quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Campo Contra Campo (XCV) - DocLisboa 2007

La Liste de Carla, ****
A esquerda caviar e caceteira não gostou deste doc que nos mostra os trabalhos de Carla Del Ponte, Procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslavia. Compreende-se. Mexer no armário pode acarretar ter de arrumar uma série de esqueletos, actividade trabalhosa e desagradável.
O melhor do filme é a exposição a nu da fraqueza dessa coisa extravagante a que chamam Direito Internacional. Coisa fraca, pobre, ineficaz e acima de tudo assente em pilares ocos e fundamentos subjectivos v.g. o vazio no discurso de Carla sobre o seu conceito de Justiça. Este filme confirma que o Direito Internacional enquanto ordenamento jurídico encontra-se não na pré historia mas sim fora da história.

El Ejido, the law of profit, *****
Porque é que me ofereci a este festim de desgraças humanas, é uma pergunta que tenho feito muitas vezes a mim mesmo durante este festival. A incrível bolsa de miséria que é o trabalho escravo efectuado pelos Marroquinos que sobrevivem nas estufas de El Ejido é uma afronta à Europa da Dignidade Humana e à Espanha do Socialismo fiteiro de Zapatero. Numa aliança perfeita entre exploradores e autoridades (a ASAE não mora aqui!), a lei do lucro impõem-se à lei do mercado e aos mais elementares princípios das nações ditas civilizadas. Simplesmente incrível. Cinematograficamente muito bom. Devia ser visto por todos.

A noite terminou de forma um pouco extravagante no Grande Auditório da Culturgest com o lixo deixado pelo Império Soviético – obviamente a esquerda caviar também não foi ver estes fragmentos. A esquerda caviar só vê e comenta nos blogues o que lhe aproveita. Por isso convence cada vez menos e enjoa cada vez mais. Vamos ao que interessa: Em Cherkasy (***) encontramos os filhos da Sociedade do Risco, crianças desfiguradas física e mentalmente pela tragedia de Chernobyl; arrepiante. Em Artel (**) o trabalho piscatório junto ao Mar de Barents - como se pode ver pela imagem - segue hoje praticamente como há mil anos. O império Soviético não deve ter lá chegado; excelente fotografia. Em Scythian Suite (****) encontramos um brilhante fresco sobre a vida nos Gulag Estalinistas. Podemos assim conhecer uma realidade que nos fará tremer sempre que ouviçamos a palavra comunismo; grande filme. Sobre 1937 (*) só posso dizer que sai a meio; alguma vez havia de ser a primeira.

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