...99 livros em 100 fazem acreditar-nos que a coisa mais importante da nossa vida é o amor, mas não é. O amor é a segunda mais importante. A primeira que realmente importa é o oxigénio. Sem ele, não estaria aqui, nem vocês aqui. Pois, estão já a pensar, mas há quem morra por amor, não se deixando convencer pelo oxigénio. Pois há, por amor e por estupidez, e no entanto esta, que se saiba, não é querida por muitos, ainda que haja cada vez mais candidatos. Mas a vossa presumida interpelação tem razão de ser, por isso coloco a saúde em terceiro. Sem oxigénio, não há amor para morrer. Quando alguém se atira para debaixo de um comboio por amor, ou sem ele, como Anna Karenina, é dar valor ao oxigénio, esse bem-haja, sem o qual ser trucidado por um monstro maquinal seria como matar uma mosca, ou seja, ninguém nem nada valorizava. Quem está prestes a morrer por amor, normalmente, já está doente, por isso a saúde vem em terceiro. Esta não lhe é imprescindível.
Isto para dizer que, enquanto alguns ainda respiram, toda a atenção à saúde é pouca. Por exemplo, não se deve fumar, mesmo por amor. Já dizia o famoso actor de comédia Gerorge Burns «se eu soubesse que ia durar tanto tempo, tinha tido mais cuidado comigo!».
Portanto, querida ASAE, não há azar, policie a qualidade do ar, por favor, e multe quem dela se aproveitar em prejuízo dos cidadãos incautos e indefesos. Ainda no outro dia vi uns a beijarem-se sentados no átrio de um centro comercial. Estariam protegidos? No melhor ósculo cai a nódoa e o mal está sempre à espreita. Há que salvaguardar o cidadão, esse potencial transgressor, da livre escolha, arvorada em pós-modernista debandada. É que as pessoas, como dizia a actriz cómica Mae West, entre dois males tendem a escolher sempre aquele que ainda não experimentaram. Ou não?
Bem-vinda ao admirável novo mundo.
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