quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Campo Contra Campo (CLX)

“A Autobiografia de Nicolae Ceausescu” (***)

“Duas pernas não, quatro patas sim!”

Ontem à tarde virei-me para um colega de trabalho e disse-lhe que ia ver “A Autobiografia de Nicolae Ceausescu”. Ele encolheu os ombros. Perguntei-lhe se sabia quem era Nicolae Ceausescu. Ele franziu os lábios, dizendo-me que já não se lembrava bem.

“Duas pernas sim, quatro patas não!”

Não comungo do aplauso generalizado que a critica nacional atribui ao filme. “A Autobiografia de Nicolae Ceausescu” faz jus ao título. Desenvolve-se como se o próprio ditador tivesse sido o autor do filme. O resultado acaba por ser contraproducente. “Duas pernas não, quatro patas sim!”; uma visão totalmente acrítica e perfeitamente legitimadora de um regime obsceno, de um sistema político e económico demente. Aliás, às duas por três (horas de filme, ufff…) começamos a pensar se aquela gente não viveria (ou achava que vivia) num planeta que não o nosso. E pensamos também…, como é possível que hoje em dia cerca de vinte por cento do eleitorado português vota em partidos que sub-repticiamente – ou nem tanto - continuam a defender um sistema assim.

Assim, gente como o meu colega, que viveu o tempo suficiente para saber o que significa a pornografia do Socialismo Científico e do Comunismo, caso visse o filme, ficaria, absolutamente na mesma.

Fica todavia um árduo trabalho de pesquisa e selecção e um magnífico documento histórico – coisas que, no fim, abundam por esse mundo fora.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Do nosso passatempo: adivinhas


Conseguem descobrir onde esta foto foi tirada ou que edifício está hoje em dia neste antigo descampado?
Dica: é de Lisboa que estamos a falar e o bonito edifício em segundo plano à esquerda, erguido há perto de cem anos, foi recentemente demolido…

domingo, 25 de setembro de 2011

A "remontada" começa?

A esquerda francesa conquistou, este domingo, pela primeira vez em mais de 50 anos, a maioria absoluta na câmara alta do parlamento (Senado), sete meses antes das eleições presidenciais.

Proibição da tourada na Catalunha

A proibição da tourada na Catalunha evidencia um dos paradoxos da democracia, em que uma decisão de uma maioria afecta os interesses de uma minoria. Não sou especialmente aficionado por touradas, vejo provavelmente uma ou duas por ano na televisão, mas nada me move contra elas, por isso esta decisão catalã não pode deixar de, no mínimo, me incomodar.
Quando a maioria utiliza o poder do seu voto para, fora dos limites meramente civilizacionais como o direito à vida, a igualdade de direitos, etc., condicionar os gostos, as opções e o estilo de vida das minorias, isso significa o atravessamento da ponte que separa a democracia da ditadura da maioria.
Essa ponte foi atravessada na Catalunha, bem perto daqui. E isso deve preocupar-nos a todos.

sábado, 24 de setembro de 2011

O Diabo veste Primark


Estudou Psicologia, dorme com o Bloco e é adepta do Clube Regional Assumidamente Corrupto. Ah..., e tem mau hálito. Olhem que não é fácil encontrar mulher com mais defeitos do que esta..., bolas!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Instinto fatal

Para quem está atento aos detalhes, lugares onde mora o Diabo, como dizem os alemães, pode verificar que certas palavras, actos, reacções e factos mediatizados e acessíveis ao público em geral, bem como nas conversas e desabafos nas redes sociais e convívios pessoais ou profissionais, em todos esses grandes detalhes se denotam manifestações explícitas do instinto de sobrevivência, e não me refiro apenas ao que respeita a razões de ordem económica. Aliás, esta natureza pode bem ser a menos preocupante, se singrar o que verdadeiramente ele tem expressado: o sentimento da falta de esperança e de valores, numa palavra, a descrença na natureza humana e a (quase)fé de que o ser humano, actualmente, é pobre e sem valor em vários sentidos, pelo que crescem as teorias (e práticas) instrumentalistas, utilitárias e pragmáticas das diversas dimensões do ser humano, como individuo, cidadão, trabalhador, etc... As políticas de utilização da tecnologia colocam a cereja no bolo e os políticos e as forças políticas parece lançarem os confetti, não se dando conta que, com as políticas cortistas, cegas e de curto-prazo, um manto niilista cobrirá o país, podendo o mesmo se aplicar a outras partes do mundo… Não admira, portanto, que o instinto de sobrevivência esteja tão radioso. De admirar é mesmo o fim que quase todos esperam.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A falácia do dia

Hoje em Portugal o jornalista é uma espécie em vias de extinção. A esmagadora maioria daqueles profissionais deixaram de o ser para passarem a ser meros ardinas. Hoje não encontramos noticias nos jornais mas apenas meras tentativas de vender esses mesmos jornais.

Como tal, sinceramente, cada vez ligo menos a este tipo de imbecilidades. Mas esta é demasiado grave para passar sem ser referida.

A outrora digníssima instituição Diário de Noticias escreve na sua primeira página de hoje que o Benfica “só” conseguiu um “empate frente a Manchester sem estrelas”.

Já a antiga referência chamada Público titula que “Benfica empata com M. United de segunda linha”.

Onde está o erro? O DN mente. E o Público também mente.
A prova da mentira? Está aqui (link). A equipa que jogou ontem na Catedral é praticamente a mesma que jogou a final da última Liga dos Campeões contra o Barcelona.
“Sem estrelas”? “Segunda linha”?. Aldrabões!

Isto é importante? Claro que sim. É do Benfica que estamos a falar. Um clube que segundo a própria UEFA - a organizadora da Liga dos Campeões - em informação distribuída ontem aos mesmos ardinas de que estamos a falar, com catorze milhões de adeptos, é maior que o próprio Portugal

Esclarecidos?

PortugalALIEN

A relação entre a política e o comum dos mortais cidadãos portugueses caracteriza-se, sobretudo, pelo forte sentimento e comportamento de alienação. Alienação no sentido de se considerar mais o “dizer” da política, do que o “fazer” das suas finalidades e consequente avaliação. Alienação no sentido de falta de profissionalismo com que são mergulhadas nos media e na opinião pública as “medidas” que se pretende implementar. Alienação no sentido da arbitrariedade com que se escolhe os meios e os modos de relacionamento e participação dos actores que, muitas vezes, são quem vão ter que aplicar a política e deles também dependerá o sucesso da mesma. Alienação no sentido de não se ter em conta as diversas lógicas destes mesmos actores e, paradoxalmente, a final ficarem capturadas por estes, culminando no prejuízo e retrocesso dos valores da lógica societária ou comunitária.

Por exemplo, a política actual de redução de cargos de dirigentes na AP: é “boa notícia”, per si, na perspectiva popular ou mediática apresentar “números” e percentagens estonteantes de reduções de 20%, 30%, de dirigentes ou funcionários. O povo opinante aplaude e pensará tout court que se poupará dinheiro, certo? Sim ou não?... Como é possível “conceber” (estou a ser generoso para o executivo) políticas públicas sem estudos ou fundamentos mínimos e razoavelmente reflectidos? Como se pode pensar automaticamente que uma “boa política sustentável, moderna e progressista” é reduzir pessoas (que já é entendida como redução de “custos”/despesa!) antes de se equacionar reduzir outros custos e despesas com não pessoal? Como os cidadãos podem tolerar, aceitar ou defender para o sector público o que discordam para o sector privado?! Como se pode entender de forma imediata e acrítica que as “melhores políticas” são as que desprezam as lideranças, o capital intelectual e a responsabilização das organizações, sinais catastróficos sobretudo para o serviço público?

Há aqui qualquer coisa de alienígena e de alienação neste filme... e assim se vai projectando um guião de políticas com dez milhões de passageiros.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Raça, Amor e Paixão

Num clássico europeu, noite das antigas na Catedral da Luz.
Não me quero alongar muito neste post rápido. O Benfica fez o que podia - e se calhar até o que não podia - para derrotar um emblema tão digno como o nosso. Na memoria ficará para sempre, gravada a ouro, a jogada e o golo deste rapaz. Se nunca o fiz pequei. Faço agora: obrigado por tudo, tudo mesmo, o que nos tem dado Óscar Cardozo!

Welcome to the jungle?

Barroso pede um “novo momento federativo” aos estados-membros da EU. É um alinhamento pós-congresso do PS que merece aplauso, mas duvido que seja firme e intencional com as lideranças dos estados-membros de maior peso político e económico. O medo e o atávico conservadorismo que actualiza a governação europeia e, em parte, promoveu a criação da CEE com vista a evitá-los, sobretudo na sua forma extrema, carecem de protagonistas políticos corajosos e livres-pensadores de dimensão humana e política. Líderes, que descarregam força e energia e inspiram a alma e os sentidos de seres humanos que nasceram com a grandiosidade de os seguir. A acrescer a esta ordem de “medos” temos a falta de noção de bem-comum, ou de agir exclusivamente em nome do interesse público, também conhecido por egoísmo (no campo pessoal) e ganância (no campo profissional), muitos vezes simultâneos no espírito e comportamento humanos e que está no âmago das causas da crise civilizacional que atravessamos. Ora, com o medo dos líderes e a ganância dos nossos semelhantes, não é atrevimento perguntar porque a esperança desapareceu do discurso político? Pior, quando algum responsável político se aproxima desse discurso é para nos dizer, não a estratégia do bem-chegar ao crescimento e progresso, mas os resultados mínimos e consternadores do “princípio do fim” da crise!

Independentemente dos quadrantes políticos, os cidadãos não devem tolerar esta ordem e natureza de discurso. Só reforça o medo, o particularismo e o vazio de valores comunitários, caminho o qual que, a trilhar, só nos presenteia com um merecido “Bem-vindo à Selva!”.

n músicas cxxi

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Esperança sem antiguidade

Esperança é nome de muita gente, mas não tanta quanta a quantidade de pessoas que não conhece a Esperança. O mundo que vivemos hoje coloca à prova a nossa força relativa à Esperança, apesar da nossa determinação, motivação e esforço para a realizar. É difícil singrar a Esperança num país de Saudade, mais virado portanto para o passado do que para o futuro; é difícil superar a "seriedade" da forma com a "alegria" da autenticidade, e não é fácil fazer prevalecer o mérito e a assertividade em ambientes de "cunhas" e nacional-porreirismos. Este país é velho, mas não é, não devia ser, só para velhos. Velha é a nossa vitória sobre a História e assim hoje deveria continuar a ser.

Milagres

Milagres como estes merecem que agradecemos! Sobretudo, realizados por alguém com vida humana, alguém da nossa espécie. A vida é uma dádiva única e irrepetível. Única e Irrepetível. Tal como os amores. Ninguém é ou foi alguém na vida sem amor.
E é incrível como o não-amor se pode transformar, apesar de tudo, num acto de amor...

domingo, 11 de setembro de 2011

Campo Contra Campo (CLIX)

Vénus Noire - Vénus Negra, (****)

Uffff…, daqui não esperem coisas simples.

“Vénus Negra” toca no ponto que mais me fascina nas artes em geral e no cinema e particular: a natureza humana. “Vénus Negra” vai um pouco mais além pontuando com inúmeras interrogações a questão da dignidade da Pessoa Humana.

Não quero entrar por ai. Quero sim deixar claro que “Vénus Negra” é um dos melhores filmes dos últimos tempos nas salas de cinema. E para se assumir como tal bastavam três sequências. Uma na tasca londrina; as outras duas nos salões parisienses. São daquelas sequências inesquecíveis, que ficam aqui na nossa moleirinha a matutar durante horas e horas depois de sairmos da sala. Três momentos a serem mostrados nas escolas de cinema por esse mundo fora.

Por falar em mundo…, se Yahima Torres não estiver em Los Angeles, no Kodak Theatre, na próxima cerimónia de entrega dos Óscares, então de pouco valeu a lição, “a contrario sensu”, que os Naturalistas nos legaram.

sábado, 10 de setembro de 2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Quem pode ficar em Portugal?

... qualquer dia, é esta a questão que se coloca a todos os portugueses da classe média, sobretudo para quem tem filhos. Isto porque, só os ricos podem dar-se ao luxo de ficar em Portugal. Os ricos e os muito pobres, pois já estão no fundo deste poço. Digamos que é o efeito perverso ou irónico, ou ambos, da política (não)pública de não criar impostos extraordinários para a(s) classe(s) abastada(s).
Pensem bem... e outra vez: quem "pode" ficar em Portugal?

n músicas cxviii

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Segredos à portuguesa

"Segredos à portuguesa". Podia ser o nome de uma pornochachada tuga de baixo orçamento. E é mesmo.

Portugal deve ser o país do mundo (Uganda e Tuvalu incluídos) onde, ocasionalmente, o tema das “secretas” mais manchetes noticiosas produz. Ontem, por exemplo, a SIC não se coibiu de mostrar a localização dos quartéis-generais de tais instituições em Lisboa. Não foram meras imagens, não. Foi a localização exacta, com a desculpa que a “Internet (também) mostra”.

Isto é grave? Nada. E não é nada grave pois há muito se perdeu qualquer Valor ou Principio. Nem mesmo a mera dignidade e o simples respeito sobreviveram. E quem não é digno…, quem não se dá ao respeito, se calhar, não merece ser tratado como tal.

Siga pois este mega magnífico reality show chamado Portugal.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Abanar a anca cinco minutos por dia nem sabe o bem que lhe fazia (XXXIX)

A quantidade de boa musica que se vai produzindo por ai é inversamente proporcional ao tempo que temos para a escutar, apreciar e partilhar. Querem ouvir?
The Submarines são uma banda de indie pop norte americana. Cruzei-me com eles, sem querer, num qualquer anúncio de uma marca de surfwear. “Honeysuckle Weeks” é o seu segundo disco e é de lá que vem esta simples mas genial "Submarine Symphonika".

terça-feira, 6 de setembro de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Consultar o calendário

Há pouco alguém dizia. “Chuva em Setembro, Natal em Dezembro”. E é bem certo, digo. Caso estejam um pouco perdidos no tempo, tal como eu, e precisem de consultar o calendário…, disponham.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Benfiquistas e benfiquismo

Pára tudo.

O Benfica não tem sido o prato forte deste blogue. Em bom rigor este blogue, nos últimos tempos, não tem servido qualquer tipo de prato. Alimenta-se de serviços mínimos. É a crise, como diz o outro...

Serve então o presente post para apontar para um texto gourmet: “Benfiquistas e benfiquismo” aqui (link) por João Gonçalves no (sempre) indispensável Red Pass.

Sirvam-se à vontade…, obrigado.

Fruta da época (VI)

...e já é Setembro; a menina Florência regressa…, com a máquina extremamente (eu disse, extremamente) bem afinada.