José Sá Fernandes tornou-se num caso sério de culto de personalidade. A sua intifada contra tudo o que o que mexe em Lisboa (e nem tudo o que mexe é mau) levou-o a ser convidado (e a aceitar o convite) para encabeçar a lista do Bloco de Esquerda em duas eleições para a Câmara Municipal desta cidade: as primeiras há dois anos, e agora as segundas, sendo claro que ele foi o principal causador destas eleições, por causa do mal explicado affaire Bragaparques, em que os irmãos Sá Fernandes acusam a empresa da "Roma portuguesa" de tentativa de corrupção, e a empresa os acusa do mesmo, para obter financiamento para a campanha eleitoral do Bloco de Esquerda.
Para além da queda de Carmona, o que é já conseguiu Sá Fernandes? Encareceu o túnel do Marquês, que não obstante está aberto e a funcionar. Não impediu a "reconversão" do Convento dos Inglesinhos num condomínio privado. Não devolveu a Praça do Comércio à cidade.
Nestas eleições assistimos, por outro lado, ao crescimento do culto ao "Sántinho":
Primeiro vieram os cartazes dizendo que "o Zé faz falta". Depois, de uma forma inacreditável, este menino-guerreiro distribuiu manjericos com as seguintes quadras:
"A Bragaparques assentou
em Lisboa os arraiais
Mas Sá Fernandes denunciou
os seus negócios ilegais
Cada um sacava o seu,
Era um fartar vilanagem
Ninguém dobrou ou venceu
O vereador da coragem"
Agora estão por aí os novos cartazes da candidatura, dizendo: "houvesse mais Zés e haveria menos Bragaparques": afinal, o homem é candidato à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, ou pretende apenas usar o poder de uma eventual reeleição como vereador para continuar uma guerra pessoal contra uma empresa?
Sá Fernandes construiu a imagem de um paladino contra os poderosos, mas - a pouco e pouco - vai-se-lhe colando a imagem de um mero "bota-abaixo" sedento de protagonismo.
E esse Zé não faz falta nenhuma.
1 comentário:
Houvesse mais Zés como esse e era da maneira que me decidia de vez a emigrar.
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