Por mim, o serviço público de rádio e televisão já tinha encerrado há muitos anos, com a devida e justa indemnização paga a quem lá trabalha. Aliás, se fosse eu que mandasse encerrava toda aquela tralha hoje mesmo.
É obvio que quando quero sei ser um grande mentiroso. Eu também li Maquiavel e sei muito bem que se mandasse a única coisa que faria era tentar, com jeitinho, reforçar esse bonito serviço e pô-lo ao dispor não do público mas sim da minha eternização no poder. Afinal, é o que todos os governos têm tentado fazer desde que existe serviço público de rádio e televisão. Por isso é que o dito serviço é o que é.
Vem esta lenga-lenga toda a propósito da nova rubrica cinematográfica da RTP 1, aos domingos, pela meia-noite e quarenta. Chama-se “Cinema Europa” e promete bom e recente cinema do Velho Continente. Curiosamente, nas duas primeira sessões ofereceram-nos dois filmes dos muitos que me vão escapando no grande ecrã. Na semana passada passou Lady Chatterley (****), um soberbo filme de Pascale Ferran baseado na novela de D. W. Lawrence, que conta a improvável paixão da patroa pelo Couteiro da sua propriedade. Esta semana passou o medíocre Klimt (*) realizado por Raoul Ruiz e produzido por Paulo Branco.
Este não é um post sobre os filmes em si ou sequer sobre a sua escolha. A questão aqui é muito simples: quem é que tem tempo e/ou pachorra para assistir a cinema que obriga a mais do que um simples “ver e escutar” na madrugada de um domingo para uma segunda-feira?
Lá que o serviço público de rádio e televisão seja usado (e abusado) para reforçar o poder eu até compreendo. Agora que gozem desta forma com o pobrezito do contribuinte, oferecendo o que devia ser oferecido em horário nobre a horas irresponsáveis, só para sublinhar “vejam, aqui está o serviço público” é que não posso de todo aceitar.
Mas a malta quer lá saber destas coisas para alguma coisa...
Sem comentários:
Enviar um comentário