a perder o prato do dia. Entende-se assim de forma clara o desejo deste governo em criminalizar a divulgação de certas escutas telefónicas.

De há uns dias para cá tenho andado preocupado em tentar perceber qual será o melhor ângulo… (III)

… cá para mim, muito provavelmente será este!

Efervescências (X) - Luís Filipe Menezes e outras coisas também

Como as coisas mudam. Praticamente não acompanhei o processo eleitoral no PSD. Meteu asco. Talvez por tal fique surpreso com a vitória de Menezes. É cedo para saber se é bom ou mau, embora estas analises Luhmannianas dependam sempre (e essencialmente) da prespectiva. Certo é que soube do resultado há minutos. Pelos blogues. Nos blogues leio também reações e analises (estas, muitas e boas). Ainda não "fui" aos jornais. Voltando a Menezes, assim de repente, quer me parecer que o Zé Cabra vai ter de esperar algum tempo. Menezes e a sua tropa de choque vão invadir o espectro, dar trabalho a Sócrates, espremer o que resta à sua direita e crescer ao centro, onde está o povão, à custa dos bons principios. Não sei se foi um passo para o abismo ou não. Mas tem aspecto disso. E não apenas para o partido.

Deu Menezes


Então e a Câmara de Gaia, carago?

Há "uma palavra" para todos menos para os gaienses?

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Grande trinta e um

A presença do inimigo na casa que também é de Deus parece não estar a ser muito bem digerida por alguns. Tenham paciência. Vai valer a pena acompanhar em directo as directas da laranjada aqui ao lado. No 31 da Armada.

Não há bem que sempre dure…

A blogosfera portuguesa ficará substancialmente mais pobre caso o Miguel não consiga manter o seu Combustões. Desejamos-lhe as melhores felicidades na sua aventura além-mar.

O Povo é sereno

A bem da verdade, devo confessar que (apesar de estar quase de partida para a Região) não tenho rigorosamente nada a ver com isto: Furacão Lorenzo atinge o leste do México.

Cemitérios e discriminações

Dois criminosos foram apanhados a profanar sepulturas no cemitério judaico de Lisboa. Os criminosos eram skinheads e julgam que são valentes por andarem a bater em mortos...
Independentemente do repúdio pela atitude dessa gente, fui levado a pensar num facto interessante. No século XXI há necessidade de um cemitério só para determinada confissão religiosa? Há restrições aos sepultamentos nos cemitérios públicos?

... tua beleza é real e és dos melhores do mundo...

Um estudo levado a cabo pela empresa inglesa Drivers Jonas coloca o Estádio da Luz entre os melhores da Europa.
A Catedral surge na 13ª posição enquanto melhor recinto. A lista é encabeçada por Old Trafford (Manchester United), Emirates Stadium(Arsenal) e Camp Nou (Barcelona).
O Estádio da Luz é ainda considerado o oitavo melhor da Europa ao nível da segurança.
fonte aqui

Enquanto isso, na Birmânia...

Em Rangum os militares já não disparam para o ar.
Leia aqui o papel importante da blogosfera na exposição pública da situação na Birmânia (que se lixe o nome "Myanmar"...)

De há uns dias para cá tenho andado preocupado em tentar perceber qual será o melhor ângulo… (II)

Uhhhmmmm..., se calhar é este. Será?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os tablóides também se abatem

Jornal "Tal & Qual" acaba amanhã

Ainda a Ana Lourenço, José Mourinho e Pedro Santana Lopes

Já agora, ontem na SIC-Notícias (julgo que à meia-noite), o apresentador referiu-se ao episódio Santana Lopes dizendo qualquer coisa como "Santana Lopes volta a deixar a meio algo para que tinha sido convidado".
É feio... muito feio...

Efervescências (IX) - Ana Lourenço, José Mourinho e Pedro Santana Lopes

Um trio impossível...?
Nada é impossível, nos dias da sociedade da informação e comunicação. É espantoso como este tipo de fait divers apaixona a opinião pública e faz disparar contadores de blogues. PSL (o outro, não este que vos escreve) apesar do ar velho, gasto e cansado continua mestre no que toca ao dialogo com o povo via mass media. O homem tem qualquer coisa que encanta os portugueses. Só pode. "O país está doido (...)" diz Santana antes de sair do estúdio. A blogosfera (e não só) aplaude de pé Santana e patea as gentes de Carnaxide. Temos Ulisses renascido qual Fenix. Fonix.

As imagens via you tube

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Coisas que fiquei a saber quando cheguei a casa e fui à net

1. Santana Lopes estava a ser entrevistado por Ana Lourenço (a minha ex-entrevistadora favorita...) e foi interrompido para a transmissão em directo de José Mourinho a entrar (ou a sair?) de um carro. O Lopes repreendeu a Ana, levantou-se e foi embora... Ah Lopes, se não fosses tu, catano!
2. Ferreira do Amaral, que ofereceu o exclusivo das travessias do Tejo a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte é o presidente do Conselho de Administração da Lusoponte...

3. Afinal, também há miúdas lourinhas e marroquinas...

Rugby, o jogo e paixão

1. Ao comentar a saída de José Mourinho do Chelsea, Alex Ferguson, treinador do Manchester United, por varias vezes se referiu “ao jogo” quando queria designar o futebol. Faz sentido, todo o sentido.

2. Como todos sabem terminou ontem a aventura portuguesa no Mundial de Rugby. Com os resultados que se conhecem. Provavelmente pela primeira vez acompanhei uma competição desse desporto com alguma atenção. Finalmente conheço minimamente as regras. Ontem pude enfim assistir a uma partida de fio a pavio. E confirmei o que sempre pensei desse desporto. De facto o Rugby não é um jogo. É apenas um desporto como tantos, tantos outros onde é necessário atingir um dado objectivo para sair mais feliz da contenda. E o Rugby não ascende ao Olimpo dos jogos por uma razão simples. Falta-lhe a alia.

3. No Rugby, para mal dos nossos pecados lusitanos, vence sempre o mais forte. Sempre. Ao desporto Rugby falta-lhe aquela pitada de tempero a que normalmente chamamos sorte ou azar e que tantas vezes determina o vencedor de um jogo de futebol. Por isso é que este é Rei. O desporto Rei.

4. Perguntam-me se eu quero ir à Amadora ver o Benfica B jogar contra o Estrela A/B logo à noite. Recuso. Por muitas razões. Entre elas todas, a desilusão de ver o meu querido clube jogar um futebol digno de candidato “à manutenção”. Pelo menos aqueles que calcorreiam o país (e o estrangeiro, também) a gritar o nome do Sport Lisboa e Benfica mereciam mais respeito. Desde logo de quem dirige o clube e a SAD. Basta!

5. Dizem os calendários que no sábado se joga o derby “do jogo” português. O único derby do futebol português. Clássicos são muitos; derby só este. Aquele momento único que tantas emoções já provocou ao longo de cem anos está remetido para o cantinho do quase-esquecimento. Ar dos tempos, sem duvida. Já alguém terá dado conta disso? É assim que “o jogo” vai definhando em Portugal…

Piadinha PREC

Não é por morrerem dois monges que se acabará a Revolução

Mais um bom exemplo do bom jornalismo de referência português

Sic transit gloria mundi por Pedro Arruda no Ondas.

A novela da semana é laranja

Marques Mendes pode sempre dizer que Filipe Menezes fez baixar o nível do debate à sua altura. À de Mendes, entenda-se.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Acabou-se

Acabou a carreira cem por cento vitoriosa da selecção portuguesa de râguebi no capítulo do marketing.
Quanto à parte desportiva, somamos mais uma derrota, mas desta vez foi por poucos: 14-10 com a Roménia

De há uns dias para cá tenho andado preocupado em tentar perceber qual será o melhor ângulo… (I)

Será este?

Campo Contra Campo (LXXXVII)

Para que não digam que não foram avisados...
De 18 a 28 de Outubro, o doclisboa 2007 trará novamente a Lisboa, em primeira-mão, o melhor da produção nacional e internacional de documentário: onze dias de projecções em regime intensivo, ainda com mais filmes, mais secções e mais actividades complementares do que nas anteriores edições. Mais aqui.

Graçolas por e-mail

Dizem ser esta a "Mãe de Todas as Placas". Não sei se está em Portugal. Mas parece ser muito portuguesa...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

sobe sobe, balão sobe

Tudo sobe: o petróleo, os cereais, as taxas de juro...
Tudo? Não! Os salários mantêm-se orgulhosamente baixos e a perder valor real!

Através do L-World (BSO)

"Memorize the city" - The Organ


"Playgirl" - Ladytron


"Back to black" - Amy Winehouse

sábado, 22 de setembro de 2007

Há Liberdade (LXXX)

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Alastair Mennie em Aillens, Irlanda, Junho de 2007 - Foto: Kelly Allen/Towsurfer.com

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Ainda por causa de Mourinho

Tropeço com este vídeo aqui (link). Vejo-o e fico todo arrepiado. Tive ainda outras emoções mas tenho vergonha de contar…

N MÚSICAS XXXI

"Fake Empire" (2007)- The National



Uma música extraordinária.

Efervescências (VIII) - O debate mensal no parlamento

"O senhor primeiro ministro promete em gigas mas cumpre em kapas". Assim brade Paulo Portas para José Sócrates. Este, com um ar cada vez mais abixanado, usa de todos os seu dotes circenses para se defender de ataques como aquele. Ataques, de pólvora seca.

Estes debates mensais são cada vez mais divertidos. Apesar do parlamento contar com excelentes tribunos como Sócrates, Portas ou Louça, estes, em vez de discutir seriamente as políticas publicas, entretêm-se em conversinhas de cacaracá que me fazem lembrar as tagareladas matutinas das comadres vizinhas na visita diária ao talho, peixaria ou padaria. Nestas manhãs de São Bento, ali pertinho da Lapa, não encontro grande diferença entre o Parlamento e uma esquina bafienta da Bica, Alfama ou Mouraria. O pais devia parar para ver tamanho espectáculo. Pelo menos os funcionários públicos deviam ser dispensados nestas manhãs para poderem acompanhar condignamente tão brilhante debate.

Externamente ao (putativo) debate outra coisa me baralha o espirito. Se existe um "canal parlamento" que é distribuído pela generalidade das plataformas de televisão por cabo porque é que os dois canais portugueses de informação presentes nesse mesmo cabo (SIC N e RTP N) tramitem ambos o mesmo sinal de forma perfeitamente acritica, perfazendo três canais três a transmitir a mesmíssima coisa?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Há coisas (pouco, muito pouco) fantásticas

A rapaziada da Tvcabo (parece que é assim que se escreve agora), não tendo grandes novas para nos oferecer, sabedora, no entanto, que na reentré é preciso fazer qualquer coisa para que tudo fique na mesma, acabou por baralhar o alinhamento dos canais. No meu caso, cliente do pacote funtastic life (bonito epíteto), existem diversos canais repetidos; supostamente para dar a ideia de que nos “dão” mais canais. Mas vá lá. Desta vez nem tudo foi mau. Provavelmente ao conversarem com uma criança de dez anos, daquelas que vão aquele programa da RTP 1 treinado pelo apresentador do Arouca (perdão, apresentado pelo treinador do Arouca) ela lhes terá dito: e se agregassem os canais e informação todos bem pertinho uns dos outros para tornar ainda mais fácil esse dengoso desporto de sofá chamado zapping. E.., plimmm, já está. O mundo todo junto entre a posição 200 e 211. Mas fantástico, fantástico mesmo, foi terem chutado aquela lixeira chamada TV Record da posição 12 para o fundo do baú. Continuamos todavia a lamentar não ter um canal brasileiro decente na nossa televisão por cabo.

Not so special anymore

Já gostei menos de voar [e desta musica também]

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Tiveram medo de quê?

De perder? Dos grandes jogadores? De sofrer muitos golos? Porquê tanta passividade contra a parcimónia típica do futebol italiano? E porque não alterar a forma de jogo na 2.ª parte? Porque não abrir o jogo para o Milão marcar 2, 3, 4 golos, se o Milão ontem, como se viu logo na 1.ª parte, tinha equipa para levar 2, 3, 4 golos?
Agora, com medo e sem velocidade como queriam ganhar ou empatar?!
O grande culpado, talvez o único, é Camacho, que teve a brilhante táctica do Scolari aplicada na 2.ª parte do jogo contra a Sérvia: jogar na defensiva. Neste tipo de jogo, que eu saiba, só os italianos são mestres.

É absolutamente inacreditável como só dois jogadores, velhotes, e um deles com 35 anos, merecem destaque ontem pelo seu destemor e segurança: Quim e Rui Costa. Os outros, na sua grande maioria, andarem simplesmente a fazer gestão de bola e de passe (com imensa incompet~emcoa, refira-se), como se o objectivo do jogo fosse afastar/reter o máximo o mais possível a bola, antes que os fabulásticos milaneses marcassem um golo!

Foi angustiante ver ontem o jogo. Uma equipa que assenta, sobretudo, num 'velhote', para alguns coxo, para outros 'a mais' na equipa, e não corrigir isto, como dizia um antigo meu professor de arte, é querer ver um quadro sem olhar para a tela.

Com a actual equipa disponível, nem quero imaginar o Benfica sem "il maestro". .

Mendes e Menezes, e quem mais passará, a convencerem o povo da sua Moção Estratégica

Na República Dominicana é que costuma ser assim (e nas Maldivas também)

Há pouco, eram quase cinco da tarde, fui apanhado na rua por uma chuva torrencial. Olhei o termómetro do carro. Marcava vinte e nove graus.

Ler devia ser proibido

terça-feira, 18 de setembro de 2007

2-1

O Milão é uma equipa do outro mundo, o Benfica está neste mundo e hoje apresentou-se sem a defesa habitual (apenas Léo...), com um meio campo remendado (Pereira no meio, a estreia de Gilles...), e com um bom ataque (o Benfica teve poucas oportunidades, mas foram muito boas, com destaque para o cabeceamento de Cardozo ao poste, com a baliza aberta).
Assim, ficou a sensação que o Milan podia ter marcado mais golos, mas também a sensação que - se a bola bate no poste e entra - o jogo poderia ter adquirido outros contornos (além do mais o segundo golo do Milan é logo após o tal cabeceamento de Cardozo...).
Por fim duas boas notas psicológicas:
1- A ovação do estádio inteiro a Rui Costa;
2- Nuno Gomes marcou mais um golo.
Daqui a duas semanas há mais.

Há quem não goste de claques de futebol...

Temos pena...

Actualizado…

…com som e imagem o post Massive Attack no Coliseu de Lisboa.

Por favor, desliguem os telemóveis. O espectáculo vai começar!


Está quase...

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ArcádiaQuiz (X)


(v. Público, 2007/09/18, crónica de José Vítor Malheiros)

Massive Attack no Coliseu de Lisboa

No final dos anos oitenta, principio dos noventa, prometiam-nos que o futuro seria das bandas de fusão que soubessem misturar diversos géneros de som. O problema é que muitos dos que têm por estes dias 35 (mais 5 para cima, menos 5 para baixo) vivem com um estranho travo de que o futuro foi lá atrás…
Bom, desta vez estive lá. Eu e provavelmente metade da blogosfera lisboeta. Não sendo fã declarado da banda sou apreciador da musica criativa dos britânicos que pela enésima primeira vez tocam em Portugal. No entanto, para mim foi a primeira. Na minha imodesta opinião, esteve longe de ser um concerto soberbo ou perfeito. O som de fusão e a-rotulavel dos Massive Attack pode ser muito criativo mas, de facto, ficou lá atrás, no tal futuro prometido que já lá vai. Rock, do sinfónico ao ruído; batidas quentes; às vezes melodiosas com travo jamaicano. Uma amalgama por vezes indecifrável que apenas a espaços agarrou a audiência que sofria com o calor insuportável da sala. De resto…, um som tecnicamente perfeito e um set de luzes ofuscantemente original que por certo vai dificultar muito as imagens que possam eventualmente surgir no tube. Numa palavra, este concerto foi uma trip de hop.


…do tube, com uma qualidade de som impressionante e com imagem (com previ) altamente prejudicada pelo set de luzes, o tal momento que para uns foi de êxtase, para outros de decepção e para mim, como quase todo o concerto, foi assim-assim.

Scolari..nho!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Leituras soltas, blogosfericamente soltas, que gostei de fazer

A estratégia da ausência, por Francisco Almeida Leite no Corta-fitas

Turista Acidental por Pedro Sales no Zero de Conduta

Ele que venha por Henrique Burnay no 31 da Armada

Sócrates só corre para o boneco por Cristina Ferreira de Almeida no Corta-fitas

Jus, por Gabriel Silva no Blasfémias

ArcádiaQuiz (IX)

Para não se ser criminalmente acusado de racismo e xenofobia em Portugal, é preciso:
  1. Chamar-se Nogueira Pinto;
  2. Chamar-se Mário Machado;
  3. Ser polícia com opiniões sobre os assaltos em semáforos.

As frases do dia

Temos dois ministros da justiça: Alberto Costa e Maria José Morgado.

(...)Tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia.

O novo Código de Processo Penal

É cedo, muito cedo, para fazer analises, resumos, retirar conclusões. Todavia, como a opinião pública e publicada não tem emenda ontem e sobretudo hoje chovem as opiniões as críticas e as sentenças. Enquanto o Zé Povinho se preocupa em demasia com a libertação de meia dúzia de bandidos o caos, lentamente, instala-se na administração da Justiça. Ninguém se entende, todos têm duvidas e alguns “dos trabalhos” ameaçam ficar paralisados durante dias, semanas, quiçá meses. De conclusivo para já temos dois aspectos: por um lado o tempo de vacatio da nova lei processual penal foi ridiculamente reduzido, por outro, a ausência de normas transitórias ajuda a cavar mais um pouco o fundo húmido e escuro do buraco em que a Justiça portuguesa se vai enterrando. Claro que em tudo isto a culpa morrerá solteira, apesar de ser claro que o agente legislador agiu livre conhecendo e querendo (ver editorial de José Manuel Fernandes no Público de sábado passado) provocar o caos que se adivinha.

Nota: entretanto o governo fez uma pausa na sua função de estafeta entregador de computadores portáteis e lança mais um balde de lixo para o ventilador. A porcaria haverá de cair sobre todos nós…

É pá... isto anda murcho!!!

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domingo, 16 de setembro de 2007

Conservando o que temos de bom

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Do choque e do espanto

Compro a Atlântico essencialmente por dois motivos: porque acho que um projecto em forma de revista de ideias e debates de matriz marcadamente liberal faz falta num país amorfo como Portugal devendo como tal ser apoiado e porque o que por lá se escreve é feito com paixão, digno de ser lido e analisado.

Vem isto a propósito de um episodio que se passou comigo há uns tempos e que me deixou, no mínimo, desconfortável.

Alguma vez sentiram-se descriminados (afastados) por perfilharem dada ideia politica?
Nunca ouviram algo como, foste afastado não tanto pelo factor y ou z mas sim porque és de direita.

Confesso que foi a primeira vez que alguém me disse tal coisa. Foi um choque e não o escondi. Em especial porque não foi um pensamento leviano. A “tal coisa” produziu efeitos. Ora, preterido porque perfilho uma dada concepção do politica.

O caso, digamos assim, teve alguns aspectos positivos. Deu para sentir muito ligeiramente o que pode significar viver numa sociedade fechada, onde as ideias politicas e sociais convergem num dado sentido e valor unicos. Não gostei da sensação de claustrofobia.

Mas será razoável que oiçamos em pleno século XXI de uma boca jovem e culta as palavras “afastado por seres de direita”?

Tal apenas me parece razoável por um de dois motivos: manifesta má fé – o que afasto do caso em concreto – ou lamentável ignorância. Sim, uma pessoa pode ser culta e ignorante ao mesmo tempo. Eu por exemplo sinto-me medianamente culto mas sou um perfeito ignorante quanto ao Origami, por exemplo. Contudo, o desconhecimento da essência de tal arte, impede-me liminarmente de efectuar juízos de valor de quem gosta ou deixa de gostar de fazer tais bonequinhos em papel.

É aqui, nesta função de educar e formar que revistas como a Atlântico desempenham um papel fundamental. Querem um exemplo? No número deste mês Carlos do Carmo Carapinha escreve um artigo soberbo (Notas de um Conservador), onde traduz com clareza o que deve ser entendido por espírito (de um) conservador.
Embora correndo o risco de as desvirtuar não resisto a citar aqui algumas das palavras de CCC: “O que eu queria mesmo era referir-me ao que o conservadorismo não é. Não é reaccionarismo, não é saudosismo, não é “tradicionalismo”, não é autoritarismo.(…). É um facto que o conservador preza a ordem e a segurança. Preza-as porque preza a paz e a liberdade. Qualquer facto ou restrição que impeça o conservador de gozar e viver a vida plenamente em liberdade – o medo ou a violência, por exemplo – constitui um anátema".

Terei sido claro?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Música para o fim-de-semana

"Whatever You Like" - Nicole Scherzinger ft. T.I.


Ontem, algures entre o Canal Panda e o Jornal da Noite, foi só dançar com uma criança de 4 anos...
Não, não a pus na bagageira do carro, nem, desde já aviso, escrevi no diário que o miúdo era histérico ao dançar uma música destas!

Porque hoje (também por aqui) é sexta-feira


Já vos tinha falado naquela cena da lap dance de Vanessa Ferlito no último Tarantino?

17-2

Nem Scolari, nem McCan. Esta sim é a noticia do dia.

Kubo magico

Continua a escrever-se pouco sobre "a noite" nos blogues. É pena, até parece que a malta não se diverte…
O Kubo é a mais recente aposta dos manos Rocha em Lisboa e (como sempre quando aquela gente decide ganhar dinheiro) deu um pontapé na monotonia da movida alfacinha. O Kubo abriu em meados de Julho e até ao fim de Agosto era uma sitio simpático, bem decorado, amplo e grandioso mas quase sempre meio vazio; onde se conversava alegremente junto ao bar com o Tejo aos nossos pés. Com a entrada de Setembro chegaram enfim as noites quentes (?!?) e regressaram os "algarvios" sazonais. Fatalmente, o Kubo tem sido invadido pela habitual horda de gentios que assim que sabem "o que está a dar" não largam os braços dos "portas". Consequência: o tal local aprazível, grandioso e espaçoso, transformou-se num mega bar da moda onde o povão espalha o seu odor sovaqueiro na luta fratricida por um copo de gelo com umas gotas de álcool a seis euros a unidade. E quem chega depois da uma que fique meia hora à espera para entrar. Aprecie-se pois o Kubo durante a semana (até 29 de setembro) pois nos dias chamados inúteis é tempo de regressar aos Meninos do Rio.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Leituras soltas, blogosfericamente soltas, que gostei de fazer

Show educativo, por Lobo da Gardunha n’O Andarilho

Dalai Lama? Quem é?, por Tomaz Vasques no Hoje há Conquilhas…

Selecção, Um Bem Necessário, por João Gonçalves no Encarnado e Branco

Quando se esquecem os princípios... , por Vital Moreira no Causa Nossa

Então... feliz ano novo!, por João Távora no Corta-fitas

O peluche

Na terça-feira à noite tinha aqui (link) deixado a minha sincera preocupação. Sandra Felgueiras, a minha querida amiga Sandra Felgueiras (cof…, cof) acaba de me informar de Rothley, Norte de Inglaterra, via RTP1 (que fique bem claro…) que o peluche já terá sido apreendido. A notícia era espectável pois a sempre atenta TVI já ontem avançava com essa possibilidade. Uff. Sinceramente, agora, estou muito mais descansado. Os peluches não são para andar assim em roda livre, sem controlo sanitário, de um país para o outro sem passaporte nem nada, à mão de semear de gente pouco escrupulosa.

Post ligeiramente, mas só ligeiramente, xenófobo


Aí babaca, cê bateu nu cara. Tá aí pa todo mundo vê. Comissão técnica lá da UEFA inclusive. Você foi burro tava de cabeça cheia e deu um tapa lá nu cara da Servia. Cê num sabe quisso num se faz. Tem de ficar de cabeça fria.
Outra coisa: quando sê deixa de falar esquisito? Tem hora aí que niguem entende você oh babaca. Cê já cá está há tanto tempo em putugal podia fazer um esforço para falar língua de gente. Seus compatriota que vem la das favela e das roça do Nordeste para limpar nosso lixo e nos fazer a janta é tudo gente boa, gente educada, gente que num anda por aí a bater em tudo qué cara quando fica mal disposto. Esses seu compatriota fazem até um esforço aí para falar como pessoa e deixar de falar como gaúcho criador de gado.

Hoje soqueio eu!

ULTIMA HORA: o Benfica acaba de contratar um novo técnico de renome internacional. Luís Filipe Scolari, treinador campeão do mundo de futebol em 2002, foi esta noite contratado como treinador do Benfica. Na senda de recuperar a hegemonia nas modalidades amadoras, o clube da Luz acaba de contratar Filipão para seu treinador…, da secção de boxe. Consta que depois daquele poderoso "jab" de esquerda em Alvalade Filipe Vieira terá dito: "…babaca que bate assim no campo do rival tem de ser nosso!". Fontes anónimas confirmaram ao ARCÁDIA que Pinto da Costa e Macaco, o líder da principal claque portista, ainda tentaram levar o brasileiro para o Norte. Todavia Vieira não se deixou enganar, adiantando ainda: "não vai haver problema com o salário de Scolari, a Caixa banca a parada".

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

uma vergonha!

  • Scolari mandou jogar para o empate a partir do golo de Simão, esperando pelo fim do jogo.
  • Ricardo, cada vez que tinha a bola perdia tempo.
  • A defesa, cada vez que tinha a bola perdia tempo.
  • Com a saída de Nuno Gomes, deixou de existir um ponta de lança, uma referência fixa no ataque.
  • A uns quatro ou cinco minutos do fim do jogo a Sérvia marcou o golo do empate (em fora de jogo)
  • A dois minutos do fim do período de compensação (que foi de dois minutos) os jogadores sérvios atiraram a bola para fora para permitir a assistência a um colega de equipa.
  • Na reposição de bola os jogadores portugueses não a devolveram aos sérvios, que ironicamente aplaudiram a falta de fair play dos tugas.
  • O árbitro apressou-se a terminar o jogo e Scolari esmurrou um jogador sérvio.
  • No "flash report", Scolari disse que o árbitro, sabendo que havia fora de jogo validou deliberadamente o golo sérvio.
Acabamos mais um jogo à pancada e com mau perder... É impressionante a má imagem que aqueles tugas (e mesmo o tuga-scolari) deram de Portugal

Multas em Lisboa II

«- Ouve lá, o que é isso de ruas com tolerância zero para o estacionamento em segunda fila?»

«- É fácil, são as ruas onde é obrigatório cumprir o Código da Estrada!»

Quem é o melhor blogger nacional?

Não sei. Mas com textos como este (link) onde nos demonstra como “o sincero é o leproso medieval das estórias pós-modernas”, Henrique Raposo arrisca-se a levar a taça.

Duas perguntas que gostaria de fazer ao Dalai Lama

Se o Tibete fosse independente voltaria a ser um regime teocrático?
Pode uma mulher vir a ser "Lama", ou o espírito de um Bodhisattva só encarna em homens?

Multas em Lisboa

Ouvi agora na TSF uma miúda que acabava de ser multada (nas Avenidas Novas), dizer que não a pagará porque estacionou em local proibido «para não pagar parquímetro à EMEL».
Bonito... é melhor estacionar em cima da calçada (os peões que se lixem) ou em segunda fila (os automobilistas que se lixem) que pagar o parquímetro à EMEL.
Note-se que nas Avenidas Novas há uma mão cheia de estações de metro, pertíssimo umas das outras, uma estação ferroviária e incontáveis paragens de autocarros...

Zézinha foi buscar a vassoura ao armário

Foi ela que uma vez, enquanto governante, quis proibir os concertos no "estádio" José Alvalade por causa do barulho para a sua casa?... Não foi?
A imagem, via Arrastão

Retrato arcadiano

É este o aspecto do ARCÁDIA em função do seu código fonte. Pelo menos é o que nos promete o autor desta página (link).
O código das cores é o seguinte:
Blue: for links (the A tag)
Red: for tables (TABLE, TR and TD tags)
Green: for the DIV tag
Violet: for images (the IMG tag)
Yellow: for forms (FORM, INPUT, TEXTAREA, SELECT and OPTION tags)
Orange: for linebreaks and blockquotes (BR, P, and BLOCKQUOTE tags)
Black: the HTML tag, the root node
Gray: all other tags

[Via Zero de Conduta, via bl-g- -x-st]

Ecos de Portugal no Mundial de Rugby 2007

«Portugal, segundo a imprensa estrangeira

11.09.2007

Do feito "monstruoso" de Carvalho ao hino capaz de "desfazer os maxilares"

(The Independent - Reino Unido)
"A equipa de Frank Hadden [seleccionador escocês] não conseguiu fazer ao grupo português composto por advogados, veterinários e médicos em Saint-Etienne o que a máquina neozelandesa fez à Itália na véspera. Para Portugal, foi um acontecimento de diversão e histórico: um ensaio, uma conversão e uma penalidade na estreia num Campeonato do Mundo. Apesar dos seus receios, "os lobos" não foram nenhuns cordeiros enviados para um massacre. Poderá ser diferente no segundo jogo, já no sábado em Lyon. Os adversários serão
os All Blacks."

(L'Equipe - França)
"O resultado é pesado para Portugal, que empregou muita energia. No barómetro de aplausos os portugueses venceram com larga margem. Nas bancadas só se ouvia "Portugal! Portugal!". Antes do apito inicial, os portugueses abraçaram-se para apreciar o momento. Enquanto se ouvia "A Portuguesa", eles cantaram com tanta força que até dava para desfazer os maxilares. Os portugueses acabaram por fazer mais do que resistir. Se as contas estiveram correctas, nas primeiras 45 placagens até ao primeiro ensaio de Rory Lamont, os lusitanos deram-se ao luxo de não falhar nenhuma."

(The Guardian - Reino Unido)
"Algo monstruoso aconteceu. Portugal marcou um ensaio. O "ponta" Pedro Carvalho ficará para sempre na história do râguebi ao marcar o primeiro ensaio no Campeonato do Mundo para os portugueses. Portugal apenas tem um jogador profissional a tempo inteiro (Gonçalo Uva). O resto é uma mistura de médicos, advogados, veterinários e estudantes. Eles mal podiam acreditar no que lhes estava a acontecer quando toda a equipa cantou o hino com um orgulho fora do normal. Não houve o "estou a perder a compostura porque estou a cantar" que tantos profissionais mostram nos dias de hoje."»

PÚBLICO de 11 de Setembro

Campo Contra Campo (LXXXVI)

Death Proof, À Prova de Morte, *****

O que é que andaram a fazer durante o ultimo mês e meio para ainda não terem ido ver "À Prova de Morte"? Não vale a pena perder mais tempo com "rodriguinhos". Death Proof é uma obra prima e o resto é conversa de quem não gosta de cinema mas sim de filmes. Duas cenas, pelo menos, ficaram nos anais. A primeira, durante a "primeira metade" do filme, mostra-nos uma "lap dance" (como nunca ninguém terá ousado…) que nos afoga em sensualidade. "Aquilo", assim filmado a partir do chão, mostra uma voluptuosa rapariga perdida em álcool, droga e outros prazeres que sabemos ter as noites contadas. Renoir dizia que a arte do cinema consistia em por mulheres bonitas a fazer coisas bonitas. Tarantino coloca mulheres bonitas, tantas mulheres bonitas, a fazer amor com a câmara. Não sei descrever melhor. A segunda, já na "segunda parte" do filme, mostra em longo plano único (dez ou mais minutos), ao redor de uma mesa de café americano, a conversa grandiloquentemente fútil e oca - como todas as conversas neste filme - de quatro jovens raparigas com sangue na guelra. Esta cena será mostrada nas escolas…
Mas, "À Prova de Morte", é (ainda) muito mais. É também um manifesto panfletário pró classicismo cinematográfico (que não anti modernidade). É em parte sonho tornado realidade de um magico que não para de nos surpreender. E a banda sonora, senhores. E a banda sonora? Fiquem com um “cheirinho” via Há Vida em Markl.

Felizmente este festival de "Grindhouse" não fica por aqui. E depois de Tarantino filmar o fado de um psicopata que mata mulheres lindas em excesso de velocidade vem ai, já neste setembro, o seu amigo Rodriguez, que filma a historia de uma "stripper" que com uma metralhadora a servir de prótese numa das pernas tenta salvar a humanidade de um grupo horroroso de zombies. Viva o cinema!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

...e o peluche?

Onde é que terão eles metido o peluche da miuda?

ArcádiaQuiz (VIII)

Portugal quer aproveitar a presidência da União Europeia para instituir o dia europeu contra a pena de morte, iniciativa que está ameaçada de fracasso por causa da oposição:
  1. dos Klingon;
  2. da Polónia;
  3. dos Goa'uld.
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ArcádiaQuiz (VII)

Macário Correia, presidente da Junta "Metropolitana" do Algarve, acha injusto que:
  1. A via do Infante não tenha portagens;
  2. O Algarve não beneficie dos mesmos incentivos fiscais que foram dados às empresas do interior;
  3. O Algarve não seja uma província de Gibraltar.

Hoje é 11 de Setembro. Amanhã é dia 12

«Nós vamos morrer, e isso nos torna afortunados. A maioria das pessoas nunca vai morrer, porque nunca vai nascer. As pessoas potenciais que poderiam estar no meu lugar, mas que jamais verão a luz do dia, são mais numerosas que os grãos de areia da Arábia. Certamente esses fantasmas não nascidos incluem poetas maiores que Keats, cientistas maiores que Newton. Sabemos disso porque o conjunto das pessoas possíveis permitidas pelo nosso ADN excede em muito o conjunto de pessoas reais. Apesar dessas probabilidades assombrosas, somos eu e você, com toda a nossa banalidade, que aqui estamos.»
Richard Dawkins ("Desvendando o arco-íris")

Correspondência total de ADN

Diz o Público que a Polícia Judiciária «desmente coincidência total com ADN de Madeleine».
Tal afirmação da PJ não me surpreende. É que - ao que julgo - um teste de ADN nunca dá um resultado totalmente coincidente entre os objectos comparados.
Há tempos fui advogado num processo de averiguação oficiosa de paternidade. O resultado do teste, que comparou o ADN da criança em causa e do homem que pretendia ser reconhecido como pai, não foi de 100%. O Instituto de Medicina Legal apresentou um resultado de 99,9999999% de compatibilidade.
Isso mesmo: noventa e nove, vírgula sete noves!
Apesar disso a conclusão do IML foi a expressão oracular "paternidade praticamente provada".
Assim, a divergência nas declarações entre a PJ e os media ingleses pode não passar de uma mera questão de... semântica...

Leituras soltas, blogosfericamente soltas, que gostei de fazer

Olha, olha, quando são os Uvas e os Tomaz a jogar já defendem o serviço público, por Pedro Sales no Zero de Conduta;

Carlos Anjos, por Carlos, na Grande Loja do Queijo Limiano;

Maddie: breve nota impressiva por Coutinho Ribeiro n’O Anónimo;

Onde está o Serviço Público quando eu deixo de ser liberal? Por Daniel Oliveira no Arrastão;

…mas sobretudo:

flores aqui, moita ali por Fernanda Câncio no Cinco Dias;

O Comunismo como seita pelo Miguel no Combustões (onde nas colunas toca um tango dos Deuses);

Os Tugas (31) por Pedro Correia no Corta-fitas.

Onde é que estavam no 11 de Setembro de 2001?

A verdadeira dimensão desse momento sente-se não no plano económico ou político mas sim social. Nesse dia tinha ido trabalhar num horário dito de "trabalho normal". Regressei logo após o almoço ao local de trabalho para dar uma volta na net, antes de voltar a pegar no trabalho. Nessa época a blogosfera ainda era uma miragem. Contudo, eram muito populares as mailing list os fóruns e outros locais de discussão. Numa das mailing list de que era há época assinante, varias pessoas demonstravam o seu medo e espanto com um "acidente" de avião no centro de Nova Iorque. Procuro melhor informação num qualquer motor de busca nacional quando me lembro que aquela hora, perto das duas da tarde, ainda os noticiários da hora do almoço estariam no ar. Quando chego à primeira televisão que encontrei, deparo-me com o departamento em peso a assistir ao imprevisível caos. Furo para a primeira fila e assisto a um Paulo Camacho, na SIC, mais "às aranhas" que todos nós juntos. Minutos depois repetem-se as imagens do segundo avião que choca com a Torre 2. Dentro em breve todos haveríamos de ver em directo e a cores aquela torre a ruir em segundos. O resto da historia todos conhecemos. O século XXI tinha enfim começado.
E vocês, onde estavam no 11 de Setembro de 2001?

CRONOS XX

"Buffalo Stance" - Neneh Cherry (1989)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Entre o N MÚSICAS e o CRONOS

Sétima Legião na Estufa Fria em 1985


A descoberta de hoje foi extraordinária. Não é que me lembre de ver este concerto, pelas más razões mas isso não interessa agora, porquanto não pude assisti-lo dada a minha tenra idade de 13 aninhos. O problema estava na idade, mas também na hora, pois claro, porque, para um aluno do Maria Amália, não conhecer a Estufa Fria era sinal ou de mariquice ou de virgindade:-)...
Agora os tempos mudaram, todavia, ir a um concerto em 1985 ver uns mânfios a tocar música esquisita não eram criminosos, mas mereciam estar na cadeia (e estes até eram anjinhos comparados com outros não muito violentos, por exemplo, para terem uma ideia simples, como os G.N.R.: bem me lembro da minha santa avó os mandar trabalhar enquanto os ouvia, involuntariamente, pelo meu gravador de cassetes, que ficava bastante concorrido na altura das festas de Verão!). Portanto, a idade é um condicionante natural no tipo de música que se ouve.
Desde os tempos mais recentes que, no que respeita à zona Parque Eduardo VII, os preconceitos e os conceitos são outros: paradoxal e provavelmentemente, actualmente,quem vai à Estufa Fria à noite, das duas uma: ou é virgem ou é homossexual! Quanto ao conceito, ele está na insegurança do dito e suposto objecto sexual. É que o género acompanhou a transmutação dos tempos, daí que, vai lá vai, todo o cuidado é pouco. Neste particular, desculpem a voz da reacção, belos os tempos do antigamente, porque já nem os mânfios conseguimos discernir.

Brutos e cavalheiros



Não deve ter havido muitas semanas como a que passou e a que decorre no que respeita à simultaneidade de selecções portuguesas a jogar em altos campeonatos, i.e., europeus e mundiais. São três, pelo menos, as selecções - de futebol, basquetebol e rugby - que jogam a camisola portuguesa. Todavia, e ao contrário do que seria expectável, ou talvez não, é a selecção profissional de futebol que demonstra menos força e garra (com muito poucas excepções, refira-se) e é a amadora (sem estrelas) que está a guerrear que nem lobos contra a sua presa. É esta selecção que dá o exemplo de tenacidade, de talento natural e de dedicação à causa que, por sinal, ainda é um pouco incompreendida dentre as modalidades designadas de amadoras, em rigor, não profissionais. E, diga-se, com imensos sacrifícios pessoais e materiais - não ganham pelo ganho sacrificado e não ganham mais dinheiro por jogarem mais ou melhor, jogam por eles, pelo seu orgulho no rugby e pela sua pátria (já alguma vez viram uma selecção de futebol a cantarem e a sentirem colectivamente o hino português daquela maneira?).

Para quem jogou rugby na adolescência e no início da sua idade adulta, sabe da força, dedicação e motivação necessárias para o praticar com regularidade; um desporto imensamente competitivo e desgastante fisicamente. Eu próprio tive a minha conta dessa natureza: entre outras mazelas, mesmo com a boqueira posta, parti dois molares durante um jogo amigável contra uma equipa inglesa. Mas não houve violência desportiva, porque o soco (end off) está inscrito nas regras do rugby. Respeitando-se as regras, não há abuso legal. Violento desportivamente é (as)sim o futebol, um jogo onde os pontapés na canela, as estaladas, as cabeçadas e as cotoveladas são vistas em quase todos os jogos e, segundo sei, não são permitidas pelos regulamentos de qualquer país. Por isso que, na minha época, costumava-se dizer que o futebol era um jogo de cavalheiros jogado por brutos e o rugby um jogo de brutos jogado por cavalheiros. Quem jogou rugby compreende bem a escola que é a prática desta modalidade, escola para a pessoa e para a vida. Porqu~es? Sobretudo porque durante 80 minutos se convive com a adversidade pura e dura e para a enfrentar é condição de sucesso disciplinar o medo. Foi uma das grandes lições que aprendi: a disciplinar o medo e a força.


Portanto, pode dizer-se que é normal num jogo entre profissionais e amadores que estes joguem com maior motivação, é legítimo dizer-se que o rugby assusta, ainda, muita gente com a sua suposta violência física e é banal afirmar-se que nenhuma modalidade iguala o futebol no apoio à seleccção por parte do seu 'povo', mas estas duas semanas têm algo de original: a diferença da atitude colectiva de uma selecção portuguesa em campo. Com atitudes destas, venham as derrotas. No final, só reforçam a nossa nacionalidade.


Adenda:
A minha tese sobre o comportamento das massas desportivas é simplista e de base meramente empírica, mas é esta: é o respeito pelos valores e regras, não os valores e as regras da modalidade per si, que moldam o comportamento do público; e o contrário não se verifica.

Kid Nation, adulto não entra

Contemporaneamente a televisão tem tido o condão de lançar (voluntária ou involuntariamente) debates interessantes. Foi assim quando a Endemol criou um tal de Big Brother. Foi assim quando mais recentemente um reality show holandês recolocou na agenda mediática o debate sobre a doação de órgãos. Agora, nos Estados Unidos, a CBS coloca um novo limite: quarenta crianças, dos oito anos e meio aos quinze vão algures para o deserto tratar da sua vidinha. Totalmente sozinhas, diz-nos a produção. Sem adultos por perto. O programa ainda não estreou mas, como convém, a polémica já estalou. Assim de repete a coisa parece ser mais do mesmo lixo com que as televisões mundiais enchem o éter. Com uma diferença. Agora as vitimas são crianças. Ora vejam lá o promo:

ArcádiaQuiz (VI)

Eu não gosto de generalizações, tu não gostas de generalizações, ele não gosta de generalizações…, mas certo é que o mundial de Rugby apenas é tema de conversa entre bloggers de direita – quando o é à esquerda é para insinuar patetices como esta (link). Porque será que a esquerda não gosta (e nalguns casos até embirra solenemente) com o rugby:

1. A esquerda é mariquinhas e não gosta de sujar os calções;
2. A esquerda é complexada e não gosta de ver o hino nacional cantado com fervor e emoção;
3. A esquerda nunca perde os preconceitos e pré-conceitos onde vive encarcerada desde sempre e dos quais nunca se consegue libertar por um momento que seja.

domingo, 9 de setembro de 2007

ESPUMAS XXXIX



As calçadas, meu senhor, as calçadas, as lisboetas, já não são o que eram. Suspiram para serem encostadas umas às outras pelo peso do seus massagistas, alheios ao prazer e à dor do seu temporário sustento, essas pedras pobres em leveza e ricas em luz. Não há tempo, meu caro, há muito tempo, imagina os dias previsíveis?, as pessoas são inconstantes, ora se são, por vezes passam depressa, muito depressa, outras vezes param, os mais ousados, os espertalhões, encostam-se, à espera de um sinal urbano de cor negra e de fundo colorido, sem pingo de criatividade. E qual é o melhor caminho calceteiro, oh, meu caro sneho, pergunta divina e diabólica, pergunta o caminho a um português, aqui ninguém conhece a cidade, homem de deus, trabalhará o meu camarada no futebol ou na justiça e saberia-lo com certeza, agora nesta hora do Senhor e neste canto de jangada perdido, meu senhor, como quer que lhe responda, quer de dia ou de noite, mas que raio, faz alguma diferença, toda, pois claro, não havia de fazer nesta cidade morta e cinzenta, com tão pouca vida interessante e cedida ao trespasse. Não lhe pergunto mais, peço desculpa, na verdade até parece que pela Internet darei com o caminho, pois, bem me queria parecer, já nada se faz com o corpo e a alma, tudo agora é com a ponta dos dedos, adeus mundo a nossos pés, como outrora, belos tempos não caro descendente dos grandes descobrimentos, não, homem dos negócios estrangeiros, eu mal dou com o caminho, embora nesta cidade, de tudo se descobre, sobretudo enrolado em tapumes e poeiras, siga o caminho, então, que lhe aprovuver, é isso pois que tentarei, penso que até sei lá chegar, ah!, pergunta por perguntar, está a ficar português, caro negociante estrangeiro, pergunta para confirmar, sinal dos tempos desta era das TIC que no meu tempo eram transportes, pois claro, tudo é acessível por todos e paradoxalmente a insegurança brada os caminhos dessas redes sem fim e sem fios - que saudades da minha velhinha antena - na verdade... oh meu caro bife, desculpe a franqueza, não me venha com pantominices, todos perguntam para confirmar, a confirmação procura-se em todos os lados, nos quiosques, nos amigos, nos médicos, nos advogados, até na televisão, com um telefonema para o consultório, outro para a opinião pública, e tudo se confirma. Bom, tudo não é bem assim, quase tudo, desculpe-me meu caro esta tendência do meu povo, sempre fomos adeptos do absolutismo, portanto, digo quase tudo porque o resto é para se perguntar porque não fez melhor, isto é, para se criticar, de preferência de forma calceteira, pois claro, quem não gosta, ah, ah... Portugal é uma nação antiga, ei, ei, calma!, antiga sim, mas nação?, nação é Lisboa, aqui não há ponta... com calceteiros e aspirantes, e quem não embarca, leva com a calçada em cima, dos pés, porque o povo português, embora não pareça, parece andar com os pés enterrados quando caminha. Nunca se apercebeu? Eu percebo, tem que viver mais por cá e ver mais televisão portuguesa. Aqui fala-se mais com os pés do que com a boca, talvez seja o peso Hstória, ou do orgulho, mas para mim são plumas, meu senhor estrangeiro, como este povo amante da superficialidade, somos plumas da História, meu caro... Tenho que ir andando, peço-lhe desculpa, queria ver a calçada ainda hoje, senhor, senhor lisboeta? Desculpe! Primeiro sou português, depois vem esta terra que piso! Vá lá, encontre o seu caminho, que Santiago não se encontra nas esquinas lisboetas...talvez um Lizarran.

Então e esta selecção não merece uma bandeirinha à janela? (II)

Andam mais rapazes lá fora a lutar pela vida. Quem viu a estreia da selecção nacional de rugby no Mundial de França, mesmo não percebendo nada de um jogo onde o corpo é uma arma e a bola é oval, não pode ter ficado indiferente à pele que aquela rapaziada deixou em campo. É bom recordar que Portugal é a única selecção amadora no evento e logo no primeiro jogo, com um colosso chamado Escócia, viu um dos seus (Vasco Uva) ser considerado o melhor jogador em campo. A inexperiência e a menor valia técnica fizeram o resultado final mas a coragem e a honra escreveram as linhas do exemplo. Em especial para uns tais putos mimados com putas e champanhe francês - não me peçam para contar o que vi na madrugada do domingo passado no W (não foi por acaso que um certo defesa habitualmente titular ficou no banco) - que com dez milhões a gritar por eles não conseguem mais do que ser uma sombra deles próprios.

PS: …e no basquetebol derrotámos Israel, coisa impossível ainda há meia dúzia de anos, o que coloca Portugal na luta pelo acesso aos quartos de final do Europeu. Vá lá "metam" a bandeirinha à janela…

N PERGUNTAS XXXV

- Pai, porque é que "tudo junto" se escreve separado, e "separado" tudo junto?

Assaltaram um banco? Who cares?...

sábado, 8 de setembro de 2007

A canalha

A canalha não é o povo. A canalha é a caricatura do povo para a televisão. São os que se juntam à saída de interrogatórios e julgamentos para insultar quem está na mó de baixo. Trata-se da mais abjecta espécie de cobardes. É provável que alguns tenham chorado a sorte da Madeleine McCann como se fosse alguém da família. Não, não é compaixão. Vivem a vida dos outros como se vive uma novela. São tudo personagens, motivo de conversa, uma forma de passar o tempo. Amanhã já se esqueceram. Mas hoje insultam os vilões do momento.
Daniel Oliveira, no Arrastão. Cheio de razão.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Há Liberdade (LXXIX)

Então e esta selecção não merece uma bandeirinha à janela?

Apesar de não ser grande adepto de basquetebol, não deixo de me regozijar com a prestação daquela selecção nacional no Europeu em Espanha. O impossível – passar à segunda fase – foi conseguido e o grupo actual até é menos difícil que o anterior. Deixem sonhar os rapazes. Nunca se sabe se aquele Portugal não se assume como a Grécia do balão ao cesto. Todos já vimos coisas piores.

Portugal joga com a Rússia agora às 15h30, sendo o jogo transmitido em directo na 2:.

ArcádiaQuiz V

Segundo João Salgueiro (presidente da Associação Portuguesa de Bancos), os bancos actualmente têm menos dinheiro em caixa do que:
  1. os supermercados;
  2. a mala do António Preto;
  3. os parquímetros.

Caruso e Pavarotti

Além do (incontornável desde os 3 Tenores do "Itália '90") "Nessun Dorma", esta é a minha canção favorita de Pavarotti:
Senhoras e Senhoras, apresento-vos "Caruso":



Caruso Lyrics

Alguém faz o obsequio de me explicar…

...o que é e o que faz um:
Tecnólogo Educativo;
Ecónomo;
Equitador;
Soprador de Artigos de Laboratório.
Estas e outras (muitas outras) “coisas” estranhíssimas podem ser conhecidas aqui (link). E depois não queriam uma profunda remodelação das carreiras profissionais da função pública.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Interpretar o intérprete

Até quando o tema parte do futebol, Miguel Poiares Maduro, ensina-nos alguma coisa. As "lições" do futebol…, a não perder no excelente Geração de 60.

Hélder Rodrigues




O piloto português sofreu na terça-feira um acidente grave no Rali Patagónia-Atacama e, em consequência, foi operado.

Nessa operação foi-lhe retirado o baço.

Ele agora está mais nítido.

A natureza da ciência

Volta e meia a Ciência manifesta-se para nos dizer o que é a Verdade. E é mesmo a Ciência que surge, apesar de falar através dos seus profetas, os cientistas, que têm sempre a Certeza na boca, pese embora digam sempre (raramente acerca dos seus próprios domínios...) que é verdade absoluta não haver verdades absolutas. Vem este post a propósito de um dos "best-sellers" do ano, o livro "O Segredo". Trata-se de um livro de auto-ajuda que pretende apresentar, de forma organizada, uma "lei da atracção" segundo a qual os pensamentos gerarão consequências físicas. Parece que no livro (que não ainda li), há cientistas que defendem a validade dessa lei, e que se baseiam na mecânica quântica (coisa de que percebo tanto como o Fernando Santos de tácticas de futebol), e aí está o crime, sempre que aparece um cientista desalinhado, a censura corporativa cai-lhe em cima com estrepitosa potência:
«Pode até haver um dois cientistas confundidos e que gostam de confundir os outros, mas duas ou três andorinhas não fazem a Primavera. Um grupo de dois ou três cientistas não formam a comunidade científica. Alguns cientistas também "se passam" e, nesse caso, as habilitações anteriores não lhes servem de nada...»
Mais, a Ciência (que não gosta que se se sentir apalpada), também é uma óptima conselheira literária, e neste momento a Ciência diz-lhe para não ler obras de ficção mágica (lá terão "Os Lusíadas" de ser retirados dos programas escolares...):
«Neste momento quase toda a gente em quase todo o mundo está a comprar "O Segredo" e o "Harry Potter". (...) Mas julgo que só há uma maneira de o contrariar: incrementar a cultura científica, o que passa por mais e melhor ciência na escola. A escola - que deveria transmitir uma atitude científica - é fundamental para não nos deixarmos iludir.»
Enfim, é Ciência que nos dá a Verdade, tudo o resto é erro e opróbrio:
«Muitos cientistas pertencem a organizações que defendem o cepticismo e a razão, que estão subjacentes à ciência e que são os meios mais eficazes para nos confrontarmos com a realidade.»
Fico à espero de ler no De Rerum Natura uma análise científica com o mesmo nível de desassombramento sobre um livro e sobre uma ideia:
Em primeiro lugar, a Bíblia (que sob o ponto de vista que descortinamos no De Rerum Natura também não passa de um livro de auto-ajuda cheio de ficções mágicas);
Em segundo lugar, a ideia de Deus. É que, se é por ser «necessária uma base empírica sólida e o consenso da comunidade científica», que o «"princípio de atracção" pura e simplesmente não existe na física quântica», então o De Rerum Natura está em condições de anunciar ao mundo que Deus não existe?

Para ti Pavarotti - Una Furtiva Lagrima

Uma das minhas árias preferidas cantada por Pavarotti.



«Una furtiva lagrima
Negli occhi suoi spuntò...
quelle festose giovani.
Invidiar sembrò...
Che più cercano io vò?
M'ama si, m'ama, lo vedo, lo vedo
Un solo istante i palpiti
Del suo bel cor sentir!...
I miei sospir confondere
Per poco a' suoi sospir!...
I palpiti, i palpiti sentir!
Confondere i miei con suoi sospir.
Cielo, si può morir,
Di più non chiedo, non chiedo.
Cielo, si può, si può morir;
Di più non chiedo,
Si può morire,
Si può morir d'amor.»


Compositor: Gaetano Donizetti (1797-1848)
Libreto: Felice Romani(1788-1865), depois E. Scribe
Título original da ópera: "L'elisir d'amore"


Para mim, a dificuldade da interpretação nota-se bem no facto de já ter ouvido e cantado esta música algumas dezenas de vezes e não conseguir nunca acompanhar o tenor. Falta de talento...sole mio. Mas naturalmente não é esse o parâmetro do grande talento de Pavarotti. O parâmetro pavarottiano é a sua dimensão democrático-humanista. Democrática, porque por causa dele, e com ele, muita gente chegou à ópera, outrora a música dos pobres e dos sem gosto, hoje música predominantemente de elites, mas elites culturais, digamos assim, que é o mesmo que dizer, de acesso social indiscriminatório. Humanista, porque nunca se tinha visto um tenor tão ligado às causas sociais e de solidariedade antes dele, estando sempre pronto e tendo inciiativas de ajuda ao próximo e aos seus amigos.
Pavarotti ultrapassou os palcos, a ópera, a fama, com os seus talentos e defeitos, como qualquer personagem fascinante e de grandeza mundial.

Morreu Pavarotti

O tenor italiano Luciano Pavarotti, 71 anos, morreu hoje de madrugada em sua casa, na cidade de Modena, Itália, em consequência de um cancro no pâncreas. (Público)
Pavarotti foi o tenor que conseguiu levar de forma eficaz a ópera (e as músicas napolitanas, uma espécie de fado, por serem música urbana) ao "grande público", num esforço que começou muito antes do "blockbuster" Três Tenores.
Por isso Luciano Pavarotti nunca foi bem quisto pela corporação lírica (ainda por cima, consta que era musicalmente semi-analfabeto), que sempre desdenhou o seu sucesso e o seu desempenho.
Pelos sons que me deu antes de todos os outros, e pela música que, se não fosse ele nunca teria ouvido, muito obrigado Luciano, descansa em paz!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

As micro ondas que o áudio tem

Dizem que é uma espécie de electrónica indie e chegam da minha terra. Foram precisos mais de cinco anos para os escutar com atenção. É do melhor, ao por do sol, acompanhado com um Bombay Sapphire tónico muito gelado. Num dia quente assim. Só para pessoas de (extremo) bom gosto.

Campo Contra Campo (LXXXV)

Tenham medo, tenham muito medo. A moda dos festivais de cinema pariu um Festival Internacional de Cinema de Terror em Lisboa. Começa hoje e até o próximo dia 9 exibe cerca de quarenta películas em seis diferentes secções. Apre, que é de fugir…

ArcádiaQuiz IV

Pedro Santana Lopes é o responsável, em Lisboa, por que inacabado túnel:
  1. do Rossio (ferroviário);
  2. do Terreiro do Paço (metropolitano); ou
  3. do Marquês de Pombal (rodoviário)?

A resposta pode ser enviada directamente para José Sá Fernandes...

Das coisas que odeio*

Estar em lugares estranhos e desconfortáveis como o purgatório e o limbo.

A Nau dos Insensatos por Jeroen van Aeken, aka Hieronymus Bosch

[*Odeio: verbo que não me lembro de ter escrito num blogue na primeira pessoa do presente do indicativo]

Regionalização

Como é que se pode sequer voltar a pensar em regionalização se os grandes defensores da dita conseguem ser capazes de pérolas como esta (Manuel Serrão, sobre o Red Bull Air Race, que decorreu no Porto e em Gaia):

«Não vale a pena dar ouvidos aos "velhos do Restelo" (já devíamos ter arranjado uma expressão regionalizada que substituísse o Restelo por uma coisa mais nossa...) que nestas ocasiões gostam de vir dizer que ainda há casas degradadas e outros focos de miséria».

Polícias e ladrões

Continuo a ver nos polícias os “bons” e nos ladrões os “maus”. Por isso acho chocante que polícias, envergando as suas fardas, se prestem a agredir pessoas que não estão a praticar qualquer crime. Por isso acho chocante que polícias, envergando as suas fardas, formem uma espécie de guarda pretoriana de protecção a algumas claques de futebol e a bandos de seguranças privados.
Por outro lado, acho ridículo que qualquer excesso policial seja imediatamente rotulado de “crime” e que qualquer roubo, agressão, destruição de património, violação ou homicídio realizado por um tipo que more num bairro difícil seja somente a consequência do seu desenraizamento social.
Por isso concordo com Ferreira Fernandes (Diário de Notícias) quando reprova a propaganda “cop-killer” da Cova da Moura (onde parece que se fazem visitas turísticas a “monumentos” a crimes de ódio!...), e com Helena Matos (Público) quando se insurge contra a desigualdade na reacção ao crime, consoante o mesmo seja contra um banco ou contra uma pessoa:

«Igualmente perturbante, pelo menos para mim, é também o alarme social gerado pelos assaltos aos bancos, sobretudo quando se compara esse alarme com o resignado fatalismo que se exige aos não banqueiros, ou seja, a maioria de nós, caso sejamos assaltados ou agredidos. Os portugueses não têm apenas uma justiça cara e ineficaz. Vivem rodeados duma concepção elitista da segurança e do crime: quando se assalta um banco é inequívoco que se tratou de um roubo. Quando o assaltado ou agredido é um qualquer cidadão a quem roubaram o dinheiro que acabou de levantar no multibanco entra--se no domínio do problema social. E é suposto que a vítima seja a primeira a desistir de falar em justiça e a perceber que teve azar.»

Interpretação dourada

O país futebolístico que não torce pelas cores do F.C.Porto e não recebe desta agremiação qualquer ceia composta por fruta e café com leite, conseguiu ver que (no jogo FCP vs SCP)Anderson Polga cortou uma bola, em desequilíbrio, e que a mesma foi em direcção ao seu guarda-redes (não sei o nome, mas é qualquer coisa como "Morettovic"), o qual a segurou com as mãos.
Acto contínuo, o árbitro (talvez com um ratinho no estômago, e a salivar por uma peça de fruta que lhe restabelecesse os açúcares) descortinou ali um passe e marcou livre indirecto a favor da equipa room-service, do qual resultou o único golo da partida.
Agora, veio a Comissão de Arbitragem "esclarecer" que, onde o International Football Association Board diz se «um defesa entra em tackle por detrás sobre um adversário que conduz a bola, conseguindo desarmar o adversário, indo a bola na direcção do guarda-redes, competirá ao árbitro decidir se a bola foi atirada deliberadamente em direcção ao guarda-redes para que este a possa agarrar e punir se o fizer», afinal o "dolo específico", a intenção (de onde vem o advérbio "deliberadamente") é irrelevante.
Vítor Pereira apenas poderá ser um bom chefe de árbitros se não se prestar a fretes e a interpretações abrogantes das leis do jogo. E depois admiram-se que os árbitros portugueses andem sempre na berlinda...

Terrorismo oficial

Este video está a fazer sucesso na manhã informativa.

O clima de insegurança aumenta exponencialmente. Da nossa segurança. De quem anda na rua, sai à noite para se divertir com os amigos, vai ao estadio apoiar o clube do seu coração. Independentemente de tudo isto tem de haver uma explicação oficial (mas digna) para imagens como aquelas.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Ondas

Duas. Uma esquerda e uma direita dropadas com arte e engenho por Gonçalo Moita no Cachimbo de Magritte. Um spot excelente e nada secreto.

Pergunta inocente do mês que não tem nada que ver com o SomagueGate

A partir de quanto é que deixa de ser considerado corrupção?

Mais um ArcádiaQuiz

A Polícia de Segurança Pública do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, deteve:
  1. As pessoas integrantes da comitiva das FARC que vieram para a festa do Avante;
  2. Uma senhora brasileira (e o seu filho menor) por ter um contrato falso como cozinheira;
  3. Um funcionário do aeroporto, por este se recusar a passar uma sanduíche e peças de fruta pelo aparelho de raios-X.

Enforcar o último economista nas tripas do último consultor (III)

Parece que não estou desacompanhado no meu olhar assombrado sobre as opções que o Banco Central Europeu tem estado a tomar. Aqui vai o post de Henrique Burnay, no 31 da Armada:
A subida das taxas de juro levanta a discussão sobre o que deve ser central na política macroeconómica. A inflação? A tese generalizada diz que a inflação é um imposto que sobrecarrega os pobres. Será. E a subida das taxas de juro, não será um imposto cego que sobrecarrega as classes médias? Pior ainda quando a despesa não pode ser diminuída. Quando a crise é generalizada e os preços aumentam, posso trocar o peixe pelo atum em lata, mas não posso vender a casa amanhã só porque as taxas subiram hoje. Não sendo economista, estou convencido de que os bancos centrais subvalorizaram a relevância da subida do preço do petróleo na inflação, e desvalorizaram a relevância da subida dos juros para o rendimento disponível. Agora, que é tarde, talvez valesse a pena discutir a sacrossanta independência. Pelo menos independência com dever de explicação, não?

Banda sonora oficial de uma estranha e difícil melancolia

Países estranhos

No Bangladesh (país que costuma aparecer nas notícias por altura das monções), a ex-primeira ministra foi presa, acusada de ter beneficiado um operador num concurso que lesou o Estado em 106 milhões de euros.
Cá para mim ela bem merece estar no xilindró: foi chefe de Governo e não se lembrou de pedir ao Germano um Código de Processo Penal evoluído...

314

314 é o número de:

  1. Jogadores emprestados pelo F.C. Porto a clubes seus "concorrentes" na Bwin Liga;
  2. Militantes do CDS-PP (ou é CDS/PP?) que pagam quotas;
  3. Cursos de Engenharia existentes nas universidades públicas e privadas em Portugal

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A caminho...

Sigur Ros - "Dnarfregnir Og Jararfarir"

Enforcar o último economista nas tripas do último consultor (II)


Nos EUA já se começa a reparar nos efeitos funestos da grande moda do "economês" dos anos 90: o outsourcing.

Não há gestor português (em empresa pública ou privada) a quem não luzam os olhos ao ouvir essa expressão inglesa que significa redução de recursos humanos, aumento de custos absolutos e perda de know-how. Mas, lá está, como o que é bom é reduzir recursos humanos, pedir a liberalização do mercado de trabalho e a protecção de todos os outros mercados, dessa gente a quem não se devia entregar nem a gestão de uma mercearia não se pode esperar mais.

São os verdeufémios da gestão, acoitados em dogmas proclamados por gurus, para quem a realidade não conta.

Enforcar o último economista nas tripas do último consultor


Depois de ter ajudado a safar os liberais-que-só-o-são-quando-a-coisa-corre-bem, Trichet parece mesmo querer aumentar as taxas de juro. De novo. Parece que há medo que a inflação suba. Parece que que é preferível que as pessoas vivam mal. Enfim, quando a crise financeira dos EUA se repetir na Europa, veremos a reacção de Trichet.

N MÚSICAS XXX

Laurie Anderson, provavelmente a mãe da música electrónica. Uma redescoberta. Depois de a conhecer e a ouvir, há alguns muitos anos, voltei a dar com ela, num estado de saída de Agosto(pasma)ceira nacional, à qual tentei fugir sem grande sucesso. Ouvi, reouvi e gostei muito. Mesmo muito. Das duas, uma: ou o meu gosto piorou ou a idade o melhorou. Que importa, a distinção está em apreciar e muito. E de preferência agravá-la com a quantidade acumulada de audição...





Mais sobre Laura Phillips Anderson aqui.

domingo, 2 de setembro de 2007

Conversa metafórica entre Barroso, Mendes e...Arnaut

Não há festa como esta?

Qual destas notícias que nos revolvem as entranhas é verdadeira?
  1. Partido Nacional Renovador acolhe na sua festa anual uma banca de promoção do Partido Nazi;
  2. Mesquita de Lisboa acolhe na sua festa anual uma banca de promoção da Al-Qaeda;
  3. Partido Comunista Português acolhe na sua festa anual uma banca de promoção das FARC.

O videoclip do ano (III)

Do-the-DANCE, The way you move is a mystery. Cantam uns rapazes da velha Europa que clamam por Justice. Ora, ora. E quem não tem fome dela que atire a primeira pedra.
Ah, pois é. The way you move is a mystery. E é tão bom.
Dizem que é French electro house. Eu acho que é uma canção sempre pop, muito disco, muito electro, muito Jamiroquai, muitíssimo french touch. Para saborear no descer do pano estival. E é tão bom.
Os Justice - que obviamente ninguém conhece - estão para cumprir a quota europeia de musica fácil e dancavel. Mas com este vídeo soberbo, genial e ainda por cima original arriscam-se a algo mais. E é tão bom.