quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Campo Contra Campo (LXVIII)

Do nosso amigo Gonçalo Macieira recebi o seguinte e-mail que por direito próprio ascende a essa condição imortal de post.
Leiam com atenção que no final haverá uma pequena questão de resposta rápida.

Caro Pedro,
Devido à minha total falta de jeito para estas coisas, tentei deixar este comentário no teu post “Campo contra-campo”, mas as enigmáticas instruções que apareceram impediram-me de o fazer (não contes isto a ninguém…).
No entanto, já que escrevi esta tanga, gostava, na mesma, de a partilhar contigo.

James Bond – “Vodka Martini”,
Barman . “Shaken or stirred?
James Bond - Do I look like I give a damn”

Com esta frase Daniel Craig elimina, com a sua belíssima HK9mm, e sem silenciador, todos os seus antecessores. Ganhando, por direito próprio, e contra ventos e marés, a sua licença para matar. Não há concessões, este é, mesmo, um novo Bond. Nem sequer há espaço para as eternas comparações com Connery ou Moore. Não há duvida que Pierce Brosnan tem um enorme carisma, mas limitou-se a compor um personagem que mais não é do que uma fusão entre o engatatão de salão de Moore e o agente implacável e cínico de Connery. Craig estranha o smoking, não hesita em abater um homem desarmado, sangra abundantemente, tem um ataque cardíaco, apaixona-se, e propõe-se, mesmo, a acabar com um requintado jogo de poker no casino de Montenegro matando o seu adversário com uma faca de mesa. Muito longe, portanto, do recurso aos sofisticados e inverosímeis gadgets a que estávamos habituados, e que mais não faziam do que provocar, pelo menos, uma gargalhada no espectador. Não, com Craig a coisa é séria, este Bond é mesmo uma arma mortífera ao serviço de Sua Majestade.

Quanto ao "The Departed",é sem dúvida, um novo clássico. Encheu-me as medidas pela forma habilidosa com que mantém a tensão do princípio ao fim e pela qualidade e equilíbrio das interpertações de Damon, DiCaprio, Walberg, Baldwin e claro do nosso Jack. Adorei a o diálogo, quase sempre demencial, tanto entre polícias ou entre gangsters, mas como diz Nicolson no início "quando tens uma arma apontada à cara qual é a diferença.


Conheço pouquíssimos que saibam tanto de cinema como o Gonçalo. Conheço menos ainda que saibam falar, como sabe o Gonçalo, sobre cinema. Agora fiquei (ficámos) a saber que ele também sabe escrever sobre cinema.
A questão: Não devia o Gonçalo partilhar connosco mais vezes esta sua arte e engenho?
Eu tenho a certeza que sim!

PSL

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