Import Export, *****
Imagine o retracto ficcionado (de forma documental) de uma jovem enfermeira Ucraniana - como tantas outras que "viajam" por cá - que na impossibilidade de sustentar a sua família se vê na necessidade de abandonar o seu país na busca uma vida melhor. Imagine agora que paralelamente a esta realidade, corre um outro retracto ficcionado (e muito menos documental) de um jovem ocidental inabilitado e inadaptado que nem no conforto social do Ocidente consegue encontra o seu lugar. Imagine também, que este mosaico é atravessado de forma fulgurante por um olhar documental (e nada ficcionado) sobre a vida no leito de morte que é um lar de idosos acamados do rico Ocidente (nos créditos finais ficamos a saber que a maioria daquelas pobres almas já não está entre nós). Imagine, enfim, que todo este xadrez mórbido é cruzado por outros retratos ficcionados (mas bem reais) que retractam a vida nos cubículos onde se realiza a "pornografia" live via webcam; ou um cruel bar de alterne e prostituição da Ucrânia profunda; ou ainda um sórdido e imundo condomínio clássico do socialismo autogestionário ocupado por ciganos foragidos.
Imagine pois que tudo isto é filmado de forma coerente com uma proximidade distante. Brutal. Perfeita. Sempre, sempre, sempre na procura dos limites da natureza humana.
Import Expot, realizado pelo austríaco Ulrich Seidl, é tão só o melhor dos muitos filmes deste IndieLisboa 2008 que se cruzaram com os meus sentido. Repete na próxima sexta-feira pelas 21h45 no São Jorge 1, e só posso acrescentar que tenho muita pena de não estar em Lisboa nesse dia par o poder ver de novo. Por favor, vejam-no.
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