No editorial de hoje no Público, José Manuel Fernandes anuncia urib et orbi: acabou a era da alimentação barata. Tal como há dois anos nos anunciaram o fim da era dos combustíveis baratos. E tal como há um ano nos anunciaram o fim da era do crédito barato.
São estes os resultados do liberalismo selvagem que desde os fins dos anos 80 tem assolado o planeta:
Ai os pobres já têm carro? Vamos especular sobre o preço do petróleo que estamos a extrair e que extrairemos daqui a uns meses e lucraremos ainda mais com isso. Ai os pobre já têm casa? Vamos especular sobre os preços das casas e sobre os juros e lucraremos ainda mais com isso. Ai os pobre já comem mais? Vamos especular sobre os preços das colheitas e lucraremos ainda mais com isso...
Gostava por fim de conhecer a verdadeira relação entre a aquisição de cereais para biodiesel e a carestia dos cereais. É que (para além de, até agora, ser comum anunciar-se que todos os anos havia excedentes de comida) parece-me que, dado o nível residual da utilização de biocombustíveis, a imputação a estes da fome que grassa pelo mundo parece-me, pelo menos, muito conveniente...
3 comentários:
O "fim" da alimentação barata nada tem a ver com o "liberalismo selvagem", o que quer que isso queira dizer... bem pelo contrário, o problema é exactamente a elevada protecção e regulação da agricultura mundial. O baixo nível de livre comércio de bens agricolas, promovido por politicas proteccionistas na maior parte dos países (exemplo concreto na PAC da União Europeia).
A propósito recomendo este texto do Tyler Cowen no NYT:
http://www.nytimes.com/2008/04/27/business/worldbusiness/27view.html?_r=1&ex=1366948800&en=5a071891e337949f&ei=5090&partner=rssuserland&emc=rss&pagewanted=all&oref=slogin
"The damage that trade restrictions cause is probably most evident in the case of rice. Although rice is the major foodstuff for about half of the world, it is highly protected and regulated. Only about 5 to 7 percent of the world’s rice production is traded across borders; that’s unusually low for an agricultural commodity."
Exacto Jorge.
Mas ele há mais…
Por certo espantado (quiçá atemorizado, ou será aterrorizado?) pelo esvoaçar dos corvos do Van Gogh na primeira pagina do Público deste Domingo, o nosso Nuno consegue a brilhante proeza de em apenas um pequeno parágrafo de três linhas escrever quatro inverdades (estás a ver estou ser simpático).
Não foi um ex-maoista que escreveu esse patético editorial mas sim o proto-moista Manuel Cravalho; confere por favor.
Claro que não acabou a era da alimentação barata. Estamos perante uma bolha e estas como as borbulhas, rebentam-se. Ou com as unhas (leia-se o comentário do Jorge) ou por elas próprias.
Claro que não acabou a era dos combustíveis baratos. Irra Nuno, basta fazer contas e ter uma pitada de boa vontade.
Claro que não acabou a era do credito barato, basta olhar pela janela para o outro lado do atlântico.
Olha Nuno, o outro, temos de levar este gajo connosco um destes dias a tomar um banho de mar…, o sol e o sal estão lhe a fazer falta…
…eheheheh
Ahhh, e por falar em corvos a esvoaçar na primeira pagina do Público. Que bonita vai estar ela pela manhã…
Cravalho, não.
Carvalho.
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