My 9/11, **
Uma curta sem brilho em complemento de "Jesus Camp". Mais uma visão do 11 de setembro. Mais uma pagina das Torres Gémeas que voa para longe. Veio aqui parar ao DocLisboa para quê?
Jesus Camp, ***
Não alinho - por razões objectivas - no coro de loas e hossanas que por ai anda em razão do filme de Heidi Ewing e Rachel Grady. Não sendo estas senhoras nenhum Michael Moore de saias para lá caminham.
Escreveu Jorge Mourinha no Público de sexta feira passada: “ (…) O que torna Jesus Camp exemplar é o modo como combina o mais puro rigor documental e a reflexão cultural sobre o mundo em que vivemos. Em nenhum momento se sente da parte de Ewing e Grady um juízo de valor sobre as pessoas que estão a filmar (…). E as realizadoras dão espaço ao contraditório na pessoa de Mike Papantonio (…)”.
Erros e mentiras. O tal Papantonio não faz contraditório nenhum. Simplesmente funciona como papagaio das realizadoras ao fazer os juízos de valor que elas não quiseram fazer. Não compreender isto ou é desonestidade intelectual (dizendo o que o “leitor tipo” quer ouvir) ou é não compreender rigorosamente nada de cinema documental. Também pode ser as duas coisas.
Posto isto o filme é terrível e assustador, retratando uma realidade nauseabunda. Um dos momentos que mais marcam é quando Becky Fischer (a organizadora daquela lavagem cerebral infantil) diz para a câmara que um liberal extremista (uma expressão tão estúpida como “tolerância zero” ou “preto esbranquiçado”) ficará horrorizado ao ver aquele filme. Fica sem dúvida, um liberal ou qualquer outra pessoa que não seja um mentecapto. Mas fica mais tranquilo ao saber que aquela madrassa evangélica já foi encerrada. Ao invés, não temos noticia que nenhuma madrassa (as islâmicas, as verdadeiras) tenham algum dia sido encerrada. O Daniel tem um belo texto (carregadinho de juízos de valor e superioridade moral – como tal deve ser dado o habitual desconto) deste este filme no Arrastão.
Repetem, ambos, dia 22 pelas 22.30 na sala 2 do Londres. A passar.
Despuès de la Revolucion, *
Dois velhos paneleiros dançam no fino bairro de Palermo em Buenos Aires. Da rua saem para um sujo quarto de hotel onde se comem com lasciva. O realizador estava na sala. Meia hora após o inicio da sessão já metade dos pagantes tinha abandonado o seu lugar. Não por certo devido ao tema, mas porque a pobreza cinematográfica era evidente. Estoicamente aguentei os restantes trinta minutos. Mas confesso que foi para patear no final da sessão. E Buenos Aires não é assim.
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