quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A natureza da ciência

Volta e meia a Ciência manifesta-se para nos dizer o que é a Verdade. E é mesmo a Ciência que surge, apesar de falar através dos seus profetas, os cientistas, que têm sempre a Certeza na boca, pese embora digam sempre (raramente acerca dos seus próprios domínios...) que é verdade absoluta não haver verdades absolutas. Vem este post a propósito de um dos "best-sellers" do ano, o livro "O Segredo". Trata-se de um livro de auto-ajuda que pretende apresentar, de forma organizada, uma "lei da atracção" segundo a qual os pensamentos gerarão consequências físicas. Parece que no livro (que não ainda li), há cientistas que defendem a validade dessa lei, e que se baseiam na mecânica quântica (coisa de que percebo tanto como o Fernando Santos de tácticas de futebol), e aí está o crime, sempre que aparece um cientista desalinhado, a censura corporativa cai-lhe em cima com estrepitosa potência:
«Pode até haver um dois cientistas confundidos e que gostam de confundir os outros, mas duas ou três andorinhas não fazem a Primavera. Um grupo de dois ou três cientistas não formam a comunidade científica. Alguns cientistas também "se passam" e, nesse caso, as habilitações anteriores não lhes servem de nada...»
Mais, a Ciência (que não gosta que se se sentir apalpada), também é uma óptima conselheira literária, e neste momento a Ciência diz-lhe para não ler obras de ficção mágica (lá terão "Os Lusíadas" de ser retirados dos programas escolares...):
«Neste momento quase toda a gente em quase todo o mundo está a comprar "O Segredo" e o "Harry Potter". (...) Mas julgo que só há uma maneira de o contrariar: incrementar a cultura científica, o que passa por mais e melhor ciência na escola. A escola - que deveria transmitir uma atitude científica - é fundamental para não nos deixarmos iludir.»
Enfim, é Ciência que nos dá a Verdade, tudo o resto é erro e opróbrio:
«Muitos cientistas pertencem a organizações que defendem o cepticismo e a razão, que estão subjacentes à ciência e que são os meios mais eficazes para nos confrontarmos com a realidade.»
Fico à espero de ler no De Rerum Natura uma análise científica com o mesmo nível de desassombramento sobre um livro e sobre uma ideia:
Em primeiro lugar, a Bíblia (que sob o ponto de vista que descortinamos no De Rerum Natura também não passa de um livro de auto-ajuda cheio de ficções mágicas);
Em segundo lugar, a ideia de Deus. É que, se é por ser «necessária uma base empírica sólida e o consenso da comunidade científica», que o «"princípio de atracção" pura e simplesmente não existe na física quântica», então o De Rerum Natura está em condições de anunciar ao mundo que Deus não existe?

2 comentários:

Anónimo disse...

por favor n fale porcarias de um assunto que vc n conhece e de um livro q vc ao menos leu, quando for postar alguma coisa relacionada a assuntos sérios faça uma coisa descente e escreva certo e pelo amor de deus, n cite jogador de futebol no meio, vc é um babaca, e q n tem nem ideia do q eh mecanica quantica ou fiica quantica....

Nuno Santos Silva disse...

Eu disse que não percebia nada de quântica.
Também disse que há cientistas que se arrogam de uma superioridade moral que é - na verdade - estranha à ciência.