A Place in the Sun - Um Lugar ao Sol, 1951 - *****
Ultimamente, tenho tentado fugir do cinema contemporâneo de Hollywood como o diabo foge da cruz. Mas como o diabo muito bem deve saber, nem sempre é fácil fugir à tentação do "fruto proibido".
Este era para ser um comentário ao grande vencedor da edição dos Oscares deste ano, que como todos sabem foi o filme dos irmãos Coen "Este País não é para Velhos". A seu tempo, lá iremos.
Entre os quatro Oscares que "Um Lugar ao Sol" venceu em 1951 (um período que alguns na blogosfera consideram ser o melhor da historia do cinema), contava-se o de melhor realizador para George Stevens. Não sei se foi um prémio justo. Sei sim, que estamos perante uma obra superior. "A Place in the Sun" traz para o grande ecrã o romance de Theodor Dreiser, "An American Tragedy", e conta a dramática historia de um jovem, com uma estampa extraordinária (Montogomery Clift no papel de George Eastman), que ao chegar da província para trabalhar na fabrica do Tio se apaixona perdidamente (perdidamente é perdidamente) por uma menina de "boas famílias", a bela e jovem diva Elizabeht Taylor (Angela Vickers).
"Um Lugar ao Sol" é um melodrama grandioso que prende o espectador muito para lá do final da sessão. Nunca saberemos onde residirá a verdade do desfecho dramático, deixando o realizador à consciência (moral?) do espectador o verdadeiro papel de jurado no julgamento da morte que marca o enredo. Digo morte, pois não sei (não saberemos, nunca) se houve crime e como tal lugar a castigo - reparem (reparei ao reler) que atras sublinhei que George se apaixonou "perdidamente" por Angela; sem querer acabo ali por me ter sentado na bancada do júri que ditou o destino do pobre George.
Ver este clássico conduz ainda à seguinte curiosidade: Woody Allen sabia bem o que estava a filmar quando fez o recente "Match Point". As semelhanças com "A Place in the Sun" não são apenas no desenrolar da fita. O som da bola e a mesa de ping-pong, terreno do primeiro encontro dos futuros amantes no filme do mestre é "trocada" em "Um Lugar ao Sol" pelo som das tacadas e pelo pano, que sabemos verde, da mesa de bilhar.
No cinema, meus caros, até naquelas que consideramos as obras primas actuais, quase tudo já nos chega como glosa. E será esta ideia que nos levará, num próximo post, até "Este País não é para Velhos", aquele que arrebatou os Oscares para melhor filme e melhor realização do ano Hollywodesco.
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