quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O interior

Segundo o Diário Económico, os habitantes do interior do país (e as empresas aí sedeadas) vão passar a ter benefícios fiscais (previstos no Orçamento de Estado para 2008) apenas por terem essa "qualidade": estão no interior.
Já agora, esses benefícios mantêm-se para os habitantes do interior que atestam os seus automóveis em Espanha, que fazem as suas compras habituais em Espanha, ou mesmo que trabalham em Espanha?

7 comentários:

Sara disse...

E porque não? Quando a diferença entre encher um depósito de gasolina em Portugal e fazer o mesmo a uma distância de 40kms em Espanha chega a 20€?
É estupidez a mais não aproveitar!

Nuno Santos Silva disse...

Sara,
não digo que não se aproveite (eu também o faria), a questão é que - por vezes - se olha o "interior" como se fosse povoado por coitadinhos, o que não corresponde à verdade.

Sara disse...

A questão aqui não são os habitantes. É o investimento nesta zona. Não somos coitadinhos, mas somos muito menos favorecidos (ó eu a defender as minhas terras!). =]

Nuno Santos Silva disse...

Eu sei que o interior é menos favorecido que o litoral (tenho raízes na Beira Baixa e no Baixo Alentejo), mas há elementos que deviam ser ponderados e não sei se o foram.
Por exemplo, os funcionários públicos ganham o mesmo independentemente de viverem em Lisboa, no Porto ou em Trancoso. E a vida em Trancoso é mais barata...
Outro exemplo, as empresas sedeadas no interior estão 3 a 4 horas de camião mais perto de Madrid ou Paris, que as de Liboa ou Porto...
Anyway, acho que o crescimento no interior deve ser incentivado de outros modos, como as novas faculdades de medicina serem aí estabelecidas (criando-se hospitais universitários...), criando-se um aeroporto low-cost na Cova da Beira (para potenciar negócios e turismo), etc.

Pedro Soares Lourenço disse...

Oh Nuno, um “aeroporto low-cost na Cova da Beira”?
Bem se fosse à beira de uma cova era pior, sem dúvida. Mas mesmo na Cova da Beira…, não estou a ver os britânicos a voar das East Midlands ou a Martinair das cidades holandesas para fazer turismo à beira de uma série de covas.
Agora mais a sério: acho que a Sara não percebeu bem a tua ideia com a qual, alias, concordo de todo. Apesar de décadas de atraso, hoje o interior, está mais perto da civilização Ocidental do que nós aqui desterrados, junto à ponta mais ocidental da Europa que em bom rigor é onde a terra acaba e o mar começa. Se somos mais favorecidos, como a Sara sugere, é essencialmente devido ao investimento privado. Estando aqui o mercado, aqui estará quem oferece bens e serviços. Nada a fazer. Mais trabalho, mais emprego, mais dinheiro. Os multiplicadores básicos.
E, objectivamente, o tipo de decisões politicas enunciados pelo Nuno no post (deste ou de outro qualquer governo) mais não são do que um amarelado sorriso ao eleitor palerma.

Sara disse...

Estamos mais perto da civilização ocidental?? Correcção: estamos mais perto de Espanha. Porque se eu quiser apanhar um avião em Portugal tenho que andar 2/3 horas de carro.
E o objectivo destes benefícios fiscais não é exactamente favorecer o investimento privado? Para que possamos ter níveis de vida semelhantes?

Nuno Santos Silva disse...

Concordo (parcialmente) contigo:
se se permitisse a construção (pelo menos) um aeroporto no interior, isso poderia contribuir para o desenvolvimento do interior, sem que necessariamente houvesse diferenças fiscais.
Mas, infelizmente, o nosso país é dado a monopólios protegidos pelos diversos governos...